terça-feira, 25 de abril de 2017

Famílias, venham para fora!

Findou-se mais um tempo Pascal, um tempo propício de reflexão, oração e tomada de decisão por uma mudança de vida, uma decisão por conversão.
Toda a cristandade é conclamada a viver este tempo com intensidade e propósito sincero; no entanto, o que mais se observa são cristãos que chegam ao Domingo de Páscoa da mesma maneira que antes da quarta-feira de cinzas: descompromissados, despreocupados, desinteressados no rumo a que tem dado à sua própria vida, e assim, um período que deveria ter sido aproveitado com toda intensidade é relaxado e menosprezado.
Desta forma, o que se continua a observar são homens e mulheres, jovens e adultos, famílias em geral chegando ao Domingo da Ressurreição vivendo a triste realidade dos seus “sepulcros” pessoais. Por isso ser a passagem da ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1-46) tão emblemática e carregada de significados, e que refletidos com seriedade e abertura de coração mostra, no fundo, uma realidade espiritual por que passa a quase que totalidade das nossas famílias.
A passagem do Evangelho mostra uma família que passa pela triste realidade da perda de um ente querido: Lázaro, aquele que Jesus amava (Jo 11, 36) que agora se encontra insepulto no sepulcro de pedra, frio e escuro, vedado por uma grande pedra e atado em faixas.
A reflexão tem início, então, a partir da causa mortis. O que o vitimou? O texto não faz menção ao personagem especificamente, mas quando se amplia a visão e mergulha-se na profundeza do significado espiritual da morte de qualquer ser humano, que não se trata aqui no sentido apenas biológico, mas da alma, encontra-se uma única causa, uma única razão.
A causa, a razão desta morte não é outra senão aquela para qual Nosso Senhor Jesus Cristo veio para ser remédio: o pecado. O pecado que adentrou no mundo por nossos primeiros pais (Adão e Eva) como diz São Paulo em sua Carta aos Romanos: “Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano.” (Rm 5, 12), e por meio deste o inimigo de Deus tem abatido muitas vidas.
Porém, qual o itinerário até um tal fim? A resposta está na própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: o homem cai na sedução do inimigo, vende-se a ele pelas “trinta moedas” (os prazeres, as paixões, as concupiscências...), aprisionado viverá as torturas que uma vida de pecado irá trazer (dores, angústias, choro...), o pecado trará o escárnio, a zombaria, a troça, a humilhação, e depois de muito penar, a morte.
Morto, então, espiritualmente falando, Jesus não age, pois o coração que deveria ser para amar a Deus, adorá-lo como um templo santo, tornou-se um “sepulcro” de pedra, frio e escuro, vedado por uma grande rocha onde ali jaz um “lázaro” sem vida, que não ama a Deus, nem ao próximo, muito menos a si mesmo.
Este “sepulcro” são famílias na pessoa de um pai, ou de uma mãe, ou de filhos ou de todos juntos. Todos ali, inertes, já cheirando mal, que bem poderiam como o filho pródigo entrarem em si mesmos, refletir e concluir: pequei! Vou voltar ao meu Pai! E neste choque de realidade utilizarem-se deste tempo Pascal para um propósito de ressurreição, porém, não se arrojam em tentar.
Mas que bom que Deus na sua infinita misericórdia se utiliza de outros instrumentos para realizar sua obra salvífica, pois, como diz a Escritura no livro da Sabedoria: “Deus não é o autor da morte; a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma.” (Sb 1, 13); e assim, ele se utiliza das “martas” e “marias” que fizeram seu clamor chegar a Jesus levando-O a declarar aos discípulos: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo” (Jo 11, 11).
Essas “martas” e “marias” são qualquer um deste núcleo familiar, ou mesmo amigos próximos que elevando seu clamor ao Deus que tudo pode, move-o de compaixão (Jo 11, 34) levando-O a decidir: “Tirai a pedra” (Jo 11, 39), pois o Senhor age mediante a moção do seu povo; e a missão de todo cristão é colaborar para que a “pedra” dos “corações sepulcrais” seja rolada para que o Deus da vida aja, e esta ação vem pela sua Palavra que determina: “Lázaro vem para fora!” (Jo 11, 43), pois aqui se faz concreta a palavra profética de Jesus aos fariseus quando dizia: “Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão.” (Jo 5, 25)
Mediante a ordem dada Lázaro ressuscita, e sai atado em suas faixas às quais o Senhor pede que lhe as retirem (Jo 11, 44) para que livre esteja. Assim, acontecerá às famílias que se encontram sepultadas em virtude do pecado do egoísmo, do individualismo, do materialismo, do hedonismo, da vaidade e orgulho, da apostasia... Ao ouvirem a Palavra que devolve a vida, que diz com voz forte: famílias, vinde para fora!, ressuscitarão para uma vida nova, transformadas, onde dali em diante nenhum outro tempo Pascal será mais desperdiçado, mas vivido intensamente, para que a glória de Deus se faça presente mais e mais.
Jesus Cristo vivo e ressuscitado seja a ressurreição para todas as famílias.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Solo, água, semente...uma boa colheita!

A salvação de Deus, que quer alcançar cada pessoa, e a humanidade inteira, para que aconteça requer as condições e os elementos ideais afim de que se dê a contento.
As Sagradas Escrituras, seja no Antigo Testamento, seja no Novo Testamento, deixam essa necessidade evidente, e isso se faz perceber em muitas passagens, principalmente dos Profetas. Ainda no Patriarca Abraão já se faz ver essa imperiosidade das condições ideais para que uma obra restauradora se concretize, e isso se percebe quando diz a Abraão: "Deixa a tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar." (Gn 12, 1)
Deus mostra que seu plano salvífico passa pela necessidade de um ambiente propício à sua ação, e que não pode ser uma "terra ruim", um solo não agradável, onde, no caso de Abraão o lugar que habitava era marcado pela idolatria e paganismo, ainda que ele não o fosse.
O mesmo se observa com Moisés quando ao receber o mandato de Deus de retirar o povo israelita do cativeiro do Egito conduzi-os para uma "terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel" (Ex 3, 8), a terra prometida, ou seja, uma terra nova, um solo propício, sem a influência da idolatria e do paganismo, um lugar onde um só Deus seja adorado e reconhecido.
O Pai necessita de um solo adequado para realizar o que deseja: fazê-lo fértil e produtivo, frutuoso. Para isso, este solo deve ter os elementos necessários à sua fertilidade, e dentre eles, a água.
Um solo ressequido, estéril não tem condições de produzir; e por isso que na passagem de Is 44, 3 Deus diz: "Porque derramarei água sobre o solo sequioso, eu a farei correr sobre a terra árida...". Este solo sequioso, esta terra árida, não é outro senão o coração de cada homem bem como a sua alma, que em virtude do pecado, mais e mais se ressecam e inviáveis à ação de Deus, ao amor de Deus, se tornam.
No entanto, na profecia Ele promete derramar água sobre estes "solos" inviáveis e esta "água" não é outra senão a "água viva" (Jo 4, 10): Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, Aquele do qual fez menção aos discípulos que "se Eu não for o Paráclito não virá" (Jo 16, 7); daí na sequência da profecia de Isaías, no versículo 4 Deus dizer: "derramarei meu Espírito sobre tua posteridade..."
É o Espírito Santo a "água" que vem tornar todo solo sequioso livre do pecado da idolatria e do paganismo, e de todo e qualquer outro pecado que tornava o "solo" deste coração, desta alma impossibilitado, passando-o a torná-lo, agora, apto a receber a semente da Palavra de Deus como ensina Nosso Senhor Jesus Cristo em Mt 13, 1-23.
Naquela parábola do semeador, Jesus ensina que a semente só renderá bons frutos na terra boa, aquela livre do pecado e que se torna receptiva ao Espírito Santo; por isso a necessidade de mais e mais se deixar conduzir, regar, por esse Espírito, pois é Ele que convence do pecado (Jo 16,8), que derrama o amor de Deus nos corações (Rm 5, 5).
É esse mesmo Espírito Santo que leva a aceitar Jesus como Salvador, que suscita a fé (1 Cor 12, 9) e promove conversão, o que fará esse "solo inútil" tornar-se fértil e frutuoso.
Necessário se faz, então, tomar consciência de que é imperioso sair da "terra do egito" para tornar-se "terra prometida", onde ali Deus encontra lugar digno de habitar e realizar seus propósitos de salvação; logo, que o Espírito Santo te faça: uma terra boa, te regue com a água ideal e a lance as sementes que gerarão frutos de salvação, para si e para outros.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.