"Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" (Mt 22, 14). Jesus faz referência àqueles que receberam um convite de Deus, mas não aceitaram; porém, existem os que são chamados a convidar e não aceitam, ou por duvidarem de sua capacidade, ou por não desejarem mesmo.
Estes que se julgam incapazes, e duvidam que podem ser missionários da Palavra de Deus são citados por Jesus nas Sagradas Escrituras na Parábola dos Talentos (Mt 25, 14-30) quando faz referência àquele servo que recebeu um talento e o enterrou por dúvida, medo, timidez... Incorreu num pecado que acomete grade parte do povo de Deus: o receio.
A parábola é muito clara: a todos é dado um talento, uma capacidade, um dom, para alcançar vidas para o Reino de Deus; é certo que a alguns mais (cinco, dois), a outros, aparentemente, menos (um talento). Aparentemente, por quê? Porque um talento equivalia no tempo de Jesus a trinta quilos de ouro. É pouca coisa? Se calculássemos isso em reais equivaleria a mais de trezentos mil reais. É pouca coisa?
Não. Mas o receio de ter um valor tão alto nas mãos e não dar conta de fazê-lo render leva o servo a retrair-se e preferir fazer a devolução do valor. Essa atitude irritou profundamente o "senhor", pois os talentos na verdade são as pessoas, os filhos desgarrados e distantes, que mesmo distantes são o "ouro", o tesouro precioso de Deus. Aquele servo infiel olhou para o valor menor (o dinheiro), não percebeu que o que importava era o valor maior (as pessoas).
O que faltou, então, àquele servo? Um desejo maior de fazer o investimento do "senhor" multiplicar, como fizeram os outros. O receio, a dúvida, o sentimento de incapacidade, ou a falta de vontade mesmo, não despertaram nele o desejo de utilizar daquele valor para produzir meios de fazer render.
A desculpa dada pelo servo de que teve receio é tão fortemente rejeitada pelo "senhor" devido à sua fraqueza que ele diz: "Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco, e à minha volta, eu receberia com juros o que é meu" (Mt 25, 27). Um banco é o local onde estão pessoas treinadas, habilitadas, e dispostas, em fazer lucrar. Logo, o que poderia ter feito aquele servo receoso e sem estratégias? Ter investido em pessoas dispostas e empenhadas que pudessem, então, fazer o trabalho, e assim aquele talento multiplicaria.
Trazendo para nós o que a parábola quer, provavelmente mostrar é que este servo poderia ao menos investir este talento em pessoas que poderiam, assim fazer cumprir a tarefa que ele, no seu receio e medo não conseguiu desempenhar. Por exemplo: tenho talento para cantar, mas não tenho coragem de usar este talento para alcançar vidas, então, deveria investir em formar cantores que, ao contrário dele, iriam ao cumprimento da missão; assim também, com aquele que tem o talento para pregar...
De certo é que Deus não aceita desculpas. A todos são dados dons, e a todos é exigido exercê-los, pois a partir do Batismo, e principalmente do Crisma, somos chamados a ser discípulos de Jesus e da sua Santa Igreja; chamados a evangelizar, a ir às encruzilhadas, aos guetos, aos presídios, enfim, a todos os lugares lançando as redes, anunciando o amor de Deus e o Seu convite ao banquete, a experimentar o melhor que tem para nós.
Portanto, renunciemos ao pecado do receio que produz medo, paralisia, incapacidade, temor de lançar as redes, de fazer os talentos de Deus multiplicarem para a glória do Seu Nome e para o bem da Santa Igreja.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.
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