O chamado missionário trás em
si algumas exigências das quais uma está destacada pelo Senhor Jesus no seu
diálogo com os discípulos na última ceia: gerar frutos. Mas não somente isso,
que esses “frutos” permaneçam, persistam, não se degenerem.
Quando o Senhor declara: “Eu vos constituí para que
vades e produzam muitos frutos. E que o vosso fruto permaneça”, Jesus impõe uma
exigência que há muitos passa despercebido, ou se não, é tratada com pouca
seriedade, visto que o desejo explícito do Senhor é que não apenas se “pregue o
Evangelho a toda criatura” (Mt 16, 15), mas que essa pregação gere,
verdadeiramente, uma conversão perene, com mudança total, com a substituição de
“homem velho” para “homem novo” (Cl 3, 10).
Assim, não é suficiente a Jesus um anúncio que não
produza mudança radical, adesão sincera e imutável a Ele, conversão que não
“olha para trás” (Lc 9, 62), desta forma, o Senhor não se contenta com uma
evangelização estéril, que não gera vida em abundância no outro, que não retira
da pocilga os “filhos pródigos” deste mundo.
Quem bem entendeu esta palavra de Jesus foi o
apóstolo Paulo em 1 Cor 3, 9-15 quando diz no versículo
12 e 13: “Agora, se alguém edifica este fundamento, com ouro, ou com prata, ou
com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um
aparecerá”. Ora, São Paulo ao afirmar que só existe um fundamento, Jesus
Cristo, agora a “edificação” (o homem), ou seja, a obra que se edifica e com
que material se edifica é que é o importante, pois claramente ele faz menção à
qualidade do material utilizado.
Observa-se que o Apóstolo vai do melhor material: o
ouro, ao mais insignificante: a palha, e que a prova de que a edificação foi
realizada com melhor ou pior material é o fogo da provação. Logo, subtende-se
que ouro, prata, pedras preciosas terão maior resistência, enquanto que
madeira, feno e palha, certamente, não resistirão. Isso vem, então, deixar
patente que o “fruto” que permanecerá será aquele que foi gerado com o melhor
dos materiais.
Logo, a pregação, que gerará “edifícios de ouro,
prata ou pedras preciosas” é aquela realizada por aquele (a) que tem sua vida
totalmente mergulhada em Cristo, que assim como o próprio São Paulo afirma “Eu
vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.” (Gl 2, 20), uma presença
plena de Jesus nas atitudes, nas palavras, nas ações, que se observa na vida de
tantos outros santos e santas, mas que também está na vida de outros que não
necessariamente estão na glória dos altares.
Estas pessoas tinham a plena consciência que levar
Jesus ao outro não é um fazer por fazer, um ir por ir, correndo o risco de
produzir uma obra de má qualidade, ou nem mesmo produzir coisa alguma. Os “edificadores”
cujos “frutos” permanecem são os que empenham todo o amor recebido de Jesus em
benefício daqueles que necessitam experimentar deste mesmo amor.
Os “edificadores” cujos “frutos” permanecem nunca
abrem mão da verdade, da fé e da caridade; da vida de oração e da intimidade
com a Palavra de Deus; de ter ao Espírito Santo como auxiliador na sua missão;
da consciência que uma pregação ungida edifica, suscita fé e impulsiona aquele
(a) que a ouve a dar um passo na direção de Jesus e de uma mudança de vida.
Um anúncio não pode se contentar com um resultado
pífio onde um ou outro toma uma decisão e que pouco tempo depois será visto
vivendo a mesma vida de pecado de outrora, mas deve ansiar por alcançar a
muitos e testemunhar todos perseverando, firmes no propósito de que haja o que
houver não retrocederão, pois a opção por Jesus é definitiva.
Deus te faça um servo (a) produtor de “frutos”
permanentes para a honra e glória do Senhor Jesus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.