domingo, 16 de março de 2014

Carne e Espírito: inversamente proporcionais

Aprende-se ao estudar Física que existe no nosso cotidiano eventos como velocidade e tempo que são grandezas inversamente proporcionais, ou seja, se um aumenta o outro diminui, e vice-versa; assim, se eu quero chegar em determinado local em mais rápido, terei que, obrigatoriamente, aumentar a velocidade e assim diminuir o tempo.
As Sagradas Escrituras mostram que existem duas realidades em nós que são inversamente proporcionais: a carne e o espírito. O Apóstolo São Paulo é quem mais fez menção a essas naturezas e a impossibilidade de entendimento entre as mesmas, deixando claro que valorizar uma significará subjugar a outra; e isto está evidenciado, por exemplo, na passagem de Romanos 8, 3-6: "O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito. Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz."; também na passagem de Gálatas 5, 16-17 onde diz: "Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis."
Essas duas passagens são esclarecedoras: se valorizo um, desvalorizarei o outro; daí a importância do jejum neste período quaresmal, pois através dele submeto a carne e seus apetites, ou seja, quando me proponho a subjugar aquilo que me prende, e até escraviza, como bebedeiras, prostituição, vícios, dependência do que quer que seja, principalmente, quando esses apegos excessivos bloqueiam minha intimidade com Deus. Logo é fato: o apego à carne deixar triunfar o pecado. A quaresma, então, é uma proposta de uma reaproximação com o Senhor, é um meio de buscar fazer com que o espírito triunfe. Nesta ótica, o jejum torna-se, assim, apropriado para este período.
Na passagem do Evangelho de São Mateus 6, 16 quando Jesus ensina: "Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.", está implícito que Ele fala da abstenção de alimentos, no entanto, a Igreja propõe que neste tempos modernos, faça-se jejum de outras coisas como, por exemplo, novelas, internet, celular, computador, etc., porém, tendo-se na mente que é um propósito de libertação daquilo que prende, vicia, escraviza, com o intuito de valorizar o espírito, e por conseguinte, aproximar-se de Deus e ter intimidade com Ele.
Primar pelo espírito requer empenho, sacrifício, penitência, daí o auxílio necessário da oração e do Espírito Santo, pois nossa vontade humana, somente, é incapaz de realizar tal libertação; daí a necessidade de se utilizar este tempo de quaresma como proposição inicial neste caminho de conversão que entre outras coisas é a renúncia ao excessivamente carnal em favor do indispensavelmente espiritual.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.