domingo, 11 de dezembro de 2016

Desfigurados ou transfigurados?

A Sagrada Escritura é claríssima no que tange à necessidade de se fazer uma escolha, uma opção, seja por Deus, seja pelo mundo, evidência esta apresentada em várias passagens, principalmente nos Evangelhos, pelo próprio Senhor Jesus Cristo.
No Antigo Testamento, Deus fala ao povo de Israel por meio de Moisés: "(...) ponho diante de ti a vida e a morte..." (Dt 30, 19); Josué, ante a sublevação do povo declara: "Porém se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem serviram os vossos pais além do rio, se aos deuses dos amorreus, em cujas terras habitais. Por que, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor." (Js 24, 15); temática do servir que Jesus, já no Novo Testamento, deixa patente, mostra a necessidade de escolha quando diz: "Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Lc 16, 13); Jesus fala sobre escolher entre seguir sua Palavra e construir a casa na rocha, ou não segui-la e construir a casa na areia (Mt 7, 24-27); nos Atos dos Apóstolos ver-se-á Pedro e João diante dos fariseus respondendo às ameaças que recebiam com o seguinte argumento: "Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus obedecermos a vós mais do que a Deus." (At 4, 19)
Numa caminhada espiritual, escolhas não são opção, são obrigatórias, e a partir desta livre decisão do homem é que se observará, futuramente, no que se mudou, no que se transformou, pois, indubitavelmente, o resultado das opções feitas trarão consequências.
Quando São Paulo nos exorta: "Não vos conformeis com este mundo" (Rm 12, 2), faz um claro pedido e deixa um alerta: optar por viver segundo o mundo, a carne, o inimigo, sobre a égide do pecado, é conformar-se, é tomar a forma do mundo, que na verdade é desfigurar-se, é perder a formosura, as feições, a beleza segundo aquilo que Deus gostaria que fosse.
Esse desfigurar pelo pecado evidencia-se na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, como bem ensina o Papa Emérito Bento XVI no seu livro "Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém à ressurreição", quando explica que Jesus ali, perante Pilatos, já desfigurado pela flagelação, é mostrado ao povo com a frase: "Eis o homem". Eis todo aquele que escolhe a desobediência, eis aquele que prefere rejeitar a Deus e a Sua Palavra.
Contrariamente a estes, que infelizmente são a imensa maioria, existem, também, os que preferem obedecer e seguir os salutares ensinamentos do Senhor, que optam por serem fiéis aos seus Mandamentos, ainda que conscientes que abraçá-los será caminho de cruz, como bem avisa Jesus (Mt 16, 24).
Aqueles que decidem ser conforme o que Deus quer e buscam serem "santos como Ele é Santo" (1 Pe 2, 16), "perfeitos como Ele é perfeito" (Mt 5, 12), obedientes como Ele foi obediente (Fl 2, 8), são os que permitem ao Senhor lapidá-los, moldá-los, aperfeiçoá-los até o ponto que essa transformação alcance a transfiguração, como está no relato da vida de tantos santos e santas.
Essa transformação que requererá uma reforma, terá que passar, obrigatoriamente, pela livre anuência da pessoa, que ao dar esta permissão viverá a realidade da passagem do Livro do Profeta Jeremias sobre o vaso do oleiro (Jr 18, 1-6) quando Deus ordena ao profeta levar ao povo de Israel a mensagem de que, assim como o barro nas mãos do oleiro será transformado num belo vaso, da mesma forma Deus diz ao povo, e a cada um que se deixa moldar: "Casa de Israel, não poderei fazer de vós o que faz esse oleiro? - oráculo do Senhor".
A argila, sem nenhuma objeção, deixa-se moldar; o homem, rebaixando-se nas mãos do Senhor será assim moldado num belo vaso, num vaso de honra (2 Tm 2, 21), digno de receber o melhor "vinho", que é o Espírito Santo, que não pode ser posto em odre velho (Mt 9, 17).
Eis, portanto, mais uma escolha a fazer: por si e seus atos desfigurar-se, ou em Jesus, transfigurar-se, fazendo, assim, brilhar a Luz do mundo (Jo 8,12) que é Cristo substituindo uma vida perdida e mergulhada em trevas por uma vida nova Naquele que "faz nova todas as coisas" (Ap 21, 5).
A exemplo de Maria irmã de Lázaro, escolha a melhor parte, escolha a Jesus e seja transformado pelo seu imenso amor.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Jesus e o dom da Palavra Eficaz

A Palavra de Deus nunca foi lançada, proferida a esmo, bem como nunca foi pronunciada em vão, mas pelo contrário, sempre com um objetivo, um fim a alcançar, daí o profeta Isaías dizer que "...assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão." (Is 55, 11)
Semelhantemente, com Nosso Senhor Jesus Cristo não é diferente, visto ser Ele o Verbo de Deus (Jo 1, 1), a Palavra que se fez carne (Jo 1, 14), e por isso palavra nenhuma proferida pelo Senhor deixou de ter sentido, significado, eficácia, o que leva a afirmar que o que Jesus disse não foi em vão, mas realizou.
Assim, desde a sua primeira fala aos doze anos quando é encontrado pelos pais entre os doutores da Lei no Templo (Lc 2, 46), ao ser interpelado por Nossa Senhora responde: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lc 2, 49), e já nessa primeira fala o Senhor deixa patente que sua palavra tem razão, tem um por que, que na ocasião não era, de forma alguma, uma resposta mal-educada à mãe, mas um rememorar da missão à qual devia cumprir.
De igual maneira seguirá Jesus, principalmente quando assumir publicamente sua missão. Em todos os Evangelhos, nas mais diversas passagens onde se encontrar Jesus pregando, ensinando, exortando, repreendendo, curando..., ver-se-á esta Palavra eficaz agindo, deixando uma mensagem, realizando um milagre, provocando reações (seja de adesão, seja de repúdio), mas nunca sem resultado.
O dom da Palavra eficaz de Nosso Senhor Jesus Cristo manifesta-se em todas as passagens apresentadas de forma belíssima, carregadas de amor e com um único propósito: que creiam em seu Nome e pela fé sejam salvos. Daí tantos momentos que encantam e impressionam, como por exemplo, os encontros.
Quantos encontros de Jesus com homens e mulheres de todas as nuances que produziram momentos ímpares: com Pedro, a conversão vai se dar a partir de um milagre precedido de uma palavra: "Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar." (Lc 5, 4) e daquele dia em diante o pescador de peixes seria feito "pescador de homens" (Lc 5, 10); com Zaqueu a conversão vai se dar a partir de um convite: "...desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa." (Lc 19, 5), e o homem ávido pelo dinheiro, ganancioso, agora abre-se para partilhar com o próximo; com Levi (Mateus) a conversão vai se dar a partir de um chamado direto: "Segue-me" (Mt 9, 9), e o cobrador de impostos que somente sabia receber passará a doar, doar a vida por amor a Deus e pelo bem do próximo.
Encanta, também, essa Palavra eficaz produzindo milagres, sinais, prodígios, pois a tempestade foi acalmada com um "Silêncio. Cala-te" (Mc 4, 39); a surdez foi curada com um "Efeta, abre-te" (Mc 7, 34); Lázaro é ressuscitado com um "Vem para fora" (Jo 11, 43); um paralítico com trinta e cinco de prostração restaura a saúde quando ouve: "Levanta-te, toma o teu leito e anda" (Jo 5, 8)
Essa Palavra eficaz estava nas parábolas que continham ali ensinamentos preciosos que ligados à realidade cotidiana da gente daquele tempo que O cercava era acessível e atraente, ainda que aparentemente sem sentido para que confundisse os sábios de então: os fariseus.
A Palavra eficaz de Jesus mesmo suscitando as mais diversas reações: alegria, espanto, perplexidade, ira, temor..., não perdia o foco: revelar o Pai e o seu Reino ao qual todos eram chamados a dele participar.
Essa Palavra eficaz de Jesus foi realmente eficaz porque esteve sempre fundamentada na Verdade, por isso incapaz de ser questionada, objetada, desprezada ou anulada, ainda que os contrários ao Senhor à época o tentasse de todas as maneiras, inclusive tramando e executando sua morte.
Porém, como bem diz o Apóstolo São Paulo: "...Mas a Palavra de Deus, esta não se deixa acorrentar" (2 Tm 2, 9), e assim Ela atravessa os séculos e milênios, produzindo os mesmos efeitos quando usada por homens que a disseminam retamente, sem desvios ou distorções, e assim ela segue o seu curso: produzindo nos corações que a Ela dão crédito, e ao seu Autor que por elas age eficazmente, vida e vida em abundância (Jo 10, 10).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Bem mais que um pirulito

Imagine uma criança que se depara com um homem a chamá-la, fazendo-lhe acenos e com um sorriso conquistador. Não diferente de qualquer criança, a reação será de estranheza, que se mudará em temor e que suscitará uma inevitável fuga da presença daquele estranho.
Assim se comporta todo homem perante Jesus, que a cada dia, seja na individualidade, seja comunitariamente, na Santa Missa, em reuniões de oração, momentos de evangelização...apresenta-se com um convite a uma aproximação, mas que recebe da parte da grande maioria uma fuga carregada de temor como resposta.
No entanto, aquele homem não desiste de uma aproximação, sendo que agora usará de uma estratégia, de um meio mais eficaz que atraia a atenção da criança; e nada mais eficaz que um doce, um pirulito, por exemplo.
A criança, ainda que arredia, ao visualizar aquele belo e saboroso pirulito na mão do homem já não apresenta o temor de antes, nem sairá em fuga, mas, ainda que cheia de desejo, optará por não se aproximar, ainda.
O homem em relação a Cristo se comportará da mesma maneira. Apesar de o Senhor mostrar o "pirulito" do seu amor, do seu perdão, da sua bondade..., ainda encontrará um homem de coração reticente e que continuará, ainda que sem tanto temor, preferindo não se aproximar.
Numa outra oportunidade a criança reencontra o homem, com o mesmo sorriso, mas agora tendo na mão um pirulito enorme como aquele do Kiko do seriado "Chaves". Agora a criança sem temor e cheia de confiança, pois não vislumbra maldade naquele adulto, ouve aquela voz interior que diz: "Vai, confia!", e assim ela vai e pega o pirulito, e aceita o abraço daquele homem que antes tivera tanto temor, e percebe que, na verdade, é um homem maravilhoso, amoroso, acolhedor, e a partir dali criam uma bela amizade.
Da mesma forma, Jesus ao perceber que somente exprimir seu amor, perdão, bondade, não obterá abertura da parte do homem, lança mão de "pirulitos" mais vistosos: os milagres; ou não foi assim que atraiu multidões? Curando, libertando, ressuscitando, alimentando...e assim, as pessoas sentem interesse de aproximar-se, auxiliadas pela voz interior que diz "Vai, confia!", voz que se chama fé.
No entanto, aquela criança já sem medo algum e sabendo que no encontro com o bom amigo terá sempre um pirulito à espera, em dado momento escutará do amigo que o que tem para ela é bem mais que um pirulito, mas que na verdade tem para ela uma fábrica inteira de diversificados tipos de doces e delícias, mas que para ter acesso a ela há uma condição a cumprir: tem que ser santo como ele.
Semelhantemente, o homem que já íntimo do Senhor Jesus e afeito às benéces que Dele recebe, em dado momento receberá este convite a desejar mais que um delícia momentânea, mas alcançar o lugar onde todas as delícias, todas as maravilhas se encontram em abundância: o céu. Porém, para ter acesso a este tão maravilhoso lugar uma condição é exigida: ser santo como Ele é Santo (1 Pe 1, 16).
Alcançar vida de santidade, fazendo aquilo que é a vontade de Deus a nosso respeito: "a nossa santificação" (1 Ts 4, 3), é necessário empenho em cumprir alguns dos pressupostos que o Apóstolo São Pedro exorta a viver ao falar de santidade em 1 Pe 1, 13-24, onde, entre outras coisas pede: sobriedade (vers. 13); renúncia aos desejos do homem velho (vers. 14); temor do Senhor (vers. 17); obediência à verdade e amor fraterno sincero (vers. 22).
Entretanto, como crianças espertas que querem apenas o pirulito, e nem tanto o dono do doce, muitos se aproximam pelos milagres que o Senhor lhes pode proporcionar e não um busca de intimidade com Ele, que é o que Jesus realmente deseja; algo que ainda é piorado com o advento da "teologia da prosperidade" que leva as pessoas a buscarem mais os milagres de Deus e não o Deus de milagres.
Aqueles que progridem nessa busca de santidade serão aqueles que em determinado momento já não farão mais conta dos "pirulitos", pois o próprio Cristo é o seu desejo maior, caso de São Paulo que diz "Não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim", de Santa Tereza D'Àvila que diz: "Só Deus basta"...; estes alcançaram a união perfeita, estes são os tantos santos e santa que dão exemplo e que hoje gozam da "fábrica das delícias" ao lado do "dono".
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 24 de setembro de 2016

"...por que o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo" (1 Jo 4, 4)

A vida é marcada por lutas e batalhas, adversidades que se erguem a todo momento; e, muitas vezes, logo em seguida a ter-se conseguido superar uma delas.
No entanto, a desestabilização que essas realidades provocam estão diretamente relacionadas à forma como se encara tais desafios, pois, na humanidade fraca de cada um o que pior acontece é a dimensão que se dá ao problema.
O "agigantamento" do desafio que se enfrenta está ligado ao fato de que cada pessoa se acha capaz de resolver tudo por suas próprias capacidades sem de ninguém precisar (autossuficiência), e ao perceber a impossibilidade de fazê-lo desespera-se. No entanto, existe maneira de enfrentar tal realidade e superá-la.
Este fato está biblicamente demonstrado na batalha que enfrentavam os israelitas contra os filisteus (1 Sm 17, 1-58), onde a figura de Golias (gigante imbatível), que desafiava e ameaçava a todos daquele exército, era motivo de inquietação e angústia.
Surge, então, Davi, um jovem que levava provisões aos irmãos que estavam no combate e que ao perceber aquele exército acuado ante Golias oferece-se para enfrentá-lo. A princípio é desacreditado, mas recebe a permissão do rei para encarar o gigante.
Primeiramente, é revestido de toa a indumentária de soldado, mas não se sentindo a vontade abre mão de espada e escudo e vai para o enfrentamento com uma funda e aquilo que foi o fundamental: a fé no Deus de Israel.
Davi apresenta-se para o combate e Golias, ao verse perante um jovem sem porte nem armas adequadas, desdenha do oponente que, aos seus olhos, era tão desqualificado. No entanto, o embate tem início e o jovem Davi munido de funda e pedra acerta a fronte de Golias que tomba sem vida e que depois terá a cabeça decepada o que encoraja o restante do exército israelita que, lançando-se sobre os filisteus, os derrota.
O que explica a vitória de Davi, que humanamente tinha plena consciência que o desafio diante de si era impossível de derrotar? A certeza que ao seu lado estava o Deus Todo Poderoso, o Deus dos Patriarcas, o Deus de Moisés que com sua força retirou seu povo do cativeiro do Egito e das mãos de faraó.
A fé neste Deus que o impulsionou, ante a  humilhação que passava o exército, a reagir dizendo: "E quem é esse filisteu incircunciso para insultar desse modo o exército do Deus vivo?" (vers. 26) e nessa fé declara a Golias: "Tu vens contra mim com espada, lança e escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos exércitos, do Deus das fileiras de Israel, que tu insultaste. Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos" (vers. 45-46), e com isso mostra que mesmo sendo fisicamente pequenino perante o gigante tinha plena certeza que Aquele que combateria  ao seu lado era imensamente maior que Golias.
Este exemplo de Davi é emblemático para mostrar a toda pessoa que se o mundo com suas facetas se agiganta perante nós, o Deus infinitamente maior que habita em cada um deve prevalecer, por isso que São João declara que "o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo". E esta certeza que habita nos corações e mentes é a fé que não deixa acabrunhar nem recuar, mas enfrentar.
Agora, o detalhe que faz toda a diferença é reconhecer-se pequeno, e com humildade, ter consciência que só Deus pode. Essa capacidade de rebaixar-se permite Deus elevar-se e a vitória sobre o mundo acontece.
Jesus venceu o mundo apequenando-se; os heróis e heroínas da fé venceram o mundo apequenando-se e confiando totalmente Naquele que era maior Neles.
No mundo está o pecado, em todas as suas formas e nuances, agigantando-se perante nós, querendo nos fazer crer que somos incapazes de vencê-lo, e, certamente por nós mesmos  não o seremos, no entanto, permitindo que Aquele que derrotou o pecado aja, certamente, o pecado e todo e qualquer desafio será derrotado.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

"Rochedo em lençol de água, pedra em fonte de água viva" (Sl 113, 8)

A magnífica capacidade que Deus possui de subverter a lógica natural das coisas é, e sempre será, algo que maravilha os olhos de quem tem fé, ao passo que seguirá inquietando a racionalidade e pragmatismo dos incrédulos.
Dentre esses tantos exemplos de ações extraordinárias da parte do Todo Poderoso está o que reza Davi nos Salmos 113 (114), 7-8: "Ante a face de Deus, treme, o terra, por quem o rochedo se mudou em lençol de água, e a pedra em fonte de água viva".
Certamente, o salmista faz menção à passagem da história do povo de Israel que ao sair do Egito e passar o Mar Vermelho, adentra o deserto e , em certa passagem, ao ter o povo reclamando da falta de água, Moisés vai ao Senhor que pede que, com sua vara, fira o monte Horeb e deste jorra água" (Ex 17, 1-6)
Esta é uma das tantas passagens que marcaram a história desse povo, mas que tomará nova conotação a partir da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Pedra Angular (Sl 117, 22; Mt 21, 42). A partir Dele, ver-se-á não um, mais muitos "horebs" verterem água, visto que agora essas "rochas" são homens de coração rijo que se deixaram petrificar pelas suas faltas e iniquidades.
A prefiguração do rochedo que jorra água agora se materializa em cada homem cujo "coração de pedra" (Ez 36, 26) será mudado em um "coração de carne" (vers. 26) e, a partir dessa transformação, dele "manarão rios de água viva" (Jo 7, 38); e o único capaz de realizar tal intento é Jesus: daí ter sido ferido em seu lado no alto da cruz de jorrou sangue e água (Jo 19, 34), demonstrado que Ele é o rochedo, Ele é a pedra que se muda em lençol de água, em fonte de água viva, e que é capaz de propiciar o mesmo a todos que Nele crerem.
Verdadeiramente, ante o poder de Deus e o fato de dominar sobre tudo o que existe, pois tudo foi feito por Ele (Jo 1, 3) e tudo se submete a Ele, não é impossível a este Deus extrair água da rocha mais resistente. No entanto, relativamente ao homem a missão se torna mais complexa, por que a graça só se dará mediante uma permissão: a fé.
Daí a Palavra de Deus dizer que Jesus está à porta e bate (Ap 3, 20), desejando receber essa permissão; permissão que lhe foi dada pela samaritana (Jo 4, 1-42) que tocada pela Palavra do "Rochedo da salvação" (Dt 32, 15; Sl 61, 3) verteu tanta água viva que transbordou a outros tantos da vila em que vivia levando muitos a ter a mesma experiência que tivera.
Pedro (a pedra), Paulo, e tantos outros, num encontro pessoal com essa "rocha" deixaram de experimentar dureza, rigidez, insensibilidade, esterilidade, para experimentar e vivenciar alegria, caridade, afabilidade...
No entanto, a despeito de tão miraculosa restauração ser capaz este Deus, a humanidade nunca se mostrou tão empedernida, tão rija, tão reticente, fruto de uma cultura hedonista, relativista, apóstata que cada vez mais se abraça ao pecado dos prazeres fulgazes e momentâneos devotando a eles total devoção.
A despeito dessa triste realidade, o Pai de misericórdia não desiste de esperar o retorno dos "corações de pedra" que andam a esmo e ao sabor das suas concupiscências, como fora com o filho pródigo; persiste em crer que, como aquele filho, "entre-se em si mesmos" (Lc 15, 17), reconheçam-se os erros, arrependam-se e voltem a Ele.
E naquele abraço de amor, o coração de pedra tornará um novo coração. A rocha estéril voltará a verter água viva, pois quem, além de Deus pode realizar tal prodígio?
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

“Que o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16)

O chamado missionário trás em si algumas exigências das quais uma está destacada pelo Senhor Jesus no seu diálogo com os discípulos na última ceia: gerar frutos. Mas não somente isso, que esses “frutos” permaneçam, persistam, não se degenerem.
                Quando o Senhor declara: “Eu vos constituí para que vades e produzam muitos frutos. E que o vosso fruto permaneça”, Jesus impõe uma exigência que há muitos passa despercebido, ou se não, é tratada com pouca seriedade, visto que o desejo explícito do Senhor é que não apenas se “pregue o Evangelho a toda criatura” (Mt 16, 15), mas que essa pregação gere, verdadeiramente, uma conversão perene, com mudança total, com a substituição de “homem velho” para “homem novo” (Cl 3, 10).
                Assim, não é suficiente a Jesus um anúncio que não produza mudança radical, adesão sincera e imutável a Ele, conversão que não “olha para trás” (Lc 9, 62), desta forma, o Senhor não se contenta com uma evangelização estéril, que não gera vida em abundância no outro, que não retira da pocilga os “filhos pródigos” deste mundo.
                Quem bem entendeu esta palavra de Jesus foi o apóstolo Paulo em 1 Cor 3, 9-15 quando diz no versículo 12 e 13: “Agora, se alguém edifica este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá”. Ora, São Paulo ao afirmar que só existe um fundamento, Jesus Cristo, agora a “edificação” (o homem), ou seja, a obra que se edifica e com que material se edifica é que é o importante, pois claramente ele faz menção à qualidade do material utilizado.
                Observa-se que o Apóstolo vai do melhor material: o ouro, ao mais insignificante: a palha, e que a prova de que a edificação foi realizada com melhor ou pior material é o fogo da provação. Logo, subtende-se que ouro, prata, pedras preciosas terão maior resistência, enquanto que madeira, feno e palha, certamente, não resistirão. Isso vem, então, deixar patente que o “fruto” que permanecerá será aquele que foi gerado com o melhor dos materiais.
                Logo, a pregação, que gerará “edifícios de ouro, prata ou pedras preciosas” é aquela realizada por aquele (a) que tem sua vida totalmente mergulhada em Cristo, que assim como o próprio São Paulo afirma “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.” (Gl 2, 20), uma presença plena de Jesus nas atitudes, nas palavras, nas ações, que se observa na vida de tantos outros santos e santas, mas que também está na vida de outros que não necessariamente estão na glória dos altares.
                Estas pessoas tinham a plena consciência que levar Jesus ao outro não é um fazer por fazer, um ir por ir, correndo o risco de produzir uma obra de má qualidade, ou nem mesmo produzir coisa alguma. Os “edificadores” cujos “frutos” permanecem são os que empenham todo o amor recebido de Jesus em benefício daqueles que necessitam experimentar deste mesmo amor.
                Os “edificadores” cujos “frutos” permanecem nunca abrem mão da verdade, da fé e da caridade; da vida de oração e da intimidade com a Palavra de Deus; de ter ao Espírito Santo como auxiliador na sua missão; da consciência que uma pregação ungida edifica, suscita fé e impulsiona aquele (a) que a ouve a dar um passo na direção de Jesus e de uma mudança de vida.
                Um anúncio não pode se contentar com um resultado pífio onde um ou outro toma uma decisão e que pouco tempo depois será visto vivendo a mesma vida de pecado de outrora, mas deve ansiar por alcançar a muitos e testemunhar todos perseverando, firmes no propósito de que haja o que houver não retrocederão, pois a opção por Jesus é definitiva.
                Deus te faça um servo (a) produtor de “frutos” permanentes para a honra e glória do Senhor Jesus.

                Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

O bom, o belo e o verdadeiro


"Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza." (São João Paulo II, Carta aos artistas)

Não querendo aqui abordar a profundidade filosófica do tema (o qual não possuo), apenas busco refletir o fato de que o Deus todo poderoso, criador do céu e da Terra, ao finalizar cada etapa da sua obra a contemplava e diz a Palavra: "E Deus viu que isso era bom." (Gn 1, 10). Ao sexto dia, ao criar o homem à sua imagem e semelhança, diz a Sagrada Escritura que "Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo eram muito bom." (Gn 1, 30)
Por quê viu o Senhor Deus que era bom? Por que contempla, agora, ante seus olhos a beleza do que havia gerado harmoniosamente, equilibradamente, céu, firmamento, elementos, seres vivos, o homem...interagindo em sintonia e sinfonia perfeita. E essa beleza se revela na verdade dos fatos: tudo foi feito por Deus por amor e com amor.
No entanto, havia um risco de tudo se perder: a desobediência, o pecado. E, infelizmente, é o que veio a acontecer e toda a criação de lá para cá sofre as consequências de ter sido enredada pelo engano da "serpente", do inimigo de Deus, que personifica o mau, o feio e o falso.
O homem, desde então, degenerado na sua natureza pelo pecado original, segue, assim, contaminado por esse mazela optando pelo mal em detrimento do bem; do feio e grotesco em detrimento do belo, e do falso e mentiroso em detrimento do verdadeiro.
E isso se comprova em muitos exemplos, é o caso de um dono de uma fábrica de determinado produto que para fabricá-lo gerará rejeitos tóxicos.
Este empresário decide por instalar seu empreendimento próximo a um rio numa região de muita vegetação, com abundância de peixes e que abastece cidades próximas. Esta pessoa tem plena consciência que seu negócio produzirá um grande mal àquele lugar (desmatamento, contaminação da água, prejuízo aos moradores locais), a beleza daquele cenário se perderá e danos serão provocados, esta é a verdade.
No entanto, na sua natureza deturpada o dono da empresa raciocina: "Os dividendos que a empresa gerará compensarão os "pequenos" danos que porventura possam ocorrer". Vê-se que, então, que a falta da verdade nesta premissa já deixa claro que a esta pessoa o bom, o belo e o verdadeiro são relativos ou mesmo irrelevantes.
Assim é, também, na vida espiritual; relativize-se ou mesmo negue-se a verdade que o bom e o belo deixarão de ter importância. É o caso da fé no que tange a crer e aceitar a Jesus Cristo, pois a verdade é que: o homem sem Deus está entregue ao pecado e suas consequências sendo, por ele desfigurado e destruído tornando-se incapaz de produzir algo de bom, nem muito menos demonstrar beleza no que se faz.
Não é assim com o traficante? A prostituta? O corrupto? O estelionatário? O incrédulo?..., enfim, são tantos exemplos que fundamentam essa verdade, entretanto, o homem "pós-moderno" imbuído desse desejo perseverante de erradicar Deus de sua realidade migra para esse campo perigoso do total desprezo à vida.
Daí correntes e pensamentos vários, como o abortista, por exemplo, ganharem tanta força por que para os seus defensores, bom é ver uma mulher livre para arrancar do seu ventre o que não deseja, por que belo mesmo é uma mulher com o corpo tomado por piercings e tatuagens e não não amamentando seu bebê, pois a verdade é que mulher feliz é aquela livre para usar do seu corpo como bem entenda.
Contrariamente, o que se verá, futuramente, é a verdade falar mais alto: o bom do aborto agora trás o mau (depressão, vazio, angústia, remorso), almas amarguradas pelas consequências dos seus atos, o que levará a algumas até ao suicídio. Tudo por que em determinado momento perceberam que não havia nada de bom, nem de belo, nas suas atitudes e que a falsa liberdade na verdade era escravidão, eis a verdade.
Aquela mulher adúltera ao se deparar com Aquele que é CAMINHO, VERDADE e VIDA (Jo 14, 6), pôde, naquela experiência salvífica perceber que nada de bom havia na sua prática, e nem de belo também, pois a verdade é que o seu pecado a lançara em tal condição.
Porém, no encontro com o Filho de Deus, co-participe, na obra criadora retornou à história daquela mulher, devolvendo-lhe o que de bom, belo e verdadeiro possuía como filha de Deus e que o inimigo por meio do pecado arrancara.
É fato, então, que se este mundo se desfigura a cada dia entre ódios e intolerâncias, divisões de todo tipo, guerras e ameaças, é por que a Verdade foi banida dos corações e por isso o mau e o horror, ou melhor, terror, imperam angustiando os corações e trazendo perplexidade às mentes que julgavam achar que pela razão, pela conscientização das mentes, se produziria fraternidade, solidariedade e justiça social.
"Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade" (2 Cor 13, 8), e a verdade é que se há um mundo sem bondade e sem beleza ante tantas barbaridades é por que o Deus da Verdade foi escanteado, e sem Ele a fé se esvai e por isso que a fé é fundamental para que se mude este estado de coisas, pois como declarou o Papa emérito Bento XVI em audiência geral no dia 21/11/2012: "A fé nos conduz a descobrir que o encontro com Deus valoriza, aperfeiçoa e eleva o que tem de verdadeiro, bom e belo do homem".

Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 23 de julho de 2016

"Do alto estendeu a sua mão e me pegou..." (Sl 17, 17 - Cont. de "Fora da barca corremos perigo!")

Arriscar-se deixar a "barca" da Igreja, a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, é risco certo, e risco de morte, como demonstrado na reflexão anterior, cujo exemplo do Apóstolo São Pedro bem demonstrou.
Naquele momento em que o discípulo bradou: "Senhor, salva-me" (Mt 14, 30), ficava demonstrado o quão desesperador é um afogamento; e os testemunhos falam, unânimes, que é uma sensação das mais terríveis, pois o fato de ver-se querendo livrar-se de uma situação onde por mais esforço que se aplique em nada adiantará e sabendo que a vida será perdida é realmente horrível.
No entanto, há de se refletir que a pessoa tem consciência do risco que corre, visto que é óbvia a consequência de se mergulhar sem saber nadar irá afogar-se, logo, muitos que arriscaram e pereceram foram vítimas da sua irresponsabilidade; irresponsabilidade que se torna ainda maior por saber que não sabe nadar e não conta com ninguém por perto que saiba e possa ajudá-la.
Assim ocorre com os cristãos, espiritualmente falando, pois a maioria sabe, tem consciência, que as "águas" perigosas são as seduções do pecado: vícios, sexualidade irresponsável, materialismo, idolatria a coisas e pessoas... Estes e outros mais são as "águas convidativas", que encantam os olhos, enganam o coração e levam a muitos a mergulharem despreparados, movidos pelos impulsos das paixões desordenadas, seduzidos pela falsa crença que são capazes de vivenciá-las segundos suas capacidades humanas.
A tentação de acreditar no "sei entrar e sei sair" é a "isca" lançada pelo inimigo para atrair as almas incautas que, tomadas pelo desejo de experimentar, mergulham para depois verem-se como São Pedro apavoradas por verem-se mergulhadas numa situação que as afoga e que, por fim, as matará.
A autossuficiência é o combustível da ignorância que potencializa a irresponsabilidade e que inutiliza o freio de prudência levando o homem ao arriscar-se, e assim, o filme continua a repetir-se, e almas e mais almas, inclusive cristãs, vão-se perdendo.
Felizes são aqueles que, semelhantemente a São Pedro,  que do alto de seu desespero encontrarão um socorro, uma mão amiga, um auxílio na hora limite em que as forças e as esperanças estão se esvaindo. Assim foi com o Apóstolo, assim foi com o rei Davi que na sua oração de agradecimento a Deus foi explícito em declarar que foi o Senhor que "Do alto estendeu a sua mão e me pegou, e retirou-me das águas profundas" (2 Sm 22, 17; Sl 17, 17).
Pedro sucumbia nas "águas" da curiosidade, Davi nas "águas" da perseguição de Saul, porém, ambos encontraram uma mão estendida que como declara o salmista na continuidade do Sl 17: "pôs-me a salvo e livrou-me, porque me ama" (vers. 20). Ambos tiveram suas vidas poupadas por que buscaram socorro em quem podia ajudá-los: Deus.
Infelizmente, a maioria perece por não invocar este nome que é socorro presente; preferem seguir firmados na sua ignorância: uns por não crerem, outros por acharem que não são merecedores de auxílio, outros por não terem a oportunidade de lhe ser mostrado quem lhe possa ajudar.
De certo é que o pecado continua a seduzir as almas a deixarem a "barca"; e ao fazerem isso afogar-se-ão, a menos que clamem o auxílio do alto, a única mão que pode salvá-la do risco iminente de morte e trazê-la a salvo para o lugar seguro de onde nunca deveriam ter saído.
São Paulo ensina que do pecado deve fugir-se, pois ele era bem conhecedor dessa realidade e deve ser a prática de todo cristão, pois a obediência em Cristo é vida, a desobediência é morte.
Deus deseja resgatar a todos e sua mão está constantemente estendida; mas o querer de Deus tem que se encontrar com o querer humano, para que assim Ele possa produzir o milagre da salvação.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 10 de julho de 2016

Fora da barca corremos perigo!

Desde a sua criação, mesmo antes de sua queda, o homem já corria risco neste mundo, tanto que fora advertido por Deus a respeito da "árvore da ciência do bem e do mal" (Gn 2, 16) e seus "frutos" mortais. Mesmo assim, Adão e Eva cedem à tentação e a consequência é a morte (Gn 2, 16).
De lá para cá o ser humano tornou-se ainda mais vulnerável aos "frutos" perigosos do pecado; logo, o homem vive em constante risco de morte, principalmente, ao cair na tentação da autossuficiência e egocentrismo que o leva a viver e agir segundo suas próprias vontades.
As Sagradas Escrituras ao deixarem patente ao homem a gravidade desta forma de agir vai evidenciar, também, que existe uma única maneira de proteger-se de tão grande risco: abrigar-se em Deus e Nele refugiar-se.
Para isso, a figura simbólica da barca vem, no texto bíblico, indicar esse lugar de refúgio, de segurança, e isso já se evidencia no Gênesis na pessoa de Noé que visitado por Deus recebe a ordem de construir uma arca (Gn 6, 14), uma barca, afim de ele, sua família e casais de animais não pereçam ante o dilúvio que viria para exterminar aquela geração corrompida e que não buscava a Deus.
Esta figura da barca novamente retornará no Novo Testamento quando de duas passagens emblemáticas: a da tempestade acalmada (Mc 4, 35-41) e Jesus andando sobre as águas (Mt 14, 23-33).
Na primeira passagem o texto narra Jesus e os discípulos numa barca atravessando um lago quando surge uma grande tempestade que quase afunda a mesma, o que não acontece por que Jesus dá ordens aos ventos e a calmaria é restabelecida.
Na segunda passagem os discípulos estão na barca atravessando o lago, assolados por ventos fortes, quando avistam o Senhor jesus e se apavoram por pensarem ser um fantasma. Pedro ao perceber tratar-se do Senhor pede que possa lhe ir ao encontro o que Jesus autoriza. Porém, no primeiros passos atemoriza-se devido a força das ondas e do vento e começa a afundar. pede socorro ao Senhor que o salva e entrando ambos na barca o vento cessa.
A barca de Noé (Antigo Testamento) e no Novo Testamento denotam lugar de segurança ante as tempestades e procelas que contra ela investem. No entanto, esta barca somente torna-se lugar, refúgio seguro pela presença de um comandante, um chefe, um líder, cuja figura de Noé prefigura a verdadeira segurança que é Deus em seu Filho Jesus Cristo.
Esta "barca" vem a ser a Igreja que navega pelo "mar" da história atravessando tempestades violentas que ao longo dos milênios levanta-se furiosamente contra ela e seus discípulos nela abrigados. Barca esta que não deixará de ser assolada no seu singrar rumo ao porto definitivo que é o céu quando haverá o encontro definitivo com seu dono.
Enquanto isto, o texto bíblico e o Sagrado magistério inspirados pelo Espírito Santo que hoje guia a barca da Igreja, ensinam que todo o que se arvorar deixa-lá, e a segurança que ela oferece, certamente, perder-se-á; logo, é imperioso conscientizar-se que, no peregrinar desta vida, mesmo em meio aos ventos e procelas, permanecer na Igreja é imprescindível.
Esta segurança se fortalece a partir da firme decisão de nãos se afastar da sã doutrina, do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e da sua íntima presença que nos exorta a "não nos afastarmos de Jerusalém" sem Ele, ou seja, da sua casa, da sua presença, pois agir contrariamente a esta exortação é pular da barca e ser tragado pelo mar bravio como bem ensina o Papa Emérito Bento XVI em seu livro Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém à ressurreição
sobre a decisão de Judas Iscariotes de deixar a presença de Jesus e dos demais discípulos para embrenhar-se pela noite tenebrosa.
O Espírito Santo, condutor da Igreja, seja o auxílio de todo homem nesta decisão de permanecer na barca, afim de que o relativismo, o neopaganismo, a apostasia que graçam neste mundo, seduzindo a tantos a saírem da barca, encontre homens e mulheres decididos a permanecerem na segurança da Santa Igreja, via segura rumo ao destino final que é o céu.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 5 de junho de 2016

Por causa de...? ou, Apesar de...?

O que se constata nestes dias, no que tange ao anúncio do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é um desvirtuamento quase que completo daquilo que foi estabelecido e determinado pelo Senhor aos seus Apóstolos e a toda a Igreja.
Este desvirtuamento se observa quando se prega um Evangelho que não mais é utilizado para confrontar o homem com a sua condição real de pecado, e por isso, encontra-se dilacerado pelo mesmo assim como é mostrado Jesus à multidão após a flagelação com a frase de Pôncio Pilatos: "Eis o homem" (Jo 19, 5), como bem explica o Papa Emérito Bento XVI na segunda parte da sua obra "Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém à ressurreição".
Confrontação à qual se viu tendo que encarar aquela mulher adúltera (Jo 8, 1-11), e que diante de Jesus que a salvara do apedrejamento ouve dele o pedido: "Vai e não tornes a pecar" (vers. 11).
Trata-se, hoje, de um Evangelho que foca na solução dos problemas prementes (enfermidades, dívidas, crises familiares...), ou pior: como guia de auto-ajuda, sem, no entanto, preocupar-se em ir a fundo na causa principal: o pecado (fonte de todos os males e mazelas humanas). É como se alguém quisesse recuperar um móvel corroído por cupins sem se importar com os cupins.
Além disso, todo milagre, toda benção recebida não tem a finalidade de gerar uma mera satisfação pessoal e uma gratidão estéril, mas possui a função de aproximar o agraciado de Cristo, a Ele reconhecer e amar, e por Ele deixar tudo e segui-lo como fizeram Pedro, André, Tiago e João (Lc 5, ).
No entanto, o que se observa são igrejas e seitas, a partir de uma utilização equivocada ou mal intencionada do Evangelho de Jesus buscando estratégias para mais lotar templos e atrair adeptos sedentos por graças particulares do que proporcionar o feliz encontro destas pessoas com o logos de Deus, Jesus Cristo, que, verdadeiramente, é o sentido da vida: amar e servir a Deus (CIC, 396).
Neste afã de atraírem adeptos e não adoradores de Deus que o adorem em "Espírito e em Verdade" (Jo 4, 23) por Ele Jesus, sem esperar nada em troca (como declarava Santa Tereza D'Ávila), sucedem-se invencionices das mais absurdas e ao se observar tais descalabros pergunta-se: "Como pode, em meio a tanto absurdo, Deus agir e tantos milagres acontecerem?"
A resposta primeira é: Misericórdia e Fé. Deus conhece as nossas misérias, conhece a todas, principalmente a desobediência e ingratidão; no entanto, por AMOR aos homens ele vem ao encontro dos miseráveis, principalmente, quando seu nome é clamado com fé viva e coração humilhado. Por isso que Deus diz a Moisés: "Eu vi, eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos." (Ex 3, 7), e movido por esse amor compassivo e misericordioso agiu e libertou os israelitas.
Em segundo: Deus não age por causa de, mas, na maioria das vezes, apesar de. assim, independente da situação de vida que aquele (a) servo (a), líder religioso viva na sua intimidade, ainda que aos olhos dos outros busque demonstrar santidade nas atitudes, mas que aos olhos de Deus não passe de um "sepulcro caiado" (Mt 23, 27), assim mesmo o Senhor age. E age por quê?  Por que é Amor (1 Jo 4, 8. 16).
Essa constatação deve produzir na vida de todo cristão engajado na missão de evangelizar uma consciência de que não é por causa de mim, pois talvez a minha condição de vida seja a mais lastimável perante Deus, mas apesar de mim é que Deus realiza. Muitos santos como Santo Afonso de Ligório tinham esta clara certeza diante de si, daí declarar que "De nós mesmos só temos o nosso nada e o nosso pecado", logo era plenamente consciente que se graças aconteciam na vida das pessoas não eram por causa dele, mas apesar dele. Ser reconhecedor dessa verdade é fator imprescindível para que se destrua a soberba (que campeia em tantos templos e congregações) e se edifique a humildade; esse foi inclusive o itinerário espiritual de todos os santos da Santa Igreja tendo em Jesus e Nossa Senhora exemplos maiores.
Faz-se imperioso, porém, deixar claro que Deus deseja servos, líderes santos, pois 1 Pedro 3, 16 conclama: "Sede santos como vosso Pai é Santo", logo, a santidade não é exceção, mas a regra, e naqueles (as) onde esta santidade verdadeiramente se expressou, como em Santa Tereza D'Ávila em que Jesus ao constatar uma plenitude de santidade e de amor total a Ele declarou: "Todo o pedido que a mim apresentares não ficará sem resposta" (não com essas palavras literais!), o agir de Deus foi por causa de.
Infelizmente, como prevalece o apesar de, que o Senhor Jesus levante homens e mulheres cheios do Espírito Santo, que apesar de fraquezas e falhas desejam ser instrumentos usados pelo Cristo para o bem do próximo, sem invencionices ou deturpações, mas consciente de que se algum bem se faz ou realiza na vida do irmão é apesar de.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Precisamos de anjos!

Na jornada desta vida, ou neste desterro, como referia-se Santa Tereza D'Ávila ao nosso peregrinar, necessitaremos, indubitavelmente, de companhias, boas companhias, santas companhias, anjos que nos sejam auxílio, mão amiga, voz exortativa, coração acolhedor, afim de que completemos a carreira, como dizia São Paulo a Timóteo.
Essas presenças podem se achegar das mais diversas maneiras: pais, irmãos, parentes, cônjuge, filhos, amigos...Todas elas são necessárias, pois foi o próprio Pai que imprimiu essa necessidade na ordem natural do ser humano ao declarar: "Não é bom que o homem esteja só." (Gn 2, 18).
Dessa forma, companhias não são fruto da minha decisão de querê-las, ou não, mas são uma necessidade impressa na alma; e se são imperiosas a mim, onde, como encontrá-las?
Perscrutando a Palavra de Deus no Gênesis, na passagem onde Deus ao se reportar à serpente declara: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3, 15), constata-se que existem duas descendências: a da mulher e a da "serpente", ou seja, a dos filhos de Deus e dos filhos do mal; a dos que seguem e servem em plena obediência ao Pai, e a dos que O rejeitam.
É de se deduzir, então, que se quero boas companhias que me sejam auxílio na jornada para o céu é patente que somente encontrarei essas boas e salutares presenças na descendência da mulher. Mulher essa que pode ser vista sobre dois aspectos: no sentido da Igreja, Corpo de Cristo, onde todos estão configurados a Cristo-Cabeça e que carregam a obrigatoriedade de nunca, em hipótese alguma, atentar contra a dignidade do próximo como direito, e da obrigatoriedade, sempre, de primar pela dignidade e o bem do irmão como um dever.
Em outro sentido essa "mulher" (Ap 12, 1) é uma pessoa: Maria Santíssima, que gerou Jesus e cujo "ventre", do coração, continua a gerar mais e mais filhos, anjos, para a Igreja, e para o Reino dos céus. Assim, é insofismável que se necessitamos de anjos ao nosso redor quem melhor que a Rainha dos anjos para nos auxiliar?
Por isso que "o Anjo do Senhor (Sl 33, 8), Jesus Cristo, entrega João aos cuidados da Mãe, e não o inverso, para que naquele coração materno um anjo fosse gestado, afim de, posteriormente, tornar-se, juntamente com os demais Apóstolos, anjos de Deus para a humanidade inteira.
É fato que necessitamos de boas companhias, de anjos de Deus, instrumentos abençoados que nos exortem no erro, nos levante na queda, nos reconduza ao caminho certo ao nos desviarmos, que nos amem mesmo em meio às nossas imperfeições, que chorem junto no tempo das provas e se alegrem junto nas vitórias.
Encontrá-los não será tarefa fácil, visto que mesmo na Igreja existem os da descendência do mal, o "joio" misturado ao trigo, e para isso é indispensável o auxílio de Jesus, Nossa Senhora e do Espírito Santo, visto que humanamente poderemos nos enganar e decepcionar.
Precisamos de anjos aqui nesta vida que desde já façam coro conosco nos hinos e louvores que juntos entoaremos, eternamente, com Jesus, Maria, os anjos e santos, perante o Pai, na força do Espírito Santo, no céu.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

A pior lástima!

As Sagradas Escrituras mostram que a queda de Adão e Eva trouxe males terríveis ao homem como, por exemplo, a perca da imortalidade (Sb 2, 23) ou da dignidade quase igual a dos anjos (Sl 8, 6), ou o fato de viver do suor do rosto e sentir dores de parto (Gn 3, 16-19), ou ainda, qualquer um daqueles tantos males listados por São Paulo na sua Carta aos Romanos 1, 19-32.
Existiria, no entanto, um mal pior que todos estes? Verificando-se as Escrituras: com certeza. Qual seria ele, então?
Analize-se, a partir da definição de Deus expressa por São João em 1 Jo 4, 8. 16 quando afirma e reafirma: "Deus é Amor", logo conclui-se que a obra da Criação foi fruto do amor de Deus, visto que a narrativa do Gênesis inicia-se por mostrar uma "terra informe e vazia" (Gn 1, 2) o que deve, portanto, ter impulsionado a Deus a desejar transformar aquela triste realidade.
Impelido pelo seu grande amor cria todas as coisas e por último a sua obra-prima: o homem (Gn 1, 26) na pessoa de Adão. Ao ver que este se mostra não totalmente satisfeito dá-lhe uma companheira : Eva. Ambos criados por amor e com amor, logo, os primeiros pais trouxeram em sua essência o divino, puro, santo, verdadeiro, perfeito, sagrado amor de Deus que permitiu Adão amar Eva à primeira vista: "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne da minha carne" (Gn 2, 23), não com um amor eros (sexual, carnal), mas um amor ágape (pleno, total), capaz de ver um no outro a plena presença de Deus e sua beleza a ponto de nem notar a nudez em que estavam.
No entanto, havia alguém que não se agradava de tal maravilha, de tão belo espetáculo: um Deus que ama suas criaturas em totalidade e que por elas é amado reciprocamente, na mesma intensidade com que ambos se amam. este ser, que por inveja e ódio, pois fora banido da presença deste Amor definitivamente, utilizando-se de uma artimanha, de uma "arma" eficiente (como bem afirmou Beato Papa Paulo VI) que é o pecado, induz Eva à queda e que, por conseguinte, induz seu marido à queda, também.
Esse laço de amor é rompido e o homem sofre a consequência deste ato: morre (Gn 2, 16-17), não no sentido biológico, mas espiritualmente e no sentido de ter perdido esta essência que o fazia plena imagem e semelhança do Criador: o amor. As consequências disso: a vergonha (Gn 3, 7. 10), a cisão (Gn 3, 12), a violência (Gn 4, 1-15) e toda sorte de males (Gn 6, 5). O homem criado para ser todo amor e todo bem, agora é todo pecado, e isso feria a Deus de "íntima dor" (Gn 6, 6).
Dali por diante, todo tipo de mazela se abateu sobre o homem e sua descendência sendo esses males repassados às gerações seguintes muito piores e acrescidos de novos.
Verdadeiramente, a pior lástima na queda de Adão e Eva foi a perda da capacidade de amar com o amor de Deus, daí a tripla consequência: a incapacidade de amar a Deus, sobrevindo, então, a egolatria, a idolatria, o ateísmo, ou um amor a Deus mesquinho e interesseiro; a incapacidade de amar o próximo, sobrevindo, então, a subjugação do outro (escravidão, tortura, humilhação...), a exploração, até o total desprezo manifesto na forma das guerras, do aborto, da eutanásia...; por fim a incapacidade de amar a si mesmo, pois, sem amor a Deus nem a si (daí a proliferação dos vícios), o outro pouco importa.
Por isso que Jesus ao vir em resgate deste homem decaído, trás no bojo da sua mensagem evangélica a imperiosa necessidade de amar, e deixa isso claro quando perguntado pelos fariseus qual seria o maior mandamento, o Senhor assim responde: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu espírito. (...). E o segundo, semelhante a este é: amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37. 39), fazendo alusão, assim, àquilo que é a essência do homem criado, mostrando a partir dele próprio Jesus o homem que fomos e que devemos voltar a ser.
Mensagem que foi tornada explícita pelo Apóstolo que se identificava como "o discípulo que Jesus amava" (Jo 19, 26; 21, 7) e que na sua Primeira Carta mostra de forma cristalina a identidade do homem renascido a partir de Cristo que é o amor, e isto evidencia-se mais claramente nos capítulos 3 e 4.
Portanto, a perca da capacidade de amar foi a pior lástima, e necessário se faz o seu resgate, e este deve ser o propósito de todo ser humano, pois curas, milagres, prodígios impressionam, mas experimentar o amor de Deus em sua pura essência, verdadeiramente é o que transforma e converte. É o caso de Maria Madalena cuja libertação de demônios () e da prostituição não foi nada perto da experiência do amor de Deus.
Este amor a marcou de tal forma que levou-a a deixar tudo e seguir Jesus até a cruz juntamente com Maria Santíssima e ser a primeira a testemunhar Jesus ressuscitado e tornar-se anunciadora do acontecido aos discípulos, ou seja, a prostituta (que era uma "terra informe e vazia"), agora torna-se anjo, tudo por que um dia teve devolvido o que de mais precioso se pode ter: a capacidade de amar com o amor de Deus, amor que é "derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Na terra ou no mar, evangelizar!

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é claríssimo ao demonstrar que o itinerário da vida cristã passa pelo crer, batizar, testemunhar (evangelizar) e partir.
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura..." (Mc 16, 15) é o envio dos discípulos, e da Igreja como um todo, logo, evangelizar é uma premissa obrigatória para todo batizado, uma exigência da parte do Senhor que encontra toda ênfase na frase de São Paulo: "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar" (1 Cor 9, 16).
Portanto, se evangelizar não é opção, mas condição necessária para todo o que professa Cristo, torna-se imperioso ter consciência, também, que evangelizar não escolhe tempo nem lugar, pois quando se refere ao tempo é São Paulo que, na sua Carta a Timóteo, exorta: "Prega a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente..." (2 Tm 4, 2).
No que tange ao lugar é o próprio Jesus que evidencia que todo lugar (povo, raça e nação) é lugar propício para a difusão do Evangelho, mesmo que seja na terra ou no mar, pois uma parábola e uma passagem de sua vida são esclarecedoras a respeito dessa realidade.
A parábola é a do semeador (Mt 13, 1-23) onde Jesus mostra a missão de evangelizar comparada ao ofício de semear, pois evangelizar é lançar sementes, sementes estas que Jesus ensina tratar-se da Palavra de Deus (vers. 19) e que deve ser lançada ao "solo" do coração de cada homem na intenção que germine, cresça, floresça e frutifique.
Já a passagem bíblica que mostra o encontro de Jesus com os primeiros discípulos (Pedro, André, Tiago e João) em Lc 5, 1-11 vai evidenciar o evangelizador como pescador, pois após o evento da pesca milagrosa o Senhor faz o convite àqueles homens: "Não temas, doravante serás pescador de homens. E, atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram." (vers. 10-11)
Estes dois trechos bíblicos mostram, então, que se na terra, semeadores, se no mar, pescadores, para indicar a universalidade da missão de evangelizar da Igreja que não escolhe "solo" nem "mar", pois todos são o "mundo" que Jesus fazia menção na passagem do Evangelho de São Marcos.
Outro detalhe ainda a destacar é o fato de que o semeador e o pescador eram profissões comuns e típicas de pessoas mais simples e humildes da sociedade judaica da época, o que indica que o chamado e a resposta sempre virá com mais vigor dos simples, dos pequenos; além de denotar que da terra brota o trigo que vai tornar-se pão e a videira que irá produzir o vinho, assim como do mar saem os peixes, elementos que remetem a ceia, banquete, alimento.
Isso para indicar que a missão de todo evangelizador é levar Jesus Cristo, o Pão da Vida (Jo 6, 35. 48), Aquele que nos convida a "cear com Ele e Ele conosco" (Ap 3, 20) em cada Santa Missa por meio da Santa Eucaristia.
Evangelizar torna-se, então, o ato de levar Jesus Cristo, presença que alimenta e fortalece, não somente o corpo, mas, fundamentalmente, a alma e o Espírito, e se faz presença real na vida e na caminhada de todo o que Nele crê e a Ele busca.
Desta forma, a necessidade de evangelizar se faz sempre necessária em todo tempo e lugar, pois sempre haverá pessoas necessitadas de Cristo como presença que dá sentido a vida e único capaz de saciar toda "fome" de Deus que cada um trás em si. Daí não importar se é "terra" ou "mar", o importante é evangelizar.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Entre o "egito" e "canaã" existe um mar e um deserto a atravessar!

A libertação do povo cativo no Egito que, de acordo com o ensinamento da Igreja, torna-se a metáfora da libertação da humanidade, é fonte inspiradora não só de reflexão, mas de ensinamento profundo para todo o que tem uma meta concreta para a sua jornada por esta vida que é o céu.
É-nos ensinado que  o egito, num sentido espiritual, é lugar de tormento, dor, opressão, lágrimas, humilhação, privação...e toda sorte de males; este lugar terrível tem um "rei", um chefe: satanás, no caso, prefigurado na pessoa de faraó.
Este lugar é visitado por um homem de Deus que carrega a missão de libertar os cativos, com a finalidade de guiá-los para um outro lugar: canaã, a terra que mana leite e mel (Ex 3, 8.17), onde, espiritualmente falando, é lugar de liberdade, paz, fartura, alegria...
O detalhe é que entre o lugar da opressão e o da salvação existe um mar e um deserto a serem atravessados. Na narrativa bíblica o povo, agora saído do Egito, depara-se com o mar vermelho que, por ação sobrenatural de Deus, abre-se para lhes dar passagem.
Este "mar" é a água redentora do Batismo pelo qual os braços de Deus se abrem para acolher não somente um povo específico, mas uma humanidade inteira que por Ele é exortada a deixar um "egito" de pecados. Braços que se abrem, agora, por meio de um coração aberto num madeiro para por meio do sangue redentor, agora do Filho de Deus, se possa chegar até a "canaã" celeste.
Atravessar este mar significar aderir, incorporar-se a um propósito, abraçar uma decisão que é a salvação. No entanto, este "mar" é só um passo, pois logo após ele virá a etapa mais desafiadora: o deserto.
O deserto nesta conotação mística indica lugar de privações, adversidades, provações, daí o fato de Jesus, após ter sido batizado, como narra Lc 4, 1-14, é levado pelo Espírito Santo ao deserto e lá permanece quarenta dias e quarenta noites em jejum (privação) e oração sendo, por várias vezes, tentado por satanás (provação); isso tudo para mostrar que o caminho rumo a "canaã" é trilhado em meio a lutas.
Em meio ao deserto o povo teve sede, assim como todos que ao atravessarem essa jornada também sentirão sede (de amor, de paz, de consolo...); no deserto o clima é hostil (quente demais ou frio demais), do mesmo jeito a peregrinação se dará entre a "quentura" das tentações carnais e a "frieza" da descrença e apostasia.
No deserto o povo estava sob o risco de animais e feras perigosas; nesta caminhada o homem também corre o risco do ataque de "feras" perigosas (drogas, prostituição, violência...); no deserto o povo viu-se instigado à rebeldia e a desobediência por influência de um anjo mau; nesta jornada a investida deste anjo também é certa.
No entanto, este "deserto" não tem a finalidade de matar, mas de aperfeiçoar; por isso que Deus, vendo que o povo não estava pronto a adentrar canaã, devido, ainda, a pecados a serem extirpados, faz com que Moisés reconduza a todos por mais quarenta anos pelo deserto (Nm 14, 33-34) para, aí sim, adentrarem a terra prometida.
É bem verdade que, à exceção de Josué e Caleb (Nm 14, 30), todos, inclusive Moisés, não adentraram Canaã (terrena), mas isso não significa que  não alcançaram a "canaã" celeste, pois, na passagem da transfiguração de Jesus (Mc 9, 2-13), Moisés aparece com Elias na glória (Mc 9, 5).
De certo é que, se o "deserto" desta vida, ou desterro (como dizia Santa Tereza D'Ávila) é para nos aperfeiçoar, é fato que não se está só nessa batalha, mas, assim como o povo de Israel que naquela situação tinha Deus ao seu lado provendo e auxiliando, também nós temos este mesmo Deus, por meio da Igreja e da Santíssima Trindade nos dando o mesmo auxílio.
Fato é que a nossa jornada inicia-se no "egito" (perdição) devido nascermos trazendo a marca do pecado original (Rm 5, 12), mas através do Batismo (adesão e libertação) somos guiados para outro destino que antes passa pelo "deserto" (provação) afim de que se chegue a "canaã" (salvação).
O Senhor Deus de misericórdia, por meio do seu amado Filho Jesus Cristo, por intermédio do divino Espírito Santo, ajude a cada ser humano compreender esta realidade e decidir-se pelo propósito de alcançar a glória celeste em meio as lutas na travessia, dolorosa, mas necessária, com o firme desejo de conquistar a coroa da vitória (Ap 2, 10).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"Portanto, se com tua boca confessares...serás salvo!" (Rm 10, 9)

É interessante constatar como todo agir de Deus passa, necessariamente, pela força da palavra, pois por meio dela tudo se fez e esse faça-se (fiat) que gera toda a Criação culminando em Adão vai repetir-se, futuramente, com Maria Santíssima que na sua resposta ao apelo do anjo diz: "Faça-se" (fiat) o que gerará o novo Adão: Jesus.
Ao longo de toda a Bíblia é a palavra que distanciará ou aproximará o homem de Deus e no projeto salvífico do Pai isso se tornará mais evidente em Jesus, pois a salvação que Ele possibilitará à humanidade passa pelo crer (Jo 3, 16), e crer significa ter fé, e a fé tem que ser expressa, confessa (Rm 10, 9).
Assim, a salvação passa pela ação da palavra, por isso Jesus em várias passagens dos Evangelhos realiza milagres, prodígios variados devido ser tocado por essa fé professada.
É o que se observa em três casos interessantes: o primeiro é o da mulher do fluxo de sangue (Mc 5, 25-34) que ao tocar na orla do manto do Senhor Jesus fica, instantâneamente, curada; porém, o que passa despercebido a muitos é que antes da ação de tocar ela proclama sua fé em Cristo ao declarar: "Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada" (vers. 28), e assim a graça aconteceu.
Um segundo exemplo  é o da cura do servo do centurião (Mt 8, 5-13) onde as Escrituras narram que o Senhor Jesus ao ser interpelado pelo soldado romano oferece-se para ir à casa mesmo e restabelecer a saúde do enfermo; no entanto, Jesus é surpreendido pela profissão de fé daquele homem que exclama: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado" (vers. 8). Tal confissão impactou Jesus de tal maneira que levou o Senhor a declarar: "Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel" (vers. 10).
Um terceiro caso é o da cananéia (Mt 15, 21-28) que interpela Jesus para que liberte sua filha do mal que a acomete; após muito clamar, chegando a irritar os discípulos e Jesus, recebe do Senhor uma resposta dura: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos" (vers. 26), e mais uma vez o Senhor se verá sendo surpreendido por uma profissão de fé impactante: " Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos" (vers. 27). Jesus, profundamente tocado, declara: "Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas" (vers. 28).
Chama a atenção nestes exemplos o fato de que Jesus não faz acepções no sentido de que a mulher hemorroíssa era judia (como Jesus), mas o centurião e a cananéia eram pagãos, isso para indicar que a graça está acessível a todos desde que creiam e reconheçam que a confere: Jesus, o Senhor, e os três O assim reconhecem.
Jesus em várias passagens como a da mulher do fluxo de sangue deixa evidenciado que a fé "a salvou" e não somente "a curou", pois o propósito maior do Senhor é a salvação do homem; para isso Jesus após a ressurreição deixará como obrigatoriedade aos discípulos a necessidade de ser batizado (Mc 16, 15-16) o que não se sabe se veio a acontecer com os exemplos aqui explicitados.
Infelizmente, nestes tempos de apostasia confessar Jesus como Senhor pela fé tem sido cada vez mais um desafio para a Igreja, visto que a tentação do Éden de que qualquer um pode ser "deus" e assim ser "senhor" de sua própria vida e história, sem necessitar de auxílios superiores, tem levado muitos a rejeitar confessar Jesus.
No entanto, para aqueles que não se deixaram enredar pelo engano da "serpente" seguem crendo firmemente no que declara São Paulo na sua Carta aos Romanos que a salvação passa por confessar Jesus como Senhor pela fé, por isso o "justo viverá pela fé" (Hab 2, 4; Rm 1, 17), por isso que a palavra de fé sempre terá essa força salvífica para sí e para outros.
O Espírito Santo que concede o carisma da fé (1 Cor 12, 9) suscite nos corações a força para professar sem dúvidas ou receios a crença no "nome que está acima de todos os nomes" (Fl 2, 9) e que a todos quer salvar.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Misericórdia e humildade

O Santo Padre o Papa Francisco decretou o Ano Jubilar da Misericórdia com o intuito de suscitar à humanidade, cristã ou não, volver seu olhar Àquele que é o Rosto da Misericórdia (Misericordia vultus): Jesus Cristo.
Misericórdia possui tantos conceitos, todos cabíveis, mas ao tomar por parâmetro os Evangelhos e os gestos misericordiosos de Jesus, um que se mostra relevante é a certeza de que é "um Deus que amorosamente se inclina em favor de uma humanidade para resgatá-la sendo esta imerecedora".
Este gesto de "sair de" uma condição superior e "vir a" uma condição inferior é próprio dos possuidores de uma virtude nobre: a humildade. Assim, se a misericórdia tem um rosto humano-divino e esta Pessoa trás em si a marca da humildade, então misericórdia é humildade, e não somente numa via de mão única, mas em mão dupla, pois a misericórdia que humildemente estende a mão colaboradora deve, necessariamente, encontrar uma mão que, também, humildemente estenda sua mão necessitada, e assim a graça acontece.
Isto pode ser plenamente observado na passagem do filho pródigo (Lc 15, 11-32) onde o pai amoroso estende, amorosamente, seu abraço acolhedor há um filho que, humildemente, estende seu clamor arrependido; o mesmo se pode constatar com a cananéia (Mt 15, 21-28) que ao mostrar ao Senhor Jesus que se conformava, humildemente, com as "migalhas" recebe, misericordiosamente, a graça da libertação da filha enferma.
Zaqueu (Lc 19, 1-11) da mesma maneira ao ser interpelado a "descer da árvore" da arrogância e orgulho, humildemente, acolhe o apelo de Jesus, abre a porta da sua "casa" e recebe a graça da libertação dos seus pecados. Assim, o encontro da miséria com a misericórdia, como ensina a Santa Igreja, passa por vários aspectos, mas a humildade é fundamental, pois ela quebra a vaidade, condição que mais bloqueia o agir misericordioso de Deus.
Os santos e santas da Igreja nunca tiveram dúvidas de que exercitando a humildade e na renúncia da vaidade teriam pleno acesso a misericórdia divina sem limites, não necessariamente para receber favores, mas, principalmente, como auxílio na grande batalha que travavam com o mal para permanecerem firmes no propósito de abandonar-se à vontade de Deus, viver a santidade e alcançar a salvação de suas almas.
A misericórdia de Deus não olha a condição humana, pois a parábola do filho pródigo mostra justamente em que estado se encontrava aquele jovem: maltrapilho e mal-cheiroso: um eufemismo de como se apresenta a nossa alma, entregue ao pecado e suas consequências o inverso do que São Paulo em 2 Cor 2, 15 vem mostrar como característica de uma alma santa que exala um "perfume" agradável. Somente o Pai, e aqueles que tem o Espírito Santo em abundância tem a capacidade de encontrar almas nesta situação e, humildemente, oferecer-lhes ajuda, visto que almas vaidosas não serão capazes de fazê-lo.
Misericórdia, portanto, é atitude, impulsionada por um amor indizível que não intenta outra coisa senão o bem, o melhor, a dignidade do outro, e passa pela humildade de dizer: posso ajudar? E que se fará concreta se do outro lado se encontra como resposta: por favor! Almas humildes (leves como penas) que aceitam esta misericórdia de bom grado estão fadadas a alçar voo, a mergulhar mais fundo, encontrar tesouros, enquanto que as vaidosas (pesadas como chumbo) não se movem, estão fadadas à inércia, a uma vida estática e não conhecerão a beleza do que o Senhor pode lhes proporcionar.
Eis o desafio que lança o Papa nas entrelinhas: exercitar a busca da misericórdia que está a disposição de cada um e ao alcance de todos, tem nome, tem rosto, e tem desejo de colaborar; assim como também ser disseminador desta para com os que estão em derredor necessitados e, humildemente, clamando socorro.
"Sede misericordiosos, como vosso Pai do céu é misericordioso" (Lc 6, 36), eis o desafio, eis a missão.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

"Dou-vos a minha paz" (Jo 14, 27)

O primeiro dia do ano é dedicado a PAZ no mundo. Foi um chamamento realizado a partir de um ato específico do beato Papa Paulo VI que em 1968 instituía o primeiro de janeiro como "Dia Mundial da Paz". No entanto, apesar de o Santo Padre àquela oportunidade fazer alusão a esta graça, que é parte íntima da natureza divino-humana de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que se viu naqueles dias, e que sucedem até esses dias, é que a tão desejada paz ainda mantêm-se longe de muitos corações.
E por quê assim? Por que o homem ainda segue, convicto, de que a paz é fruto de um esforço próprio, humano, particular, e que de forma alguma necessita de auxílios "transcendentes" para que a mesma ocorra, pois o intelecto, a razão, a vontade já são mais que suficientes. Assim, o desejo consciente de não agredir, não transgredir, não atingir o outro em qualquer que seja dos seus âmbitos torna-se um passo decisivo para a paz; e se essa atitude encontra eco na outra parte esta paz está selada.
Bem poderia ser possível se não fosse um detalhe que não se pode ignorar: o homem é um ser corrompido, principalmente, no que tange ao espírito, logo, a razão não pode ser fonte de êxito para tal intento, pois esta também se corrompeu. O homem não é parte, o homem é um holos (todo) e para que ele seja pleno em todas as suas capacidades o todo deve harmonizar-se, e se se despreza uma das partes não há como haver equilíbrio; seria, então, acreditar que alguém pode caminhar com uma perna apenas, tão perfeitamente como com as duas: algo impossível de acontecer.
A paz completa, perfeita, só será possível a partir de uma fonte que a torne capaz de ser perfeita, e essa fonte chama-se Jesus Cristo, pois foi Ele que em Jo 14, 27 declarou: "Deixo-vos a paz, dou-vos a MINHA paz. Não vo-la dou como o mundo a dá". Jesus faz então uma clara distinção entre a Sua paz e a paz do mundo, por quê? Por que a do "mundo" está embasada naquilo que foi acima descrito: num mero esforço humano; mas a paz de Jesus, a paz que ele não somente desejou, mas proclamou aos discípulos quando os encontrara trancados e temorosos naquele cenáculo (Jo 20, 19) ao proclamar "a paz esteja convosco" (vers. 19.21) é uma paz que tem duplo sentido; primeiro: é fruto de uma plena intimidade com o próprio Senhor Jesus que pacifica os sentidos, os sentimentos, as atitudes, as palavras, a postura, o trato com o outro levando esta pessoa a uma conduta de renúncia veemente da agressão, da violência, do mau para com o outro. Os que assim agem serão bem-aventurados e mais que isso, serão, palavras do próprio Cristo em Mt 5, 9, chamados filhos de Deus.
Em segundo, quando Jesus saúda os discípulos com "a paz esteja convosco" Ele está fazendo menção à redenção do homem para com Deus por sua paixão e morte o que está evidenciado nas palavras de São Paulo quando diz: "Justificados, pois, pela fé temos A PAZ COM DEUS, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5, 1). Logo, o homem que vivia em constante conflito, litígio com o Pai, pelo supremo sacrifício do Filho agora encontra paz, assim, é de se deduzir que um "mundo" que não quer, que não deseja, que rejeita a Deus volta a estar em litígio com Ele e, definitivamente, essa paz não se estabelece.
Diante dessa realidade, vê-se, então, que o mundo, a humanidade engendra esforços a partir de gestos pacifistas, e não propriamente de atitudes pacíficas, daí o que se observa: um mundo muito mais em guerra (em todos os sentidos, não somente bélico) com tendência a se avolumarem cada vez mais, do que com um real vislumbre de paz plena e duradoura. Isso por que como bem disse Papa Francisco: "A paz não é uma ausência; a paz é uma presença!" (menção à Gaudium et Spes e Paulo VI).
Somente com a presença de Cristo nos corações, é que, verdadeiramente, se vislumbrará a ausência de ódios, guerras, dissensões, divisões, desconhecimento do outro como irmão, próximo, filho de Deus e, portanto, alguém especial e cuja dignidade deve ser intocável.
Quando a humanidade inteira tomar consciência disso dar-se-á um passo gigantesco para a verdadeira paz que não precisará ter um dia do ano em especial, porque será celebrada todos os dias.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo (Príncipe da Paz) e que Maria Santíssima (Rainha da Paz) interceda por sua vida.