O trecho do
Evangelho de São João capítulo 21 é riquíssimo pelas diversas mensagens nele
contidas. Os versículos de 1 a 6 aos quais quero me ater apresentam parte desta
rica mensagem.
Diz o texto
sagrado no versículo 2 que estavam juntos Simão Pedro e mais seis dos doze
discípulos, e no versículo 3 Pedro toma uma decisão: “Vou pescar”.
Responderam-lhes eles: “Também nós vamos contigo”. Partiram e entraram na
barca” A missão da Igreja é “pescar” homens, como bem já havia dito o Senhor a
São Pedro na primeira pesca milagrosa (Lc 5, 10), naquela oportunidade seguiram
o líder: Jesus. Agora, ao dizer São Pedro “vou pescar” os demais dizem: “vamos
contigo” e seguem o líder.
Uma passagem
esclarecedora sobre a liderança de Pedro, o primeiro Papa da Igreja, e nós como
discípulos do Senhor temos que atentar para essa verdade: a barca (a Igreja)
tem um líder aqui na terra: o Papa. Atualmente é o Papa Francisco, e se ele diz
“vou pescar” a nossa missão de discípulos de Cristo é responder a ele: “vamos
contigo”.
Da segunda parte
do versículo 3 ao versículo 6 a Palavra narra: “Naquela noite, porém, nada
apanharam. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia não O reconheceram.”
Perguntou-lhes Jesus: “Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer? “Não”,
responderam-lhe. Disse-lhes: “Lançai a rede ao lado direito da barca e
achareis”. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande
quantidade de peixes”.
Aqueles homens
entram na barca e vão pescar noite a dentro. A Sagrada Escritura em I Jo 5, 19
diz que “o mundo todo jaz no maligno”, ou seja, a influência do inimigo neste
mundo tornou este mundo trevas, e a barca que é a Igreja segue seu curso de
“seguir pescando” em meio a estas “trevas”, sujeita a tempestades violentas (Mc
4, 35-41), no entanto, o texto mostra que “a barca”, a Igreja, vence a noite, a
escuridão e seus perigos, e chega a salvo à “praia”, que é o destino final: o
reino dos Céus, e lá encontrará o Sumo Pontífice, o Sacerdote Supremo, o Rei
dos Reis.
Por isso que
segurança para atravessarmos as trevas desta vida, somente na segurança da
“barca de Jesus”: a Igreja e unidos ao nosso pastor: o Papa e seus Bispos.
Renegar esta autoridade, é fazer como bem lembra o Papa Emérito Bento XVI (em
seu livro Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém a Ressurreição) ao falar de
Judas na passagem da Santa Ceia, onde reflete que Judas Iscariotes ao abandonar
a “barca” e Jesus, envereda pela noite
sem segurança e encontra a morte.
Agora, ao chegarem
à praia, Jesus os questiona se “tem alguma coisa para comer”, ou seja, se “pescaram”
alguma coisa e eles respondem que nada conseguiram. Aqui dois grandes
ensinamentos: o primeiro é que ao se chegar diante de Jesus, no dia do “acerto
de contas” seremos cobrados sobre “os peixes”, as vidas que ganhamos ao cumprir
o que mandou: “Ide e evangelizai” (Mc 16, 15), pois esta é a missão de todo
cristão católico: evangelizar e levar pessoas a Jesus.
No entanto, esta
“pescaria” só será eficaz se Jesus estiver na “barca”, também. São Pedro e os
demais foram pescar, como muitos também vão, porém, ir pescar somente com o
talento, a habilidade, o conhecimento bíblico apurado, a retórica eficiente,
sem Jesus na “barca” a pesca será infrutífera. Daí se pressupor por que tantos
se frustram quando vêem que sua missão foi mal sucedida: foram com garra, boa
vontade, mas sem Jesus para lhes dizer onde e como “lançar as redes” e a culpa
maior está, justamente, na dificuldade de ouvir o Senhor, de deixá-lo falar!
O Senhor fala
pela Palavra, pelo Papa, pelo Sagrado Magistério, pela ação do Espírito Santo,
mas como boa parte não aprimora essa escuta incorrerão no risco de trazerem
“redes vazias”; e mãos vazias o Senhor não aceitará no dia que cada um estiver
diante Dele. O Senhor aguarda a todos para o banquete (Ap 3, 20 e a parábola do
banquete), mas só terá direito a ele aqueles que não enterraram o talento (Mt
25, 25), aqueles que tiveram a capacidade de entender que a “pesca” só acontece
dentro da “barca”.
Aos que forem fiéis
até o fim, aos que compreenderam que salvação é individual, mas se aperfeiçoa e
fortalece quando é levada ao irmão; a esses
o Senhor dirá: “Vinde benditos de
meu Pai!” (Mt 25, 34)
Deus te abençoe
em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.