segunda-feira, 30 de julho de 2018

A força do ouvir

Quando o salmista declara: "Uns põe as forças nos carros, outros nos cavalos nós a temos no Senhor" (Sl 19, 8), certamente, está a rechaçar a confiança que se deposita no vigor físico, nas capacidades intelectuais, na excelência da razão..., que não são desprezíveis, diga-se, mas deixa inteligível que ao depositar no Senhor o poder da solução dos desafios, algo a mais este Deus possui, e recomenda.
Davi reconheceu, então, ser necessário para que haja êxito nas batalhas (e no texto deixa claro tratar-se de guerra contra outros povos!), no entanto, aplica-se, fidedignamente, às espirituais, principalmente na alma, ter-se em mente duas verdades.
A primeira está no total desprezo do confiar-se em si mesmo, ainda que portador de grandes capacidades (como era Davi; exímio guerreiro!), mas abandonar-se totalmente nas mãos de Deus, reconhecendo-se incapaz do que quer que seja, daí compreender-se a passagem de Êxodo quando os israelitas, liderados por Moisés, guerreiam contra Amalec.
A narração bíblica diz que Moisés sobe a uma montanha e quando mantinha os braços erguidos venciam, mas quando baixava os braços Amalec  prevalecia. O comportamento de Moisés demonstra que erguer os braços indica dependência e busca de auxílio, pois assim comportam-se as crianças quando buscam o socorro dos pais. Portanto, frutificar é rebaixar-se.
Em segundo, o salmista ressalta o valor do ouvir, e quem enfatizaria essa condição de forma taxativa, foi o descendente de Davi, o Rei dos reis, Jesus Cristo que em várias passagens do Evangelho explicita esta exigência, e uma dessas está na conhecida passagem da parábola do semeador (Mt 13, 1-23) onde o Senhor diz que o coração que é "terra boa" é aquele que "ouve a Palavra e a compreende, e gera frutos." (vers. 23)
O poder do ouvir na relação com Deus é questão basilar para a vitória em qualquer "batalha", visto que somente Deus tem a medida, a intensidade, a direção, a estratégia correta. A Palavra de Deus é perfeita, viva e eficaz (Hb 4, 12), como bem ressalta São Paulo, daí ser digna de crença, por isso que souberam combater e vencer aqueles (as) que aprenderam exercitar os ouvidos (da alma), mas que os músculos, ou o intelecto, Moisés o diga, Davi o diga, Gedeão o diga...Portanto, frutificar é ouvir.
O ouvir de Pedro lhe rendeu uma grande pescaria, e ouvir dos empregados das bodas de Caná rendeu o melhor vinho; o ouvir de Abraão rendeu-lhe uma descendência...o ouvir a Jesus renderá uma coroa de vitória e a eternidade.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.