quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Recomeçar: atributo do cristão de fé.

Recomeçar é uma característica que permeia a caminhada do ser humano. É próprio daqueles que engendram esforços em virtude de alcançar uma meta, um alvo...E como nem sempre um projeto iniciado de pronto é alcançado, recomeçar é imperioso tanto que o próprio Deus viu-se na necessidade de recomeçar. Deve-se, portanto, observar que recomeçar está ligado a uma atitude de retomada de um propósito que foi frustrado (seja pela própria pessoa, seja por outros).
Como foi dito: até Deus viu-se na necessidade de retomar um projeto e tudo inicia no Éden quando trabalha seis dias para tornar uma terra informe e vazia (Gn 1, 2) em um paraíso, onde o grã-finale, o toque final, a parte mais especial: o homem, por meio de um ato de desobediência frustra o plano de Deus atraindo sobre si o pecado, a ira, o castigo, a expulsão.
Deus pensa em exterminar sua obra-prima (Gn 6, 7), porém, opta por engendrar um projeto de resgate do homem: inicia com Noé (Gn 6, 8) para dar a retomada; posteriormente, chama Abraão (Gn 12, 1-2) de onde retira sua posteridade também com o auxílio de Isaac e Jacó. Sobrevem o cativeiro no Egito, Moisés é escolhido para promover a libertação do povo (Ex 3, 10); no deserto este povo se rebela e confecciona um bezerro de ouro (Ex 32) e Deus, outra vez decidido a exterminar o homem, propõe a iniciar uma outra geração a partir do próprio Moisés (Ex 32, 10). Este não aceita, clama a misericórdia do Senhor e o povo é polpado, porém, ninguém, além de Josué e Caleb tem a graça de adentrar a terra de Canaã.
E assim as Sagradas Escrituras narram vários momentos em que Deus tem que recomeçar seu projeto de resgate do homem, até que decide pela decisão mais radical e definitiva: enviar seu Filho único em favor da humanidade (Jo 3, 16). Jesus Cristo vem e cumpre a missão por meio de seu sacrifício de cruz.
O recomeçar vivido pelo Pai para conosco é modelo ideal para que se entenda que, para chegar a vitória, a conquista do ideal almejado, é necessário persistência, perseverança, fé para superar as adversidades que sobrevirão: Pedro ao ouvir o cantar do galo (Mt 26, 25) e ao ser desnudado pelo olhar de Jesus (Lc 22, 61), caiu por terra e chorou (Lc 22, 62), pois naquele momento reconheceu que sua fé, seu crer, ainda estavam baseados em imperfeições; porém, ao se encontrar com o Cristo ressuscitado (Jo 21, 15-19) se propôs ao recomeço e dali até a morte tornou-se a rocha firme que Jesus declarou ser ele.
É necessário, também, força (não as próprias, mas de Deus) para recomeçar. No livro dos Salmos quantas vezes se lê Davi clamar a Deus força para superar adversidades (Sl 120, 2, por exemplo) e alcançar a vitória?
Todos esses aspectos: persistência, perseverança, fé, e outros deverão ser parte integrante daquele que não aceita a frustração de um plano iniciado, mas que opta por continuar avançando rumo ao alvo desejado (Fl 3, 14), confiante em Deus, mas consciente que talvez outros recomeços serão necessários.
Recomeçar, portanto, é parte da caminhada de todo homem, porém é parte integrante da caminhada de todo cristão que vive e exerce fé viva e que não aceita as vozes e forças contrárias que muitas vezes tentarão bloquear essa marcha rumo à conquista da meta almejada.
Neste ano que se aproxima que Deus, em nome de Jesus, conceda-te todas as capacidades necessárias para iniciar; ou dar continuidade ao já iniciado; ou recomeçar o que foi, momentaneamente, paralisado.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"Vem, Senhor Jesus" (Ap 22, 20)

"Enquanto O acompanhavam com seus olhares , vendo-O afastar-se para o céu, eis que lhe apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: "Homens da galileia, por quê ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que O viste subir" (At 1, 9-10).
A promessa é que Jesus que veio, menino, pobre, filho de uma dona de casa e um marceneiro voltará, não mais como Salvador, mas como o Justo Juiz, e após essas palavras dos dois anjos essa foi uma das mensagens constantes na tradição da Igreja dos primeiros tempos, tanto que São Paulo nas suas pregações e Epístolas recomendava aos convertidos: "Peço na minha oração, que a vossa caridade se enriqueça cada vez mais de compreensão e critério, com que possais discernir o que é mais perfeito e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo..." (Filipenses 1, 9-10).
São Paulo e a Igreja viviam a expectativa do iminente retorno de Jesus, e assim permanece até hoje. O Advento, ao contrário do que erroneamente se pensa, não é preparação unicamente para o nascimento de Jesus, mas um lembrar que a Igreja se prepara para a vinda gloriosa de Jesus e quem diz isso é o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 524: "Ao celebrar cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua segunda vinda."
O Natal comercial que se vê hoje em dia é uma descaracterização do seu propósito fundamental: renovar e fortalecer no coração dos fiéis essa expectativa do retorno de Jesus que vem para levar os seus eleitos. Mas que eleitos? São Paulo na passagem de Filipenses ora para que "a vossa caridade se enriqueça", é na prática do bem e do amor ao próximo onde estarão os eleitos, observa-se que neste tempo até alargam-se os gestos de caridade, porém, ainda longe daquilo que preconiza a Palavra, pois, mesmo os bons gestos são ladeados por propagandas e aplausos enquanto que Jesus dizia: "Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita" (Mt 6, 3), ou seja, pratique a caridade sem alardes.
O melhor presente que se poderia apresentar ao menino Jesus seria não ouro, incenso e mirra, mas uma porção de boas ações e gestos fraternos para com o irmão, principalmente o sofredor e desvalido. Foi o que buscou fazer São Nicolau, que se transformou pela mente capitalista deturpada de alguns num bom velhinho que é capaz de agradar apenas a necessidade egoísta e egocêntrica de cada um. Por isso que ele está no centro e não Jesus, porque lembrar de papai noel é lembrar que eu quero ser agradado, enquanto que lembrar de Jesus é lembrar que eu tenho que agradar.
Este Natal comercial afasta o cristão de refletir estas realidades: que Natal é renovar a expectativa no retorno glorioso de Jesus para buscar os seus eleitos, eleitos que deverão estar irrepreensíveis perante Ele; porém, é necessária uma renovação do comportamento reinante do comportamento cristão atual que deve acima de tudo voltar seus olhos para o outro e para o céu e proclamar: Maranatha, Vem Senhor, pois o próprio Senhor Jesus em Apocalipse 22, 20 diz: "Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus!"
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo que está voltando.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"...foi seguindo Jesus pelo caminho" (Cont. O que queres que eu te faça?)

A fé em Jesus demonstrada por Bartimeu não obteve somente a cura física, mas a cura interior, e o principal, que foi a tônica na missão do Senhor: devolver a dignidade de filhos de Deus ao homem. Assim foi com a Samaritana (Jo 4, 1-54), assim foi com a mulher adúltera (Jo 8, 1-11), e com tantos outros que cruzaram com a graça transformadora de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Bartimeu teve devolvida as vistas, e também o amor, o perdão de Deus que leva a todo o que tem essa experiência a não querer outra coisa senão permanecer neste estado de graça, e ao lado da fonte dessa graça, por isso a Palavra diz que aquele homem "foi seguindo a Jesus pelo caminho" (Mc 10, 52).
A experiência com Jesus levou Bartimeu ao que se chama conversão; conversão significa "voltar ao início". E onde é o nosso início?. Em Salmos 138, 13 Davi fala: "Foste vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe", Davi afirma que foram as mãos de Deus que o geraram no ventre materno, logo, o nosso início é Deus, e se viemos de Deus deveríamos viver para amar, pois Deus é amor (I Jo 4, 8. 16); deveríamos ser puros (I Ts 4, 3), deveríamos ser misericordiosos (Mt 5, 7), deveríamos ser perdoadores (Mt 18, 22)..., mas o pecado que trazemos (Rm 5, 12) nos impede de viver essas virtudes.
Ao longo do tempo toma-se o caminho contrário, inverso à vontade de Deus e então, em dado momento, ver-se-á totalmente "cego", em trevas, impossibilitado de vislumbrar as maravilhas de Deus e abandonado à margem da vida, mas bem-aventurado aquele que possui a luz da fé que como Bartimeu percebe que Jesus, o Caminho, cruza com o nosso, clama e vê sua história ser radicalmente modificada. Bartimeu não teve receios desejou, alcançou e a conversão o levou a agora optar por deixar o "caminho" da escuridão, solidão, abandono, opressão, para seguir o Caminho que é Luz, presença constante, liberdade...
Não é Caminho fácil, certamente Bartimeu enfrentou no prosseguir da sua vida as adversidades de "voltar ao início", porém, aquele encontro o impeliu a seguir em frente e não voltar atrás. Infelizmente, muitos voltam, renunciam a graça recebida e dentro em breve vêem-se mergulhados na mesma vida maltrapilha e cheios de orgulho e soberba seguem obstinados em não reconhecer que voltar ao início é preciso.
A Palavra não faz referência, mas, provavelmente, Bartimeu permaneceu na sua conversão e assim ensina as gerações que cruzam seu olhar com esta passagem que o Caminho passará por todos, porém a fé será o diferencial para os que acreditam e os que permanecem incrédulos; e para voltar ao início, converter-se, é necessário fé. A fé leva a conversão, e não o que muitos acreditam que a fé se manifesta após a conversão, na verdade ela é potencializada por Aquele que é o "autor e consumador de nossa fé, Jesus" (Hb 12, 1).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"O que queres que eu te faça?" (Mc 10, 51)

A passagem da cura de Bartimeu (Mc 10, 46-52) é uma das muitas mostras que a fé é a chave da graça, é a única maneira de se alcançar algo da parte de Jesus.
Este texto evangélico é rico em mostrar que dificuldades, adversidades, tribulações são próprias da vida humana, porém, como cada um se porta perante essas evidências é que faz o diferencial, pois Bartimeu viveu essas mazelas, além do abandono, da condição subhumana, da miséria..., no entanto, possuía em sí algo que o possibilitou mudar a sua história, ao contrário de tantos outros: ele tinha fé.
Aquele cego demonstrou características essencias à fé que estão presentes na narrativa. Observe que o texto diz que "sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim" (vers. 47): Bartimeu, primeiramente, demonstrou atitude, viu a possibilidade de ser curado e não titubeou, ao contrário de muitos que perdem a oportunidade de alcançar graça por falta de ação, por vacilação, pela dúvida; estes ficam à beira do caminho a se lastimarem depois por não terem aproveitado a oportunidade.
Em segundo lugar, Bartimeu carregou seus gritos de esperança Naquele que podia mudar a sua condição, daí entender-se as palavras de São Paulo em Hb 11, 1 quando diz que "a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê". A fé de Bartimeu estava impregnada dessa esperança, e foi o que tocou em Jesus, essa fé potencializada numa certeza que o Senhor podia realizar o milagre. Muitos até gritam, clamam, porém fica na gritaria, no escândalo, no desespero, e nada disso toca o Senhor, pois não está carregada de fé e esperança.
O texto bíblico mostra que aos gritos de Bartimeu "muitos o repreendiam para que se calasse, mais ele gritava ainda mais alto: "Filho de Davi, tem compaixão de mim"" (vers. 48), demonstrado, assim, uma terceira característica importante: a perseverança. Muitos não alcançam a graça por se fazerem calar, por se deixarem desestimular pelas vozes contrárias que muitas vezes dizem: "não vai conseguir; isso é besteira; é perda de tempo...", e realmente desistem de perseverar. Por isto que Jesus dizia "o que perseverar até o fim será salvo" (Mc 13,13).
Ao demonstrar essas características obteve a atenção do Senhor que foi até ele, e ao ficar frente a frente com Bartimeu o Senhor pergunta: "que queres que Eu te faça?" (vers. 51), ou seja, Jesus cobra a fé daquele homem, e ele sem vacilar responde: "que eu veja", Jesus determina: "Vai, a tua fé te salvou" (vers. 52) e o milagre acontece.
Após a cura diz o texto que "ele foi seguindo a Jesus pelo caminho", isso porque a fé depositada em Jesus possibilitou a Bartimeu não somente a cura física, pois Jesus promove uma cura completa. Aquele homem foi curado no seu espírito, na sua alma também, pois, experimentou o amor de Deus, amor que alguém que era mendigo, abandonado, desprezado, rejeitado, certamente não conhecia, pois não sabia o que era ser amado.
Bartimeu foi certamente perdoado, pois alguém que vive uma condição tão triste, provavelmente era alguém que se lamuriava, se lastimava, talvez até blasfemava contra Deus por tal condição; e por fim aceitou a Jesus como seu Salvador por isso o seguiu.
A fé, portanto, é o diferencial para o cristão, pois é ela que chama a atenção do Senhor; aquela mulher do fluxo de sangue (Mt 9, 20) estava, assim como muitos outros, buscando, e conseguiu, tocar em Jesus, mas o toque dela foi diferenciado, tanto que o Senhor questiona: "quem tocou minhas vestes?" (Mc 5, 30); deve-se aprender por estas e outras passagens que é a fé que move Jesus, que chama a atenção, que impele o Senhor a agir e realizar o milagre.
A fé de Bartimeu, com atitude, firme esperança e perseverança deve ser exemplo a ser seguido por todo aquele que recorre ao Senhor Jesus; compreendendo isso a graça acontecerá, indubitavelmente.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Senhor dissipa as minhas trevas!

A passagem dos dois cegos de Mt 9, 27-31 trouxe-me uma reflexão interior e, consequentemen-te, um questionamento: aqueles dois eram realmente cegos? Fisicamente, sim, porém o que vale é o interior.
Refletia e concluia: eles viviam na escuridão do físico, mas o espírito, a alma não estava obscurecida. Eles, ao contrário de tantos daquela época, e até hoje, que tem a graça de enxergar fisicamente, estão em trevas na alma, no espírito. Aqueles dois "cegos" eram tão iluminados interiormente que, diz a Palavra, eles "O seguiram" (vers. 27). A Luz, que é Jesus, transpassou a barreira fisica e resplandeceu lá dentro, no íntimo de cada um deles, iluminou-lhes a fé, e quando perguntados pelo Senhor: "Credes que Eu posso fazer isso?" (vers. 28), responderam: sim.
A maioria não recebe tal graça, porque são as trevas interiores que impedem que a Luz lhes ilumine, estes são portanto os que turvados, cegados na alma não conseguem seguir a Jesus; seguem qualquer falsa luz, seguem a voz do lobo em pele de cordeiro, seguem outros cegos...
Jesus declarou: "Eu vim como luz ao mundo; assim todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas" (Jo 12, 46), porém, "a Luz resplandece nas trevas, mas as trevas não a compreende-ram" (Jo 1, 5). Por isso que aqueles dois homens obtiveram a graça, por isso que tantos não a obtém, pois é necessário que sejam dissipadas as trevas interiores, que turvam a visão, que põe dúvida e questionamento a respeito de Jesus; que colocam incredulidade no coração e sem fé em Jesus não há graça, e isto não agrada a Deus.
Eu refletia esta passagem enquanto o sacerdote proferia sua homilia e o que me vinha ao coração era este clamor: "Senhor, dissipa as minhas trevas!", pois é necessário que esta Luz entre com toda intensidade, para primeiramente mostrar a situação lastimável do nosso coração, da nossa alma, abarrotada de todo tipo de porcaria, de lixo, de imundíces...
Aqueles "cegos" tinham alma limpa, já possuíam um desejo de Deus, tanto que mesmo sendo proibidos de contarem o milagre recebido fizeram o contrário (vers. 31), pois é característica de todo o que é alcançado por esta Luz, levá-la a outros. Os que assim não procedem não foram plenamente iluminados, e trevas ainda existem.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando silenciamos Jesus age (Mt 15, 21-28; Jo 8, 1-11)

No mundo atual de tanto barulho sobra pouco tempo e oportunidade para se exercitar algo que deveria ser prática, e parte, da vida do homem: o silêncio e a escuta, principalmente de Deus, pois o Senhor Jesus mostra que esta é uma das maneiras eficazes para que Ele haja em todas as situações quando solicitado. Porém, a correria e a falta de parar, de ter um momento para se exercitar este silêncio e escuta pouco ou quase nunca é vivido.
A Bíblia, no entanto, mostra em duas passagens, por exemplo, como silenciar e escutar a Deus torna o Seu agir eficaz em determinada situação. A primeira passagem é da mulher cananéia de Mt 15, 21-28 onde a narração diz que ela gritava: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio" (vers. 22), no entanto, a Palavra diz que "Jesus não lhe respondeu palavra alguma" (vers. 23). Isto por quê? Por que a gritaria, o alvoroço, o escândalo não chama a atenção de Jesus.
Mas na sequência o texto narra que "Seus discípulos vieram a Ele e lhe disseram com insistência: Despede-a, ela nos persegue com seus gritos" (vers. 23). Jesus, então, pressionado argumenta: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (vers. 24), e se cala novamente. Mas a Palavra diz que "aquela mulher veio prostrar-se diante dele dizendo: "Senhor, ajuda-me"" (vers. 25). Neste instante o texto mostra que a exaltação daquela mulher diminui e dá pra perceber que ali, provavelmente, estabelece-se um silêncio. Jesus, então, fala: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos" (vers. 26), e a mulher, concordando, responde: "Certamente, Senhor, mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos..." (vers. 27). Certamente, um breve silêncio se faz, e o Senhor Jesus, então, sem manifesta sua sentença: "Ó mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada" (vers. 28).
O início deste diálogo se dá com a cananéia vindo a Jesus aos gritos, pressionando o Senhor, e dele só obtém o silêncio. Mas a partir do momento que se acalma, silencia e humildemente troca todas as palavras desesperadas por uma única frase: "Senhor ajuda-me" seguida do silêncio, Jesus fala. E ao ter sua fé provada recebe do Senhor a ajuda que necessitava.
Em Jo 8, 1-11 vemos uma outra passagem tendo, também, uma mulher como personagem principal, onde Jesus é novamente interpelado por uma turba de fariseus e escribas que aos gritos e berros trazem ao Senhor uma mulher flagrada em adultério (vers. 3) e, certamente, de forma alterada interpelam Jesus: "Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizeis tu a isso?" (vers. 4-5).
Narra a Palavra que "perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo a prova e poderem acusá-lo", Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra" (vers. 6). O Senhor mediante a gritaria, a pressão, silencia. Mas ao insistirem Ele responde: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra" (vers. 7). Silencia e volta a escrever na terra (vers. 8).
O texto mostra que a gritaria começa a cessar e aos poucos aqueles homens "sentido-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando-se um por um, até o último..." (vers. 9). Jesus, então, ficou sozinho com a mulher diante dele (ver. 9). Silêncio total. E sem pressão, nem desvairio, escândalos, o Senhor agora fala: "Mulher onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?" (vers. 10), e ela responde: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe então Jesus: "Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar" (vers. 11). O silêncio aconteceu, Jesus agiu à sua maneira em favor da situação livrando aquela mulher.
Estas duas passagens mostram que o Senhor não age na gritaria, pressão, escândalo, desespero, mas é no silêncio e na escuta que Ele age, talvez por isso que muitos não obtém o que buscam, porque vão a Jesus como a cananéia ou como fariseus, pressionando o Senhor a fazer-lhes a vontade instantaneamente e Jesus é Senhor, não está para se submeter às vontades humanas, mas está para fazer a Sua vontade da maneira, do jeito, e ao tempo que lhe achar conveniente. Por isso que muitos se frustram, porque não suportam as demoras de Deus, porém a causa está neste detalhe: não há silêncio, e sem silêncio não se escuta as decisões e direcionamentos do Senhor, daí vem as decisões precipitadas e que muitas vezes serão frustrantes.
Ao orar confiantemente, silenciar e escutar permite-se que Deus seja Deus, que Ele haja e faça a Sua vontade. Por isso que a maioria dos Santos da Igreja tinham essa virtude tão elevada e uma prática constante nas suas vidas: por que entenderam que é assim que o Senhor age. São Luis de Montfort seguia uma regra a risca: "Ora, cala e escuta". Assim devemos ser todos nós: orar, calar, escutar e confiar.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 27 de novembro de 2011

O pecado do receio nos impede de lançar as redes.

"Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" (Mt 22, 14). Jesus faz referência àqueles que receberam um convite de Deus, mas não aceitaram; porém, existem os que são chamados a convidar e não aceitam, ou por duvidarem de sua capacidade, ou por não desejarem mesmo.
Estes que se julgam incapazes, e duvidam que podem ser missionários da Palavra de Deus são citados por Jesus nas Sagradas Escrituras na Parábola dos Talentos (Mt 25, 14-30) quando faz referência àquele servo que recebeu um talento e o enterrou por dúvida, medo, timidez... Incorreu num pecado que acomete grade parte do povo de Deus: o receio.
A parábola é muito clara: a todos é dado um talento, uma capacidade, um dom, para alcançar vidas para o Reino de Deus; é certo que a alguns mais (cinco, dois), a outros, aparentemente, menos (um talento). Aparentemente, por quê? Porque um talento equivalia no tempo de Jesus a trinta quilos de ouro. É pouca coisa? Se calculássemos isso em reais equivaleria a mais de trezentos mil reais. É pouca coisa?
Não. Mas o receio de ter um valor tão alto nas mãos e não dar conta de fazê-lo render leva o servo a retrair-se e preferir fazer a devolução do valor. Essa atitude irritou profundamente o "senhor", pois os talentos na verdade são as pessoas, os filhos desgarrados e distantes, que mesmo distantes são o "ouro", o tesouro precioso de Deus. Aquele servo infiel olhou para o valor menor (o dinheiro), não percebeu que o que importava era o valor maior (as pessoas).
O que faltou, então, àquele servo? Um desejo maior de fazer o investimento do "senhor" multiplicar, como fizeram os outros. O receio, a dúvida, o sentimento de incapacidade, ou a falta de vontade mesmo, não despertaram nele o desejo de utilizar daquele valor para produzir meios de fazer render.
A desculpa dada pelo servo de que teve receio é tão fortemente rejeitada pelo "senhor" devido à sua fraqueza que ele diz: "Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco, e à minha volta, eu receberia com juros o que é meu" (Mt 25, 27). Um banco é o local onde estão pessoas treinadas, habilitadas, e dispostas, em fazer lucrar. Logo, o que poderia ter feito aquele servo receoso e sem estratégias? Ter investido em pessoas dispostas e empenhadas que pudessem, então, fazer o trabalho, e assim aquele talento multiplicaria.
Trazendo para nós o que a parábola quer, provavelmente mostrar é que este servo poderia ao menos investir este talento em pessoas que poderiam, assim fazer cumprir a tarefa que ele, no seu receio e medo não conseguiu desempenhar. Por exemplo: tenho talento para cantar, mas não tenho coragem de usar este talento para alcançar vidas, então, deveria investir em formar cantores que, ao contrário dele, iriam ao cumprimento da missão; assim também, com aquele que tem o talento para pregar...
De certo é que Deus não aceita desculpas. A todos são dados dons, e a todos é exigido exercê-los, pois a partir do Batismo, e principalmente do Crisma, somos chamados a ser discípulos de Jesus e da sua Santa Igreja; chamados a evangelizar, a ir às encruzilhadas, aos guetos, aos presídios, enfim, a todos os lugares lançando as redes, anunciando o amor de Deus e o Seu convite ao banquete, a experimentar o melhor que tem para nós.
Portanto, renunciemos ao pecado do receio que produz medo, paralisia, incapacidade, temor de lançar as redes, de fazer os talentos de Deus multiplicarem para a glória do Seu Nome e para o bem da Santa Igreja.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pedro (Lc 5, 5) e a multidão (Jo 6, 26)

Ao refletir sobre a liberalidade de Jesus, no sentido de mostrar como as graças de Deus são em abundância, veio-me à mente duas passagens do Senhor: a primeira com São Pedro à beira do lago, quando observa a ele e os demais pescadores consertando as redes depois de uma noite infrutífera.
Ao aproximar-se de Pedro dá-lhe uma ordem: "lançai as redes" (Lc 5, 4), e Pedro mesmo relutante obedece ao pedido respondendo: "passamos a noite toda e não pescamos nada, mas por causa da Tua Palavra lançaremos as redes" (Lc 5, 5). O resultado foi uma pesca tão abundante que narra as Escrituras "as redes se rompiam" (Lc 5, 6) devido a quantidade de peixes.
Pedro agradeceu aquele milagre reconhecendo que não era merecedor de tanto "pois era homem pecador" (Lc 5, 8). A humildade de Pedro o levou a ser convidado a tornar-se "pescador de homens" (Lc 5, 10-11) juntamente com os outros.
A segunda passagem é a de Jo 6, quando, após a multiplicação dos pães pela segunda vez, é seguido pela multidão e quando se defronta com aquele povo todo Jesus diz: "Em verdade, em verdade vos digo: buscai-me não porque viste os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos" (Jo 6, 26), e a partir dali realiza uma pregação tão surpreendente que toda a multidão e a maioria dos discípulos O abandona.
Qual a diferença? Nas duas passagens vemos o Senhor mostrando que é um Deus de fartura, um Deus que provê em abundância, porém comportando-se de forma diferente satisfeita em um, insatisfeita na outra. A resposta está no fato de que na passagem de São Pedro este não teve nenhuma segunda intenção com Jesus, não se aproveitou do homem de poder para se beneficiar, pois sua atitude de obedecer centrou-se na pessoa de Jesus, e não nos peixes.
Já na passagem da multiplicação foi o inverso, e as palavras de Jesus não deixa dúvidas: aquelas pessoas estavam a seguir o Senhor com segundas intenções, de serem saciados, visto que comer até se fartar, e de graça quem não quer? Logo, aquela multidão estava centrada no alimento, e não em Jesus.
Quando Jesus termina seu discurso sobram apenas quem ao seu redor? Pedro e os discípulos que testemunharam o milagre da pesca milagrosa. Mas ficaram por quê? Jesus perguntou: "Quereis vós também retirar-vos?" (Jo 6, 67), e a resposta de São Pedro é: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus!" (Jo 6, 68-69). Ficaram porque já tinham desejo de vida eterna.
Porém, até hoje observa-se que muitos ainda agem para com Jesus como a multidão: interessados primeiramente no que o Senhor pode lhes proporcionar nas suas satisfações pessoais, e não numa comunhão, numa intimidade com Jesus. Talvez por isso tantos estejam lotando templos por aí, onde se oferece primeiro o Deus que faz prosperar, e não o Deus que quer ter intimidade, amizade, capaz de proporcionar bens muito maiores, onde o principal é a salvação.
A abundância de Jesus está, portanto, em tê-lo como pessoa íntima e não como mero provedor de necessidades e somente o Espírito Santo é capaz de fazer compreender estas coisas.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Aos que chamam para que Eu os ajude exijo a fé; mas aos que Eu chamo para que me ajudem exijo o amor"

Essa palavras me vieram perante Jesus Sacramentado quando Ele profetizava a todos os servos da Renovação Carismática de Imperatriz por ocasião do Congresso Diocesano. Na profecia o Senhor pedia Amor a obra, amor à missão, e ao ouvir a voz do Senhor nesta exortação me vinha ao coração esta frase.
Das muitas passagens das Sagradas Escrituras que me vinham à mente estava a daquele homem que tinha o filho acometido de um espírito imundo (Mc 9, 17-27) onde o pai acorreu ao Senhor Jesus exclamando: "Se Tu, porém, podes alguma coisa ajuda-nos, compadece-te de nós" (vers. 22), e Jesus responde: "Se podes alguma coisa!...Tudo é possível ao que crê" (vers. 23). O Senhor cobra daquele homem sua fé para que a graça aconteça, e compreendendo a palavra o mesmo responde: "Creio! Vem em socorro à minha fé" (vers. 24).
É uma clara evidência que ir a Jesus com o intuito de receber benção, milagre, vitória, todos podem, mesmo que aos berros, mas só alcançam aqueles que tem fé, pois é ela quem move a resposta de Jesus. Naquela multidão que comprimia Jesus em busca de um milagre, somente uma o tocou verdadeiramente: aquela mulher do fluxo de sangue (Lc 8, 44), porquê? Porque demonstrou fé viva, tanto que Jesus se apercebe do fato e pergunta: "quem me tocou? (Lc 8, 45). Foi um toque diferenciado: foi o toque da fé.
Isto para aqueles que busca o auxílio de Jesus. Porém, aqueles que Jesus chama a auxiliá-lo, a servi-lo, há estes é exigido o amor. Veio-me, então, a passagem do encontro do Senhor com São Pedro após a Ressurreição quando estavam os discípulos a pescar. Após Jesus ter reeditado a experiência da pesca milagrosa (Lc 5, 6) e reconhecerem que era Jesus que estava ali, o Senhor dirige-se, então, a Pedro e lhe pergunta por três vezes: "Pedro, tu me amas?" (Jo 21, 15-17) e a resposta positiva de Pedro Jesus replicava: "Apascenta meus cordeiros".
O Senhor Jesus lhe exigia, portanto, amor à missão. Amor a Deus, primeiramente, como também amor aos cordeiros, ao povo, à Igreja ao qual sobre sí seria edificada, mesmo lhe custando a própria vida, como foi com o Mestre.
Assim, o amor é o preceito principal e essencial para todo o que ouve e acolhe o chamado de Jesus ao serviço da Igreja e do próximo. Apascentar é cuidar, zelar, defender, proteger, ensinar, exortar, é empenhar-se por conduzir aquela vida nos caminhos retos do Senhor no intuito de vê-la crescer na fé, buscar a conversão e perseverar na obediência ao Evangelho de Cristo.
Não pode ser autêntico servo de Jesus quem não assumir um chamado com amor, pois Jesus, nosso modelo, fez tudo por amor. E será sempre o amor o diferencial para que uma vida se decida por Jesus. São João foi quem melhor compreendeu isso, tanto que no seu Evangelho, como na sua Primeira Epístola ele deixa patente essa verdade, chegando ao ponto de afirmar que o que não é filho de Deus: "aquele que não pratica a justiça e não ama seu irmão" (I Jo 3, 10).
Desta forma, servir e amar, são sinônimos para os que Jesus chama a evangelizar.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Deus não esquece aquilo que é parte Dele.

O texto de Isaías 49, 14-16 é apropriado para expor a relação homem-Deus. O homem e relação a Deus: um ser desobediente, que facilmente se afasta do seu Criador, que nunca se lembra do mesmo quando tudo está bem, que não o ama verdadeiramente, e que só O enxerga no tempo da aflição, da tribulação. Deus em relação ao homem: fiel, que está sempre presente, que nunca abandona, que tem amor pessoal, incondicional e eterno.
Desde o pecado original quando Adão e Eva se esconderam da face de Deus por vergonha, o homem vem mantendo essa característica: esconde-se, afasta-se de Deus, por que a sua natureza pecadora o faz esquecer, e até recusar, aquilo que é parte dele: o fato de ser imagem e semelhança do Pai. Ao não lembrar que trás em si a divindade paterna, mergulha na sua carnalidade maléfica.
Desta forma vai buscar fazer o que lhe agrada. E o que lhe agrada é desagradável a Deus. Era o que acontecia com os israelitas: não queriam de forma alguma fazer a vontade do Senhor, e quando os castigos lhe sobrevinham aí lembravam-se do seu Deus, então murmuravam: "O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me" (vers. 14). E com quantos de nós não é assim? O orgulho e a vaidade, fruto dessa nossa natureza pecadora que nos arrasta para esta situação: fazer a minha vontade.
E quando vem as consequências, não mais por castigo divino, mas como consequência natural de uma atitude inconsequente, lembramos, então que Deus existe. E o maravilhoso de tudo é a resposta com que o Pai se apresenta àquele povo, e a cada um de nós desobedientes e rebeldes: "Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto das suas entranhas?" (vers. 15). É profunda demais essa comparação que Deus faz, primeiro mostrando que o amor mais sublime é o amor de mãe, por que gera e sustenta a vida; e aquilo que foi gestado, alimentado, formado, cria um laço de intimidade profunda porque um é parte do outro: o filho é parte da mãe, a mãe é parte do filho.
Deus que nos gerou é parte de nós, e nós somos parte de Deus, por isto este amor pessoal por cada criatura, pois todos somos parte de Dele. Ele se vê em nós, por isso que no segundo momento este Pai maravilhoso vai acrescentar: "mesmo que ela o esquecesse, Eu não o esqueceria". Deus quer dizer que mesmo o amor materno sendo o amor que mais se aproxima do Dele por nós, mesmo assim está a mercê da sua carnalidade, e por isso é incompleto e finito, pode diminuir até acabar, chegando ao ponto de esquecer desse vínculo. Porém, o amor de Deus é completo e infinito, daí afirmar: "Eu não te esqueceria".
Por isso que falou a Moisés: "Eu ouvi o clamor do meu povo"; por isso falou por meio de Jesus: "Estarei convosco até a consumação dos tempos". Deus jamais esquecerá de nós porque somos parte Dele, por que Ele tem interesse na nossa felicidade e salvação, porque somos filhos diletos que estamos "escritos na palma de sua mão" (vers. 16).
Somente o eterno amor de Deus (Jr 31, 3), que não impõe condições para nos amar é que, verdadeiramente, nossa vida toma sentido, pois o amor do mundo é amor passageiro, que não dura; e neste processo de desamorização pelo qual o mundo passa, onde a dimensão dessa palavra tem se relativizado, e onde se observa pessoas cada vez mais superficiais e vazias, vão-se utilizando desta palavra apenas para impressionar os ouvidos, fazer despertar um sentimento, mas que muito rapidamente vão tratá-lo com relativo desprezo, lançando o outro na frustração, na decepção e até na depressão.
O amor propagado neste mundo, definitivamente, não é o amor proposto e expresso pelo nosso Deus, pois não há doação pelo outro, mas meramente em favor próprio; por isso que tantas mães facilmente abandonam os seus "pequenos dependentes", por que o tempo que vão "perder" doando-se a eles é o tempo que querem gastar consigo mesmo.
O egoísmo faz esquecer que aquele "pequeno ser" é parte dela, daí não ter nenhuma dor na consciência em jogá-lo numa lata de lixo, de cima de um prédio, num córrego...Somente o amor que sai de sí para viver o outro é capaz de aproximar-se e compreender o amor de Deus, amor que não é somente palavra, mas ato, gesto concreto.
Deus faz isso não somente porque é bom, misericordioso, mas porque não esquece que somos parte Dele. Quando descobrirmos esta verdade, com o auxílio do Espírito Santo, veremos a cura das nossa frustrações, decepções e mágoas, pois até ali achamos que a melhor parte de nós são marido, esposa, filhos, bom emprego, fama..., e a melhor parte de nós é Deus, e a melhor parte de Deus é o homem, por isso Ele não desiste de nós.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Precisamos descobrir o outro (Cont. de Que amor é esse?)

O episódio de Brasília do professor que mata a aluna e ao entregar-se justifica que foi por amor, percebi como o homem necessita redescobrir a sua essência, o seu princípio.
E o nosso princípio é Deus, pois Dele viemos; e se Dele viemos a nossa essência deveria ser a mesma do Pai: o amor. Porém, esta é desvirtuada pelo pecado que é parte da nossa natureza carnal.
Para redescobrir e viver aquilo que deve ser a parte melhor de nós: o amor, por isso precisamos redescobrir a Deus e vivenciá-lo, mas "ninguém viu a Deus senão o Filho", portanto "quem vê o Filho vê a Deus", mas ninguém vê o Pai e o Filho (fisicamente), há não ser no outro.
Eis o segredo: amar o outro, pois amando o outro, ama-se ao Filho, e este será amado por Deus, e então tornar-se-á, verdadeiramente, um filho de Deus. Por isso que São João é enfático "Todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama seu irmão" (I Jo 3, 10).
O mesmo São João diz: "...fomos transladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos" (I Jo 3, 13). É profundo demais observar-se que o outro é a parte que permite deixar um caminho de morte para um caminho de vida, e sabendo o inimigo de Deus dessa verdade, é que ele se utiliza dessas pessoas, como este professor, para ceifar vidas com o subterfúgio ridículo que foi por amor.
Nesta pessoa não habitava amor, mas o ódio; e São João afirma: "Quem odeia seu irmão é assassino" (I Jo 3, 15), quem não descobrir em si esta verdade é um potencial assassino, não somente no sentido concreto de extirpar a vida de alguém fisicamente, mas de tirar a vida do outro com palavras, por exemplo, palavras que tem "matado" a fé, a esperança, a alegria, a auto-estima, a coragem..., e lançam essas vidas numa morte interior, espiritual.
Este mundo mesquinho e individualista precisa descobrir o verdadeiro amor e São João mostra a resposta e o desafio: "Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu sua vida por nós, também nós outros devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos" (I Jo 3, 16).
Precisamos descobrir o outro para nos redescobrirmos e compreendermos que é nele e por ele que, então, poderemos ter "confiança diante de Deus, pois a nossa consciência de nada nos censura" (I Jo 3, 21), mas para isso é necessário que se observe os mandamentos: "Crer no nome de Jesus e amar uns aos outros como Ele nos amou" (I Jo 3, 23).
Caminhar nesta vida prescindindo do outro, do próximo, do irmão, é renegar a Deus e "se nós O renegarmos Ele nos renegará" (II Tm 2, 13), mas se perseverarmos até o fim "Ele nos dará a coroa da vida" (Ap 2, 10).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Que amor é esse?

Notícia do dia: "Professor mata aluna e depois se entrega". Este professor de Direito, que se envolveu com uma de suas alunas, ao se entregar na Delegacia, com a jovem morta com três tiros no banco do carona, ao ser perguntado qual o motivo, responde: "foi por amor!".
Vê-se neste triste caso ser evidenciado como motivador da tragédia o amor. Percebe-se, então, como esta palavra, como este sentimento, o mais nobre de todos, pois é a definição mais bela de Deus, constatada pelo Apóstolo São João em I Jo 4, 8. 16: "Deus é amor", está longe de ser aquilo que é a essência de Deus nas ações do homem.
A Palavra de Deus sempre mostra o amor de Deus como forma de propiciar o melhor para o outro. Deus criou o homem por amor; Deus livrou seu povo do cativeiro do Egito por amor; sustentou-os no deserto por quarenta anos por amor; introduziu-os numa terra extraordinária por amor; livrou-os de todos os perigos e os fez vencer e subjugar nações por amor; prometeu e cumpriu a vinda do Salvador, seu Filho único, por amor; prometeu que permaneceria conosco até a consumação dos séculos, por amor.
Portanto, a Palavra mostra que amar é dedicar-se, empenhar-se pela felicidade do outro, mesmo que isso lhe custe a própria vida, e foi o que o Senhor Jesus Cristo deixou claro com sua morte de cruz e São João vai reiterar em sua Epístola: "Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu a vida por nós. Também nós outros devemos dar a vida por nossos irmãos". (I Jo 3, 16), portanto, assistir uma pessoa tirar a vida de alguém e justificar-se dizendo que foi por "amor", é contrário ao que pressupõe a Palavra de Deus.
Na verdade sabe-se que o motivador foi orgulho e mágoa, mesclado a sentimento de posse, típicos de pessoas que não entendem que o amor verdadeiro só pode subsistir na liberdade e não no aprisionamento, além de ser, também, inconcebível para estas pessoas o fato que o amor verdadeiro sobrevive à rejeição, como o de Jesus, mas nem por isso se transforma em ódio e vingança, mas num desejo ainda maior de ver a felicidade e o êxito do outro.
Por fim constata-se, ainda, que este desfecho trágico foi fruto daquilo que o homem ainda não aprendeu, também: o amor verdadeiro não cobra recíproca, e o amor do mundo é baseado nesta via de mão dupla: "Eu te amo se você me ama". O amor de Deus, de quem realmente vive uma experiência de Deus, age como dizia Santa Tereza D'Ávila: "Amar sem esperar nada em recompensa"; ou como dizia São João da Cruz: "O amor não cansa nem se cansa"; ou São Francisco de Sales: "A medida do amor é amar sem medida"...
O mundo, os homens precisam reconhecer a verdadeira dimensão do que é amar; saber que muito mais que sentimento, amar é ato concreto, muitas vezes até ser necessário o rebaixamento e Jesus deixou isto claro na passagem do lava-pés. Este amor que é propalado nas canções, filmes, novelas, é mero palavrório, nada de profundo, por isso dá nisso: frustração, decepção, tragédia!
Deus nos ajude a amar com amor divino, proveniente do Espírito Santo, pois a Palavra de Deus diz: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Vossa palavra é..., uma luz em meu caminho" Sl 118, 105

A partir do instante que nascemos a nossa vida nos põe a caminho. Temos neste percurso uma certeza e uma decisão: a certeza é que, mais do que da união de dois gametas proviemos de Deus, ainda que muitos refutem, rejeitem esta verdade. A decisão é qual destino tomar: o de retornar para Deus, ao Criador, e viver na sua eterna presença, ou o de ir para o "lugar" da ausência eterna Dele.
Neste peregrinar duas realidades caminham paralelas, porém uma influindo diretamente sobre a outra: a dimensão do que se vê, o mundo físico; e o que não se vê, o mundo espiritual, ambas realidades concretas, que mediante a postura de cada um vão influir decisivamente para o resultado final.
O homem nasceu para a luz, e como criatura de Deus foi criado como luz, pois Deus é luz (I Jo 1, 5), o pecado trouxe sobre o homem trevas. Assim, se Davi no Salmos 50, 7 diz que "Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado", logo nascemos sobre trevas, e assim permanecemos até o batismo, daí Jesus ordenar aos discípulos: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será salvo..." (Mc 16, 15-16), portanto o batismo trás luz às nossas trevas.
Entretanto, o homem torna ao seu estado de pecado (Eclo 3, 29), e assim as trevas vão tomando lugar na vida da pessoa. A dimensão do mundo físico não é capaz de mostrar com clareza esta realidade, pois ela se encontra evidente na dimensão espiritual, mesmo que isso se mostre de forma concreta na dimensão do que se vê quando sobrevem as angústias, os sofrimentos, as dores...
Desvelar por completo esta realidade e levar esta pessoa a ter a real dimensão do que acontece é somente a partir de uma experiência com a Luz do mundo (Jo 8, 12): Jesus Cristo. Ele disse: "As palavras que vos tenho são espírito e vida", "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6), assim, quando o homem tem uma experiência de Deus em Jesus, as suas trevas são agora iluminadas, caem as escamas dos olhos (At 9, 18), e o homem passa a perceber que seus caminhos, que julgava serem corretos, são caminhos de morte.
A partir de Jesus a Palavra de Deus passa a ser companheira constante neste iluminar da caminhada, ajudando a discernir, auxiliar, colaborar em cada passo, pois para este a decisão já foi tomada: optaram por caminhar de volta para a casa paterna, de volta ao princípio (conversão).
As Sagradas Escrituras, cujo dia hoje, cristãos autênticos e nela crentes comemoram, é auxílio seguro neste equilibrar entre a dimensão física e espiritual, daí ser parte integrante da caminhada de cada um, porém, sempre ladeada pela vida de oração e auxílio do Espírito Santo.
Busque Jesus: a Luz do mundo, e as Sagradas Escrituras, luz para o caminho como companheiros constantes e siga seu caminhar fortalecido (a) por ambos e confiante no feliz reencontro, um dia, com o verdadeiro autor da vida: Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Este, então, se irritou contra a Mulher..." (Ap 12, 17)



Este texto faz menção à seguite notícia vinculada no site BOL: "Estátua da Virgem Maria de topless some na República Tcheca", cuja foto encontra-se ao lado.

É mais um dos sinais daquilo que já prenunciara o livro de Apocalipse na citação do título deste texto, pois "Este", o inimigo, terá ódio eterno a Nossa Senhora em virtude do seu sim que permitiu que o Salvador cumprisse a missão de redimir todo homem e devolver-lhe a paz com Deus.

Assim, é sabido que a Mãe de Jesus e da Igreja foi, é e continuará a ser alvo das investidas do mal que não cessará de a perseguir através de atitudes absurdas como esta, de mostrá-la de forma tão desrespeitosa.

A continuação do vers. 17 diz:"...e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os Mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus". Vê-se, portanto, que o inimigo de Deus continua a fazer guerra aos descendentes de Maria, seus filhos em Jesus, já que por Ele fomos adotados, tentando, assim desmerecê-la, ridicularizá-la, afrontá-la. Isso tudo porque como foi prenunciado lá em Gênesis ela lhe esmagou a cabeça.

Diz Ap 12, 15 que "a serpente vomitou contra a mulher um rio de água...", e assim tem sido. Vê-se Maria sendo alvo de pessoas, até cristãs, "vomitando", e até vociferando, todo tipo de impropérios, agressões, calúnias, contra esta mulher. Mas, nenhum destes "vômitos" podem tocá-la, ou atingi-la, pois Maria já é vencedora no céu, como narra o versículo 1 deste capítulo.

Cabe a nós, cristãos católicos, autênticos devotos de Nossa Senhora, não nos deixarmos abalar por tais atitudes, mas repudiarmos e lastimarmos por aqueles que se deixam, influenciados pelo mal, agirem de tal maneira, não lembrando que nenhum filho aceita passivelmente uma agressão, ou qualquer atitude pejorativa contra sua mãe.

Será que o Filho: Jesus Cristo aceitará? Não será por isso que a Europa está sofrendo tanto? Na Itália há alguns anos atrás, num Natal, substituíram Maria e José num presépio pelo jogador de futebol David Beckham e sua esposa; Portugal aprovou o casamento gay e o aborto; na França querem proibir que se use objetos religiosos como crucifixos e já aprovaram uma lei proibindo orações em locais públicos (ruas e praças); a Espanha recebeu o Papa com palavras de "nós apostatamos", "não és bem vindo", beijos entre gays à vista do Santo Padre. Agora, analisem como estão estes países?

Que Deus tenha misericórdia destes povos e que seus olhos se abram enquanto é tempo. Oremos pela República Tcheca e por todos os que precisam ainda conhecer Jesus, mesmo os que se dizem cristãos.

Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Deus sempre toma a iniciativa...

Após a queda do homem pelo pecado original uma característica se tornou própria do homem: o seu desinteresse por Deus. Desinteresse no sentido de buscar intimidade, profunda comunhão com seu Criador.
No Gênesis 3, 8 diz que "...ouviram o barulho dos passos do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde...": Deus vinha ter com Adão e Eva, vinha encontrar-se com sua obra mais bela, vinha confraternizar-se, vinha dialogar, vinha banquetear...Deus (o Pai) vinha, mas o homem rompeu com Deus, pecou, e o Pai se escondeu do homem, não se afastou, mas se escondeu; tanto que lá em Êxodo quando Moisés pede para ver a face de Deus e o Pai responde: "...Não poderás ver a minha face, pois o homem não me poderia ver e continuar a viver" (Ex 33, 20). O pecado privou o homem da face de Deus.
Assim, Deus levantou profetas e reis para mostrar através deles, por meio de profecias, sinais, prodígios, mostrar que o Senhor Deus continuava com eles, mas o que acontecia era que aquele povo persistia em não querer comunhão com o Pai, daí a reclamação: "Esse povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto seu coração está longe de mim..." (Is 29, 13). Persistia apenas a sua vontade humana, a inclinação para suas próprias convicções, deturpadas e incondizentes com o desejo de Deus, tanto que a maioria destes homens foram perseguidos e mortos.
Mas o Pai é persistente, pois não se conforma com a perda de suas criaturas, afinal, "Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma" (Sb 1, 13), por isso Ele está sempre a tomar a iniciativa, mesmo sabendo que da parte do homem a recíproca não é a mesma.
Por fim o Pai envia o Filho. O Criador revela-se, novamente, à sua criatura, agora na pessoa do Filho, porém o resultado é que Jesus "veio para o que era seu, mas os seus não O receberam" (Jo 1, 11). Mas as palavras que Jesus deixa para a humanidade são estas: "Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não O lançarei fora" (Jo 6, 37).
Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo estão disponíveis a todo gênero humano, porém a natureza carnal e decaída do homem não o predispõe a isso. O homem não tem interesse de comunhão, de intimidade profunda com o Criador e o Salvador, mas tende a criar barreiras e impedimentos. Tem para com Eles uma relação meramente de interesse ou de socorro urgente quando tudo vai mal.
Por isso é tão fácil convencer e arrastar alguém para as coisas impuras deste mundo que convencer para buscar a presença do Senhor em sua vida. Mas o Pai é aquele da parábola do filho pródigo (Lc 15): está todos os dias na expectativa do retorno desses filhos desviados, espera que não é passiva, mas ativa; e os espera com aquele abraço de amor que aquele filho recebeu.
Obrigado Senhor por não desistir dos teus filhos rebeldes que ainda preferem optar por sofrer pelas falsas delícias deste mundo do que aceitar o melhor que tens para cada um.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais um que cai....que pena!!!

O Apóstolo São Paulo foi enfático na passagem de Ef 6, 12: "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos que lutar, mas contra os principados e potestades..., contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares". Esta exortação é direcionada, não para aqueles que estão à mercê deste mundo, mas àqueles que conhecem a Verdade, conhecem o Evangelho, não são ignorantes na fé, mas são sabedores que existe uma luta que se trava no mundo espiritual, escondida aos olhos humanos, e que é onde se desenlaça os destinos de cada um.
Portanto, este texto não é para escarnecer, lançar juízo...sobre irmãos na fé que um dia tiveram a graça de serem alcançados pela misericórdia de Deus, de ouvir sua Palavra, Palavra que desperta a fé (Rm 10, 17), fé que os impulsionou a crer e experimentar o amor de Deus, a renunciar o pecado, aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador e assim optar por um novo Caminho para suas vidas; mas a finalidade deste texto é apenas trazer à pauta indagações que me assolam a alma quando testemunho mais um irmão, servo de Deus, empenhado e fervoroso no anúncio do Reino de Deus, depor as armas, deixar o arado e olhar para trás (Lc 9, 62).
Será que esse (a) irmão (ã) fez pouco caso, ou erroneamente deixou-se enganar achando que estaria imune às investidas daquele que não aceita de forma alguma ver uma alma voltar para o aprisco do Bom Pastor? Será que esqueceu das palavra de Jesus: "Orai e vigiai" (Mt 26, 41), e que foram reforçadas por São Pedro que avisava: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar" (I Pe 5, 8)?
O fato é que por descuido, sobre a desculpa de decepção, frustração, mágoa, raiva, ou seja qual for o motivo dentre tantos que levam estes servos ao afastamento, o certo é que o "leão" encontrou oportunidade e atacou, e capturou esta vida, que a princípio começa um processo de mutilação e machucaduras pelas garras e dentes desse animal feroz. Feridas essas que tentarão ser "curadas" na volta aos prazeres deste mundo, mas que no fundo se sabe só servirão para torná-las ainda maiores e mais graves.
Isso se refletirá numa vida triste, vazia, ressentida que se avolumará em danos cada vez maiores. Muitos pensam em voltar ao Primeiro Amor, mas sem forças, ou por vergonha, ou devido às mágoas e ressentimentos que as fizeram abandonar o barco não retornam. Continuam sua estrada de quedas e tropeços, tentando compensar aqui e ali com prazeres (dinheiro, pessoas, objetos...), mas incompletas por dentro.
É uma batalha inglória: um esforço de pregações, jejuns, orações, formações, evangelizações, para trazer esta vida à luz para, numa fala, num gesto, numa discordância, numa repreensão, ver-se aquela vida voltar às trevas. Muitos caem, também, em virtude desta triste constatação, pois uma pergunta não cala: "De que serviu tanto desgaste?". Dificilmente aquele que abandona o barco não leva algum consigo, principalmente, os que o (a) tinham como espelho.
Por isso este texto não tem a finalidade, repito, de lançar palavras de acusação sobre quem está vivendo esta realidade, mas irmanar-me a estes no sentido de crer que no fundo gostariam de estarem firmes, mas que por fraqueza, ou seja qual for o motivo, esqueceram das palavras de São Paulo: "Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia" (I Cor 10, 12), e tornaram-se vítimas do leão.
Que Deus Pai Todo Poderoso ajude aos que estão e aos que já estiveram nesta barca que nos ajude a perseverar, a sermos constantes, a termos consciência que seguir a Jesus serão lutas e batalhas a enfrentar, primeiramente contra nós mesmos, que somos vitimados pelo nosso orgulho e vaidade, e assim seguirmos em frente.
Aos que se distanciaram: que o Amor do Pai e do Filho, e a força do Espírito Santo os ajude a voltar; se não puder com suas próprias forças, chame pelo Bom Pastor que o levará em segurança, nos braços, de volta ao aprisco seguro. Você é importante para Deus!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fidelidade que obedece

A fidelidade é uma das marcas registradas de Deus; tanto que em II Tm 2, 13 a Palavra diz: "Se formos infiéis...Ele continua fiel, e não pode desdizer-se". Na essência de Deus está a fidelidade; fidelidade esta demonstrada para com o homem na sua forma mais extrema: dar o seu Filho único como penhor da nossa salvação.
Sendo nós criados à imagem e semelança deste Deus fiel, por quê, então, também nós não o somos? Por quê tão facilmente tornamo-nos infiéis ao amor de Deus, à sua bondade, à sua dedicação, ao seu zelo...? Porque a fidelidade nasce de uma amizade sincera e verdadeira, amizade que é sedimentada num amor sincero e verdadeiro.
Infelizmente, tornamo-nos infiéis em virtude do pecado que nos leva a nos rebelarmos, a rejeitarmos esta amizade; por isso que Jesus declara aos discípulos: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai" (Jo 15, 15).
Um amigo fiel agrada e é agradado; ajuda e é ajudado; auxilia e é auxiliado; obedece e é obedecido...Mas, quando diz respeito a esta relação com Deus tudo isso é descumprido, pois não amamos verdadeiramente, logo não se estabelece uma amizade verdadeira da nossa parte para com Ele.
Daí o Senhor Jesus explicitar essa dificuldade de relacionamento na parábola dos talentos (Mt 25, 14-30) onde claramente Ele mostra que da sua parte para conosco existe uma confiança e certeza que se pode cumprir uma missão confiada: multiplicar o bem confiado; bem este que na parábola está demonstrado na forma de ouro, pois um talento equivalia a trinta quilos de ouro; mas este ouro capacidade propagar a Palavra de Deus, a Boa Nova, o Evangelho de Jesus, e assim levar vidas ao arrependimento, à conversão, ao abandono das práticas de pecado para viver as virtudes evangélicas.
Alguns, como narra o texto, são fiéis em multiplicar os talentos confiados; dispuseram-se a partilhar essa riqueza com outros mostrando aos outros que não são egoístas em reter o amor, o bem, a paz, a alegria, a fé, a esperança que receberam de Deus para sí, mas são generosos em repartir cada graça recebida do Pai. São pessoas que na verdade trzem em sí essa face de doação, pois Deus se doou, em Jesus Cristo, ao extremo por cada ser humano.
Ao contrário, os que não privam desta amizade sincera com o Pai não obedecem, não cumprem o propósito que lhes foi confiado, e como aquele último da Palavra: enterram o talento. São pessoas que por medo, receio, timidez, mas muitas vezes por falta de vontade e desejo de ver a graça de Deus chegar ao irmão, acomodam-se na sua vida, mergulhados nas suas próprias preocupações, e assim aquele "talento", aquele "bem", que deveria ser transmitido aos outros fica "enterrado", posto de lado, sufocado pelas vãs preocupações, ou pelo desinteresse mesmo de ver o próximo alcançado pelas benécies de Deus.
Em se tratando de pessoas que não querem, de forma alguma, saber de ter amizade ou proximidade com o Senhor, é compreensível, pois são pessoas distanciadas mesmo. Porém, o que causa surpresa e estranheza são aquelas que tiveram uma experiência pessoal deste amor do Pai, que experimentaram (ou dizem ter experimentado) desta amizade, e agem da mesma forma desinteressada e egoísta que os primeiros que os primeiros, que ainda não conhecem na intimidade esse Deus maravilhoso.
Há esses, "enterradores de talentos", no dia do retorno do "dono dos talentos", do ajuste de contas, ao chegarem de mãos vazias, sem terem produzido nada, ouvirão uma palavra duríssima de rejeição: "Servo mau e preguiçoso!" (vers. 26), e uma sentança terrível: "Jogai-o nas trevas exteriores: ali haverá choro e ranger de dentes" (vers. 30).
Aos primeiros, "multiplicadores de talentos", os que não mediram esforços em fazer este talento produzir frutos na vida do próximo, o Senhor os acolherá dizendo: "Servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, Eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com o teu Senhor!" (vers. 21). Há estess está reservado o reino do céu, lugar de alegria e gôzo.
Perseveremos em permanecer neste amor e amizade sinceros e verdadeiros, que confia a nós e em nós para sermos disseminadores dos bens celestes; proclamadores do Evangelho da Salvação, e multiplicadores dos talentos de Deus, sabendo que tudo isso só pode se dar intimamente ligado a Jesus, pois Ele mesmo diz: "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5), pois só Ele é capaz de dar toda orientação para que esses talentos convertam-se, eficazmente, em vidas restauradas e transformadas.
Deus te abençoe no nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Senhorio dos pais: fonte da honra dos filhos.

O texto de Eclo 3, 1-18 faz uma clara referência a filhos que honram seus pais. O dicionário faz referência a expressão honrar pai e mãe como venerar, reverenciar. Percebe-se que mesmo numa expressão gramatical, etimológica, os termos utilizados concordam com o significado bíblico.
Dentre os vários versículos, aquele que salta aos olhos é o oitavo: "Quem teme o Senhor honra pai e mãe. Servirá àqueles que lhe deram a vida como a seus senhores". O versículo é taxativo quando afirma que um filho só honrará pai e mãe, só terá essa atitude venerável, reverencial, se nele estiver o temor de Deus.
Mas um filho não trás consigo desde o nascimento este temor, mas o adquire a partir do convívio, do exemplo, da prática observada por parte dos seus genitores. E o questionamento é: esses filhos tem observado esse temor de Deus em pais mergulhados nas suas preocupações diárias? Que dão maior importância aos prazeres e satisfações deste mundo, vivendo como disseminadores das práticas absurdas que impõe a TV, as novelas, as músicas, as revistas...? Que se empenham devotamente em cumprir suas obrigações de alimentar, vestir, educar, mas que se eximem totalmente de dar a esses filhos alimento, educação, parâmetros e princípios espirituais?
A mais dura realidade é que, se hoje se observa filhos que não manifestam essas atitudes de honraria para com os pais, é porque não vêem nestes atitudes que os levem a agir de tal forma. O versículo quinto diz que "quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro". Mas tem-se observado hoje, mulheres, mães, que estejam se comportando como essa figura preciosa? As mães de hoje tem-se mostrado para os filhos como essa figura divinal segundo o que a Bíblia preceitua?
Os versículos 9 e 10 exortam: "Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, afim de que ele te dê sua benção e que esta permaneça em ti até o teu último dia. A benção paterna fortalece a casa de seus filhos...". Percebe-se neste trecho a força da benção de um pai; mas quantos filhos não manifestam mais qualquer importância quanto a essa graça, fruto até mesmo do próprio desprezo de pais por esta prática.
Pais que demonstram, exercem na prática perante seus filhos, e exigem este senhorio, que significa soberania, propriedade, autoridade plena, terão filhos que saberão honrá-los com fidelidade e respeito, até porque compreenderam que exercer essa honradez é um ato mais espiritual que humano.
Porém, é necessário, urgente, que os atuais e futuros pais aprendam e pratiquem o que aconselha a Palavra de Deus em Eclo 30, 13: "Educa o teu filho, esforça-te (por instruí-lo), para que não te desonre com sua vida vergonhosa". Mas não se pode dar o que não se possui; educar um filho nos caminhos do Senhor só consegue quem trilha os caminhos do Senhor; quem segue os Mandamentos e preceitos da Palavra de Deus; que vive os Sacramentos com sinceridade; quem busca a Igreja como lugar de santidade e salvação.
Pais que tem essa consciência formarão filhos que reconhecem seu senhorio como respeito e reverência ao próprio Deus; honrarão seus pais com a certeza que a Palavra de Deus em Ex 20, 12 que diz "Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus" se cumprirá; e que, por fim, saberão, também eles, constituir famílias onde serão multiplicadores desse propósito divino, gerando neste mundo uma sociedade com famílias santas e retas a exemplo da família de Nazaré que teve em Jesus um filho que soube honrar e reconhecer o senhorio de seus pais.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Senhorio de Jesus

Ter ou possuir senhorio é o mesmo que ser dono, proprietário, possuidor... Logo, é exercer soberania sobre algo ou alguém. Ser senhor de algo ou alguém é ter posse sobre aquilo que foi adquirido mediante esforço.
Assim, uma pessoa pode dizer-se senhor de um bem (casa, carro, empresa, etc.), porque foi adquirido medinte esforço próprio, passanto, então, a ter autoridade plena de fazer o que quiser com aquele bem.
No que diz respeito ao divino, Deus em todo o Gênesis, principalmente no primeiro capítulo é sempre citodo como Senhor, por quê? Porque com esforço particular "criou todas as coisas", logo Deus exerce senhorio pleno sobre todas as coisas, inclusive o homem.
O pecado rompeu este reconhecimento da soberania de Deus (Catecismo da Igreja Católica, 455) sobre o homem, passando, assim, a tornar-se rebelde a esta soberania. A partir do pecado original, até os dias atuais, a Bíblia e a história mostram essa resistência à autoridade de Deus, tomando assim a liberdade de agir segundo suas convicções mediante considerar-se "dono de si", e assim colhendo as consequências deste desprezo ao Pai.
Deus, porém, em seu extremado amor não mediu esforços em buscar reconquistar junto ao homem esse senhorio; tentou por meio dos profetas, dos reis, até que por fim decidiu dar sua maior prova deste amor: enviar seu Filho único (Jo 3, 16), afim de que em natureza humana o homem pudesse compreender que ter a Deus como dono, proprietário, não significava ser visto ou tido como uma "coisa qualquer", mas ser elevado a uma condição privilegiada, tanto que em algumas passagens bíblicas quando aparece a expressão "de pé" (Zaqueu, a mulher adúltera, Maria e João aos pés da cruz...), significava devolvido à sua verdadeira condição de filho de Deus, restaurado, vencedor.
Aqueles, porém, que não aceitam este senhorio do Pai, que é agora também outorgada a Jesus: "Por isso Deus O exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor" (Fl 2, 9-11), após sua Paixão, morte e Ressurreição, vão caminhando como caídos, derrotados, abatidos, mesmo que ana sua arrogância e cegueira não percebam nem reconheçam.
Ao rejeitar o Senhorio do Pai e do Filho, vão servir a outro senhor: satanás (Mt 6, 24) sobre a forma do dinheiro, da fama, do poder, do sucesso, homens..., e assim vão-se afundando numa vida de ilusões e enganos, afastando-se cada vez mais do Senhor da vida e aproximando-se do senhor da morte, morte esta que será inevitável em permanecendo nesta condição.
Jesus é claro nas suas palavras: "Não se pode servir a dois senhores". Reconhecê-Lo como Senhor não é meramente uma decisão instintiva, mas passa por uma experiência que somente o Espírito Santo pode proporcionar, pois é São Paulo que diz em I Cor 12, 3: "...ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo".
O homem precisa reconhecer que renunciar o senhorio, o domínio, a autoridade de Jesus sobre sua vida é optar pelo pecado, e diz a Palavra de Deus: "todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo" (Jo 8, 34).
Renuncie o senhorio do diabo e do pecado, e aceite a liberdade que o Senhorio de Jesus proporciona. Clame o Espírito Santo e declare hoje Jesus como seu único Senhor.
Deus te abençoe no nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Deus confia, e conta com os jovens!

Na contramão daquilo que se pensa e rotula o jovem: irresponsáveis, levianos, inconsequentes,...; Deus mostra, Bíblica e historicamente, que sempre contou com os jovens no seu projeto evangelizador, logo, os trata como parte essencial nesta missão de arrebanhar vidas para o Reino.
Na promessa da vinda do Espírito Santo em Joel 3, 1 a passagem afirma: "Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões". E assim tem sido, mesmo antes da Promessa ser para todos, pois no Antigo Testamento casos com de Samuel (I Sm 3, 1-4) e de Davi (I Sm 16, 11-13) mostram como os jovens são parte do projeto salvífico do Pai.
No Novo Testamento ver-se-á outros exemplos como de Maria Santíssima (Lc 1, 27) que acredita-se, teria em torno de quinze anos ao aceitar a proposta de Deus de conceber e gerar o Salvador (Lc 1, 31); dentre os discípulos, posteriormente apóstolos, havia um muito jovem: João, um dos prediletos de Jesus e tido como "o discípulo amado" (Jo 19, 26).
São Paulo teve como discípulo mais próximo seu Timóteo, que por sua juventude era alvo de desconfiança e desprezo por parte da comunidade, onde Paulo o encorajava: "Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e viver, na caridade, na fé, na castidade" (I Tm 4, 12).
Ao longo da história da Igreja o chamado de Deus aos jovens foi imenso: São Francisco (vinte e cinco anos); Santo Antonio (dezesseis anos); Santa Teresa D'Ávila (quinze anos); Santa Terezinha do Menino Jesus (treze anos); Santa Catarina de Sena (seis anos); São Padre Pio (primeiros anos de vida)...Todos tiveram experiências profundas com o Senhor desde a mais tenra idade, e tornaram-se heróis da fé, disseminando a Palavra e o amor de Deus, e escrevendo seus nomes para a eternidade.
Deus não olhou para essas nuances próprias da juventude, mas para o potencial do jovem de acolher o chamado e contagiar a outros. São Francisco por exemplo, contagiou Santa Clara, São Bernardo, dentre tantos jovens amigos seus da época, e todos foram levados à santidade. Assim com tantos outros santos e santas. Logo, o jovem é um terreno, um solo fértil, para a semente da Palavra de Deus cair e gerar trinta, sessenta e cem por um.
Portanto jovem, apesar de críticas e julgamentos pelo seu jeito, agir, pensar, falar, Jesus conta com o seu sim, a sua concordância ao seu apelo constante: "Eis que estou a porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, Eu com ele e ele comigo" (Ap 3, 20), responda positivamente à este apelo do Senhor que quer contar com tua disposição, sua energia, sua impulsividade, sua garra, sua coragem, sua alegria..., para propagar o Evangelho entre tantos outros jovens que se perdem em meio às falsas delícias e banquetes de alimentos envenenados deste mundo.
O jovem quer a todo custo ser diferente. Seja diferente, seja de Jesus! Dissemine a paz e o amor, lance sementes em meio há um mundo que ensina o ódio, o desprezo, e a lançar pedras.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Duplicidade: o grande problema de muitos cristãos!"

"Ai do coração fingido, dos lábios perversos, das mãos malfazejas, do pecador que leva na terra uma vida de duplicidade" (Eclo 2, 14).
O Livro do Eclesiástico nessa passagem faz referência há um dos dilemas daqueles que se propõem caminhar com Jesus: a duplicidade. Uma experiência do amor de Deus trás, a princípio, um desejo de abandono total em Deus, porém, o passar do tempo leva o coração a, novamente, começar a dar espaços para aquilo que era próprio da nossa existência pecadora e distanciada de Deus anterior àquela experiência transformadora.
Aquele que não segue fielmente o conselho de Jesus: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt 26, 41), vai, em algum instante, ver-se sendo novamente seduzido por aquelas práticas e opções dos tempos de afastamento de Deus; daí começa-se a querer fazer uma tentativa de harmonizar, de conformar, as coisas mundanas às divinas, e assim começa-se a ver comentários como: "Não vejo nada demais..."; "Não tem nada haver..."; "A Igreja tem que se modernizar...", e daí por diante; e a Palavra de Deus é incisiva: "Que união pode haver entre a justiça e a iniquidade; Ou que comunidade há entre a luz e as trevas?" (II Cor 6, 14).
No fundo o que acontece é que os que estão nesta situação não estão conseguindo ter seu olhos, corpo, mente, alma, espírito e coração voltado plenamente para Jesus. Olha-se para o Senhor, mas de "canto de olho", olha-se para as coisas do mundo, e daí, o coração vai enchendo-se de duplicidade; por isso que a Palavra de Deus em Provérbios 23, 26 diz: "Meu filho, dá-me teu coração. Que teus olhos observem meus caminhos".
Um coração não voltado totalmente para Deus vai buscar outros caminhos e, infelizmente, é o que acontece: a sedução das coisas do mundo nas suas diversas expressões, ao final, arrastam muitos de volta para a "velha vida". Não conseguiram vencer tal duplicidade, não foram perseverantes na Palavra, e assim tantos vão ficando pelo caminho, ou tomando outros caminhos.
A duplicidade como mostra Eclesiástico 2 é uma falta do temor de Deus, o que gera no homem esta falsa impressão que amar o mundo e a Deus pode ser possível; a estes o Senhor fala no versículos 16-18: "Ai daqueles que perderam a paciência, que saíram do caminho reto, e se transviaram nos maus caminhos. Que farão eles quando o Senhor começar o exame? Aqueles que temem o Senhor não são incrédulos à sua Palavra, e os que O amam permanecem em sua vereda".
Que o Senhor nos ajude a vencer a duplicidade que ainda há no nosso coração, fruto do pecado que ainda se manifesta, e que só em vígilia e oração aos pés de Jesus é que poderá ser vencido. Um vida totalmente entregue ao Senhor Jesus é o que Ele deseja. Que o Senhor pela força do seu Santo Espírito nos ajude neste duro combate, pois o mundo não relaxa em tentar nos levar de volta para ele.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 10 de julho de 2011

"Os tíbios,..." (Ap 21, 8)

Segundo os dicionários, tibieza, é a qualidade, condição ou estado de tíbio: estado de fraqueza, de frouxidão, de debilidade, de falta de ardor, de entusiasmo; frieza.
Por quê será que o Senhor Jesus fala deste atributo no livro do Apocalipse quando faz referência àqueles que irão para a condenação eterna? Porque, seja como qualidade, condição ou estado de vida, a tibieza é pecado. E é um pecado que incomoda profundamente o Senhor, tanto que o dicionário fala em frieza, e Jesus, no mesmo livro de Apocalipse diz: "Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te" (Ap 3, 16).
O Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 2094 diz que esta é "uma das formas de pecar contra o amor de Deus. A tibieza é uma hesitação ou negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade". Logo, aquele que é envolto na condição de tíbio é alguém que não tem predisposição à ser disseminador do amor de Deus, visto que a caridade não se restrige apenas a gestos fortuitos de bondade (doar uma cesta básica, por exemplo), mas fazer transparecer na vida daquela pessoa que recebe aquele gesto caridoso mais que o ato em sí, a presença Daquele que motivou tal ato: Deus.
O Senhor na passagem de Apocalipse deixa claro, portanto, que admite a atitude daqueles "frios", ou seja, que pouco ou nada fazem pelo bem do próximo, visando sempre seus esforços em favor de interesses pessoais: os egoístas; ou os "quentes", aqueles que vivem esse amor de Deus partilhando-o como o próximo com o intuito de levá-lo a experimentar, também, este amor transformador, santificante, libertador.
Os "quentes" são os que, por uma experiência do batismo no Espírito Santo, são tomados de um ardor missionário, um desejo incontrolável de ver essa graça acontecer na vida das outras pessoas, não medindo as consequências.
Porém, existe os "meio termos", os "mornos", esses são inadimissíveis para Jesus; são aqueles que, segundo o Catecismo, "recusam-se a se entregar ao dinamismo da caridade". Até tem boas intenções, mas são pessoas sem atitudes concretas, são os acomodados aos esforços, pois a caridade passa pelo esforço, o sacrifício, a entrega, a disponibilidade. São aqueles que "se puder eu vou", "se não demorar...", "se eu não tiver de falar nada...", ou seja, são os cristão da desculpa, que põem impecilho sempre, o medo, a timidez, sempre são argumentos para justificar a falta de vontade. E isso acontece até no meio daqueles que se dizem "de caminhada".
Porém, o indiferente é o mais detestável. A passagem do homem rico e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31) deixa clara a indignação de Deus para com estes. Uma pessoa que se fecha totalmente ao sofrimento, a dor, à necessidade do próximo, chegando ao ponto de ainda desprezá-lo e humilhá-lo, o Senhor conta o final deste ao fim da parábola.
Assim, vê-se que a tibieza é algo presente na vida do ser humano e que só é retirada quando de uma experiência pessoal de Jesus que é capaz de retirar tal pecado; e muitos estão necessitando serem libertos deste mal, e urgentemente, mesmo dentro da Igreja, de pastorais, grupos de oração, ...pois, concluindo o a passagem de Apocalipse 21, 8 ela diz: "..., os infiéis, os homicidas, os impuros, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte".
Não se deixe levar pela tibieza, pois o amor de Deus nos chama a propagar este amor a outros corações através da caridade. Lembre-se da passagem de Mt 25, 31-46 quando Jesus fala que os que se salvarão foram os que praticaram a caridade, não por medo de ir para o inferno, mas por uma ação do Espírito Santo que nos leva a olhar o próximo com olhar de Deus, pois eles refletem o próprio Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Oração: via de mão tripla.

Uma das grandes dificuldades que se tem de orar com o proveito e eficácia que se deveria ter é que ainda não se compreendeu a dimensão trina da oração. A consequência disso é uma oração imersa num balbuciar de palavras sem ordem nem sentido que, ao final, não cumpre a sua missão.
Por quê, então, não cumpre a sua missão? Analizemos a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 11, 1-4) onde o Senhor Jesus ensina os discípulos a rezar. O Senhor inicia a oração fazendo referência a quem? Ao Pai. Esta é a primeira via: o Pai. E por nunca termos, nem buscarmos, essa intimidade com o Pai, o Abba, o "paizinho", o Pai querido, que Jesus veio nos mostrar, é que já se inicia erroneamente a oração. A dificuldade que se tem de reconhecer que é o Pai, Deus, quem faz tudo e pode tudo, nos leva apenas ao Filho ou ao Espírito Santo; e o próprio Senhor Jesus disse: "Tenho-vos mostrado muitas boas obras da parte do meu Pai" (Jo 10, 32).
A oração tem que chegar ao Pai pelas mãos de Jesus, pois Ele disse: "Ninguém vai ao Pai senão por Mim" (Jo 14, 6). A oração tem que evocar a santidade, a majestade, a bondade, o perdão, a misericórdia de Deus, ou seja, as múltiplas características do infinito amor do Pai.
Posteriormente, Jesus mostra no Pai Nosso, mesmo que de maneira conjunta as outras duas vias: a segunda que é o nosso próximo. Uma oração que se esquece do irmão está impregnada de egocentrismo, ou seja, centrada no próprio eu. Daí, há todo momento, ver-se apenas pedindo, pedindo e pedindo...Ainda falta este amor do Pai, este amor caridoso que tanto São Paulo enfatizava: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade, as três. Porém, a maior de todas é a caridade" (I Cor 13, 13). Se se ora por saúde, lembre-se que existem muitos doentes; se se ora pela restauração da família, lembre-se que existem muitas outras famílias precisando ser restauradas, e assim por diante.
Não lembrar-se do outro é egoísmo, e é pecado. Jesus na cruz, nas suas últimas palavras pediu perdão para aqueles que O condenaram e mataram. Às vezes, lembramos muito facilmente do outro na oração em momento de raiva, decepção, traição, chateação, e chega-se, certas vezes, ao cúmulo de pedir que Deus mande castigos sobre aquela pessoa. As palavras de Jesus; as palavras de Estevão quando era apedrejado, tem que nos mostrar o contrário.
A terceira via é, por fim, nós mesmos. Não será por isso que Jesus disse que o maior Mandamento é "Amar a Deus, ao próximo, como a sí mesmo"(Mt 22, 3-39)? A oração deve ser o itinerário, o reflexo do Mandamento de Jesus. Ao contrário do que se pensa deveríamos estar em último lugar: "Quem quiser ser o primeiro seja o último", dizia o Senhor. A preocupação com o bem estar pessoal, familiar, financeiro, afetivo, enfim, essa centralização em sí mesmo, nos tira a visão de que a ordem das coisas não é eu, Deus e o próximo; mas, Deus, o próximo e eu.
O momento chave para a nossa salvação deu-se naquele momento onde Jesus orava no monte das oliveiras e clamava ao Pai: "Pai se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça todavia, a minha vontade, mas sim a tua" (Lc 22, 42). Jesus colocou o Pai em primeiro lugar e, automaticamente, o próximo, pois a missão de Jesus era salvar o homem. Ele ficou em último lugar; mas, foi vivenciando fielmente aquilo que é o correto que alcançou o êxito na sua missão.
Meditando nessa passagem de Jesus no monte das oliveiras pode-se ver claramente que as três vias vão originar o maior sinal da missão do Senhor: a cruz. Assim, uma primeira conclusão que se pode tirar: oração é sacrifício. Para obter-se uma graça da parte de Deus para o próximo, ou para nós, passa por sacrificar-se; talvez por falta deste entendimento é que muitos abandonam a caminhada, pois para chegar a isso será necessário, muitas vezes, chegar até a negação de sí mesmo.
A segunda conclusão é que na cruz há um ponto de intersecção das três vias. Neste ponto fico o centro irradiador daquilo que toda oração precisa: o amor. E este centro irradiador é o coração. Por isso que em Provérbios 23, 26 Deus diz: "Filho dá-me teu coração". Porque é dele que flui a oração capaz de tocar em Deus, porém, somente um coração livre, curado, feliz, cheio de amor. Um coração triste, amargurado, vazio, infeliz, sem amor, não é capaz de fluir uma oração que vai adorar e bendizer a Deus como Ele merece; ao contrário, muitas vezes será capaz apenas de questionar, criticar e resmungar contra o Pai.
Um coração cheio de amor é capaz de orar pelo próximo como se vê na maravilhosa oração de São Francisco, e de tantos outros santos e santas da Igreja. Portanto, se desejamos êxito na missão pela via da oração e ação, temos que ter essas três vias muito claras na nossa mente e no coração; coração este que tem que estar sarado, curado, liberto, cheio de amor, para que a oração brote eficazmente.
Que com o auxílio do Espírito Santo, que infunde em nós o amor de Deus (Rm 5, 5) e a fé (I Cor 12, 9), necessária para que essa oração seja poderosamente eficaz, alcançemos aquilo que o próprio Senhor Jesus Cristo promete: "Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis" (Mt 21, 22).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Para alcançar o que queres,hás de ir por onde não queres!"

Ao se meditar sobre o Sermão das Bem-aventuranças (Mt 5, 1-11), observa-se, claramente, que alcançar o Reino dos céus, que era o centro da pregação de Jesus, é necessário viver exatamente aquilo que São João da Cruz afirma na frase que dá título a este texto.
Nestes onze versículos, o Senhor mostra aos discípulos, tendo como plano de fundo a multidão que deixara lá embaixo na montanha, que trilhar o caminho da glória é viver um constante renunciar das nossas convicções e posturas para viver uma proposta divina, que para nós será, por vezes, motivo de conflito e contradição.
Imaginarmo-nos aos pés de Jesus e ouvindo-O dizer: "Estão vendo essa multidão de pessoas aflitas, sofridas, desamparadas, maltratadas, cheias de ira e ódio, com sentimentos de vingança, chorando suas misérias, sem paz ou esperança, perseguidas, discriminadas...Pois Eu vos digo: a tudo que vocês possam ver e sentir, e até se compararem no seu íntimo a muitos deles, Eu afirmo: Felizes são aqueles que estão aqui por sua pobreza e necessidade, pois os ricos e abastados; aqueles que estão nos palácios; nas suas belas casas; vivendo com todo o conforto que o dinheiro pode oferecer; esses não vêem necessidade de virem a Mim; esses não tem nos seus planos alcançar a salvação, envolvidos que estão pelos prazeres que os bens podem proporcionar".
"Digo-vos que felizes são aqueles que choram; não o choro de revolta por estarem vivendo uma vida contrária àquela que gostariam de ter; não o choro de murmúrio, da raiva de serem humilhados, por serem tido por malditos devido a uma doença, ou pelo fato de ser órfão, viúva ou estrangeiro, mas felizes porque vertem lágrimas de conformação à vontade do Pai, na certeza de que Ele as acolhe e no tempo certo as fará retornar na forma de bençãos em profusão, como no tempo de Jó".
"Felizes, ao contrário de muitos que nessa multidão se encontram, que nutrem sentimentos de ódio e revanchismo, e um desejo profundo de vingança contra aqueles que hoje os oprime e subjugam, e cujo desejo seria devolver na mesma moeda, e que no entanto perdem sua vida em atos de rebeliões infrutíferas, são aqueles que optam por "abençoar os que vos perseguem; não pagando o mal com o mal" (Rm 12, 14.17) e que no seu desejo constante de justiça a terão no tempo certo da parte de Deus que tudo vê".
"Felizes são os que nãos se apressam em extravasar suas mágoas e ressentimentos contra quem os magoou, maltratou, traiu ou frustrou, mas assim como o Pai do céu, que tem sabido dar a cada um uma nova oportunidade, "porque sabe do que são feitos" (Sl 102, 14), assim também deve ser cada um de vós, oferecendo, a partir do perdão sincero, uma oportunidade para que aquela pessoa mude e se transforme".
"Digo-vos, ainda que, ao contrário de muitos que cumprem todos os preceitos da Lei e vivem os mandamentos, mas trazem no seu íntimo toda espécie de impureza e pecado, felizes são os que se empenham em manter seu coração e espírito livres das mazelas do pecado buscando, portanto, o céu não pela obediência legalista, mas pela profunda vontade de não ofender ao Pai".
"Afirmo-vos que, diferente de muitos dessa multidão que nutrem constante sentimento de guerra e rebelião, felizes são os que lutam pela paz, não somente a paz com as pessoas, mas a paz com Deus, cada vez que fazem a opção por obedecê-Lo".
"Há estes está reservado o Reino dos céus, e que será, para muitos, motivo de calúnia, perseguição, falsidades; mas Vos garanto: há estes será grande a recompensa".
Palavras como estas, claro que fruto de um momento de reflexão, se realmente corroborarem com a proposta evangélica, são para deixar qualquer um desnorteado, pois é ir de encontro a tudo o que nossa concepção teria tido como certa ou errada. É por isso que Santa Teresinha do Menino Jesus dizia: "O próprio do amor é rebaixar-se", o que esta absolutamente correto, pois o cumprimento destas palavras de Jesus passa por uma renúncia de sí, para deixar que o amor prevaleça.
Jesus, penso, não quis dizer outra coisa senão: "Abandonem suas convicções e aquilo que o mundo julgar ser atitude correta, para que assim possam ser meus imitadores e aptos ao reino dos céus".
Essa proposta de Jesus não é tarefa fácil, por isso muitos quando confrontados com essas situações vêem-se incapazes de seguir a caminhada; tiram a mão do arado e olham para trás, e voltam à velha vida.
O Reino de Deus é fruto de uma decisão séria e um firme propósito de conversão e mudança de vida. Peça sempre o auxílio do Espírito Santo, a te dar essa firme convicção e esse desejo de ser de Jesus e alcançar o céu, o que queres, mesmo tendo que ir por onde não queres (abandono do orgulho, das convicções equivocadas, da intransigência, da altivez, rebaixamento,...).

domingo, 3 de julho de 2011

Duas histórias: uma mesma fé, uma missão cumprida!

A vida de São Pedro e São Paulo são exemplos práticos que Deus não faz acepções quando diz respeito há um chamado para a missão. São dois homens de origens diferentes, que em situações diferentes, tiveram uma mesma experiência de Cristo em suas vidas que os levou a abraçar um propósito, uma missão que os tornaria eternamente lembrados como essas "colunas" da fé cristã.
Pedro que teve a graça de conhecer o Senhor ainda em vida, andou ao lado do Mestre e Senhor, ouviu suas pregações e ensinos, testemunhou milagres, a ressurreição, o cumprimento da promessa do Espírito Santo, tornou-se o responsável de dar continuidade à missão de Jesus; Paulo nunca O viu, mas apenas ouvia falar de um certo Jesus que apesar de morrer da forma mais ignominiosa, continuava a arrebanhar judeus pela pregação e testemunho de homens simples e "ignorantes". Um zeloso defensor da Lei que não compreendia pessoas abandonarem a obediência à Lei de Moisés para aderir a uma prática e a alguém que não cumpria os pré-requisitos do Messias aguardado por Israel.
Pedro inculto, pescador; Paulo formado na escola de Gamaliel, fariseu; enfim, quantas diferenças, mas o que interessava para Deus é que os dois tinha a capacidade de fazer com que o Evangelho do Senhor fosse propagado.
Pedro inicia, juntamente com os demais Apóstolos sua missão, efetivamente, após Pentecostes quando encontravam-se acuados e amedrontados pela perseguição dos doutores da Lei; Paulo tem sua missão iniciada, após uma experiência com Jesus quando perseguidor implacável dos Apóstolos e demais fiéis, após também receber o Espírito Santo.
Após assumirem o ide de Jesus, Pedro e os demais decidem por anunciarem Jesus aos judeus, Paulo decide ir anunciar Jesus ao gentios; a partir daí cada um vai viver suas experiência de evangelizarem realizando curas, libertações, milagres, convertendo vidas para Jesus e disseminando o Evangelho entre as nações.
Ambos são perseguidos, presos, torturados, mas fielmente mantém a fé até o fim e Deus como que para dizer: "Foram chamados em situações diferentes, cumpriram a missão em lugares diferentes, às vezes pensaram diferente, mas produziram os mesmos frutos: vão ser glorificados no mesmo lugar".
E assim, encerraram sua carreira na mesma cidade (Roma), em períodos muito próximos, para assim testificar que as histórias podem ser diferentes, mas o prêmio é o mesmo: "a coroa de vitória", pois serviram ao mesmo Senhor, numa mesma fé, sob a ação do mesmo Espírito, com o mesmo propósito: que "todo aquele que Nele crer e for batizado seja salvo" (Mc 16, 15-16).
Louvado seja Deus, que pelo sangue e testemunho destes heróis da fé, como de tantos outros que ajudaram a esta Igreja Católica a fundamentar suas bases em fundamento inabalável que permanecerá até a volta gloriosa do Esposo, pois "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"As palavras que vos tenho dito são Espírito e Vida" (Jo 6, 63)

Não há mais dúvidas que ao se observar os rumos que as pessoas tem tomado, incentivadas por uma cultura permissivista, as palavras das Sagradas Escrituras estão, a cada dia, sendo relegadas ao desprezo e até o ridículo.
A cada dia abandona-se a Palavra de Deus, que proclamadas por Jesus disse que são "Espírito e Vida", para deixar-se conduzir por palavras de sabedoria humana, terrena e diabólica (Tg 3, 15) que são "Carne e Morte".
O Senhor Jesus naquele diálogo com Nicodemos já deixara claro que "o que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito" (Jo 3, 6), assim, São Paulo já afirmava: "Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito" (Rm 8, 5). Compreende-se, então, porque as coisas do mundo falam mais alto à mente e ao coração das pessoas.
Desta forma constata-se porque que a devassidão, a depravação, a concupiscência, a afronta a palavra de Deus, a resistência em obedecer acontece; são pessoas que se satisfazem daquilo que é carnal, portanto defender preceitos divinos como a fidelidade ao matrimônio é motivo de chacota, ironia, de rejeição, defender o que Deus ordenou: "Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne" (Gn 2, 24), ou seja união é entre homem e mulher, mas, desafortunadamente vemos a nossa nação ir frontalmente contra esta ordenança do Pai validando a "união homoafetiva".
Esse é um dos tantos exemplos de que "o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à Lei de Deus, e nem o pode" (Rm 8, 7), e "a aspiração da carne é a morte" (Rm 8, 6), mas o homem, cego pelo pecado, vai dando vazão às suas vontades carnais, e ainda justifica, às vezes: "a carne é fraca". E de fraqueza em fraqueza, de desobediência em desobediência, vai trilhando o caminho da perdição.
Agora existem os que param e dão ouvidos a Deus; arrependem-se e dão abertura para Jesus agir; são dóceis ao que o Senhor disse a Nicodemos: "Quem não nascer de novo não poderá ver o reino de Deus" (J0 3, 3), e vivendo uma experiência da efusão do Espírito Santo passam, então, a serem "seres espirituais", e para estes " a aspiração do Espírito é vida e paz".
Os que dão ouvidos às palavras de Jesus, são afeitos às coisas espirituais; tudo o que diz respeito a Deus é o que atrai: a oração, a leitura das Sagradas Escrituras, a Santa Missa, a vivência dos Santos Sacramentos, as canções inspiradas, a vida dos Santos, a prática da Doutrina da Igreja..., enfim, os que vivem segundo o Espírito obedecem, temem, amam a Deus, e assim trilham o caminho da salvação.
Diz o Senhor Jesus: "Bem-aventurados os que ouvem as palavras de Deus e as observam" (Lc 11, 28), estes dão sinal de afeiçoar-se às coisas do Espírito, que nasceram de novo e, portanto, trilham o camindo da vida eterna, renunciando as propostas deste mundo para acolher a voz inconfundível do bom pastor.
Deus te abençoe no nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Há quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna!" (Jo 6, 68)

"Na praia desse mar estarão pescadores; eles estenderão suas redes desde Engadi até Engalim, e haverá aí peixes de toda espécie em abundância, como no grande mar" (Ez 47, 10). Esta passagem prenuncia o encontro de uma "Água" (Ez 47, 8), certamente Jesus, a Água Viva (Jo 4, 10), com pescadores (Lc 5, 2).
Dentre estes, o primeiro há que o Senhor Jesus se dirige é Simão (Lc 5, 3), quando pede para subir na sua barca. Será por quê logo na barca de Simão, já que havia outra barca ao lado, provavelmente de Tiago e João? E narra a passagem que ao terminar sua pregação ao povo, dirige-se novamente a Simão e pede: "..., lançai as redes para pescar" (Lc 5, 4).
Ao retrucar Simão responde: "Trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos, mas por causa de tua palavra, lançarei a rede" (Lc 5, 5). Feito isso, diz a Palavra que "apanharam peixes em tanta quantidade, que as redes se lhes rompia" (Lc 5, 6). Testemunhando tal prodígio Simão, que já tinha sido apresentado a Jesus por André (Jo 1, 40-42), neste encontro presencia o poder do Filho de Deus e ao reconhecer isto exclama: "Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador" (Lc 5, 8).
O Senhor não se retira, mas ao contrário, dirige-se a Simão e diz: "Não temas; doravante serás pescador de homens" (Lc 5, 10) e "Atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram" (Lc 5, 11).
Hoje, 29/06, é dia de São Pedro, este Simão, que juntamente com seu irmão André, Tiago, João e ou demais foram profetizados em Ezequiel. Este Simão, que até o dia da profissão de fé quando questionado por Jesus: "E vós quem dizeis que sou?" (Mt 16, 15), e ele ao responder: "Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo!" (Mt 16, 16), recebe do Senhor um adendo ao seu nome: "E Eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
Simão, o escolhido de Jesus para apascentar as ovelhas (Jo 21, 17), quer dizer areia, mas a Igreja tinha que ser edificada sobre algo firme, daí Pedro, pedra. Este foi o escolhido como continuador da missão de Jesus, este que mesmo na sua ignorância e rusticidade, foi capaz de proclamar palavras profundas como no discurso de Pão de Vida (Jo 6, 22-71), quando Jesus ao ser abandonado pela quase totalidade de seus discípulos, restando apenas os doze, questiona: "Quereis vós também retirar-vos?" (Jo 6, 67), Pedro responde: "Há quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna!".
A mesma Palavra viva que já havia professado fé quando disse: "por causa da tua palavra, lançarei a rede". Pedro teve seus momentos humanos de fraqueza, como na passagem da negação de Jesus (Jo 18, 17.25.27), mas havia um plano de Deus para ele. E após Pentecostes este simples pescador assumiu sua missão junto com os demais para levar a termo o ide de Jesus e transmitiu essa Palavra de vida eterna que permanece até hoje.
Bendigamos e louvemos a Deus que pelo sim deste servo fiel, fiel até a morte de cruz, como o Rei dos Reis, pelo seu sangue e dos demais apóstolos tornaram esta Igreja "pescadora de almas" para o Reino de Deus.
Deus nos abençoe, descendência dessa fidelidade, em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Eu e minha casa serviremos ao Senhor" (Josué 24, 15)

A família é um alvo preferencial do inimigo de Deus desde os primórdios quando da criação de Adão e Eva, pois é uma obra de Deus, e o que é de Deus está na mira do destruidor. A partir de então, satanás vem aprimorando seu arsenal de especialidades para dilapidar aquilo que é belo e precioso para o nosso Pai.
Ao longo das gerações isso tem se dado de forma sistemática com relatos bíblicos de fornicação, adultério, onde até homens de Deus como Davi, Salomão, foram vítimas de suas fraquezas carnais.
Poucos foram como Josué que ao liderar o povo de Israel e responsável por introduzí-los na terra prometida, após a morte de Moisés, e que viu-se, já nesta nova terra, cercado por povos com costumes e culturas estranhos e abomináveis a Deus, principalmente no que dizia respeito à idolatria, e que vendo povo de Israel, que tinha passado quatrocentos anos cativo no Egito e contaminados pela adoração a outros "deuses", sendo seduzido pelas práticas destes novos povos, manter-se firme na sua fidelidade a Deus e declarar: "Eu e minha casa serviremos ao Senhor".
Hoje, o inimigo com seu arsenal de modernidade, infundido na mente das pessoas que "os tempos são outros", que "o mundo mudou", que aquele modelo de sociedade do tempo dos nossos avós já é passado, vai realizando, a princípio sorrateiramente, mas agora, escancaradamente, seu projeto de destruir a família que nada mais é que o desejo do Pai de repetir na terra o modelo de unidade, amor, comunhão existente no céu: a Santíssima Trindade.
Aqui deveria ser o homem, a mulher e Deus formando essa união perfeita, tanto que o Senhor Jesus quando interpelado sobre o divórcio declara: "Não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6), mas satanás, que não é homem, insiste em desobedecer essa ordem, e aprimora seu empenho em romper essa unidade. Aconteceu com Adão e Eva e vem acontecendo nos dias de hoje.
Então, vê-se nestes dias, por exemplo, um aceno à união descompromissada: "se der certo, bem; se não, separa!"; a união moderna: casais morando em casas separadas; aversão ao matrimônio ("papel não trás felicidade!"); troca de casais ("suing") para "apimentar a relação"; autorização para o cônjuge ter uma relação extra-conjugal; e agora, até a liberdade de praticar a bigamia.
Para completar vem os "famosos", os estudiosos, dizerem que este modelo tradicional de união é uma "instituição falida". Não vêem que é por tudo isso que hoje se tem uma sociedade falida, onde casamentos, não matrimônios, não duram; daí surgem filhos rebeldes e revoltados, que serão os potenciais maridos violentos e esposas descompromissadas com a educação dos filhos.
Destas uniões fadadas ao insucesso, virão os filhos abortados, abandonados, que aumentarão a massa dos disseminadores da violência, daí muda-se o foco para a ausência de políticas públicas do estado, quando na verdade tudo passa por uma dilapidação do modelo de família que estes que depois ficam abismados, estupefatos, por verem notícia como daquele rapaz que matou o pai e a mãe e depois foi a uma loja de conveniência comprar cerveja, enquanto maquinava que mentira inventaria para a polícia.
O Apóstolo São Paulo diz em I Cor 3, 16: "Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?", todos os que agem, influenciados pelo inimigo, possuem o Espírito de Deus recebido no batismo, e este Espírito habita num templo que deveria ser santo (o próprio corpo), mas dá-se lugar à devassidão, a concupiscência, à fornicação, e esse templo vai sendo destruído aos poucos. Por isso são famílias que surgem fadadas à destruição.
Mas a mesma passagem de I Cor 3, 17 São Paulo diz: "Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós". Todo homem, todo artista de televisão, apresentador, político, profissional liberal que tem trabalhado para que os templos de Deus sejam destruídos a Palavra é bem clara: serão destruídos. Mas felizes aqueles que se mantém firmes em declarar, assim como Josué: "Eu e minha casa serviremos ao Senhor", serviremos para propagar que a família aos moldes de Deus é necessária para que este mundo não mergulhe num caos total.
Oremos para que, principalmente aqueles que trabalham contra a família santa, abram seus olhos e coração a Deus e passem a ser edificadores do templo de Deus, pois o próprio Senhor declara: "Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma" (Sabedoria 1, 13), afim de que tenhamos uma sociedade mais pacífica e ordeira.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.