quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Hoje nasceu o Salvador que é Cristo, Senhor!


Uma data sem igual,
É o dia de Natal,
Para os cristãos fundamental,
Pois a salvação tornou-se real,

O Deus-menino que chegava,
Era a profecia que se cumpria,
O mundo assim se iluminava,
E a humanidade resgataria,

O jugo dos ombros retiraria,
A vara do feitor quebraria,
Segundo o profeta assim faria,
E aos infelizes alegraria,

As portas todas se fecharam,
Menos a de uma humilde estrebaria,
Onde José e Maria se aconchegaram,
E ali o menino-Deus nasceria,

É uma mensagem maravilhosa,
Que todos devem compreender,
Jesus não exige uma “casa” suntuosa,
Mas, apenas um lugar que O queira receber,

Um coração receptivo e acolhedor,
É a “manjedoura” que deseja,
Que o receba com amor,
E que presente sempre esteja,

Simplicidade, humildade, é assim o nosso Deus,
Que mostra ao mundo sua riqueza maior,
Para deixar uma mensagem aos seus,
Que optar pelas boas virtudes é bem melhor,

A Família, as criaturas, reis, pastores,
Unidos em louvor glorificam ao Deus encarnado,
Ensinam a nós seus seguidores,
Que no Natal “Deus seja louvado”,

“Eis que vos anuncio uma grande alegria”,
Anunciavam os anjos aos pastores reunidos,
A mensagem que ao mundo mudaria,
E que por milênios nos tem alegrado.

“Glória a Deus nas alturas,
E paz na Terra aos homens por Ele amados” (Lc 2, 14) 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Perseverar para alcançar a meta! Qual a nossa meta?

No dicionário o verbo perseverar tem como significados persistir, conservar-se firme e constante, logo, perseverar é uma ação, uma atitude relativa a uma tomada de decisão em prol de alcançar um intento pré-determinado.
Projetar alcançar um objetivo é inerente ao ser humano, visto que objetivos é que tornam a caminhada terrena plena de significado, pois se ao se questionar alguém sobre: qual meta você pretende alcançar? E essa pessoa responde: sei lá, acho que não tenho nenhuma!, essa pessoa vive uma vida vazia de significado, pois traçar objetivos e alcançá-los é o que nos move.
Um exemplo visível é o de um alpinista. A meta que o impulsiona é alcançar o cume da montanha, e quanto mais perigosa, mais se sente instigado a realizar tal intento e, certamente, não descansará enquanto não alcançá-lo.
Nesta vida muitos engendram esforços na direção de alcançar propósitos na área econômica, financeira, profissional...riqueza, fama, poder, sucesso, estabilidade financeira, enfim, são tantas as metas, no entanto, uma passa ao largo do rol de intenções da imensa maioria: a salvação, o céu.
Não diferente do alpinista que determinou a meta que deseja alcançar, o cristão, batizado, filho de Deus deve, ou deveria, ter como meta precípua na sua vida, acima de todas as anteriormente citadas, alcançar o céu, salvar-se, e perseverar nesta intenção, visto que é a própria Palavra de Deus que nos exorta: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça..." (Mt 6, 33), disse Jesus; "Se portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisa lá do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra." (Cl 3, 1-2), diz o Apóstolo São Paulo.
Agora, após a meta ter sido definida, faz-se necessários os meios para atingi-la. O alpinista precisa de ferramentas e equipamentos adequados para atingir o topo da montanha, visto que somente a vontade de escalá-la não será possível. Da mesma maneira o cristão deve possuir os meios para também escalar esta "montanha" que leva ao céu. Quais meios então devem ser utilizados? O Livro dos Atos dos Apóstolos 2, 42 diz que eles (os apóstolos) "Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações". Tem-se, então, quatro meios eficazes para que se consiga perseverar neste intuito de alcançar o céu. O primeiro: "a doutrina dos apóstolos", na verdade é a doutrina de Jesus, ou seja, seu Evangelho, seus ensinamentos, sua Palavra, que em Mt 7, 24 o Senhor exorta: "Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha.", portanto, um meio eficaz é a Palavra de Deus, não somente a palavra do Livro, mas a palavra que sai de sua boca, aquela que Ele fala direto ao coração quando se segue o itinerário de São Luis de Montfort: "Ora, cala e escuta!".
Segundo meio: "nas reuniões em comum", ou seja, a Santa Missa; todo cristão, católico, que tem essa firme intenção do céu não pode prescindir da Missa, pois ali é o lugar onde tem-se tudo o que se necessita para o fortalecimento do perseverar: o perdão de Deus (ato penitencial), o louvor (Hino de louvor), a Palavra de Deus e a Eucaristia.
A Eucaristia que é o terceiro meio: "a fração do pão", o alimento espiritual dos cristãos que estão em peregrinação por esta terra, neste exílio como dizia Santa Tereza D'Ávila, na sua jornada rumo ao céu, semelhante àquela passagem de Elias que foi alimentado no deserto e teve forças para chegar até o alto da montanha e contemplar o Senhor. A Eucaristia é, portanto, indispensável nessa jornada, juntamente com outros Sacramentos que são, segundo o Catecismo da Igreja Católica, meios eficazes de Cristo agir em nós, entre eles a Confissão ou Reconciliação.
O quarto meio: a oração. Não será possível perseverar sem oração. Jesus já recomendava aos discípulos: "Vigiai e orai..." (Mt 26, 41), pois é na oração que a fé se fortalece, o espírito se revigora, as forças se renovam, é por onde Deus exorta, ensina, recomenda, instrui...todos os santos da Igreja devotavam horas em oração; São Francisco de Assis subia uma montanha e ficava dias em retiro de oração, jejum e escuta; São Padre Pio rezava mais de trinta terços por dia, só para dar alguns exemplos, tudo isso por quê?
Por que tem-se que ter em mente que ao decidir-se pelo céu os desafios virão; o inimigo de Deus não aceitará isso de bom grado. Virão as tribulações, as lutas, as tempestades, as perseguições...Assim como o alpinista não escalará a montanha com facilidade, mas enfrentando adversidades, da mesma maneira será a caminhada rumo a glória celeste, e esses meios bem utilizados serão o auxílio que se terá para chegar lá, porém deve-se explicitar algo importantíssimo: oração, Sacramentos, Missa, Palavra de Deus serão efetivamente eficazes com o auxílio indispensável do ESPÍRITO SANTO. Sem o Espírito Santo aquela intenção de orar por determinado tempo todos os dias irá aos poucos esfriando até cessar; aquela intenção de buscar ler a Palavra de Deus, meditá-la e pô-la em prática também aos poucos desfalecerá; a intenção de ser fiel a Santa Missa e à vivência dos Sacramentos aos poucos será negligenciada. Por isso, deve-se, sem sombra de dúvidas, buscar o auxílio do Espírito Santo sempre, pois foi ele que ajudou Jesus a cumprir sua meta até o fim, assim como os Apóstolos, os Santos, e todos aqueles que se decidiram pelo céu.
Assim sendo, definida a meta (o céu), utilizando os meios com auxílio do Espírito Santo é por-se em marcha, enfrentando as dificuldades que virão, mas que hão de serem superadas com o auxílio e providência divina e assim se seguirá rumo a alcançar aquilo que o Senhor Jesus Cristo prometeu: "Mas o que perseverar até o fim será salvo." (Mc 13, 13) e "...te darei a coroa da vida." (Ap 2, 10).
Decida-se pelo céu, utilize os meios eficazes, persevere e verás a glória do Senhor. Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Alimento

Quarto escuro,
Jogo duro,
Um monturo,
Qual é o futuro?

Uma batalha,
Que estraçalha,
Tudo atrapalha,
A dor se espalha,

Não queria isso,
Curiosidade dá nisso,
Pago o preço disso,
Não tive compromisso,

Quando passa o efeito,
Vem a dor no peito,
Olho insatisfeito,
O que tenho feito?

Não me reconheço,
Tem sido alto o preço,
Sem paz, sem endereço,
É isso o que mereço?

Ser olhado e não ser visto,
É tudo o que avisto,
O desprezo é o que conquisto,
Ser miserável causa isto?

Após a noite segue o dia,
Após o choro a alegria,
Já não aguento a agonia,
Acaso alguém me ajudaria?

Descrente e conformado,
Eis que ao meu lado,
Alguém bem arrumado,
Pergunta: aceita um ensopado?

Faminto aceito sem demora,
Sem droga a fome devora,
Um sorriso no rosto aflora,
Tudo veio em boa hora,

Para mim foi preciosa a intenção,
Em meio a tanta omissão,
Alguém que vê a situação,
E age por ter amor no coração,

Foi-se prometendo que voltaria,
O que logo cumpriria,
Uma proposta, então, me faria,
E toda minha história mudaria,

Estendeu-me a mão, me ajudou,
Desde então minha vida mudou,
Do vício me recuperou,
Outro rumo minha história tomou,

O quarto escuro, o monturo, foi superado,
As perdas, os prejuízos, tudo recuperado,
A alegria, o amor restaurado,
A partir de um alimento partilhado,

Cristo foi o alimento,
Que pôs fim ao sofrimento,
E que seja eu também instrumento,
Para tantos que passam o mesmo tormento.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Por quê está difícil ganhar almas?

A diminuição vertiginosa de católicos nas últimas décadas no mundo, e no Brasil, é algo que chama a atenção da Igreja e, infelizmente, é um fato que continuará em pleno avanço, há não ser que atitudes de reação a esta realidade sejam implementadas.
Sempre procuro deixar evidente que os textos que publico são opinião pessoal que se propõem a lançar uma proposta de reflexão, sem intenção nenhuma de demonstrar aqui atitudes de sublevação contra a Santa Igreja, mas buscando sempre demonstrar minha total submissão e obediência ao que orienta Roma.
Quando faço menção a "atitudes de reação", creio que as atitudes advém, antes, de uma reflexão sobre o que se fez, o que se estar a fazer, e pesar sobre os resultados. Assim, ao adentrar a realidade do Evangelho, e ao que se fez durante muito tempo na história da Igreja, percebi que um fato importante foi deixado de lado com o tempo: o fato de que para ganhar uma alma, uma vida, deve-se observar dois aspectos relevantes: o lugar do "embate" e a preparação necessária.
No que diz respeito ao "lugar do embate" busco recordar as palavras de São Paulo em 6, 10-18 (armadura do Cristão) onde deixa claro que existe um embate entre o bem e o mal pelas almas.
Desta forma, reflito, primeiramente, sobre em que lugar se tem maior chance de sair exitoso em um combate: no seu território, ou no território do inimigo? O Antigo Testamento mostra algumas passagens onde o exército de Israel, que quase sempre era em menor número de combatentes, não ia ao confronto no território do adversário, mas procurava atraí-lo para o seu território onde poderia ter êxito, e realmente o tinha.
Da mesma maneira, pode-se perceber essa realidade, pelo menos ao meu ver, em algumas passagens evangélicas com o próprio Jesus, onde cito aqui pelo menos duas. A primeira no encontro com Nicodemos (Jo 3, 1-21) onde o texto mostra que o "embate" entre o Senhor e Nicodemos se deu no território de Jesus, e não no território do fariseu (o Sinédrio). Jesus poderia tê-lo confrontado lá, no entanto, a possibilidade de êxito seria muito menor, ou nem mesmo acontecer.
Um segundo exemplo, também no Evangelho de São João, é o que se dá entre Jesus e a Samaritana (Jo 4, 1-42). Observa-se, claramente, que Jesus ao propor o diálogo (o "embate"), a samaritana tenta levar o Senhor para o seu território (da mera discussão humana sobre discriminação, a Lei...), porém, Jesus sabiamente, a atrai para o seu território (ao sair do discurso humano para abordar um discurso espiritual mais elevado).
Observe que Jesus em nenhum dos Evangelhos tentou evangelizar nos palácios, nos sinédrios, ou seja no território inimigo, mas preferia pregar na Sinagoga, no Templo, nas casas que era convidado a entrar, enfim, em lugares onde teria maior chance de vitória. Esse ensinamento foi aprendido pelos Apóstolos, e de certa maneira, por muitos santos e santas nestes milênios da Igreja.
Agora, o que fazia de Jesus, e de tantos santos e santas de Deus exitosos no "embate"? Este é o segundo ponto: a preparação necessária. E de onde provém esta "preparação necessária"? Da ação do Espírito Santo. A Palavra de Deus é clara ao mostrar que Jesus agia sob ação do Espírito Santo por meio dos Carismas (utilizou-se de todos, porém três são mais ressaltados: Sabedoria, Ciência, Cura e libertação).
O que proporcionou Jesus "vencer", convencer e converter Nicodemos que utilizava-se de argumentos humanos, e um raciocínio humano? O Espírito Santo que através da palavra de Sabedoria levou o fariseu a compreender que "renascer de novo" significava converter-se, aceitando Jesus como seu Senhor e Salvador. O que proporcionou Jesus "vencer", convencer e converter a samaritana? O Espírito Santo que através da palavra de Sabedoria e do dom de Ciência, fizeram-na compreender que a falsa liberdade que tinha e que proporcionava ter quantos homens quisesse, na verdade era uma escravidão que não a fazia feliz, no entanto, ao acolher as palavras de Jesus e seu Evangelho e aceitá-Lo como Senhor e Salvador pôde experimentar a verdadeira liberdade e felicidade.
Onde fica, então, o "território" ideal para que almas sejam ganhas? Bem, Jesus conquistou almas nas ruas, nas casas, à beira do poço, às margens do Tiberíades, no Monte das Oliveiras, no entanto, o lugar, o território que preferia estar era nas Sinagogas (Mt 12, 9; Mc 1, 21; Mc 3, 1; Mc 6, 2; Lc 4, 16), nas escolas, no lugar do ensino da Lei. Assim, o lugar ideal para que almas sejam ganhas deve ser em primeiro a Igreja (a Santa Missa), e em segundo a catequese, lugares de encontro com o Evangelho que promove o encontro com o Cristo com o auxílio fundamental do Espírito Santo. Entretanto, o que se observa? A necessidade de uma "preparação necessária" por parte de todos os entes envolvidos, principalmente do segmento leigo que é o auxílio da Igreja junto à comunidade na catequese, nos grupos, movimentos, pastorais, e que carece dessa intimidade sempre maior com o Espírito Santo que potencializa a pregação, o ensino, a oração, os carismas e que os tornam plenamente eficazes.
Toda esta reflexão humilde, que repito, não tem outra pretensão senão de lançar uma opinião sobre algo que incomoda aos que verdadeiramente amam e vivem sua missão de batizados que é evangelizar e levar vidas a um encontro pessoal com sua essência, com seu significado maior: saber que são filhos de Deus, amados e preciosos aos seus olhos (Is 43, 4).
A partir desta reflexão que possamos entender que ao recebermos uma vida em qualquer âmbito da Igreja, tenhamos a consciência que adentrou ao território de Deus, e que estejamos munidos da "preparação necessária" para não deixarmos que volte ao "mundo" do jeito que chegou, mas que seja transformada pela presença de Jesus Cristo que vive em nós, fala em nós, brilha em nós. Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O social ou o homem?

O Papa Francisco no encontro com os movimentos sociais declarou: "Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma família sem moradia! Nenhum camponês sem terra! Realmente, a opressão, a expropriação, o alijamento de direitos, o subjugamento de um ser humano por outro é algo inaceitável, pois gera descalabros e desigualdades que, principalmente para os que carregam na sua vida os parâmetros evangélicos, como o Santo Padre, mostram-se inaceitáveis, e por isso ser compreensível tal anseio exposto em suas palavras.
No entanto, a reflexão que postulo externar neste texto, com o desejo de para além de polêmicas, ou de más interpretações, mas com o intuito de apenas balizar um pensamento que me advém à mente, é que o social foi alvo, sim, da ação generosa e amorosa de Nosso Senhor Jesus Cristo quando da sua vida pública; porém, o meu questionamento é: Jesus preocupou-se mais com o social ou com o homem?
Algumas passagens dos Evangelhos podem nortear este meu questionamento e, quiçá, possam elas corroborarem ao argumento que aqui apresento. Um primeiro exemplo é a passagem da conversão de Zaqueu: o texto narra claramente que em Jericó havia um cobrador de impostos, Zaqueu (burguês, rico, opressor) que subjugava o povo ao se utilizar do seu poder para exigir o dinheiro devido, que o enriquecia, e fortalecia o poder maior: o império romano, e assim produzia uma profunda desigualdade, um forte sentimento de "exclusão", uma tensão de classes, e um desejo da parte sofrida que aquele sistema opressor em que estavam mergulhados fosse posto abaixo e uma nova sociedade, justa, fraterna, solidária, tomasse seu lugar. Quem faria eles já sabiam: o Messias de Deus.
E o Messias veio, e passou por Jericó e teve um encontro com Zaqueu; e naquele encontro, somente os dois, frente a frente, sem acusações ou censuras, emergiu daquele diálogo um novo Zaqueu transformado, não de fora para dentro, mas de dentro para fora, que passou a ter, a partir dali a plena consciência que o outro é relevante, que o próximo tem valor inestimável, daí a sua atitude: "Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo" (Lc 19, 8). A transformação daquele cobrador de impostos começaria a mudar toda uma conjuntura naquele âmbito social; o ódio, a aversão, a intolerância que pairava naquela relação estava posta abaixo, pela ação de Deus agindo no homem que é o agente social principal.
Um segundo exemplo é o da passagem da multiplicação dos pães (Jo 6): ali o texto sagrado deixa evidente a decepção de Jesus com uma multidão que o seguia, pura e simplesmente, para ter a possibilidade de comida fácil e farta, o que suscita, então, a reclamação do Senhor: "Em verdade, em verdade vos digo, buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães ficastes fartos. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna que o Filho do homem vos dará." (Jo 6, 26-27)
A necessidade do pão na mesa, ou seja do alimento, verdadeiramente, é uma das situações mais deprimentes e inquietantes para qualquer pessoa ou família, juntamente com a perca da saúde, tanto é que o que mais Jesus fez foi curar e alimentar (mais espiritualmente que fisicamente, diga-se de passagem), e era justamente do "alimento espiritual" que reclamava naquele momento. O Senhor não fazia pouco caso, ou era indiferente a situação daquela massa que o seguia, um povo que sofria o flagelo da falta de oportunidades, de emprego digno, de terra para lavrar, de condições mínimas que permitissem uma vida digna para si e suas famílias, e que erma formadas na maioria pela soma dos "excluídos" da época: órfãos, viúvas, estrangeiros, mendigos, enfermos, endividados, enfim aquilo que forma o maior contingente, mas que no entanto, olhavam apenas para sua condição social concreta, imediata, e no entanto, o Senhor fazia alusão há algo maior: a fome que já haviam até esquecido, a fome de Deus.
Quando Jesus expõe sua proposta de Ele mesmo agora ser o "Pão" a ser comido, e o "vinho" a ser bebido, entendem como absurdo e simplesmente vão embora. Qual o por quê disso? O apego à materialidade, enquanto que acima disso está a transcedentalidade: eu tenho fome de alimento físico, mas tenho fome maior de céu, de salvação. E isso só acontece numa transformação interior, e os discípulos, principalmente Pedro, já haviam despertado para isso quando ao serem indagados pelo Senhor se não desejavam ir com a multidão Pedro responde a Jesus: "Senhor, a quem iremos iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna." (Jo 6, 68). O que será mais eficaz: um benefício que possibilita o "pão" à mesa, ou uma Palavra de Vida Eterna que põe salvação na alma?
O Santo Padre não explicita nada mais do que aquilo que é a missão da Igreja de Jesus: proclamar, e rememorar a todos que não abre mão da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Terra, teto e trabalho são fundamentais, pois trazem embutidos em si os dois princípios dessa dignidade: Liberdade e felicidade. Todavia, isso não pode ser mera construção do esforço humano, embasado em ideologias ou filosofias, mas acima de tudo, e principalmente, tem que ser fruto da ação de Deus que, repito, transforma de dentro para fora, pela ação do Espírito Santo, e não de fora para dentro como mero mecanismo de mudança de mentalidade ou comportamento.
Deus nos ajude por meio do seu Santo Espírito a sermos particularmente restaurados em corpo, mente, alma e coração, para assim sermos agentes transformadores ao nosso derredor para que assim essa visão se espalhe, e quando menos se pensar será uma sociedade mais justa, fraterna, e santa, sendo produzida.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

"Sede santos, sede irrepreensíveis, sede perfeitos"

Verdadeiramente, o seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo não é, e não será, via fácil de percorrer. Ele mesmo deixou isso claro quando aconselhava: "Entrai pela porta estreita..." (Mt 7, 13); "..., tome sua cruz e siga-me" (Mt 16, 24), dentre outras exortações, tudo como princípio inexcusável para todo o que tem como propósito de vida a glória celeste, o reino dos céus.
Não menos desafiadora é a exigência que se faz a todo cristão que pretende alcançar o céu por uma procedência de vida santa, reta, justa, perfeita. Os dois grandes apóstolos São Pedro e São Paulo fazem menção a essa necessidade, logo, necessita de uma decisão firme e determinada.
São Pedro em sua Primeira Carta exorta: "A exemplo da santidade Daquele que vos chamou, sede também vós santos..." (I Pe 1, 15); assim, o desafio que se põe diante de cada um é viver a santidade (radical obediência a Deus e renuncia total ao pecado) no patamar da santidade do Pai, óbvio que não ao ponto de igualá-lo, pois somente Jesus o pôde, mas aproximar-se o máximo possível. Isso implica, então, tomando-se como exemplo a passagem dos Salmos 11, 7 que diz "As palavras do Senhor são palavras sinceras, puras como a prata acrisolada, isenta de ganga, sete vezes depurada", que a fala do Senhor não possui falsidade, astúcia, duplicidade, sendo, portanto, totalmente crível, o que indica que a nossa palavra deve, obrigatoriamente, seguir o mesmo princípio.
São Paulo em I Cor 3, 13 diz: "Que Ele confirme os vossos corações, e os torne irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos!", faz assim perceber que além de santos, deve-se estar irrepreensível, ou seja, que o Senhor não encontre nada de reprovável em nós, seja em atitudes, pensamentos, palavras, ou outro aspecto qualquer, nada, absolutamente nada.
Por fim, o próprio Senhor Jesus no sermão da montanha conclama a todos: " Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito." (Mt 5, 48), e dessa forma evoca um aspecto que ao homem é desafiador por demais: a perfeição, visto estar impregnado pela falsa verdade daquele adágio que diz: "perfeição não existe", ou "ninguém é perfeito"; e, no entanto, existe e muitos a alcançaram como revela o Pai a Santa Catarina de Sena mostrando tais características: "O homem perfeito sabe que nada acontece sem eu querer, sem o mistério, sem minha providência. Menos o pecado, que é uma negação. Odeia, então, o pecado e respeita todo o resto. É firme, seguro em sua decisão de caminhar na verdade. Serve com fidelidade ao próximo, pouco lhe importando a ignorância e ingratidão alheias. Quando um maldoso o injuria e acusa por seu comportamento, logo se dirige a mi, orando por aquela pessoa. Fica mais ressentido porque a pessoa me ofende e se prejudica, do que pela injúria pessoal. Afirma, com meu glorioso apóstolo Paulo: "O mundo nos amaldiçoa e nós bendizemos; nos persegue e nós agradecemos; nos expulsa como lixo e escória do mundo, e nós com paciência suportamos.(I Cor 4, 13)" (Santa Catarina de Sena, O Diálogo, pgs. 159-160). Por isso a busca da mesma requer empenho, esforço, oração, por isso mesmo ser o cominho para o céu pedregoso e espinhoso.
No entanto, por mais duro que seja, por mais desafiador que possa parecer, é possível a partir do momento que a decisão pelo reino dos céus torna-se parte principal da jornada terrena, e esta deve nascer, que fique bem claro, não de uma mera decisão humana, mas de um encontro pessoal com Jesus que, ao arrebatar o coração, faça surgir um desejo de viver eternamente esse amor.
Ser santo, irrepreensível, perfeito, não significam degraus a conquistar, pois todos são no fundo representação de um mesmo propósito: "Amar o Senhor teu Deus" (Mt 22, 37); há Ele ser fiel até o fim; a Ele render glórias e louvores em todas as circunstâncias; a Ele bendizer e adorar como único digno de adoração; a Ele buscar incessantemente mesmo sabendo que nesta vida só O teremos em pequena fração, suspirando pelo dia que O veremos por completo em toda a sua majestade.
"Vejam-te meus olhos doce e bom Senhor, vejam-te meus olhos e morra eu de amor." (Santa Tereza D'Ávila); que seja assim em cada um de nós que um dia tendo tido este encontro pessoal com Jesus percorramos nosso trilhar neste anseio pelo encontro definitivo que passa, porém, por um empenho em sermos santos, irrepreensíveis, perfeitos.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 18 de outubro de 2014

Somente a Verdade revela a beleza das coisas

Quando o Supremo Deus, após criar a luz, juntar as águas, trazer à existência os seres vivos (terrestres e aquáticos), decidiu "fazer" o homem e o criou resplandescente de tudo que de mais belo havia, inclusive a verdade.
A plena verdade de Deus estava no olhar, nas palavras, nas ações, enfim, em toda a conduta de Adão e Eva, e enquanto assim permaneceram Adão continuamente olhava para Eva e a mesma expressão lhe vinha aos lábios: "Osso dos meus ossos!" (Gn 2, 23). A verdade da presença do Criador encantava os olhos um do outro, alegrava o coração de ambos, e os impulsionava a glorificar a Deus, e assim seria para com toda a humanidade.
Infelizmente, um ato de desobediência: o pecado, pôs tudo abaixo; a verdade que resplandecia Deus deu lugar à vaidade, ao orgulho, dentre outras tantas baixas virtudes, e um começou a vislumbrar no outro não mais a beleza do Pai, mas as suas "feiúras" particulares, e isso se estendeu a toda a humanidade.
A verdade de Deus que está na autoria de tudo que é criado foi relativizado, e assim, até o belo tornou-se relativo. A consequência disso foi catastrófica, pois, se a verdade é relativa, ou até inexistente, a mentira pose ser verdade, o falso pode ser verdadeiro, o pecado pode ser virtude, o inaceitável pode ser perfeitamente plausível.
Ao se contemplar um rio, por exemplo, a verdade é que o mesmo só é belo quando limpo, vicejante de vida, útil; no entanto, o fato de estar sujo, imundo, poluído, sem vida, torna-se relativo se o que interessa é utilizá-lo como fonte de despejo de dejetos de toda espécie. A verdade é que um homem só é belo quando cultiva em si as melhores virtudes e princípios, no entanto, o fato de mesmo sabendo que usar e abusar das prerrogativas mais reprováveis é inaceitável, torna-as, ao contrário, dignas de exaltação.
Essa deficiência tem uma origem e pode ser corrigida, e foi o que Nosso Senhor Jesus Cristo buscou mostrar na sua breve passagem por este mundo. Quando se olha para o caso de Zaqueu (Lc 19, 1-10), da samaritana (Jo 4, 1-42), da adúltera (Jo 8, 1-11), percebe-se que o Senhor, dentre tantas coisas, devolveu a beleza perdida a estas pessoas a partir do momento em que delas foi retirado o que lhes "enfeiava" e lhes impedia de ver Deus no outro.
São Francisco de Assis foi um desses tantos que ao ser reconciliado com a verdade autêntica passou a perceber a beleza de Deus em todas as coisas, desde uma flor, passando pelos passarinhos, chegando ao próprio ser humano; algo tão factível e tão impactante que ao perceber o desprezo dos homens por tal graça saiu pelas ruas de Assis a bradar: "O Amor não é amado".
A força que o pecado possui é tão tal que no martírio de Jesus onde ao expirar na cruz, segundo o que profetizou Isaías, "...não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos..." (Is 53, 2), ou seja, a Beleza das belezas, a Verdade das verdades estava tão desfigurado que para quem O viu e conheceu era algo aterrador; no entanto, a multidão dos "desfigurados" que presenciavam o fato regozijavam-se no que viam, à exceção de Maria Santíssima e João (Jo 19, 25) e o soldado romano.
É fato: somente Jesus, por meio do seu Santo Espírito, pode restaurar a beleza da vida, a beleza que há na criação, a beleza que existe no outro, a beleza que consiste em ter na Verdade um bem elevadíssimo, verdade que põe às claras o que se traveste de bom e que na verdade é ruim; o que se traveste de bem e na realidade é mal; o que se traveste de certo e na realidade é errado; o que se traveste de seguro, mas na realidade é perigoso...
Em suma, enquanto caminharmos obstinados em não querer buscar e nem aceitar a Jesus como Senhor, que nos dá o Paráclito, o Espírito da Verdade (Jo 15, 26), não seremos capazes de contemplar a beleza perfeita das coisas, assim como como contemplou o Pai Criador quando ao terminar sua obra e contemplá-la declarou que tudo era "muito bom" (Gn 1, 31).
O Espírito Santo te faça verdadeiro e belo. Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O cortejo dos "mortos" ou a procissão dos "vivos"?

A passagem da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) nos leva a uma reflexão que suscitará uma decisão; nada de novo quando se trata do Evangelho, visto que todos fazem menção a uma posicionamento, a uma escolha, ou seja, a uma tomada decisão.
Nesta narrativa bíblica o texto sagrado trata de um cortejo fúnebre de um jovem que tem a frente sua mãe, cujo detalhe único a seu respeito é que a mesma é viúva, algo que não é mero detalhe visto que ser viúva na sociedade judaica da época significava não ter vida fácil; e para complicar, ou melhor, para piorar tudo ainda perde o único filho.
Era uma realidade terrível na qual se encontrava aquela mulher, e por isso, ser ela a puxar aquele cortejo entre lágrimas, dor, desespero..., e levando consigo uma multidão que a acompanhava nas suas angústias.
No entanto, narra a Palavra que aquele cortejo cruza com Jesus, que atrás de si arrasta uma multidão de gente, e que ao ver tal cena resolve parar o funeral movido por compaixão para com aquela mãe que sofre. O Senhor toca o esquife proclama uma palavra de ordem: "...levanta-te", e o morto ressuscita.
Surpresa geral, espanto, pessoas atônitas ante tal acontecimento. Uma mãe que até há pouco chorava de angústia, agora chora de alegria. Pessoas rendem glórias; o cortejo acabou, a tristeza acabou; o choro cessou; Deus se manifestou, e Jesus seguiu sua missão, sem alardes, discretamente, mas agora levando atrás de si uma procissão de gente que se tornou ainda maior.
Esta é a reflexão a se fazer, pois existem muitas pessoas vivendo esta realidade: a de seguir o "cortejo" das suas perdas. Homens, mulheres, famílias choram por ver sendo levado num "caixão" o que de mais "precioso" possuía: bens materiais, fama, sucesso, pessoas amadas, negócios..., mas de certo é que pela vida de todos chegará o instante em que cruzarão com Aquele que na sua compaixão e misericórdia pode mudar este cenário.
Neste momento deverá entrar em ação um componente importante: a fé, pois crer que Jesus pode mudar esta realidade é fundamental. Alguns, infelizmente, não darão crédito ao senhor, e resolutos na sua decisão de confiar apenas na sua crença de que nada, nem ninguém, poderá mudar a situação, preferirão seguir em frente, juntamente com a multidão dos que optaram pela incredulidade.
Entretanto, haverão os que darão ouvidos ao apelo do Senhor, permitindo-O agir. O resultado será ver uma realidade que, humanamente seria insolúvel, ser modificada diante dos seus olhos; assim aconteceu com Bartimeu (Mc 10, 46-52) e o final da passagem diz que ele "foi seguindo Jesus pelo caminho." (vers. 52). Foi mais um que deixou o cortejo dos "mortos" para seguir a procissão dos "vivos", dos "ressuscitados".
Esta, então, é a proposta do Senhor Jesus para a humanidade, relembrando o que Deus propunha a Israel na passagem de Êxodo 30, 19: "...ponho diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe, pois a vida...". Diante de cada homem estão as duas alternativas, e a cada um, em seu livre arbítrio, cabe a escolha, sendo que Deus indica a melhor das duas, e a melhor é optar por Aquele que afirma: "Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância." (Jo 10, 10).
Escolhe, pois a Vida; escolhe, pois, Jesus; abandone o cortejo dos "mortos" e venha ser parte da procissão dos "vivos" que seguem Jesus, "semeando entre lágrimas, recolhendo com alegria" (Sl 125, 5) e trilhando o caminho para a glória celeste.
Deus te ajude a fazer a melhor escolha e te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 20 de setembro de 2014

Zaqueu e Bartimeu: duas histórias, um mesmo final!

Em certo momento, o Evangelho de São Marcos (Mc 10, 46-52) narra uma passagem da vida de um homem chamado Bartimeu; o Evangelho de São Lucas (Lc 19, 1-10) faz menção a uma passagem da vida de um outro homem: Zaqueu.
O que há de interessante? O que há de importante nas vidas desses dois personagens? O final da história mostrará. Os dois possuem diferenças e semelhanças nas suas trajetórias: quanto às diferenças o texto bíblico mostra que Bartimeu possuía uma deficiência física (cegueira) e era mendigo, enquanto que Zaqueu não possuía qual quer deficiência (apesar de que era de baixa estatura, mas não dá pra afirmar que era anão!) e era rico. Quanto às semelhanças, os dois eram conterrâneos: eram da cidade de Jericó; além disso viviam a triste experiência da exclusão.
Bartimeu era excluído pela própria condição de mendigo, provavelmente, alguém maltrapilho, sujo, mal-cheiroso..., condições que provocavam, pressupõe-se, repulsa e desejo de distanciamento. Do outro lado Zaqueu que era excluído, não pelo aspecto degradante, mas pela posição e cargo que exercia (cobrador de impostos), o que certamente, provocava no povo raiva e indignação, além do mesmo sentimento de repulsa e distanciamento.
Ser, portanto, tão desprezado deveria ser motivo para carregarem consigo ódio, desprezo, indignação, lamúrias, e uma séria de outros sentimentos. No entanto, estes homens iriam demonstrar mais uma característica coincidente que iria se manifestar num momento em especial: eles tinham fé.
O momento especial foi quando se depararam com o Senhor Jesus; Bartimeu ao ouvir a barulheira causada pela multidão que seguia a Jesus indaga: "O que está acontecendo?", e ao lhe responderem que era Jesus que vinha passando não teve dúvidas em clamar o socorro do Senhor. Narra a Palavra que ao ouvir os apelos de Bartimeu Jesus se aproxima e questiona: "O que queres que Eu te faça?", e de pronto responde: "que eu veja!", e a graça acontece.
Zaqueu também ficou sabendo que Jesus iria passar pela cidade, porém, como mero curioso, não fez barulho, mas preferiu subir numa árvore e ficar distante. Não contava ele, que seria visto pelo Senhor e ouviria o pedido que lhe transformaria para sempre: "Desce depressa por que preciso estar hoje em tua casa!". Zaqueu o recebeu e foi o suficiente para que a graça acontecesse na sua vida, também.
O que permitiu a esses dois homens receberem tal graça? A fé. A partir do instante que creram em Jesus e abriram seus corações, o Senhor pôde agir e a mudança aconteceu, a conversão aconteceu, e aqueles dois homens que tinham em comum a rejeição, a exclusão como realidade nas suas vidas, puderam, a partir daquele encontro, verem suas histórias recontadas.
Isto porque Jesus nunca realiza uma graça específica, ou seja, Ele não apenas curou a cegueira de Bartimeu, ou a ganância de Zaqueu, mas o Senhor os curou por completo. Naquele encontro foram perdoados, curados de todos os sentimentos ruins, de todas as lamúrias, palavras de maldição, enfim, a transformação interior foi tal que ambos passaram a seguir a Jesus.
Estas duas histórias mostradas pelas Sagradas Escrituras vêm mostrar que certas situações acontecem independente da nossa vontade: caso de Bartimeu; outras vezes, o próprio indivíduo e o responsável por chegar aquela situação: caso de Zaqueu. Mas o que importa é que sendo responsável, ou não, Deus, em algum momento, irá perpassar a nossa trajetória e o fundamental é que se esteja atento há este momento e que não deixe a graça passar.
Felizmente, não foi o caso de Bartimeu e Zaqueu, mas infelizmente o que se observa, também, é uma grande quantidade de pessoas que vivendo a triste realidade da exclusão, o da auto-exclusão, preferem agarrar-se à vaidade e ao orgulho é optar por recusar a "mão estendida" que se lhe apresenta, até mesmo a de Jesus. Ao optar por este caminho percorrerá uma estrada de rancor, ódio, amargura que o levará a um triste fim.
Esta não é a vontade de Deus, pois Jesus declarou que veio para que todos tivessem "vida em abundância" (Jo 10, 10) e era justamente o que faltava a Bartimeu e Zaqueu, mas passaram a tê-la a partir do momento que deram uma chance a si próprios ao abrirem seus corações e deixarem Jesus agir.
Faça o mesmo você também, e experimente o maior de todos os milagres: a graça de de ser amado e resgatado por Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Não serão ideologias...será o Amor!

Desde a queda de Adão e Eva (Gn 3, 6), o homem privou-se de várias características que o tornavam semelhança de Deus, entre elas, a capacidade de desejar e fazer o bem ao outro, visto que por amor foi criado e por amor deveria agir, propagando, disseminando este dom aos seus semelhantes.
No entanto, vaidade, orgulho, ódio, indiferença..., dentre tantos outros maus sentimentos tomaram parte na natureza humana levando este homem a chegar ao ponto de subjugar ao outro por achar-se superior.
Este fato já se mostra evidente nos primeiros Livros das Sagradas Escrituras quando, ainda no Gênesis, a narrativa da vida de José, filho de Jacó, mostra que este é vendido como escravo pelos próprios irmãos, tudo fruto de inveja, ciúmes, ódio.
Esta triste realidade perpassa não somente a história do povo de Deus, mas de toda a humanidade, mesmo a pagã, e chegará visível até o tempo de Jesus quando vem a este mundo e encontra seu povo subjugado por um outro povo: o romano.
Naquele instante, os israelitas esperavam por um homem, um Messias, que com habilidades de guerreiro, valente e forte, aos moldes do grande rei Davi, expurgaria das suas vidas e da sua realidade aquela condição de humilhação.
Este Homem veio, "mas os seus não o receberam" (Jo 1, 11), porque sua proposta foi inteiramente contrária ao que se esperava; depararam-se com uma mensagem que defendia que o fim do opróbio viria não pela "força dos carros ou dos cavalos" (Sl 19, 8), mas pela força do coração, pela força do amor. Amor de Deus que antes de libertar o corpo, liberta a alma, e era o que Jesus tentava dizer, foi o que buscou ensinar; muitos, porém, não O compreenderam e por isso foi rejeitado e morto.
No entanto, muitos como Zaqueu, por exemplo, tiveram a oportunidade de experimentar essa proposta de Jesus quando, ao abrir as portas de sua "casa" (seu coração, sua vida), pôde constatar o que significa verdadeiramente ser livre.
Jesus voltou ao Pai e deixou sua Igreja a cargo de continuar a difusão desta mensagem transformadora, libertadora, mas o pecado tem sua força também, e afrontando a Palavra de Deus, seguiu levando ao longo dos séculos seguintes homens a portarem-se para com os outros da mesma maneira: opressora, subjugante...
No século XIX surge uma nova forma de relação que ara alguns nada mais é que uma nova forma de opressão e humilhação de homens para com homens: o capitalismo. Para alguns pensadores é uma nova forma vil de tratamento dos que possuem muito (burgueses) para com os que nada tinham (proletários); essa relação odiosa não colaborava para que um "mundo melhor" existisse: sem classes, sem dominados e dominadores, pobres e ricos, pequenos e grandes.
Em meio a esta realidade surge, então, uma corrente que defende a erradicação deste modelo temerário, para isso, a princípio torna-se necessária uma revolução do proletariado que pela força das armas teria que se insurgir contra os defensores de tal regime; surge assim a ideologia comunista, defendida por Karl Marx, conhecida, também, por marxismo.
Esta ideologia que ao longo do século XX foi sofrendo mudanças quando perceberam que a força das armas não surtira resultados satisfatórios. Passaram, então, a investirem na revolução cultural, na mudança de mentalidade, pois somente gerando uma humanidade conscientizada é que se debelaria por completo o capitalismo e tudo o mais que denotasse qualquer relação de poder, inclusive a religião, inclusive o cristianismo.
Todavia, o que se observa em mais de um século que esta ideologia vem sendo propagada pelo mundo é que mostrou-se ineficaz e até temerária, visto que produziu verdadeiras atrocidades nas nações onde foi implantada.
E por quê mostrou-se ineficaz? Por que o Senhor Jesus deixou claro na sua passagem por esta terra: a profunda mudança não ocorrerá de fora para dentro, como deseja a ideologia marxista, mas de dentro para fora, como viu-se com Zaqueu, e tantos outros casos durante o período em que Jesus propagou seu Evangelho, e em todos estes milênios de história cristã.
Somente um coração, uma alma restaurada pelo amor de Deus, livre de suas más inclinações, será capaz de ver o outro como importante, como especial, pois vê nele a imagem do próprio Deus e por isso sua vida é importante e digna de todo cuidado e zêlo.
Um mundo melhor não acontecerá mudando mentes (Jesus poderia ter utilizado deste recurso com Zaqueu), mas acontecerá a partir do momento que a "Verdade vos libertar" (Jo 8, 32). Daí não ser exagero afirmar: a verdadeira revolução para que o mundo melhor aconteça, e a Civilização do Amor, a que se referia São João Paulo II, exista, só se dará a partir de um encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo, pois não serão ideologias a produzir a mudança, será o Amor, como bem reconheceu o Apóstolo São João ao declarar: "Nós sabemos que fomos transladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos." (I João 3, 14).
Deus te abençoe no nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Pacíficos, sim; pacifistas, não!

"Não, Paz não é pacifismo, não esconde uma concepção vil e preguiçosa da vida; mas, proclama sim os valores mais altos e universais da vida : a verdade, a justiça, a liberdade e o amor."; esta frase é parte da Mensagem do Papa Paulo VI de 1967 onde proclamava que o dia 1º de janeiro de 1968 seria o Dia Mundial da Paz.
Para nós cristãos é importante resgatar o que o Papa Paulo VI estava querendo dizer, pois a sua mensagem é esclarecedora em deixar ao evidenciar que a Paz pregada por Jesus em nada tem haver com a proposta pacifista que se propaga mundo afora.
No Sermão da Montanha (Mt 5, 1-11) o Senhor Jesus faz menção à necessidade que se tem de paz quando diz ao povo: "Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!" (vers. 9); o Senhor mostra que ser pacífico é uma das características dos filhos de Deus, logo é um dos tantos bens que adquirimos ao aderir ao Evangelho de Cristo. Isto, portanto, evidencia que entre as tantas consequências da queda do homem no Éden, a perca da harmonia, do entendimento, do respeito entre as pessoas e povos, a deterioração dos "altos e universais valores da vida" que destaca Paulo VI, foi somente um dos tantos desastres que se abateram sobre a humanidade chegando ao ponto de lançarem-se em guerras uns contra os outros.
Jesus veio a este mundo num momento onde seu povo não vivia em paz, pois era subjugado pelos romanos; no entanto, segundo o que se observa nas palavras dos fariseus quando decidem-se por prender e condenar o Senhor à morte, é que naquele momento viviam, não em paz, mas num ambiente de "pacifismo" para com os romanos.
O pacifismo decorre, de certa forma, de um tratado de não agressão (ainda que não formal) entre duas partes que na verdade não se toleram, e até mesmo se odeiam; é como se um dissesse ao outro: "Eu não te suporto, e sei que você também não me suporta, então, vamos firmar um acordo de "paz" e sigamos sem agressões!".
Esta, provavelmente, seria a situação que viviam os judeus e romanos, ambos se odiavam, mas buscavam manter um convívio "tolerável". No entanto, o grande problema do pacifismo é que este "acordo" vive sob tensão por não ter uma base sólida, e por ser uma linha tênue qualquer ato ou atitude de um dos lados pode romper este "acordo".
Quando Jesus vem ao seu povo mostra, então a eles que a Paz verdadeira pode acontecer, é concreta, no entanto, necessita ser fundamentada numa base sólida, e esta base sólida é o próprio Jesus (Ef 2, 14), e a Santa Igreja entendeu isso, e nos ensina isso quando oramos: "...Eu vos deixo a Paz, Eu vos dou a MINHA Paz...". Assim, tratados, armistícios, protocolos de intenções, nada disso produzirá Paz no mundo, mas apenas pacifismo.
Quando Zaqueu (Lc 19, 1-10) deixou de viver o pacifismo para com a população de Jericó que o odiava, e vice-versa? Quando um dia foi encontrado por Jesus que o convidou para uma conversa. Ao abrir as portas de sua casa, e principalmente do seu coração, Zaqueu foi convertido, transformado radicalmente, não por uma ideologia, mas pelas palavras carregadas de verdade, justiça, liberdade e amor, e perdão, que emanavam dos lábios do Senhor por ação do Espírito Santo.
Daquele diálogo saiu agora um homem pacífico, que entendeu que a maior dádiva que existe é ser capaz de amar o próximo e promover-lhe em vez de submetê-lo. O gesto seguinte daquele cobrador de impostos injusto foi de devolver o dobro, até o quádruplo se necessário aos que prejudicara. Zaqueu sepultou o pacifismo e passou a ser um homem pacífico, um filho de Deus.
Este é somente um exemplo que torna concreta as palavras do Papa São Pio X: "Querer a Paz sem Deus é impossível"; no entanto, o mundo se nega a compreender tal verdade, daí ver-se a tentativa de estabelecer um pacifismo entre EUA e Rússia, Palestinos e Israelenses; capitalistas e comunistas..., tudo em vão, pois é um mero acordo de cavalheiros que não se sustenta.
A única possibilidade deste exemplos antagônicos e tantos outros que se ver surgir no século XXI: brancos x negros, homossexuais x heterossexuais..., somente acontecerá em Jesus como está profetizado em Isaías 11, 6-9: "Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e UM MENINO pequeno os conduzirá; a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide. Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte. Porque a terra estará cheia da ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar."
O detalhe negativo é que o inimigo de Deus sabe disso, e ver essa profecia de Isaías cumprida não é a sua intenção; por isso tem levantado ideologias e filosofias totalmente anti-cristãs que mostram o cristianismo não como solução, mas como um entrave para que o pacifismo aconteça e um "mundo melhor" surja sobre a Terra.
Por isso Jesus deixou claro: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada" (Mt 10, 34). Não é que Jesus seja contra a Paz, mas é que o triunfo da "Sua Paz" significa a derrota do mal, e o Mal sabendo disso sempre se levantará de forma violenta como o foi e está sendo até os dias atuais.
Viva, portanto, a verdadeira paz de Jesus e rejeite o pacifismo, mesmo sabendo que talvez um preço tenha que ser pago por tal opção e que Deus nos ajude a sermos perseverantes até o fim.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"Porque Ele disse e tudo foi feito, Ele ordenou e tudo existiu." (Salmos 32, 9)

Existem vários aspectos da ação sobrenatural de Deus no mundo e nas pessoas, mas nada supera o poder da sua Palavra -  não somente a palavra escrita no Livro Santo -, mas a Palavra proclamada, a palavra pronunciada, aquela que proferida é a extensão do próprio Deus.
O Gênesis narra a Criação sempre iniciando com a frase: "Deus disse..." (Gn 1, 3.6.9.11.14.20.24.26.29) e ao que proclamava tudo se realizava, daí o próprio Davi no Salmos 32, 9 declarar: "Porque Ele disse e tudo foi feito, Ele ordenou e tudo existiu." (Salmos 32, 9), porque em Deus existe essa potência capaz de transmutar o invisível em visível, o inexistente em existência...
Ao longo das Sagradas Escrituras constata-se toda a imensa força da Palavra de Deus, a Criação por si só já seria suficiente, no entanto, ao percorrer-se o Antigo Testamento não são poucas as passagens que servem de exemplo. Como não ser tocado pela força desta Palavra quando nos lábios de Elias que ao ser que ao ser mandado por Deus para ser sustentado por uma viúva encontra a mesma em extrema penúria ao ponto de dizer que só possuía um pouco de óleo e farinha os quais os usaria para prepararia para si e para o filho antes de morrerem (I Reis 17, 12), ouve do profeta a seguinte palavra: "Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra." (I Reis 17, 14) e o resultado foi que "A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o Senhor o tinha dito pela boca de Elias" (I Reis 17, 16).  
Como não ser tocado pela força desta Palavra quando nos lábios de Eliseu que ao ser interpelado pelo general sírio Naamã a fim de ser curado de lepra, ouve do profeta a seguinte palavra: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa." (II Reis 5, 10) e depois de relutar resolve fazê-lo e o resultado foi que "sua carne tornou-se tenra como a de uma criança" (II Reis 5, 14).
Agora, quando se adentra o Novo Testamento e se depara como os Evangelhos onde agora está manifesto "o Verbo que se fez carne" (Jo 1, 1), é que se observa a tamanha força da Palavra de Deus. São passagens emblemáticas e que forçosamente nos leva a refletir sobre essa ação extraordinária; é o caso das curas (cegueira, lepra...), Jesus nem declarava uma palavra de ordem - sê curado -, por exemplo, mas como no caso dos dez leprosos (Lc 17, 12-19) apenas ordena "Ide, mostrai-vos ao sacerdote" (vers. 14), e a cura aconteceu; as ressurreições (filho da viúva de Naim, da filha de Jairo, de Lázaro), este último o Senhor apenas fala: "Lázaro, vem para fora!" (Jo 11, 43), e o milagre aconteceu.
Refletir o poder da Palavra do Senhor é refletir o milagre eucarístico que assim como o Senhor proclamou na Santa Ceia sobre o pão e vinho dizendo: "Isto é o meu corpo...isto é o meu sangue..." (Lc 22, 19-20), pela palavra do sacerdote o milagre se repete em cada Santa Missa.
Por que Ele disse, a carne apodrecida do leproso se restaura de forma espetacular, assim como a carne decomposta de um morto; isso significa, biologicamente falando, constatar que células mortas, moléculas já inertes voltam ao funcionamento normal de forma inexplicável; um pão que é puro carboidrato se transmutar em carne, o que significa dizer que agora também contém proteínas, lipídios; água (inorgânica) muda-se em vinho (orgânico), logo, a Palavra de Deus não segue a racionalidade e a regra normal das coisas e por isso são tão grandiosas.
Por estas e outras é que São Paulo diz que ela é "viva e eficaz", em todos os sentidos e por isso "digna de fé", de ser acolhida, vivida e respeitada, recordando-se mais uma vez que aqui faz-se menção não somente ao Livro mas àquela Palavra destacada em Isaías 55, 11: "...assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão."

Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 2 de agosto de 2014

O poder do louvor

Certamente, toda oração chega ao coração de Deus; no entanto, as dificuldades e vicissitudes desta vida nos leva a orar ao Pai apenas com o objetivo de pedir. É bem verdade que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou para todos os fiéis a recomendação de pedir favores a Deus, que é "bom e misericordioso" (Sl 102, 8), como está escrito em Mt 7, 7: "Pedi e se vos dará."; entretanto, Jesus não ensinou somente a pedir, mas o que se observa mais corriqueiramente, é que se a maioria das orações que se faz a Deus são de petições esquece-se que existe, também, uma oração que deveria ter maior destaque nos momentos de intimidade com o Senhor: a oração de louvor.
Na passagem do Salmos 149, 6, Davi diz: "Tenham nos lábios o louvor de Deus...", logo, louvar ao Senhor deveria ser aquilo que de mais constante deveria-se fazer, pois o acordar é motivo de louvor, o lar e a família que se tem são dignos de louvor, o alimento que se põe à mesa é digno de louvor, o trabalho que dá o sustento (mesmo que não seja o ideal!) é digno de louvor, os amigos, a escola, a Igreja, tudo é digno de louvor, o repouso ao final de um dia exaustivo e difícil, mas que foi cumprido com honestidade e correção, é digno de louvor...
E por quê isso? Por que louvar ao Senhor é reconhecer que em todas as coisas Deus age em nosso favor e por isso é digno de ser reconhecido em toda a sua glória, majestade, poder e soberania. O trecho do cântico de Moisés em Deuteronômio 32, 3-4.6 deixa patente essa verdade quando diz: "Por que vou proclamar o nome do Senhor, dar GLÓRIA ao nosso Deus! Ele é o ROCHEDO, perfeita é sua obra, JUSTOS, todos os seus caminhos; é Deus de LEALDADE, não de iniquidade, Ele é JUSTO e RETO. (...). Não é Ele teu PAI, teu CRIADOR, que te fez e te estabeleceu?" Observe-se quantos características de Deus Moisés destaca e louva.
Semelhante a Moisés, as Sagradas Escrituras vão mostrar muitos outras louvores ao Deus Todo Poderoso, por exemplo, o cântico de Ana (I Sm 2, 1-10); o cântico de Davi (II Sm 22, 2-51); o cântico de Judite (Jt 16, 1-17); O Salmo 135 de Davi; o cântico de Sidrac, Misac e Abdênago (Dn 3, 52-90); o cântico do Magnificat de Nossa Senhora (Lc 1, 46-55).
O detalhe é que nestes exemplos dados o louvor brotou nos lábios desses servos e servas de Deus não somente nos momentos bons, onde tudo corria bem, ou num momento de alegria como o de Maria Santíssima que se encontrava em graça por estar a gestar o Salvador; mas brotou, também em momentos de grande adversidade, como na passagem de Paulo e Silas em At 16, 16-26 que narra que os dois após serem presos e julgados injustamente por um argumento mentiroso são condenados a serem açoitados em praça pública e depois jogados num cárcere inferior. Porém, segundo o texto sagrado, "pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os prisioneiros os escutavam. Subitamente, sentiu-se um terremoto tão grande que se abalaram até os fundamentos do cárcere. Abriram-se logo todas as portas e soltaram-se as algemas de todos". (vers. 25-26)
Esta passagem é fundamental para se compreender o poder do louvor, o que acontece a alguém que em vez de lamuriar-se ou lastimar-se bendiz a Deus e deposita Nele total confiança, e recebe como resposta aquilo que nem precisou pedir, pois Deus sabe e conhece cada necessidade do homem. O simples fato de manifestar ao Senhor um reconhecimento agradecido de sua soberania já será o bastante para que os favores se manifestem, pois Deus é fiel e justo.
Agora a pergunta que se faz é: porque nem todo louvor manifesta sua plena eficácia como deste homens e mulheres da Bíblia? Uma possível resposta está em duas passagens da Sagrada Escritura: a primeira é Eclesiástico 15, 9: "O louvor não é belo na boca do pecador...", logo, deduz-se que terá maior eficácia um louvor que sai de um coração puro, reto, santo, justo...característica comum a todos os exemplos acima citados. A segunda passagem é dos Salmos 8, 3: "Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos". Da boca de "pequeninos", ou seja, de todos aqueles que souberam renunciar o orgulho, vaidade, egoísmo, inveja, vontade própria, autossuficiência, arrogância, prepotência...e, reconhecendo seu nada, e infinita majestade do Senhor se rebaixaram, reconhecendo sua insignificância, como o caso de Santa Tereza D'Ávila que se auto descrevia como um "verme", e assim se cumpre as palavras de Jesus que "o que se humilhar será exaltado" (Mt 23, 12).
É o exemplo de São João Batista que dizia: "Importa que Ele cresça e que eu diminua" (Jo 3, 30) que deve ser seguido, pois o louvor flui com poder na vida do que renuncia ao pecado, reconhece sua pequenez, tem a Deus como Senhor, e busca ser cheio do Espírito Santo. Certamente, todo o que assim proceder "verá a glória de Deus" (Jo 11, 40).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ressuscitai para ressuscitar!

Certa vez, Padre Fábio de Melo disse numa pregação a seguinte frase: "Enquanto o Senhor não me concede a capacidade de ressuscitar os mortos, que me dê a capacidade de ressuscitar os vivos!". Não sei qual o mais difícil, pois ressuscitar vivos para Jesus, se lembrarmos da passagem do jovem rico, talvez seja mais complicado.
No entanto, um e outro pode ser possível, e isso é mostrado nessa belíssima e profunda passagem do Evangelho de São João capítulo 11, 1-44 onde Lázaro, irmão de Maria e Marta, amigos de Jesus, acabara de falecer e Jesus tomando conhecimento do seu estado grave decide voltar para ajudá-lo. Detalhe que Ele e os discípulos acabavam de saírem fugidos daquela região, mas o Senhor diz aos discípulos que iria retornar; a lição que o Senhor deixa para nós é que para "ressuscitar" uma vida o risco é necessário.
Ao chegar à cidade Jesus é interpelado por Marta e, logo em seguida, por Maria que lança-se-lhe aos pés e exclama: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!" (vers. 32); creio que essas palavras soaram aos ouvidos de Jesus não como uma lamúria, mas como uma profissão de fé; seria como se Maria tivesse dito: "Se o Senhor tivesse chegado a tempo certamente ele seria curado, pois o Senhor tem poder para fazê-lo".
A sequência do texto sagrado narra que o Senhor foi levado às lágrimas (vers. 35), e mediante aquelas palavras de fé toma a decisão de ir ao sepulcro e dá uma ordem: "Tirai a pedra" (vers. 39). Jesus decidira ressuscitar Lázaro. Ao que retiraram a pedra Jesus ora ao Pai e dá a ordem: "Lázaro, vem para fora" (vers. 43). Jesus tem poder para ressuscitar sem nossa colaboração, mas Ele se faz precisar de nós para o nosso bem e creiamos mais Nele.
Agora, não será possível "ressuscitar" se antes não for ressuscitado, pois a verdade é esta: muitas vidas estão vivendo como verdadeiros "lázaros", cadáveres insepultos, trancados num "túmulo de pedra" e "atados em faixas". O túmulo de pedra são os corações endurecidos, petrificados pelo pecado, por isso que em Ezequiel 36, 26 Deus diz: "Eu vos darei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne". Os inúmeros pecados não confessados endurecem e obscurecem um coração levando aquela vida a adoecer pouco a pouco, perder a fé, distanciar-se de Deus, não desejar tratamento, e por fim morrer.
Quantos estão vivos em corpo, mas mortos na alma, sem esperança, sem fé, sem sentido na vida; até sorriem, brincam, bebem, prostituem-se, mas continuam lá, dentro daquele "sepulcro de pedra", atados em faixas, na escuridão total, sem forças para dali sair. Deus quer fazer algo, mas está impossibilitado de agir; aí que entram os que foram ressuscitados que sabendo da triste situação destes que jazem no "sepulcro" vão aos pés do Senhor como Maria e com a sua intercessão cheia de fé movem o Senhor a agir.
Outros serão como aqueles que retiraram a pedra, como é o caso dos pregadores, dos cantores de Deus, dos sacerdotes, dos ministeriados em cura e libertação, são os que retirarão a pedra para que Jesus dê a ordem "Vem para fora!".
Somos todos, assim, como o Padre Fábio de Melo, chamados a ressuscitar vidas, mas necéssario se faz que se ressuscite primeiro e isso se dá quando reconhecemos perante o Senhor nossos pecados, pedimos perdão, o reconhecemos como Senhor e Salvador, e passamos a seguí-lo fielmente. Seja ressuscitado por Jesus, e leve-o a muitos que necessitam ser ressuscitados, também.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Uma mulher virtuosa, quem poderá encontrá-la? (Pv 31, 10)

O questionamento do autor pode ser interpretado como a procura por algo que se mostra escasso, mas que ainda existe.  Não se mostra diferente nestes dias a realidade de que a mulher, como nos tempos bíblicos,  no que tange à virtuosidade feminina, é algo cada vez mais difícil de se observar.
No período em que o Provérbio foi inspirado talvez a dificuldade de se encontrar tais mulheres virtuosas possa ter como causa a influência de povos pagãos que levaram o povo de Israel a impregnar-se de suas más condutas, o que para Deus era tido como abominação. Logo, não seria impossível a constatação de que as mulheres israelitas se tivessem deixado influenciar pelo agir de mulheres destes povos estranhos.
Agora, quando se trata da mulher deste tempo, principalmente dos séculos XX e XXI, estas tem tido sua postura e comportamentos transformados sistematicamente pela ação deliberada de um movimento que tem seus primórdios na década de 1950 do século XX, impulsionado pelos escritos de várias intelectuais (uma delas a francesa Simone de Beauvoir), conhecido como feminismo.
A princípio este movimento combatia a situação de exploração e submissão cruel da mulher pelo homem, principalmente no ambiente familiar, passando, assim, a engendrar esforços no sentido de que essa situação absurda fosse superada, aliada ao fato da mulher ser alijada da igualdade de condições com o homem em outros aspectos da vida social, como o trabalho, por exemplo.
No entanto, a partir da década de 1970, o feminismo partiu para uma etapa muito mais radical que visava, e visa até hoje, transformar a mulher por completo, passando, agora, não somente a defender a igualdade de sexos, mas proporcionar a supremacia da mulher sobre o homem.
Para isso, teorias e idéias das mais variadas e absurdas foram surgindo nestes últimos quarenta anos, entre elas a principal está relacionada à revolução sexual onde a mulher sai da condição de “feita para casar e ter filhos, mulher de um homem só”, para ter direito de usar de sua sexualidade com quantos quiser, e sem necessariamente uma obrigação matrimonial nem materna.
Esse é somente um dos aspectos da perversão moral pela qual vem passando a mulher nestes tempos levando ao triste dado de quase cinco décadas após Woodstock, que seria o ponta-pé inicial da barbárie, e que hoje é fato: as mulheres estão muito mais violentas (envolvidas em brigas, mortes, agressões, etc.); muito mais viciadas (aumenta em escala exponencial o número de mulheres viciadas em álcool, cigarro e drogas) e, por fim, estão muito mais promíscuas (tendo sua primeira experiência sexual cada vez mais cedo, relações fortuitas com cada vez mais parceiros (homens e mulheres)).
Diante desta triste realidade a pergunta do autor bíblico é mais que oportuna, e necessária, visto que as próprias mulheres (não em sua maioria), nem fazem questão de sê-las. Porém, este é o desejo de Deus para todas elas, pois a virtuosidade não é um mero ufanismo, mas um aspecto de grande relevância visto que o autor bíblico no mesmo versículo 10 completa: “Superior ao das pérolas é o seu valor.”
Logo, Deus deseja imprimir em cada mulher um “valor” maior e isto acontece a partir do instante que estas se deixem por ele ser moldadas assim como fez com tantas que se destacam nas Sagradas Escrituras (Jocabede, Sara, Ana, Rute, Ester, Judite, Maria irmã de Lázaro, Maria Madalena e Maria Santíssima, modelo maior)  para mostrar que ser virtuosa é possível basta guiar-se pelo que o Senhor ensina, e não pelo que movimentos com idéias terríveis tentam infundir onde não alçam a mulher a um patamar de dignidade como Deus quer, mas a lançam ao nível mais baixo de moral, caráter e princípios.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

"Vinde, voltemos ao Senhor..." (Oséias 6, 1; Lc 15, 11-24)

Cá estou,
Em tão horrendo lugar,
Cá estou,
Na lama a chafurdar,

Eu pequei,
A minha herança pedi,
Eu pequei,
Minha liberdade excedi,

Estava errado,
A casa do pai recusei,
Estava errado,
No mundo me aprisionei,

Sofrimento e dor,
Foi tudo o que senti,
Buscando prazeres constantes,
Até que tudo perdi,

Agora arrependido,
Quero ao pai retornar,
Agora arrependido,
Vou me reconciliar,

Nos braços do Pai,
Encontrarei amor e perdão,
Tudo o que não tive,
Na casa do mal patrão,

Voltei ao Pai,
Nova vida ganhei,
Voltei ao Pai,
Não mais o abandonarei.

sábado, 7 de junho de 2014

"Faça valer a pena!"

Na catequese estava a abordar a missão de Moisés quando me veio, acredito que por inspiração do Espírito Santo, a lembrança daquele maravilhoso filme de Steven Spielberg "Resgate do Soldado Ryan"; e por quê?
Moisés foi um homem que recebeu uma missão de Deus de libertar o povo hebreu que jazia num duro cativeiro no Egito há pelo menos quatrocentos anos. Deus ao abordá-lo naquela passagem da sarça ardente (Ex 3, 1-4) dirige-se a ele dizendo " Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, Eu conheço seus sofrimentos" (Ex 3, 7)", e revela a Moisés a sua intenção: "...E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel..." (vers. 8); e, por fim convoca Moisés: "Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo" (vers. 10)". Moisés reluta, mas aceita o chamado e cumpre a missão.
A missão de Moisés é uma pré-figuração da missão do próprio Jesus que chamado pelo Pai para ir ao "Egito", egito que metaforicamente é lugar de dor, sofrimento, tristeza, opressão, angústia, escravidão..., logo, este "egito" na verdade é cada pessoa, cada vida, que ao entregar-se ao pecado vê-se neste lugar de opressão tendo um "faraó" (satanás) como responsável por tal situação, sendo, assim,  necessitado de resgate e libertação.
Jesus no seu infinito amor aceita a missão, paga o "preço" de cruz e propicia este resgate de toda a humanidade. Logo, assim como o capitão John Miller que aceita a missão de ir ao encontro do soldado Ryan o encontra, o resgata, mas no entanto, é ferido e morre. Porém, antes de dar o último suspiro deixa uma recomendação ao soldado: "Faça valer a pena!". É bem verdade que o final do filme onde Ryan está diante do túmulo do capitão John deixa entender que fez valer a pena ao constituir uma família e, provavelmente, ter desfrutado da liberdade que ganhou, sem no entanto, um fazer menção ao aspecto espiritual.
Todavia, se Jesus no alto do madeiro, em vez de proclamar: "Está tudo consumado" (Jo 19, 30), dissesse "Façam valer à pena", seria, então, para que toda a humanidade compreendesse, e que afinal é a proposta do Evangelho, que como discípulos do Senhor Jesus, somos chamados a ser um "capitão John" de ir ao "egito" de cada vida, não sozinho, mas tendo ao lado o General Jesus, visto que lá estará o "faraó", e assim pelejar pelo resgate destes filhos de Deus aprisionados pelas correntes do pecado.
É uma missão que não se mostra fácil, e incorre na possibilidade de ser vitimado nesta batalha, e Jesus não oculta esta possibilidade como se vê em Mateus 10, 39 onde diz: "Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontra-la-á". Logo, Jesus deixa claro que existe um risco, mas deixa claro que existe um prêmio.
Somos assim "Ryans" que um dia foram resgatados pelo sacrifício de Jesus e que temos que fazer valer a pena, que é resgatar vidas para Jesus. Todos os grandes heróis e heroínas da fé cristã compreenderam isso, e que o Espírito Santo também nos faça compreender, também!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A palma da mão ou a sola do pé?

A Palavra de Deus em Isaías 49, 16 diz: "Eis que estás gravada na palma das minhas mãos...", assim, todo o que se torna cristão, sendo, então, "configurado a Cristo" (CIC, 1272), é reconhecido como filho de Deus e Dele merecedor de seu amor, sua misericórdia, suas benécies, e, também, de suas provas e repreensões.
Ter o nome escrito na palma da mão de Deus é refletir no fato que mãos servem para abençoar (Gn 1, 28; Mc 10, 16; Lc 24, 50...), para curar (Mt 8, 3), para erguer (Lc 14, 4)), entre outros, assim como também serve para fazer justiça.
Agora, dedução minha, o que parece ocorre é que: Deus ao escrever nosso nome na palma de sua mão, o inimigo de Deus escreve o nosso nome na sola do pé, em virtude de se observar como este visa a massacrar sem piedade àqueles que aprisiona pelo pecado.
É notório observa com poucos exemplos como aqueles que se entregam ao pecado são massacrados pelo inimigo, caso dos que enveredam pelos vícios (drogas, pornografia, sexo desregrado, violência...) observe-se como para a grande maioria o fim destes é triste e lastimável. Tudo isso por que o inimigo olha para cada filho de Deus e vê a imagem de Jesus, a quem odeia com todas as forças (Jo 17, 14), logo, todo ser humano será alvo do ódio de satanás.
Assim, ao ser apanhado pelo "laço do caçador" (Sl 90, 3) ver-se-á em pouco tempo sendo "espezinhado" sem dó nem piedade, por isso que Jesus ao usar a metáfora da ovelha desgarrada (Lc 15, 1-6) que é trazida nos ombros e tem suas feridas cuidadas, mostra que ao cair em mãos inimigas as marcas deixadas serão profundas tanto físicas, como emocionais e psíquicas; no entanto, muitos ainda preferem enveredar pelo arriscado caminho de brincar com o pecado mesmo sabendo que incorre em risco grave.
Olhar para a cracolândia é um exemplo disso. Brincaram com o "leão que ruge" (I Pedro 5, 8) e foram agarrados; caíram no laço e foram aprisionados, e a visão concreta que se mostra a todos nós não é nada perto do que acontece espiritualmente. Santa Tereza D'Ávila tinha este dom: ver o que se passava no mundo físico e espiritual ao mesmo tempo, e outros santos também o tiveram, no entanto pode-se inferir que se o que se vê com aqueles homens e mulheres na cracolândia ao nível dos olhos físicos já é de entristecer o coração de qualquer cristão que tem Deus e sofre a dor do próximo, imagine se se tivesse "olhos espirituais".
Por isso que Jesus não poupou suas forças nem sua vida para buscar redimir e resgatar os filhos de Deus de tão grande lástima, pois sabe Ele e deveríamos nós, também, reconhecer que somente Nele estamos a salvo, visto que foi o próprio Senhor que afirmou: "Eu lhes dou a vida eterna: elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão" (Jo 10, 28).
Infelizmente, é triste observar que tantos se lançam decididamente ao sabor das suas próprias vontades renegando a segurança da "palma da mão" de Deus para optar pelo sofrimento da "sola do pé" do inimigo, algo que o chamado neopaganismo cultua terrivelmente e tem arrastado muitos para esta triste realidade.
Deus por meio do seu Filho Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo faça muitos acordarem, despertarem para esta realidade que Jesus já deixou claro no seu Evangelho: "Todo homem que se entrega ao pecado, é seu escravo" (Jo 8, 34), caiam em si como o filho pródigo, arrependam-se, clamem por Jesus que é o único que pode libertar um escravo do jugo do inimigo (Jo 8, 36) e trazê-lo para a segurança de suas mãos e dos seus braços acolhedores.
Tome esta decisão, você que se encontra nesta segunda realidade, clame a providência divina e seja muito mais feliz com Jesus! Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 18 de maio de 2014

“Operários do Amor de Deus”

As abelhas, ainda quando larvas, não possuem distinção entre si. No entanto, quando chegam a fase adulta, farão parte de uma das três castas (classes) existentes: rainha, soldado ou operária.
Apesar de possuírem funções diferentes – a primeira de procriar (gerar vida), a segunda de defender e a terceira de realizar as demais tarefas – apresentam um aspecto que é maior que suas individualidades e as tornam tão unidas: o bem comum, o bem de todos.
No entanto, sabe-se que sempre haverá aqueles que terão de colaborar com um esforço maior, e neste caso trata-se das operárias. Este grupo tem a tarefa de cuidar da “casa” (colméia), dos “bebês” (as larvas), e da “chefe” (rainha); além disso, são as responsáveis por buscar o alimento, prepará-lo e distribui-lo a todos.
 Observando tal fato surge a pergunta: O que move, então, as operárias a realizar tais tarefas, sabendo que essas são contínuas e incessantes, e até a sua morte? A Biologia responderá dizendo que isto é fruto de uma programação genética, ou seja, isto já está pré-determinado e elas executarão sem objeção.
Quanto ao ser humano podemos observar quase que a mesma coisa, pois também fazemos parte de uma grande “colméia” (a Igreja) onde existe uma “rainha”, na verdade, um Rei (Jesus), existem “soldados” (o Clero) e existem “operários” (os leigos), cada um com a sua tarefa: o Rei gerando vidas pela graça e pela fé; os soldados defendendo o depósito da fé, e os operários servindo aos dois primeiros, além de ir buscar as “abelhas” desviadas e trazê-las de volta à “colméia”.
A missão do operário também deve ser contínua e incessante, e até a morte; porém, ao contrário das abelhas não se nasce pré-programado a realizar tais tarefas, mas é necessário ser ensinado sobre a obrigatoriedade de exercer tal ofício. No entanto, somente o ensino não será suficiente, mas será necessário algo que impulsione este operário a querer realizar tão árduo e fatigante trabalho. E que “algo” é esse? Esse algo é o AMOR! Mas não qualquer amor, mas o AMOR DE DEUS; amor que como descreve São Paulo em I Cor 13 é paciente, é bondoso, não se envaidece, não é orgulhoso, não espera retribuição, que serve ao próximo não pela aparência, mas pela sua essência (por ser imagem e semelhança de Deus).
A abelha operária não faz por amor, mas o operário da vinha do Senhor, sim; e se a messe ainda carece de operários é porque o amor ainda é pouco, pois “o que pouco ama, pouco serve”; mas “o que muito ama, muito serve”, e isso se potencializa cada vez mais quanto mais se doa a partir do momento que percebe que existem necessitados de conhecer e experimentar este amor, inclusive nós mesmos.
Conscientes, então, de que é o amor de Deus que nos impulsiona a realizar este labor, mesmo contra a nossa vontade humana, como e onde experimentar este verdadeiro amor? A Palavra de Deus dá a resposta em Romanos 5, 5 onde o Apóstolo São Paulo diz que “o Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
É o Espírito Santo, o Paráclito (auxílio), que cada operário necessita para que nos convençamos que precisamos deste amor, e o temos por que Deus é um Deus que não nos abandona; e que precisamos levar este amor, fonte de salvação e ressurreição, para muitos que se encontram “mortos” na esperança e na fé.
Seja, então, pelo auxílio e força do Espírito Santo esse operário do amor de Deus; “abelhinhas” incansáveis em servir ao grande Rei Jesus para a honra e glória do seu Santo Nome.

terça-feira, 13 de maio de 2014

"Quem odeia seu irmão é assassino" (I Jo 3, 15)

Os noticiários dos últimos dias preenchem as telas de nossas TVs com uma modalidade de crime que, diga-se de passagem, não é algo novo, mas que passou a ser quase que corriqueiro, infelizmente. Trata-se dos vários casos de linchamento.
Primeiro o da senhora confundida com uma sequestradora de crianças que foi vitimada por uma falsa notícia propagada em um site e o resultado do triste acontecido: uma inocente barbaramente espancada e morta, um marido só e dois filhos órfãos de mãe; agora, o caso de outra senhora que, segundo dizem, por causa de um pacote de biscoitos, foi sequestrada e, também, barbaramente torturada e morta e o resultado do triste acontecido: cinco filhos órfãos.
São João foi de certo, assim mostram o seu Evangelho e suas Cartas, o apóstolo que mais entendeu que a missão de Jesus tinha como princípio fundamental a promoção, a dignificação, o resgate moral e espiritual do próximo. São João, principalmente na sua Primeira Carta deixa essa realidade patente quando no trecho de I Jo 4, 20 afirma: "Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê".
Nesta mesma Primeira Carta no capítulo terceiro, no versículo 14,  o apóstolo faz uma afirmação digna de reflexão: "Nós sabemos que fomos transladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte." São João deixa evidente que o verdadeiro, o real sentido de ser convertido (deixar o pecado (morte) e passar (ser transladado) a ser de Cristo (Vida), não é ter visões, grandes revelações, proclamar profecias, mas compreender que amar o irmão é condição necessária para quem está verdadeiramente em Jesus. Portanto, não existe verdadeira conversão se não há amor ao próximo, por isso que o apóstolo São Paulo afirma em I Cor 13, 3: "Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que eu entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!".
"Se não tiver caridade", se não tiver o amor de Deus, aquele que é "derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5), será mero ato para "aparecer", para auto-promoção, enquanto que quem deve ser promovido deve ser o irmão; Jesus não disse "Pai perdoa-lhes, por que não sabe o que fazem" (Lc 23, 34) para auto-promover-se, mas para promover, principalmente aqueles que o "lincharam" da forma mais vil.
Portanto, só existe verdadeiro sinal de transformação, se se aprende que o irmão é esta mediação necessária entre eu e Deus. Assim, ao desprezar o irmão ele torna-se objeto potencial de minhas fraquezas humanas, e até da minha desumanidade, logo, eu me torno um potencial assassino, e foi isso o que São João quis dizer: "Quem odeia seu irmão é assassino". E foi o ódio, a ausência de Deus, o desprezo ao irmão por não ver nele a imagem e semelhança do Criador que suscitou esses dois casos extremos aqui citados, assim como os tantos que já existiram, e também, os que infelizmente virão a ocorrer.
Essas duas senhoras, assim como tantos outros, são, portanto, a realidade evidente de uma geração de pessoas que ao abandonarem a fé (apostasia), abandonarem os caminhos do Evangelho, e se entregarem às suas concupiscências afundam-se na "lama dos porcos" como o filho pródigo. O desprezo do outro é um passo perigoso para a auto-destruição e aniquilação, basta ver o que está acontecendo perigosamente na Síria e na Ucrânia: são compatriotas, nascidos na mesma terra, falam a mesma língua, professam a mesma crença, mas não se identificam uns com os outros, não se reconhecem como irmãos, logo, passam a se odiarem e por fim a se matarem.
Deus livre o Brasil deste tipo de caos; que como a maior nação cristã do mundo dobremos os nossos joelhos em oração e clamemos ao Pai para que o nosso país seja um lugar de pessoas que se reconhecem como seres especiais única e exclusivamente por serem imagem e semelhança de Deus e por serem "preciosos aos seus olhos" (Is 43, 4), e por isso, serem dignas de todo respeito.
Que o sangue inocente dessa senhoras não seja nas mãos de satanás uma oferenda para que outras barbáries se sucedam, mas sejam nas mãos do Senhor Jesus um clamor por um tempo de paz e reconciliação nesta terra de Santa Cruz.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 16 de março de 2014

Carne e Espírito: inversamente proporcionais

Aprende-se ao estudar Física que existe no nosso cotidiano eventos como velocidade e tempo que são grandezas inversamente proporcionais, ou seja, se um aumenta o outro diminui, e vice-versa; assim, se eu quero chegar em determinado local em mais rápido, terei que, obrigatoriamente, aumentar a velocidade e assim diminuir o tempo.
As Sagradas Escrituras mostram que existem duas realidades em nós que são inversamente proporcionais: a carne e o espírito. O Apóstolo São Paulo é quem mais fez menção a essas naturezas e a impossibilidade de entendimento entre as mesmas, deixando claro que valorizar uma significará subjugar a outra; e isto está evidenciado, por exemplo, na passagem de Romanos 8, 3-6: "O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito. Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz."; também na passagem de Gálatas 5, 16-17 onde diz: "Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis."
Essas duas passagens são esclarecedoras: se valorizo um, desvalorizarei o outro; daí a importância do jejum neste período quaresmal, pois através dele submeto a carne e seus apetites, ou seja, quando me proponho a subjugar aquilo que me prende, e até escraviza, como bebedeiras, prostituição, vícios, dependência do que quer que seja, principalmente, quando esses apegos excessivos bloqueiam minha intimidade com Deus. Logo é fato: o apego à carne deixar triunfar o pecado. A quaresma, então, é uma proposta de uma reaproximação com o Senhor, é um meio de buscar fazer com que o espírito triunfe. Nesta ótica, o jejum torna-se, assim, apropriado para este período.
Na passagem do Evangelho de São Mateus 6, 16 quando Jesus ensina: "Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.", está implícito que Ele fala da abstenção de alimentos, no entanto, a Igreja propõe que neste tempos modernos, faça-se jejum de outras coisas como, por exemplo, novelas, internet, celular, computador, etc., porém, tendo-se na mente que é um propósito de libertação daquilo que prende, vicia, escraviza, com o intuito de valorizar o espírito, e por conseguinte, aproximar-se de Deus e ter intimidade com Ele.
Primar pelo espírito requer empenho, sacrifício, penitência, daí o auxílio necessário da oração e do Espírito Santo, pois nossa vontade humana, somente, é incapaz de realizar tal libertação; daí a necessidade de se utilizar este tempo de quaresma como proposição inicial neste caminho de conversão que entre outras coisas é a renúncia ao excessivamente carnal em favor do indispensavelmente espiritual.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

“Conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4, 3)



A necessidade da unidade é parte obrigatória para o êxito de determinado projeto, seja ele em que área for: familiar, profissional, enfim, em todas as àrea, inclusive na espiritual. Por isso que Jesus na sua oração última com os discípulos (oração sacerdotal), antes de ser preso e morto, faz um pedido ao Pai: “Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, com nós somos um: Eu neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.” (Jo 17, 22-23).
O Senhor é taxativo quando mostra que o caminho do êxito da missão passa pela unidade. E não é uma unidade mais ou menos, tem que ser uma unidade “perfeita”. E por que isso? Por que o mal trabalha em unidade, e isto está em evidência na passagem de At 4, 27-28 na oração de São Pedro: “Pois, na verdade, se uniram nesta cidade contra o vosso santo servo Jesus, que ungistes, Herodes e Pôncio Pilatos com as nações e com o povo de Israel, para executarem o que a vossa mão e o vosso conselho predeterminaram que se fizesse.” Este trecho bíblico não deixa dúvidas que o mal se une para combater contra Jesus e os seus, daí o povo de Deus também ter de andar em unidade.
Antes de Pentecostes esta unidade ainda não era evidente entre os discípulos, basta lembrar a passagem em que a mãe de Tiago e João pede privilégios para os filhos (Mt 20, 21) o que irritou os demais; existe, ainda a passagem da primeira aparição de Jesus após a ressurreição onde Tomé não estava entre os demais (Jo 20, 24)  porque já não cria nas promessas do Senhor; também mostra a falta de unidade a passagem que fala de Judas Iscariotes onde este é chamado de ladrão (Jo 12, 6).
No entanto, após Pentecostes o que irá se observar? O texto de At 4, 42-47 em um primeiro momento fala que “todos os fiéis viviam UNIDOS...” e em outro momento diz que todos estavam “UNIDOS de coração...”, e o responsável por isso era o Espírito Santo. Logo, a UNIDADE da Igreja, do Movimento da RCC, dos grupos de oração, não poderá acontecer de forma “perfeita” senão pela ação do Espírito Santo.
O Espírito Santo é indispensável por quê? Por que essa unidade pode até ser buscada pela via do empenho humano, no entanto, satanás pode destruí-la facilmente, basta plantar uma inveja, uma discórdia, uma palavra sem discernimento, e esta unidade vem abaixo. Agora, quando esta é buscada com o auxílio do Espírito Santo não há investida maligna que a possa destruir, pois o Espírito Santo irá sempre trabalhar para que as invejas, as discórdias, as atitudes que possam romper essa unidade não prevaleça. Jesus, certamente, foi auxiliado pelo Espírito Santo para contornar a situação instalada no grupo pela proposta da mãe de Tiago e João.
Quando a Igreja, o grupo se une pela ação do Espírito Santo caem por terras divisões, confusões, brigas, contendas, invejas, partidos, tudo que é fruto da carne como está descrito em Gl 5, 19-21; unidos no Espírito o grupo tem força para enfrentar o mal e as perseguições como se vê na passagem de At 4, 29-30 e At 12, 11-12.
Essa passagem da libertação de Pedro é pertinente, principalmente, quando se fala de liderança. É tido e sabido que, para se destruir um grupo, basta destruir o “cabeça”, o líder. Por isso que a unidade nasce da necessidade de se preservar a liderança, no entanto, ao contrário disso, o que se vê são grupos indo à ruina por que irmãos se unem, não para defender e lutar para que o líder se mantenha de pé, mas para que caia e não se levante mais. Esta é uma prova clara que o Espírito Santo não está guindo estas pessoas, mas somente a carne, somente a vontade humana.
Sabe-se, portanto, que a UNIDADE no Espírito Santo é fundamental, agora, ela se fortalece, segundo mostra o Apóstolo São Paulo, “no vínculo da paz”. Sabemos que o que une um tijolo ao outro é o cimento; desta forma, o “cimento” que sela e faz tornar-se forte a unidade é a paz. São Paulo era consciente que um grupo de pessoas batizadas no Espírito Santo não perdem por completo certas características particulares, logo atitudes e ações provocam antipatia, mal estar, daí o apóstolo exortar a necessidade de “suportar” (Cl 3, 13) uns aos outros.
Quando cada um busca estar em paz com o outro a unidade aflora, o Espírito Santo age com maior força e a graça de Deus se manifesta com toda intensidade. Foi assim na Igreja primitiva, foi assim nos primeiros séculos, foi assim diante das tantas perseguições e será assim até a volta gloriosa do Nosso Senhor Jesus Cristo. Como exortava São Paulo aos Coríntios: “Por fim, irmãos, vivei com alegria. Tendei à perfeição, animai-vos, tende um só coração, vivei em paz, e o Deus de amor e paz estará convosco” (II Cor 13, 11).