quinta-feira, 31 de março de 2011

"Ouve Israel o Senhor nosso Deus é o Único Senhor" (Dt 6, 4)

São muitas as passagens bíblicas, principalmente no Velho Testamento, onde Deus fala ao povo usando essa ordenação: "Ouve". A importância de se dar escuta atenciosa à Palavra de Deus é tão importante que o próprio Senhor Jesus afirma em Mt 7, 24: "Aquele, pois, que ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha...". As liturgias de ontem e hoje conclamam o povo de Deus a lhe dar ouvidos, mas, contrariamente a isso, o que se vê é uma humanidade cada vez mais fechada à Palavra de Deus sobre o pretexto desta ser preconceituosa, superada, arcaica, e assim por diante. Ao contrário, o homem tem dado cada vez mais atenção a palavras de sabedoria humana, terrena e até diabólica (Tg 3, 15) que lhe inculca ideias e preceitos que vão radicalmente contra o que ensina as Sagradas Escrituras. Nada disso é novidade, pois São Paulo já profetizava essas coisas em uma de suas Epístolas a Timóteo quando dizia: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas" (II Tm 4, 3-4). É o que está acontecendo! Hoje dá-se ouvidos a todo tipo de coisa e pessoas, aí vê-se o ressurgimento de seitas satânicas que já estavam quase extintas; músicas, filmes, livros que carregam em si mensagens ocultas de exaltação ao mal, levando as pessoas a um comportamento de total insensatez. E sobre esses Jesus fala em Mt 7, 26: "Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia...". O que acontecerá aos que dão ouvidos a Deus e o que acontecerá aos que não Lhe dão ouvidos? A Palavra diz em Mt 5, 25 que aos que dão ouvidos "Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha"; e aos que não dão ouvidos "Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína". O Evangelho de Lc 11, 27-28 após Jesus ser chamado de demônio por expulsar um demônio e refutar as acusações dos fariseus com a Palavra de Deus, será exaltado por uma mulher que diz "Bem-aventurados o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram" e Jesus replica dizendo: "Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!" Portanto, meu irmão, minha irmã, nestes tempos onde tantos vedam seus ouvidos à Palavra de Deus e se deixam levar por suas próprias convicções ou de outros, agindo com total insensatez e pelo mundo sendo aplaudidos, mas que ao final será caminho de morte; dê ouvidos à Palavra de Deus, seja exaltado pelo Senhor com a coroa de vitória (Ap 2, 11) trilhando o caminho da vida eterna. Deus te abençoe em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 29 de março de 2011

O perdão é a maior graça de Deus

O Evangelho de hoje, Mt 18, 21-35, inicia com São Pedro questionando a Jesus sobre quantas vezes perdoar: "até sete vezes?" (vers. 21) e Jesus responde: "não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (vers. 22). Para Pedro perdoar tem limites, para o Senhor o perdão é ilimitado, pois a graça de Deus passo, muitas vezes pelo perdão dos pecados. Tal é a dimensão da graça de pedir perdão, e principalmente de perdoar, que Jesus em seguida mostra essa dimensão a Pedro através de uma parábola onde um servo que devia ao patrão ao ser cobrado humilha-se diante dele e recebe o perdão da dívida (vers. 24-27). Jesus mostra pelo valor altíssimo da dívida (10000 talentos=350.000 quilos de ouro) para dizer que imensa era a quantidade de pecados que aquele servo possuía, ao ponto de, mesmo empenhando bens e família, não ter como pagar. Porém, ele apelou à compaixão daquele Senhor, que se compadeceu e o despediu livre da dívida; mas logo em seguida este servo encontra um de seus devedores e age de forma contrária quando este devedor lança-se aos pés e clama um prazo para pagar o que deve (vers. 28-29) e não aceitando a proposta lança-o na prisão (vers. 30). A atitude deste servo injusto demonstra não ter compreendido a dimensão do perdão que recebera do patrão, daí ter agido de forma tão reprovável. E assim é com a imensa maioria das pessoas: vão aos pés de Jesus clamando a misericórdia de Deus e ao receberem-na logo em seguida confrontadas com uma situação onde deveriam aplicar a mesma atitude de Deus agem de forma inversa. Tudo porque não se percebe que o perdão de Deus é uma graça imensurável que supera até milagres. Lembre-se, por exemplo, daquele paralítico trazido por alguns homens até Jesus (Mc 2, 2-12) e Jesus o cura não dizendo a ele "fica curado", mas "Filho, perdoados te são os pecados" (vers. 5) e em seguida determina: "Eu te ordeno: levanta-te, toma teu leito e vai para casa" (vers. 11). O milagre foi consequência do perdão dos pecados daquele homem, pois eles eram a causa do mal. E o Senhor Jesus quer mostrar isso nesta parábola: que o perdão de Deus é tão valioso para o bem estar do homem que deve ser exercitado por cada um para o bem estar do próximo, também. Porém, não é o que acontece com aquele servo que lança o próximo na condenação e pelo patrão (Deus) também é lançado num lugar de condenação (vers. 34). Que o Senhor Jesus, por meio do Seu Santo Espírito, nos ajude a vivermos o exercício do perdão para com o próximo, não apenas para termos paz com nós mesmos (atitude egoísta), mas para termos paz com Deus (Rm 5, 1) e para edificarmos o irmão (ato de misericórdia-Mt 5, 7), da mesma maneira com que o Pai tem agido para conosco. Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A obediência da fé

"Mas agora Manifestado por ordem do Eterno Deus e, por meio das Escrituras proféticas, Dado a conhecer a todas as nações, a fim de levá-las à obediência da fé..." (Rm 16, 26). Paulo refere-se à pessoa de Jesus Cristo que profeticamente foi anunciado no Velho Testamento como na passagem da leitura de hoje de II Rs 5, 1-27 onde o general sírio Naamã vai ao encontro do profeta Eliseu a fim de curar-se da lepra que possuía. O texto narra que Naamã ao chegar à residência de Eliseu foi recebido, não pelo próprio, mas por um empregado, que levava a ele a ordenação de banhar-se sete vezes no Jordão afim de ser curado (II Rs 5, 10). A indignação daquele "grande homem" o levou a rejeitar a ordem e retirar-se de volta à sua terra profundamente irritado. Vê-se aqui o que Paulo fala ao final sobre sua missão apostólica: "levá-las (as pessoas) à obediência da fé". Eliseu era o "grande" profeta de Israel que representa, portanto, Jesus, o Profeta, aquele capaz de curar qualquer mal; Eliseu dá uma solução não esperada a Naamã, pois no texto o próprio general diz: "Eu pensava que ele viria diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra" (II Rs 5, 11), assim como Jesus realizou curas fora dos padrões do que se esperava como no caso dos dez leprosos (Lc 17, 11-19), do cego onde Ele cospe no barro e o manda ir lavar-se na piscina de Siloé (Jo 9, 17)... Em ambos os casos, de Eliseu ou de Jesus, observa-se que o pré-requisito para a obtenção da graça foi a fé mediante a obediência, pois como toda fé é provada, a do sírio também havia de ser. E assim acontece na caminhada de todo aquele que aceita a Jesus; viver a fé é esperar do Senhor as soluções mais inusitadas, e para isso outra virtude que será importantíssima para que se viva essa obediência é a humildade. Foi o diferencial para que Naamã ficasse curado, pois teve humildade de dar ouvidos a um subordinado que o indagou: "se o profeta tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado" (II Rs 5, 13). O general deu ouvidos à voz daquele servo, banhou-se e ficou com a pele mais limpa que a de uma criança (II Rs 5, 14). Aceitar a Jesus como Senhor e salvador é arrepender-se dos pecados (ato de humildade), converter-se e ser batizado (ato de obediência mediante a fé). Este é o itinerário que ensina as Sagradas Escrituras (At 2, 38) e a Santa Igreja e a porta que dá acesso direto às graças provenientes do Pai por meio de Seu Filho Jesus Cristo. Viva esta obediência da fé e deixe Jesus te agraciar com o melhor que Ele tem para você, mesmo que pelas vias mais inusitadas, afinal: "O justo viverá pela fé" (Hab 2, 4). Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 26 de março de 2011

O caminho de volta passa pelo arrependimento.

O Evangelho de hoje refere-se, acredito, à mais conhecida parábola de Jesus: a do filho pródigo (Lc 15, 11-32). Nela Jesus faz um relato completo do que é a relação do homem com o Pai. Um relacionamento que se rompe na mais tenra idade: a juventude, onde no afã de mostrarmos já sermos capazes de andar com as próprias pernas, e não necessitar de auxílio, reclamamos a liberdade de agir por conta própria.
E assim, certo dia, pedimos a parte da herança: não o dinheiro propriamente, mas a possibilidade de tomarmos as rédeas da vida sem que ninguém venha a se intrometer ou dar palpites, fazer o que der "na telha". Dessa forma, assim como aquele jovem, lança-se no mundo esquecendo as benécies e, principalmente, o amor fiel e verdadeiro, para então, ver-se, posteriormente, desamparado, sozinho e envolvido numa relação com um patrão (que é qualquer pessoa!) onde não é considerado e muito menos amado.
E quantos jovem se veêm hoje assim, deixaram o aconchego do amor dos pais, de Deus, para se verem hoje em relacionamentos que só trazem sofrimento e dor: namoros sem respeito, falsas amizades, traições, prostituição, vícios e todo tipo de males. Porém, a dor maior é a que sentiu aquele jovem da parábola, pois o texto diz que quando caiu em si lembrou que o Pai nunca o tratara daquela maneira; na casa do Pai ele era alguém, no mundo tornou-se ninguém; na casa do Pai era uma pessoa, no mundo é uma coisa. E quantos jovens, homens e mulheres estão deixando "coisificar-se" homens agindo como machos e mulheres como meras fêmeas que tem que a qualquer jeito mostrar pela força de belos corpos e sensualidade que são alguma coisa.
O mundo faz isso. Saímos da casa (coração) do Pai onde Ele nos dizia que valemos mais que a mais rica nação do mundo (Is 43, 3) porque nos aprecia e nos ama (Is 43, 4), para nos lançarmos no mundo que só tem a nos oferecer as "vagens" (Lc 15, 16), o lixo, que era o que aquele jovem tinha para comer.
E ele se deu conta disso, e o arrependimento brotou profundamente no seu coração e o desejo de voltar à casa paterna, e pedir perdão, e reconciliar-se o impulsionou ao caminho de volta. Assim o fez ele. Lançou fora todo o orgulho, pois antes humilhar-se ao Pai e ter de volta a alegria de voltar a ser alguém, do que permanecer, por orgulho no erro, e continuar a ser ninguém.
Foi o que aconteceu. E naquele encontro pôde receber do Pai o mais belo perdão, ser reintroduzido no lar de onde não deveria ter saído e experimentar, assim, a mais bela face deste Pai: o seu amor misericordioso.
Seja assim com você também meu irmão; deixe todo orgulho, arrependa-se, peça perdão, o Pai misericordioso certamente o acolherá. E ao final como narra a parábola, tudo será festa (Lc 15, 24). Não só aqui neste mundo, mas principalmente no céu.
Deus te dê forças para voltar, e que Ele te cubra com seus beijos de amor que o fará perceber que você é um Filho Amado. Deus te abençoe em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Sim que mudou o mundo!

Hoje celebra-se a Festa da Anunciação onde Maria Santíssima recebe a visita do anjo Gabriel e dele a notícia que seria a Mãe do Salvador: o Emanuel profetizado em Isaías 7, 14. Tem-se, neste encontro, o início da redenção do homem e tudo passou por um sim, pois assim como Eva deu um sim a satanás concordando em provar de uma mentira que veio a ser a queda do homem; Maria deu um sim a Deus concordando com uma verdade que veio a ser a restauração do homem.
Que riqueza está contida neste diálogo. Primeiro Maria é saudada pelo anjo com "Ave cheia de graça" (Lc 1, 28). Ave era a saudação dada ao grande imperador de Roma: César, no entanto, Deus vai reconhecer e declarar como grande aos seus olhos uma jovem simples e humilde, que não habitava num suntuoso palácio, mas numa casa humilde, não em uma cidade esplendorosa, mas num lugarejo simples, que não tinha o hábito de dar ordens e ser servida, mas recebia ordens e as cumpria humildemente; ouso aqui afirmar que ali já tinha sido declarada por Deus como Rainha.
Meditando nesta passagem percebo, então, que os grandes sins vieram dos pequenos (puros de corpo, mente e alma); não será por isso que Jesus dizia: "Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará". (Mc 10, 15). As crianças não são assim?
Após vem o anúncio, depois de um breve questionamento: "Como se fará isso?" (Lc , 34), Gabriel a interpela relatando sobre a gravidez de sua parenta Isabel (Lc 1, 36). É o suficiente para vir a resposta, o sim, que fez toda a diferença: "Eis-me aqui, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38) e naquele momento todo o plano salvífico começa a ter andamento.
O sim de Eva (que era grande, pois juntamente com Adão era superior aos anjos) trouxe o pecado e a morte ao mundo; o sim de Maria, a nova Eva, (que era pequena) trouxe a Remissão dos pecados e Vida de volta a todo aquele que Nele crer: Jesus Cristo.
Bendito seja o sim de Maria Santíssima, não tenhamos receio em a proclamá-la Rainha, pois Deus já o havia feito e Jesus o reiterou. E que ao buscarmos ser pequenos aos olhos de nosso Deus e Jesus, também tenhamos fé para dizer o nosso sim á Vida e não ao pecado.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria te guarde.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Rico x Lázaro: Quando a caridade nos faz ver Deus.

No Evangelho de hoje (24/03) Lc 16, 19-31 Jesus vem mostrar, através da relação entre um homem abastado e outro miserável, que quando dois extremos se encontram: riqueza e pobreza, prevalece, em geral, a insensibilidade e a falta de compaixão. O interessante é que em outros casos quando extremos se encontram: água fervente e água gelada, café e leite, branco e preto, um não nega o outro, mas entram em acordo, faz-se uma partilha, cada parte cede um pouco e chega-se a um bem comum.
Infelizmente, neste encontro rico e pobre nem sempre se verá este entendimento. E porquê não ocorre ? Por que o fator essencial que fomenta este gesto de cessão não existe: a caridade. Por isso que São Paulo afirma: "Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade, as três. Porém a maior delas é a caridade" (1 Cor 13, 13). É pela vivência e prática da caridade que se pode ver a face de Deus no mais pobre, necessitado, miserável; com ela não se tem dificuldade nenhuma de ceder mais aquele que tem mais, de por dignidade na vida daquele que passa situação humilhante e degradante.
Porém o rico não possuia este dom, visto que a caridade é dom de Deus e quem não vive uma experiência do amor de Deus não pode praticá-la. Assim, aquele rico só conseguia ver as chagas, a sujeira, enfim, os aspectos negativos de Lázaro. Por isso não se importou e não se dignou estender a mão.
Caridade é rebaixar-se, é descer ao nível do outro para depois elevá-lo ao nível de Deus em justiça e dignidade; é ser capaz de por o outro de pé como fez Jesus com aquela mulher adúlteria que seria apedrejada (Jo 8, 1-11). Quem assim age tem de Deus uma promessa: o reino dos céus; quem não o faz: o inferno.
Que o amor de Deus, que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5, 5) nos conceda o dom da caridade para exercitá-la em plenitude nestes tempos onde a mesma está a cada dia se esfriando com já advertia o Senhor Jesus (Mt 24, 12).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.