Jesus
ao iniciar seus ensinamentos aos discípulos no famoso Sermão do Monte (Mt 5, 1-12)
começa falando sobre “bem-aventurados” ou seja, felizes, pois o reino de Deus é
lugar para pessoas felizes, e que conhecerão a verdadeira felicidade ainda nesta
terra, porém, seguindo os preceitos que o Senhor discorrerá até o final do versíulo 12 (doze).
Em Mt 5, 7 Jesus diz:
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”, logo, um
dos pressupostos para a felicidade é ser misericordioso. Porém, o que é
misericórdia? As Sagradas Escrituras mostram que misericórdia é o supremo amor
de Deus que se inclina no sentido de fazer o bem ao homem mesmo sendo este não
merecedor de nada.
Logo, mesmo não sendo merecedores
das benécies do Pai a temos todos os dias em profusão, o Senhor Jesus nos
exorta a agir para com o outro da mesma maneira. Assim sendo, para que se
consiga ser misericordioso com alguém são necessárias algumas posturas e
atitudes que algumas parábolas contadas por Jesus evidenciam.
Uma dessas parábolas é a do bom
samaritano (Lc 10, 25-37) onde o Senhor ao ser questionado por um doutor da Lei
sobre “quem é o meu próximo?” (vers. 29) Jesus conta, então, esta parábola que,
resumidamente, fala de um homem que é atacado durante uma viagem por ladrões e
é deixado desacordado, quase morto; passam pelo homem três pessoas: um
sacerdote, um levita e um samaritano (vers. 30-33) e somente o samaritano pára
e ajuda o ferido (vers. 33-35). Ao final, Jesus pergunta: “Qual desses três parece
ter sido o próximo daquele que caiu na mão dos ladrões?” (vers. 36) e a resposta
do doutor foi: “Aquele que usou de misericórdia para com ele.” (vers. 37).
Jesus conclui dizendo: “Vai, e faze tu o mesmo.” (vers. 37)
Nessa parábola Jesus deixa evidenciado
que para ser misericordioso, assim como o samaritano, devemos ser movidos por
compaixão (vers. 33). Jesus sempre agiu movido por compaixão, e não por pena,
pois a diferença entre um e outro é que a compaixão nos impulsiona a agir em
favor do necessitado, enquanto que a pena toca, mas não nos move a fazer algo
por aquele precisa. Possivelmente, o sacerdote e o levita sentiram pena do moribundo, talvez por isso não
agirem.
O bom samaritano, no entanto, agiu
por compaixão e agiu por quê? Por que a compaixão nos mostra que devemos nos
colocar no lugar do outro. Jesus veio e sofreu o que sofreu foi porque viu a
nossa miséria e se pôs no nosso lugar, e assim deveríamos nós agirmos, também; logo,
se faltam atitudes de misericórdia da nossa parte para com o próximo é porque ainda não estamos sendo
capazes de nos colocarmos no lugar do outro.
Na parábola do servo cruel (Mt 18,
23-35) Jesus deixa evidente essa necessidade de colocar-se no lugar do outro.
Na parábola um servo deve muito ao patrão e ao ser ameaçado de ser vendido com
toda a família humilha-se e recebe o perdão da dívida (vers. 23-27), porém,
quando este servo encontra-se com um outro servo que lhe devia ao ver o devedor
humilhar-se não o perdoa e ainda o manda para a prisão (vers. 28-30). O senhor
ao saber do ocorrido questiona-o porque não agiu com a mesma compaixão (vers.
31-33) e também condenou-o a prisão.
Ser misericordioso, portanto, é ter
compaixão, é colocar-se no lugar do outro, é ter consciência que mesmo não
sendo perfeitos como Jesus somos chamados a imitá-lo, e se Ele, mesmo na cruz
sendo rejeitado e ridicularizado compadeceu-se e clamou perdão por todos nós,
assim devemos agir, também, mesmo sabendo que somos miseráveis que mais precisam
da misericórdia do que somos capazes de agir misericordiosamente.
Ser misericordioso é ser
bem-aventurado, pois o bem produz verdadeira felicidade e paz, pois promover o
outro, erguer o outro, certamente alegra o coração de quem assim age e, mais
ainda, o coração de Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso
Senhor Jesus Cristo.