quarta-feira, 29 de abril de 2015

A verdade é o fel necessário para quem deseja o céu!

Há algum tempo atrás, ao assistir o vídeo de uma palestra do Padre Paulo Ricardo sobre o Novo Código Penal, fui profundamente tocado por uma frase dele onde dizia: "A verdade liberta, mas no mais das vezes ela é dolorosa", completa ele, com um exemplo: "Por quê que aquele jovem que foi criado sendo levado para a Igreja, a orar, a viver as boas virtudes, ao chegar à adolescência abandona tudo e opta por fazer o contrário?", responde então: "Porque diante da decisão entre optar pela verdade e sua satisfação mundana, prefere a última."
Realmente, a verdade é a libertação da ignorância, do erro, do equívoco, do engano, da mentira, do desvairio...que terá como consequência última, como alertara o Senhor Jesus, o abismo, a perdição eterna. Logo, não há outro meio ou maneira de tal sorte ser mudada, de tal caminho ser abandonado se não for pela verdade. No entanto, como em todos os momentos da vida será necessário decidir, optar, tomar lado, isso incorre em dizer que é necessário posicionar-se.
O Senhor Jesus Cristo deixou claro nas suas palavras que optar por Ele, é fazer opção pela Verdade, pois Ele se declarou como sendo "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6), e que ninguém se salva, ninguém chegará ao céu (a vida eterna) se não aderir a este princípio radicalmente. No entanto, existe o outro extremo: a mentira, que segundo o próprio Cristo possui um autor e pai (Jo 8, 44): o diabo, que perverte o sentido real e verdadeiro das coisas tornando agradável o que é desagradável, o que é amargo em doce, o que é falso em verdadeiro, o que é ilusão em realidade...e assim trava-se diante de nós, dia após dia, essa intensa batalha numa dimensão que os olhos não percebem, que a razão obscurecida não atina, e que o coração fechado não atenta.
Todavia, o Senhor trabalha para que a Verdade alcance todo o gênero humano, o porém é quando se depara com ela, e se vê obrigado a decidir-se, eis o drama, e é onde entra a fala de padre Paulo "liberta, mas é dolorosa", pois ao homem arraigado, apegado à sua mundanice, ao seu pecado, faz opção, infelizmente, pela mentira, pelo erro, por quê? Por que é cômodo, mesmo sabendo dos prejuízos que sobrevirão; assim, decidir-se pelos vícios significará não perder "amizades", não ser discriminado, rejeitado, ridicularizado...Enquanto que optar por abandonar tais práticas em definitivo significará sofrer, isto mesmo, sofrer na carne as consequências de tal posicionamento.
Desta maneira pode-se compreender todo o caminho de cruz que Jesus passou desde o seu nascimento até a sua morte e que ficou muito evidente nos três anos de sua vida pública. A postura irredutível do Senhor em favor da verdade lhe custou lutas constantes, fadigas intensas, discussões recorrentes com os "homens da Lei" e com os pagãos...ou seja, o Senhor trazia em si esse paradoxo da Palavra que liberta que na boca é doce, mas que nas entranhas é amargo como bem já deixara claro Ezequiel (Ez 3, 3) e o Apóstolo São João (Ap 10, 9-10).
Este é, então, o desafio para todos os cristãos tomar uma postura firme diante da escolha pela verdade mesmo sabendo que seja dolorosa, mesmo sabendo que seja o fel, o vinagre que se deva beber se se quer realmente chegar ao céu. Eis o desafio que está posto diante de cada um como o Pai já deixava explícito para Moisés em Dt 30, 19-20.
Permanecer na Verdade é fazer a opção que fez Pedro e João diante do Tribunal: "Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus obedecermos a vós mais do que a Deus." (At 4,19) seguir a Verdade de Deus ou a do mundo? Pedro, João, os apóstolos, os santos, muitos leigos pagaram o preço dessa fidelidade, preferiram o "fel" que lhes deu a glória eterna, ao "mel" que dará a perdição eterna. Eis a decisão a tomar. Faça-a, não por impulso, mas na guia do Espírito Santo e por amor.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 21 de abril de 2015

"Buscai ao Senhor enquanto se deixa encontrar" (Is 55, 6)

Este foi não só um pedido, mas como que um clamor de Deus ao seu povo que se encontrava mergulhado no pecado da desobediência, da idolatria, da violência, vivendo ao bel prazer de suas vontades e pagando o preço de sua opção. O Senhor, então, olha com toda a sua misericórdia de Pai e faz essa recomendação como que dizendo: "Eu estou aqui, e desejo mudar esta situação!".
Assim não é conosco também? É fato que nossa natureza decaída tendenciosa ao erro, ao pecado, a dar as costas para Deus, a desobedecer a Deus, a fazer o que a nossa vontade quer, nos leva a colher os frutos dessa "liberdade" sem Deus; e esses frutos são dor, angústia, tristeza, opressão, inquietação, falta de paz, desespero...; tudo o que passava o povo de Israel no contexto de Isaías 55, 6-13, e que assim se mostra na vida de muitos de nós.
Onde encontrar, então, a solução? Deus responde: em mim! "Buscai-me, pois me deixo encontrar!" (vers. 6), no entanto, orgulho e vaidade impedem esta ida até a solução, por isso que o Catecismo da Igreja Católica é imperativo em afirmar que "Deus sempre toma a iniciativa em relação ao homem", pois o amor de Pai sempre o impulsionará a estender a mão, a oferecer auxílio aos filhos de "cerviz endurecida" (Jr 17, 23).
Por quê faz questão o Senhor Deus de nos encontrar? Porque, em primeiro, só temos esta vida para nos reconciliarmos com Ele, assim deixa claro São Paulo em Hebreus 9, 27 quando diz: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo..."; logo, tem-se somente esta vida, esta passagem, para alcançar o que Deus mais quer: a nossa salvação; para isso, em segundo, Deus quer nos arrancar da escravidão do pecado; por isso que no versículo 7 exorta: "Renuncie o malvado a seu comportamento e o pecador a seus projetos; volte ao Senhor, que dele terá piedade e a nosso Deus que perdoa generosamente."
O pecado é uma escravidão, e quem afirmou isso foi o próprio Senhor Jesus quando disse: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8, 34), e ser escravo, nesse contexto, significa sofrimento, tristeza, dor...e Deus não deseja isso para os seus filhos; Deus retirou Israel do Egito (lugar da escravidão, do sofrimento, da dor...) das mãos do faraó (o diabo), para a terra prometida (lugar de fartura, liberdade, alegria, gozo...) porque queria o melhor para os seu povo eleito; da mesma forma faz o mesmo a cada um quando no Batismo nos tira desse "Egito" e nos leva para uma "Canaã" (o coração de Jesus). Mas para que essa libertação do pecado aconteça é necessário buscar Aquele que pode e quer ajudar, e que se deixa encontrar.
Em terceiro, Deus nos quer encontrar porque nos quer fazer homens novos, restaurados, transformados como evidencia o profeta: "Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, em lugar da urtiga, crescerá a murta." (Is 55, 13). Ora, o que pode ser uma vida que se pauta pelo pecado? Que semente lança no "solo" do seu coração? Provavelmente, sementes de espinheiro e urtiga, daí perceber-se quantas pessoas "espinhosas" cujas palavras, atitudes, comportamentos, posturas, tem apenas a capacidade de machucar, ferir, e até matar.
São pessoas sem atrativo nenhum, pois que atrativo possui a urtiga? Quem cultiva tal planta? Para que serve? Para nada! Quantas urtigas e espinheiros ambulantes, aquelas pessoas que de tão má presença e desagradáveis só de se saber que estão presentes no local já provocam aquele comentário: "Nossa acabou a graça! Fulano (a) chegou!", tornam-se seres humanos dispensáveis, indesejáveis. Agora quando libertas do pecado, transformadas pelo amor de Deus e cheias da presença do Espírito Santo tornam-se ciprestes, murtas, ou seja, árvores vistosas, agradáveis, aprazíveis, são aquelas pessoas que a falta é sentida porque refletem Deus nas palavras, nas atitudes, no comportamento, no sorriso, no abraço, enfim, exprimem Deus. E é para realizar esta transformação que Ele se deixa encontrar.
Por fim, por quê Deus nos quer encontrar? É o que já foi dito antes: porque deseja nos salvar. Qual foi a missão de Jesus? "Por que o filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido" (Lc 19, 10). Deus quer a nossa salvação, Deus nos quer na Canaã eterna que é o céu, Deus nos quer encontrar aqui, para que não percamos a graça de um dia nos encontrarmos com Ele lá, na Jerusalém celeste, na glória eterna, no lugar que Cristo disse que iria preparar para nós (Jo 14, 3).
E até quando Deus aguardará essa nossa decisão em buscá-lo? Até o nosso último suspiro; no entanto, Ele deseja que seja o mais breve possível, deseja que seja hoje, agora, só necessita que abra seu coração, reconheça seus pecados e reconcilie-se, declare a Jesus como Senhor e salvador, e proponha-se a acolher sua Palavra, seus Mandamentos, voltar para o cola da Mãe (a Igreja) e ser fiel até o fim e o prêmio será a coroa da vida (Ap 2, 10).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 12 de abril de 2015

Não sejam sepulcros, sejam templos do Espírito Santo!

Após a morte de Jesus a narrativa bíblica no Evangelho de São Lucas, por exemplo, diz que um discípulo de Jesus, José de Arimatéia, "foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o desceu da cruz, envolveu-o em um pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado." (Lc 23, 52-53).
O texto sagrado leva a uma reflexão: quantos não passaram por mais uma quaresma, por mais uma semana santa, e chegaram ao Domingo da ressurreição na verdade "mortos e sepultados"! Sim, estão exatamente assim, e por quê? É necessário, então, entender o sentido da "rocha" e, para isso, a passagem do Livro do profeta Ezequiel nos auxilia. Lá Deus manda o profeta dizer ao povo: "...tirarei do vosso peito o coração de pedra..." (Ez 36, 26), assim, a "rocha" é o coração humano que ao escolher por desobedecer a Deus, afastar-se de Deus, renunciar a Deus, dar as costas para Deus, tornar-se inimigo de Deus (Rm 1, 30), enfim, optar pelo pecado e com isso colher o fruto das suas consequências, tem seu coração cada vez mais endurecido (pedra, rocha), e pior, dentro dele abrigando um Cristo morto.
Um coração petrificado, solidificado é um coração escuro, frio, vazio, sem atrativo nenhuma, e é o que se vê, infelizmente, para todo lado que se volte os olhos: "rochas ambulantes", sem sentimentos, endurecidas, insensíveis à dor do outro, ao sofrimento do irmão, incapazes de qualquer gesto de bondade, caridade, compaixão..., mas ao contrário, tendentes somente ao ódio, à inveja, à violência, são corações arrogantes, prepotentes, autossuficientes, egoístas, vaidosos, maléficos...que por mais que possam se esforçar não serão capazes de produzir atitudes de amor autêntico.
Aos corações petrificados torna-se impossível cumprir o que recomenda Jesus na passagem de Mt 25, 34-36 quando ensina que no dia do Juízo colocará à sua direita aqueles que foram misericordiosos para com o outro, pois "tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim", visto que dentro deste coração reside um Cristo sem vida, incapaz de mover este coração para o bem.
Os corações petrificados serão aqueles que assim como na passagem da  do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) seguirão chorosos e cheios de lastimação o cortejo dos "mortos" à frente o "caixão" com sua preciosidade (bens materiais, fama, sucesso, poder, pessoas) corações apegados a tudo que é passageiro, pois daquilo fizeram o seu tesouro, e Jesus já afirmava: "Porque onde está o teu tesouro lá também está o teu coração" (Mt 6, 21). Assim se vai aumentando a massa dos "sepulcros" ambulantes.
No entanto, a passagem do Evangelho de São Lucas 24, 1-6 diz que "No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado. Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro. Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes. Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: "Porque buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou."
Jesus não é um deus morto, mas um Deus vivo, logo não se conforma em permanecer morto e sepultado, inerte, incapaz de agir no coração, na vida de quem quer que seja, Jesus é o Deus dos vivos, por isso que naquela passagem da viúva de Naim o texto narra que em dado momento há o encontro entre o "cortejo dos mortos" e a procissão dos vivos, da multidão que segue o Deus da Vida, o Deus que ressuscita "mortos-vivos", e é o que acontece: ele toca o caixão e trás de volta o jovem à vida, e juntamente com ele sua mãe e muitos daqueles que acompanhavam o cortejo.
Naquele encontro com Jesus muitos viram seus corações sepulcrais se mudarem num coração de carne, como promete o Pai, na mesma passagem de Ezequiel 36, 26, e isso acontece pela ação e poder do Espírito Santo que habitava e agia em Jesus, o mesmo Espirito que o ressuscitaria ao terceiro dia e o arrancaria daquele sepulcro frio e escuro, e é o mesmo Espírito que Jesus quer usar para transformar estes corações-sepulcros em corações-templos, templos vivos do Espírito Santo, pois o Apóstolo São Paulo é que declara em I Coríntios 3, 16: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o  Espírito de Deus habita em vós?".
Este Espírito que nos tornou templos quando do Batismo, mas que ao ser abandonado e substituído pelo pecado mudou os corações em sepulcros, no entanto Jesus nos quer templos, templos vivos, onde Ele ali habita vivo e ressuscitado, num lugar que não é frio, vazio e escuro, mas num coração abrasado pelo Espírito Santo, cheio do Espírito Santo e iluminado pela Luz do mundo que é Jesus (Jo 8, 12). Neste coração-templo o Senhor é capaz de agir, esta vida é uma vida que ama, que compadece do outro, que ama verdadeiramente, que se inclina para obedecer a Deus e não ao mundo, neste coração somente Cristo reina com senhorio absoluto, neste coração não há lugar para o que desagrada a Deus, esta vida é capaz de dar comida a quem tem fome e água a quem tem sede, é capaz de ir ao encontro do preso, do abandonado, do vitimado pelas mazelas deste mundo...
Para que isso aconteça, faz-se necessário, portanto, que primeiro se reconheça nesta situação de coração petrificado, que necessita de restauração, que se arrependa e peça perdão dos pecados, pois foi ele que causou tal situação, que se abra pela fé a Jesus e creia que Ele tem poder para dizer como disse a Lázaro: "Vem para fora!" (Jo 11, 43) e desse "sepulcro" sair dali um homem, uma mulher que ressuscitado para viver uma vida nova como homem novo, mulher nova. Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente (Lc 24, 34), que assim seja na sua vida!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 5 de abril de 2015

“A Promessa se cumpriu”

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26),
E a obra-prima da Criação veio a existir,
O tentador engendrou sua vingança,
Levando Adão e Eva a cair,

O Pai à serpente assim prometeu (Gn 3, 15),
“Uma virgem, então, conceberá” (Is 7, 14),
O seu ventre gerará o Filho de Deus,
Cujo mal Ele, por fim, esmagará,

A promessa, assim se cumpriu,
“Um filho nos foi dado” (Is 9, 5),
Novo tempo para o homem se abriu,
O mundo seria, então, resgatado,

Jesus veio humilde e pobre,
E assim viveu por toda a vida,
Mesmo tendo descendência nobre,
Foi essa a opção escolhida,

Entre pobres e ricos andou,
A ninguém jamais rejeitou,
Há muitos a saúde restaurou,
E a outros tantos do mal libertou,

Sua missão foi “procurar e salvar” (Lc 19, 10),
Ao Pai de amor a todos revelar,
Seu Evangelho da Vida ensinar,
Por fim à morte se entregar,

Muitos, porém, não compreenderam,
E a Jesus, então, perseguiram,
“Veio para os seus, mas não o receberam” (Jo 1, 11),
Por sua morte, assim decidiram,

Preso e desonestamente julgado,
Foi, portanto, pelos fariseus condenado,
Aos romanos foi apresentado,
E por eles, então, crucificado,

A promessa do Éden se cumpriu,
“O véu do templo foi rasgado” (Mc 15, 38),
O céu, assim, se abriu,
Pois em Jesus fomos justificados,

Hoje temos um “Caminho santo” (Is 35, 8),
Jesus Cristo, Vida e Verdade (Jo 14, 6),
Que o céu nos dará, portanto,
Se o seguirmos com fidelidade,
Ante Ele os joelhos se dobrem (Fl 2, 10),
Toda língua confesse sem temor,
Todos aqueles que a Jesus reconhecem,
Como seu Salvador e Senhor (Fl 2, 11),

Glória ao Pai nosso Deus de amor,
Por Jesus, nosso libertador,
Que no Espírito consolador,
“É digno de todo o louvor” (Sl 17, 4).

“O NOME QUE ESTÁ ACIMA DE TODO NOME” (Fl 2, 6-11)

O nome é algo marcante para toda pessoa; certamente, um casal ao saber que terão um filho e após ficarem sabendo qual será o sexo, é imediato especular qual será o nome que possuirá. Para o ser humano é diferente dos demais animais, pois para um cachorro que olha outro é só um cachorro, um gato que se depara com outro gato é somente um gato..., no entanto, ao ser humano o fato de  lhe acrescer um nome sai do comum para algo mais íntimo, mais próximo, o nome lhe eleva o patamar, sai do geral para o particular, deixa de ser qualquer um para ser diferenciado.
Assim, no meio de tantos “Joões”, o meu João não é qualquer um, é diferenciado, tem lugar especial na minha vida, na minha história, no meu existir...; da mesma forma com as tantas “Marias”, “Franciscos”...e é assim com Jesus, que para Deus tem lugar especial, primeiramente por ser seu Filho único (Jo 3, 16), por ter tido participação decisiva na história da humanidade, desde a Criação (Gn 1,26) até o Calvário (Jo 19, 30).
Deus, na sua relação com seus filhos, a partir de Adão gerou muitos nomes que ficarão para a eternidade, por seus méritos, e também pelos seus equívocos: o próprio Adão por ter sido o ser humano criado em toda plenitude, no entanto, será lembrado, também pela desobediência que trouxe ao mundo o pecado; Abraão por ter sido o escolhido para gerar uma descendência que seria tão numerosa quanto “as estrelas do céu” (Gn 15, 5); Moisés, por ter sido escolhido para libertar o povo hebreu da escravidão do Egito e levá-lo a uma “terra prometida”; Davi que foi o homem “segundo o coração de Deus” (At 13, 22); Ezequiel, o profeta que era tratado por Deus como “filho do homem” (Ez 2, 1); Maria que foi fiel ao dizer “faça-se em mim conforme a tua palavra” (Lc 1,38); Pedro, sobre quem seria “edificada” a Igreja (Mt 16, 18)...
Muitos outros nomes poderiam ser citados, cada qual com seus préstimos às ordenanças do Pai que tanto colaboraram para que o projeto salvífico do Senhor se realizasse; no entanto, haveria de vir “um nome”, que não é qualquer um, porque se trata do Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, prometido desde a queda de Adão com uma missão específica de “procurar e salvar o que estava perdido” (Mt 18, 11; Lc 19, 9-10), com a missão de devolver ao homem sua dignidade perdida, proporcionar-nos a “paz com Deus” (Rm 5, 1) perdida desde o Eden.
Todos os nomes antes citados tiveram seus nomes de certo modo exaltados por Deus, porém, Jesus, como descreve São Paulo em Filipenses 2, 9 teve seu nome “exaltado soberanamente”, ou seja, muito acima dos demais, visto que como explica na mesma passagem “E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (vers. 8), isso o levou a receber do Pai a outorga de ter “o nome que está acima de todos os nomes.” (vers. 9). Tal elevação mostra que Jesus está muito acima de Adão, pois nunca desobedeceu; está muito acima de Abraão, pois Dele sairá um novo povo que não nem judeu nem grego, mas filhos de Deus; está acima de Moisés, pois Jesus é aquele liberta da escravidão do pecado, pois é Ele mesmo que afirma que “Se o Filho do homem vos libertar, sereis verdadeiramente livres.” (Jo 8, 36); está muito acima de Davi, pois, venceu a batalha das batalhas contra um gigante muito maior que Golias, além de tornar-se o Rei dos reis; está muito acima de Ezequiel, pois Ele agora é não somente o Filho do homem, mas o Senhor há quem, como conclui São Paulo, “ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.” (vers. 10-11)
O porém é que, no céu os joelhos se dobram e as línguas confessam Jesus como Senhor, nos infernos, também, mas aqui na Terra já não é bem assim. A cada geração cresce o número dos que reconhecem qualquer nome  e  se dobram em adoração a qualquer senhor, como ao dinheiro, fama, sucesso, status..., se dobram em adoração a pessoas carnais, pecadoras, falhas, e incrédulas (artistas de música, cinema, TV...), coisas e pessoas que não serão capazes de oferecer aquilo que somente Jesus pode nos oferecer: “vida em abundância” (Jo 10, 10); vida que não se trata de vida terrena, mas de vida eterna (a terra prometida), vida liberta da escravidão do pecado (Egito), vida em abundância que não se trata de prosperidade materialista, mas de abundância de graça e paz.
Nessa Quaresma e Semana Santa muitos vão passar sem ainda reconhecer esta realidade que São Paulo reconheceu e por isso professou em sua carta aos Filipenses que existe apenas um nome, que está acima de todos os nomes, digno de todo louvor, exaltação, adoração, glorificação, e de ser declarado Senhor: Jesus Cristo, mas que, infelizmente, por uma imensa maioria não será visto além de um personagem histórico (que para alguns ainda é motivo de ressalvas e até fruto de desconfiança se realmente existiu e que fez o que fez), que passou por um martírio cruel e nada mais.

Não seja o mesmo para você que se declara cristão de verdade, que este tempo de Semana Santa,  ao assistir mais uma vez os filmes, as encenações da Paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, medita, contempla, reflete no grande ato de amor para com toda a humanidade e conclui: “Este homem não é qualquer homem, este nome não é qualquer nome”, este é o “meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 28) como professou Tomé ao comprovar que era mesmo o Senhor ressuscitado. A Ele todo o meu reconhecimento e toda a minha adoração! Amém.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.