sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sempre haverá uma saída!

Neste tempo secularizado, cada vez mais apostatante da fé, não canso de me questionar sobre o por que de tantos enfermos, de tantos desesperados, de tantos amargurados, de tantos desfigurados pelos males e mazelas cometidos se, em tese, dever-se-ia estar a acontecer o inverso, pois, se felicidade é o prazer, o ter, o conquistar, é a liberdade plena de fazer ou deixar de fazer a tempo e destempo o que bem entenda, por quê, então, é este cenário triste que se faz cada vez mais presente na vida de tantos?
As respostas podem ser as mais diversas, no entanto, a mim se mostra cada vez mais incontestável a certeza que a causa é uma só: o distanciamento de Deus, e por quê? A resposta a mim se mostra ao exercitar o que mais faço nestes tempos que é lançar mão do meu banco particular de memórias e ao regressar no tempo para traçar um comparativo entre o ontem (trinta anos atrás!) e o hoje para tentar colher respostas, e a resposta que a mim se apresenta é que falta algo que era tão comum àquela época e que hoje se torna cada vez mais raro: a busca do auxílio de Deus.
Naquele período, e mais forte ainda há quarenta, cinquenta anos atrás, era praxe pessoas, famílias, ante situações de dificuldades, de dramas terríveis não contemporizarem, mas serem instantâneas em devotar suas esperanças, em homens sim, mas muito mais em Deus e na sua providência. Logo, é perfeitamente sensato dizer que naqueles idos tempos havia um povo que cria com fervorosa fé naquele versículo segundo dos Salmos 120 (121) onde o salmista brada com plena certeza: "O meu socorre virá do Senhor, criador do céu e da terra".
Faço menção a esta verdade porque fui testemunha das tantas vezes que, ante momentos de adversidades, vi e ouvi minha avó com olhos fitos no céu proclamar aquele "Com fé em Deus!" carregado de certeza - pois a fé é certeza como afirma São Paulo em Hebreus 11, 1 -, que aquela situação, com o auxílio divino haveria de ter solução.
A fé da minha avó, como de tantos avós e pais de antigamente, era reflexo de uma fé que estava muito mais arraigada no seio das família devido elas terem na fé um dos seus pilares essenciais, e assim, impregnadas das verdades evangélicas expostas nas Sagradas Escrituras por meio das tantas intervenções de Nosso Senhor Jesus Cristo, não tinham dúvida em crer que com Jesus sempre haverá uma saída, pois foi o que experimentou aquela mulher do fluxo de sangue, aquele paralítico entrevado a mais de trinta anos, aquele pai (Jairo) e aquela mãe (viúva de Naim) que tiveram seus filhos ressuscitados...
E por quê não se acredita mais assim? Por quê se tornou mais comum às vezes até acusar, blasfemar contra Deus num momento de adversidade do que recorrer a Ele? Por que sistematicamente tem-se inculcado na mente humana que crer em algo, ou alguém, para além da nossa capacidade humana, racional, é fruto de ignorância, alienação, dentre tantos outros adjetivos. Irresponsavelmente, passou-se a creditar ao homem cada vez mais a capacidade de tomar as rédeas de sua própria vida e dela poder fazer o que quiser, inclusive fazer e desfazer, errar e corrigir, sem a obrigatoriedade de um auxílio transcendente.
O que se vê, então, é que ao ver-se diante de situações que humanamente não é capaz de mudar surge os sintomas supracitados no parágrafo inicial. Alguns, num momento de sinceridade e reconhecimento, dobram-se ante a verdade dos fatos e, como o filho pródigo, caem em si e lembram-se que há alguém a quem podem recorrer voltam e dão à sua vida novo rumo. Mas, e a maioria? Continuam a insistir em fiar-se em si mesmos e assim, seguem obstinadamente seu caminho rumo a derrocada.
Quando o Senhor Jesus em certa passagem exclamou que "Sem mim nada podeis fazer!" (Jo 15, 5), impunha ali um dogma, uma verdade incontestável, pois usando da racionalidade que os secularizados deste tempo cobram, não há quem conheça melhor uma máquina, um instrumento, um objeto do que quem o (a) criou; logo, não há quem conheça melhor o homem do que quem o criou: Deus. Mas se o mundo expulsa o criador como poderá se ajudar se nem mesmo se conhece em profundidade?
Eis o drama posto, eis a problemática destes tempos que assola em número cada vez mais alarmante a sociedade atual com efeitos devastadores, e o mais terrível é saber que muitos dos defensores dessa premissa racionalista-materialista-hedonista reconhecem os efeitos danosos das suas ideias, porém, maldosamente, carregados de soberba e orgulho não dão o braço a torcer e preferem "deixar como está!", a humildemente reconhecer: erramos, e erramos clamorosamente.
Da parte daqueles que preferem crer nas sábias palavras de Jesus e nas Escrituras e que humildemente reconhecem, sem nenhum demérito, que ante todo tipo de adversidade, crise, dramas, sempre haverá uma saída e que basta um gesto como o de Pedro quando afundava nas águas: estender a mão e clamar por socorro (Mt 14, 30-31) e haverá uma mão forte que também se estenderá para resgatá-lo e pô-lo em lugar seguro, não tem em dizer creia nisto!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

"Alegrai-vos nos Senhor" (Fl 4, 4)

Alegria, para muitos, é sinônimo de felicidade e que ambos caminham de mãos dadas com aquilo que chamamos satisfação. No que tange a vida cristã, infelizmente, torna-se, cada mais, praxe apostar nesta fórmula ao vincular a alegria de ser cristão às benécies que Cristo pode proporcionar sobre a forma de bençãos e milagres.
Esta é uma visão erroneamente propagada, visto que alegrar-se no Senhor, como explicita São Paulo na carta aos Filipenses, não é fruto do alcançar uma solução para um problema, uma dádiva extraordinária como uma cura, por exemplo, mas é fruto de uma experiência transformadora que muda histórias e restaura vidas, e essa experiência chama-se Jesus Cristo que não se esgota logo após acontecer como num milagre, mas que permanece para sempre.
Quando esta experiência divina acontece este alegrar-se no Senhor, passa a ter outro significado, como mostram as palavras do Apóstolo  na passagem de Colossenses 1, 12-14 onde evidencia que primeiro devemos alegrar-nos no fato de que um dia Jesus nos "arrancou do poder das trevas" (vers. 13), poder este que em virtude do pecado nos aprisionava numa vida dissoluta, promíscua, rebelde, apostática, escravizante... que tinha como consequências apenas dor, lástima, tristeza, angústia, derrota. Alegrar-se no Senhor é ter a consciência, portanto, que se não fosse a misericórdia de Deus operando em nosso favor trilharíamos, como tantos, um caminho de morte, de destruição, pois este é o fim natural dos que optam por viver sem Deus, buscando a alegria, a felicidade e a satisfação onde ela não existe, pois mesmo onde julga-se que exista (sexo, drogas, dinheiro...) nada mais é que um belo disfarce para apanhar os despreparados.
Alegrar-se no Senhor é saber que, ao contrário de tantos que sucumbiram, deixaram esta vida sem conhecer a Jesus e seu amor que liberta e proporciona a única e verdadeira alegria, tivemos a graça de sermos alcançados, restaurados para seguir uma nova direção, uma nova proposta de vida renunciando ao mal e abraçando o bem.
A passagem de Cl 1 no mesmo versículo 13 também exalta que alegrar-se no Senhor é saber que Deus "nos introduziu no Reino do seu Filho amado", ou seja, é saber que sem Jesus e seu sacrifício de cruz estaríamos todos condenados, no entanto, o sim de Jesus nos abriu possibilidade de salvação, abriu-nos possibilidade de alcançar o céu. Essa graça tem início pelo Sacramento do Batismo, mas tem que se renovar a cada dia em cada não que se dá ao pecado, ao inimigo com seus falsos prazeres. Saber que há para nós possibilidade de vida eterna quando antes só se tinha certeza de tormento eterno é mais que motivo para regozijar-se.
Agora, alegrar-se no Senhor também diz respeito às lutas que se deve passar para ser merecedor da alegria eterna, pois o contexto desta frase do Apóstolo São Paulo em Filipenses não é de alguém que estava vivendo maravilhas, mas de alguém que passava por tribulações e provações pesadas, assim como a própria comunidade de filipos. Logo, o Apóstolo mostra uma característica do cristão já demonstrada pelo próprio Cristo que é a contradição no que tange às coisas de Deus, pois como explicitado no parágrafo introdutório que se vincula alegria a satisfação, São Paulo fala de alegria na insatisfação, na contrariedade, isso tudo por quê? Por que o Reino dos céus passa pelo que ensinou Jesus no Sermão da montanha em Mt 5, 10-12 quando diz: "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. ALEGRAI-VOS e EXULTAI, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
Fica assim evidente que alegrar-se no Senhor em meio a bençãos e milagres é muito fácil, no entanto, o que faz o verdadeiro cristão alegrar-se, até porque passa a perceber que está no caminho correto, é saber que era digno da perdição eterna e, no entanto, foi-lhe dada uma nova chance a partir do derramar de um sangue inocente; saber que poderia sair desta existência sem a oportunidade de conhecer a Deus num experiência transformadora, mas que por pura misericórdia recebeu uma nova chance; e, por fim, saber que na adversidade essa alegria não se perde, mas se fortalece, pois contrariar este mundo é alegrar o coração de Deus, e por consequência o nosso próprio coração.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O que se espera do seguimento de Cristo?

O anúncio fascinante, e muitas vezes conveniente, de um Cristo que está disponível para satisfazer as necessidades pessoais dos que o buscam, ou como um mero oráculo a dar respostas às necessidades mais prementes de uma sociedade que, mal acostumada aos proponentes de soluções rápidas, vê-se "desbaratinada" quando não a apresentam, o que tem afastado os cristãos do que realmente significa aderir a Jesus, nesta vida, e segui-Lo.
Prosperidade, curas, bem-estar, será mesmo isso o que espera aqueles que se propõem a seguir Jesus? Foi isso que o Senhor deixou como alerta aos que o professarem como o Filho de Deus, o Salvador? A resposta é não! São várias as passagens bíblicas onde Cristo deixa claro aos discípulos e a todo que o aceitasse que, muito pelo contrário, dias difíceis viriam, tempos complicados os aguardariam.
Jesus mesmo dá-se por exemplo quando inicia todo o projeto salvífico a partir do seu batismo sendo levado ao deserto e ali é tentado pelo demônio (Lc 4, 1-13); ser batizado é ser introduzido na multidão do povo que fará o seu peregrinar pelo "deserto" desta vida, saído do "egito" para rumar à "terra prometida"; porém, neste trajeto existe um inimigo que não medirá esforços para impedir que esta "corrida seja completada" (2 Tm 4, 7).
O Senhor deixará nos seus ensinos e pregações mais evidente que esta adesão será caracterizada por lutas, provações, enfim, por adversidades; e isto se faz patente na passagem de Mt 5, 10-12 quando diz: "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
O texto bíblico que não deixa dúvidas sobre as intempéries que sobrevém aos seguidores do ressuscitado é o de Mt 8 a 10, 1-23. A narrativa começa pela parte que hoje é que mais se tenta mostra: o Cristo das bençãos, dos milagres (capítulos 8 e 9); no entanto, quando escolhe os doze (capítulo 10) a partir do versículo 16 até 23 vai evidenciar a consequência de ser missionário, anunciador do Evangelho.
No versículo 34 Jesus vai dizer aos discípulos: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra! Vim trazer não a paz, mas a espada". Do que estava a falar o Senhor senão da perseguição dos romanos e do próprio povo judeu, à época, e de todos os demais inimigos da Igreja que se levantariam ao longo da missão peregrina do Corpo de Cristo?
Fica assim evidenciado, sem invencionices ou contorcionismos teológicos que o que se espera do seguimento de Cristo é, certamente, libertação do pecado, vida restaurada, uma "paz que excede toda inteligência" (Ef 4, 7)...; mas ladeado a tudo isso estará a batalha, que não é "contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades..." (Ef 6, 12).
No entanto, mediante a pregação que se faz hoje de um Cristo que é só benécies, que é somente céu de brigadeiro e mar de almirante, a Boa Nova e seu anúncio vêem-se prejudicados, pois ao omitir-se a verdade completa, esses "buscadores" apenas da parte boa que lhes apraz baterão em retirada imediata ao constatarem que os percalços, o céu com raios e trovoadas, o mar com ondas encapeladas também fazem parte do pacote, logo a parte que não estão dispostos a encarar.
O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiramente, prosperará ao não prometer prosperidade cativando seguidores interesseiros, mas prometendo salvação aos que O levarem com fé e amor, cativando e atraindo guerreiros, a partir de testemunhos de fiéis lutadores que souberam, como por exemplo Santa Teresa D'Ávila, que seguir e servir significava "sofrer e amar".
Não há dúvidas que é uma realidade desafiadora, principalmente num mundo secularizado onde prazer e satisfação são a tônica da propaganda, será para muitos atemorizante e causa de desistência, por isso mesmo demandar coragem, e por isso mesmo ser indispensável o auxílio do Espírito Santo, pois somente com Ele é que os Apóstolos e a Igreja conseguiram atravessar tantas provas e fazer a Palavra de Deus chegar até aqui.
O Apóstolo São Paulo que de perseguidor passou a perseguido souber o que é viver o seguimento de Cristo, as contrariedades de pregar Cristo ressuscitado; no entanto, seguiu em frente e assim colaborou valorosamente com a missão da Igreja, mas o êxito só pôde se dar pela força do Espírito Santo.
Este mesmo Espírito continue ajudando a Igreja a não se desvirtuar dos seus propósitos, mas trabalhando nos corações para que mais seguidores, mesmo sabendo da verdade sobre o seguir a Jesus, sejam levantados a fim de que o autêntico Evangelho continue conquistando almas para o Senhor e proporcionando ao que crerem alcançar aquilo que é a espera maior: o céu.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Por quê o Evangelho não prospera como antes? Parte 3: A contradição entre falar e viver!

Quando Jesus expõe a Sua Doutrina nos capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de São Mateus, onde ali reafirma os Mandamentos dados ao povo de Israel aperfeiçoando-os, e acresce novos parâmetros, principalmente de conduta moral, não é plenamente compreendido, nem pelos discípulos, nem pelos demais que O escutam.
Aos que ali ouvem o sermão de Jesus, certas recomendações soam incompreensíveis e até inaceitáveis, visto que iam de encontro ao que preconizava a Lei de Moisés, por exemplo, no trecho do capítulo cinco, nos versículos de 38 a 41 onde Jesus ensina: "Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. De alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil".
O "olho por olho, dente por dente" (Lei de Talião) era própria da Lei Mosaica e os ouvintes, diante daquela ordenança, certamente, ficaram espantados, pois a eles seria difícil cumpri-la; porém, será somente após Jesus viver a sua Paixão e morte é que, em particular os discípulos, perceberão que Jesus não se restringiu a propor um novo agir, mas que vivera à risca o que ensinara, daí o fato de na passagem de At 5, 41 o texto sagrado narrar que, os agora apóstolos, após terem sido presos, açoitados e ameaçados ao deixarem o cárcere saem "cheios de alegria por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus".
Os apóstolos aprenderam com o ensinamento vivencial de Jesus que ser discípulo, ser missionário, ser testemunha do Senhor, é indispensável, é obrigatório que não haja contradição entre o falar e o viver, e foi assim que a Igreja avançou de forma estupenda nos seus primeiro tempos após a ressurreição e ascensão do Senhor, pregando e vivendo seu Evangelho integralmente como o mesmo ordenou.
Não será, portanto, essa contradição uma das causas de tanto arrefecimento da fé? Pois se há de convir que ouvir alguém pregar condenando o pecado do adultério e depois ser flagrado cometendo tal pecado, bem como alguém que prega condenando o alcoolismo, as drogas, a corrupção..., e ser flagrado praticando os mesmos delitos, é fato que a fé destes ouvintes irá à lona e a consequência será a incredulidade e até a apostasia.
Nada, absolutamente nada, do que Jesus pregou ou ensinou fez o contrário. Quando questionado por Pedro sobre quantas vezes perdoar, se "até sete vezes" (Mt 18, 21), Jesus responde: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (Mt 18, 22); e o Senhor demonstrou este ensinamento não somente no tempo do seu ministério, até o alto do madeiro, como continua a fazê-lo até hoje.
Fica assim demonstrado que a mensagem evangélica pregada deve ser abalizada pelo prática. O contrassenso, portanto, entre o falar e viver tem sido um entre tantos fatores que explicam esse pouco avanço da Boa Nova de Jesus, pois o famoso "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", neste contexto não tem fundamento, mas trará consequências sérias, pois vidas passam a desacreditar na mensagem salvífica, no auxílio de Cristo, para enveredar por outras mensagens, daí o crescimento de seitas e falsas doutrinas, do ateísmo, do neopaganismo e até do satanismo. E por quê? Por que mesmo sendo enganosas seus anunciadores o fazem com certeza e sem contradizer-se.
A Igreja precisa, urgentemente, voltar ao que exorta Nosso Senhor Jesus Cristo e obedecê-Lo, pois ele adverte a esse que se contradizem: "...quem não ajunta comigo, espalha" (Mt 12, 30), e aos "espalhadores" o juízo não será bom. Sejamos "ajuntadores" com Jesus sendo fiéis e coerentes afim de que se possa frutificar em bençãos para o próximo o nosso viver sincero e assim almas sejam resgatadas para Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 19 de setembro de 2015

Por quê o Evangelho não prospera como antes? Parte 2: Levar Jesus sem Jesus!

A passagem do Evangelho de São João capítulo 21 evidencia mais um encontro de Jesus ressuscitado que deve ser motivo de reflexão para todo cristão engajado na Igreja e servindo à evangelização.
O trecho a partir do versículo segundo mostra Pedro e alguns discípulos à beira do lago Tiberíades e, em dado momento, ele, Pedro, decide: "Vou pescar!". Instantemente, os demais respondem: "Também nós vamos contigo!". A sequência do texto narra que passaram a noite pescando e nada conseguiram (vers. 3) e, ao retornarem à praia, encontram Jesus que lhes pergunta: "Amigos, acaso não tem algo para comer?" (vers. 5). Mediante a negativa dos discípulos o Senhor lhes ordena lançar as redes à direita da barca e a mesma captura centenas de peixes (vers. 6). Pedro e os demais, ante o fato,  reconhecem tratar-se de Jesus.
Essa passagem trás um questionamento a respeito do "ir pescar" destes dias: por quê a evangelização que se faz, ou se busca fazer, surte tão pouco, ou nenhum efeito? Por quê as redes são lançadas, mas voltam quase sempre vazias? Uma possível resposta seria: "estão levando Jesus sem Jesus".
Analise bem: aqueles homens eram especialistas em pescaria, conheciam o melhor período, o melhor turno, ou seja, tinham conhecimento, eram preparados, no entanto não lograram êxito, por quê? Faltou o essencial: faltou Jesus! Faltou naquela pescaria "o pescador" que faz a diferença, e na de muitos evangelizadores, também.
Da mesma maneira, transportando para a ação evangelizadora, primeiro ponto de equívoco que se nota: muitos se arvoram querer evangelizar fora da barca (a Igreja); Jesus deixou um mandato a homens, sim, mas dentro da Igreja, unidos a Ele: "...para que sejam um, com assim como tu, Pai, estás em mim e Eu em ti..." (Jo 17, 20), e não individualmente.
Segundo ponto: muitos até servem na Igreja, mas levam Jesus meramente a partir das suas capacidades humanas, seja intelectuais (conhecimento bíblico, doutrinário,...) ou de retórica (boa argumentação, eloquente pregação...), estas ferramentas são fundamentais, no entanto, sem Jesus as potencializando, inspirando, ungindo, tendem a cativar os ouvidos, impressionar o intelecto, despertar emoções, mas não serão capazes de se expressar em conversões, podendo, pelo contrário, produzir efeito inverso.
Efeito inverso? Justamente, pois entrar na "noite" da vida do outro, ou mesmo na "noite" desta vida sem Jesus, é correr o risco de ser vítima do mal que jaz neste mundo e dos perigos que este oferece. A Palavra de Deus mostra exemplos disso como na passagem de Mc 4, 35-41 da tempestade acalmada onde, mais uma vez os discípulos estão na barca (a Igreja) atravessando o lago quando uma grande tormenta surge e se lança contra ela. Ali estão os mesmos homens conhecedores do ambiente, pois eram pescadores, no entanto, viram-se incapazes diante da força dos ventos e ondas.
Eles recorrem, então, a Jesus que se encontra dormindo em outra parte da embarcação, acordam-No e Ele repreende a tempestade que logo se torna em bonança. Poderiam fazer algo aqueles homens por mais que conhecessem de mar, de barco, sem o auxílio do Senhor? Não! Certamente naufragariam, pereceriam; e muitos estão naufragando por não entenderem que ter conhecimento de Jesus, mas não ter verdadeiramente Jesus presente na sua vida não adiantará grande coisa, pois esta vida tem suas tempestades, com ondas encapeladas, capazes de jogar ao fundo as "barcas" que não levarem Jesus, e mesmo que não afundem, voltarão vazias.
Outro exemplo que se pode referir é o de At 9, 11-16 onde alguns judeus ao verem os milagres que se realizavam por meio do Apóstolo São Paulo, arvoraram-se em tentar expulsar demônios de pessoas possessas. O texto narra que "o espírito maligno replicou-lhes: "Conheço Jesus e sei quem é Paulo. Mas, vós quem sois?". Nisso, o homem possuído do espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois deles e subjugou-os de tal maneira, que tiveram de fugir daquela casa feridos e com as roupas estraçalhadas."
Eis o risco que se corre, pois espíritos malignos só se submetem a Jesus, e isto bem já ensinara o Papa Bento XVI: "Somente Jesus é capaz de vencer o mal", e se é fato que uma alma que caminha nesta vida, de pecado em pecado, rejeitando a Jesus e longe dos seus caminhos, certamente torna-se morada do mal, como bem ensina o Senhor em Lc 11, 24. Portanto, é um risco grande levar Jesus a pessoas assim, ser ter Jesus presente na própria vida como tinha Paulo que enfrentava os demônios e os expulsava (At 16, 16-18), porque tinha Jesus e o Espírito Santo.
Assim, faz-se imperioso o entendimento que evangelizar, levar Jesus ressuscitado, sem Jesus, ou seja, sem Ele ser parte presente na vida deste servo que não tem vida de oração, não tem intimidade com o Espírito Santo, não tem vivência fiel dos Sacramentos (Reconciliação e Eucaristia), não adora ao Santíssimo, não tem práticas de caridade, nem conhecimento das Sagradas Escrituras e do Magistério, sem fidelidade e obediência a Igreja e aos seus pastores, certamente pouco ou nada produzirá, pois o Senhor já declarara: "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,5).
Não há como um ramo frutificar separado da "videira" que é Jesus, pode até acontecer de, no afã de ajudar, atrapalhar; em vez de ganhar, perder; em vez de trazer, afastar...Por isso, que se se quer que o Evangelho prospere, avance e continue ganhando vidas para Jesus é necessário que Ele esteja na "barca" da nossa vida.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Por quê o Evangelho não prospera como antes? Parte 1: A necessidade de ser pequeno

Os primeiros tempos da Igreja, dita primitiva, nos seus primeiros séculos, foram norteados por uma obediência fiel aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo o que tornaram o florescimento e a expansão do Evangelho do Senhor uma realidade surpreendente e incontestável.
Dentre os tantos ensinamentos deixados por Jesus na Sua Doutrina () está um que, para a Igreja deste último século e meio, salvo exceções, esteja se perdendo: o viver como pequeno.
Equivocadamente, para muitos, viver Jesus e cumprir seu mandato missionário restringe-se a ser alguém cheio do Espírito Santo e por meio dos seus dons e carismas seja capaz de realizar maravilhas, milagres que saltem aos olhos dos que os vêem.
De fato, o auxílio do Espírito Santo é fundamental, porém, tomando o próprio Senhor Jesus como exemplo basilar, além da poderosa presença do Espírito Santo, também era parte da ação evangelizadora do Senhor a Sua conduta, a sua postura perante Deus e os homens que também era fonte de atração para muitas pessoas da época; e a sua conduta foi fruto da opção por ser um "pequeno" de Deus, tanto que a Sagrada Escritura em Filipenses 2, 6 declara que "Sendo Ele de condição divina não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens".
Jesus aniquilou-se, rebaixou-se ao extremo de tornar-se escravo para dar exemplo da necessidade de ser pequeno diante de Deus e, assim, convidar o homem a imitá-lo. Daí, portanto, seus ensinamentos aos discípulos deixarem muito claro, para eles e para todos que o quiserem seguir: tem de ser pequeno; e esta verdade está relatada em muitos trechos dos Evangelhos como, por exemplo, na passagem que Jesus abençoa as crianças (Mc 10, 13-16) quando repreende os discípulos que não queriam permitir que elas se aproximassem de Jesus, onde ao ver tal cena diz: "Deixai vir a mim os PEQUENINOS e nãos os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se assemelham."
Também na passagem de Mc 10, 35-45 onde Jesus recebe de Tiago e João um pedido para terem assentos especiais, lugar de destaque ao lado do Senhor na glória, ouvem esta resposta: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos". Fica evidente que mais que posição, necessária é a condição, pois Jesus quando fecha esta passagem dizendo: "Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir...", deixa patente que não importa a posição, mas a condição.
Ainda na passagem de Mc 9, 42 Nosso Senhor vai fazer menção à importância dos pequenos quando deixa o aviso: "Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes PEQUENINOS que creem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!", por quê isto, porque é ser motivo de escândalo, e sobre isso Jesus também fala em Lc 17, 1: "É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm!". O "ai" significa castigo, logo o Senhor deixa evidenciado que haverá uma pena para todo que prejudica, persegue, violenta, ou leva a pecar os seus pequenos; por isso que todos os santos e santas da Igreja, a exemplo de Santo Estevão (At 7, 60), passavam pelo martírio pedindo perdão para seus algozes, pois sabiam da terrível pena que aguardava esses pecadores.
Ser pequeno, rebaixar-se totalmente à vontade de Deus, por amor a Deus e a próximo, torna essas vidas grandes, gloriosas perante o Pai, daí tantos buscarem essa meta com afinco, disposição e radicalidade, e por isso tornaram-se tão íntimos de Jesus, os amigos dos quais Ele já não trata como servos (Jo 15, 15), pois deles nada esconde.
Estes pequenos são aqueles que proclama os Salmos 8, 3: "Da boca das crianças e dos PEQUENINOS sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos". Certamente, são os mesmos a que se refere Santo Afonso Maria de Ligório quando dizia que "Uma oração humilde consegue tudo de Deus."
Nestes tempos onde o risco de cair na vaidade e se deixar dislumbrar e engrandecer em virtude de um dom, de um talento, de um carisma que se exerce, faz-se imperiosa a necessidade de se redobrar a vigilância, a oração, a vivência da presença de Jesus, que crucificado deixa claro que a glória eterna passa pelo apequenar-se.
No auxílio do divino Espírito Santo, os santos ensinamentos da Mãe Igreja, o exemplo de Nossa Senhora outra que foi pequena à perfeição, a vida dos santos, possa auxiliar você a caminhar como pequeno nesta vida, talvez até tendo que passar despercebido para os "grandes" deste mundo; mas que um dia será reconhecido pelo que é maior que todos: Jesus Cristo.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

É na escuta da Palavra que a conversão acontece!

O reducionismo próprio da teologia protestante que julga a "Sola Scriptura" suficiente para que Deus se comunique com o homem tem levado a muitos a um erro de compreensão ao qual a Santa Igreja Católica não comunga e refuta com veemência, pois se a Bíblia é Palavra de Deus, a Palavra de Deus não se resume à Bíblia, pois se trata do próprio Verbo encarnado (Jo 1, 1), algo que o Papa emérito Bento XVI quando do seu pontificado já deixara muito claro ao expor: "O cristianismo é a religião da Palavra de Deus, e não do livro, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivente. No início do cristianismo não existia uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá vida e horizonte e, com isto, a direção decisiva” (Exortação apostólica Verbum domini).
Assim, se a Igreja se declara a "Religião da Palavra", faz menção, então, à Palavra eterna que existe antes de tudo e de todos, a Palavra que declara: "Porque Ele disse e tudo foi feito, Ele ordenou e tudo existiu" (Sl 32,9), logo a Palavra eterna conclama a ser escutada, ouvida, e não vista, pois antes de a Criação ver-se, ela ouviu-se: "Faça-se a luz". E a luz foi feita." (Gn 1, 3)
A partir deste entendimento necessário se faz compreender que no processo de conversão do homem a escuta da Palavra é indispensável, e para que se compreenda isto, a narrativa bíblica de At 9, 1-22 (conversão de Paulo) mostra-se como bom exemplo, pois Saulo certamente foi um homem que deve ter visto entre os cristãos que perseguia muitos relatos de conversão a partir de uma experiência pessoal com Jesus, no entanto, seu coração incrédulo e obstinado por resguardar a Lei (o Livro), não o permitia crer.
Porém, o texto bíblico narra que numa viagem com o intuito de prender e punir cristãos, no caminho de Damasco, Saulo é envolvido por uma luz que o faz cair por terra (ver. 3-4), daí, então, "ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?" (vers. 4), tem-se então um diálogo entre Saulo e Jesus que encerra-se como uma pergunta de Saulo: "O que queres que eu faça?" (vers. 6). Saulo, agora cego, segue as orientações do Senhor, é batizado por Ananias (vers. 17), recupera a visão e passa de perseguidor a testemunho de Jesus (vers. 20.22).
O ver não foi capaz de tocar em Saulo, mas o ouvir foi decisivo. E assim continua a ser pois a Palavra que transforma, transforma a partir do ouvidos, e isso está tão evidente nas Sagradas Escrituras quando Moisés ao falar ao povo começava dizendo: "Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus, é o único Senhor." (Dt 6, 4), nos Salmos 118, 105 que diz: "Vossa Palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho.", luz que na escuridão deste mundo onde o "ver" não nos possibilita encontrar o caminho correto, é a voz que ressoa da boca de Deus que orienta pelo "ouvir" para que se encontre a direção da porta e não do abismo. 
No Novo Testamento o exemplo de Maria Santíssima também evidencia como era uma mulher de escuta como na passagem de Lc 2, 16-19: "Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração". Maria ouvia aquela narrativa, meditava e certamente concluía ser o próprio Deus a lhe falar por aquelas pessoas.
O próprio Paulo, após sua experiência pessoal com Jesus vai evidenciar esta necessidade da escuta como pré-requisito para a conversão quando em Rm 10, 17 declara: "Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da Palavra de Cristo". Paulo tinha um livro nas mãos naquele instante? Não. A pregação que produzia fé e convertia era "escutada", e aqueles que a ouviam eram tocados porque era a mesma Palavra que ouvira Saulo no caminho de Damasco: a Palavra eterna, Cristo.
O Senhor Jesus no Sermão do Bom Pastor também evidenciará esta necessidade da escuta quando diz: "...as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz." (Jo 10, 4), desta forma, ver milagres, ver curas, ver libertações, ver prosperidade financeira não serão sinal de que haverá conversão, pois muitos viram milagres e prodígios da parte de Jesus, principalmente os fariseus, e mesmo assim o condenaram, por quê? Por que nunca lhe deram ouvidos. As palavras do Senhor não encontraram um coração receptivo como dos discípulos à beira do lago, de Zaqueu no alto da árvore, da samaritana à beira do poço...
Somente os que abriram os ouvidos da alma e do coração puderam ouvir a voz inconfundível do pastor e segui-Lo; e o Senhor continua a fazer o mesmo: alguns darão ouvidos a esta Voz de bom grado, no entanto, outros como Saulo terão de ser "lançados ao chão", apeados do "cavalo" (sinônimo de altivez, autossegurança), terão de ser "cegados" por um tempo, até que deem ouvidos a esta voz e respondam: " O queres que eu faça?" e ouvirão: "Vinde a Mim" (Mt 11, 28) ou "Meus filho, dá-me o teu coração" (Pv 23, 26).
A Palavra de Deus age a partir do momento que se abre à escuta da voz do Senhor que age por meio do seu Espírito Santo, para fazer "cair as escamas" do pecado que cega e agrava os ouvidos, para fazer nascer um homem novo, restaurado, convertido.

Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

"Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram" (Jó 42, 5)

Verdadeiramente, para aqueles que ainda não compreenderam a Palavra de Deus, principalmente os Evangelhos, não perceberam que Jesus não é uma ideia, uma teoria, ou equivalente; Jesus é vivência, é experiência, porque é pessoa, logo, falham todos aqueles que pressupõem alcançar ou comunicar Cristo por mera argumentação.
Esta constatação é concreta quando se observa um crente tentar evangelizar um descrente à força da pura argumentação, ainda mais nestes tempos de apostasia, pois trava-se entre as partes um debate de pontos de vista que se alternam em refutações que logo se mostram contraproducentes e que, ao final, na maioria das vezes não alcança seu objetivo.
Por quê não há êxito num discussão onde ambos se portam perante o outro com a seguinte condição: "eu estou certo e você está errado!"? Porque não se dá atenção ao que mostram os Evangelhos, pois, vejamos, a passagem do encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4, 1-42): o Senhor propõe o diálogo a partir de um pedido por um copo de água que de pronto é rejeitada pela mulher, visto que, segundo o texto "judeus não se comunicavam com os samaritanos" (vers. 9).
No entanto, Jesus não embarca na proposta do debate sobre preconceito, mas usa do dom da sabedoria para conduzir a conversa para um patamar mais elevado, e assim o faz quando diz à samaritana que "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva" (vers. 10), e assim o Senhor retira a mulher do diálogo inútil para introduzi-la num outro contexto que lhe interessa, que não envolve picuinhas ou desavenças, mas que dirá respeito ao que é fundamental: a salvação, pois ao Senhor naquele momento só interessava resgatar aquela mulher para Deus, retirando-a da vida de pecado em que vivia para reconduzi-la a uma vida nova, e assim o fez.
Aquela mulher não experienciaria Jesus no mero bate-boca, num diálogo eivado de preconceitos e vaidades, mas no abrir o coração para conhecê-lo, foi o que se deu, e essa experiência com o Deus vivo mudou a sua história.
O caso de Jó é em parte diferente devido, ao contrário da samaritana, ser um homem "íntegro, reto e que temia a Deus" (Jó 1, 1) o que leva o inimigo de Deus a requerer do Pai prová-lo (Jó 1, 11) na sua fidelidade, e ao receber consentimento impôs ao homem de Deus provas duríssimas, mas que não foram capazes de fazê-lo renegar o Senhor.
Ao fim do período de tormento, tendo resistido às provas Jó  recebe o que perdera em dobro (Jó 42, 10), no entanto, não são os bens que chamam a atenção na saga deste homem, mas uma palavra que proclama em meio a toda tempestade que enfrentava. Ele em certo instante declara: "Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram"; ele fazia menção ao fato de pensar conhecer ao Senhor somente pela obediência fiel da Lei como pensava ser todo hebreu, onde viu estar enganado, e em meio ao sofrimento é que pôde experienciar o Deus vivo em sua concretude.
São dois exemplos que mostram, indubitavelmente, que Deus é experiencial, e quer que todo ser humano viva esse encontro de amor, pois "o homem é capaz de Deus" como afirma o Catecismo da Igreja Católica no capítulo primeiro de 26 a 49, e Deus, por meio de seu Filho Jesus deseja esse encontro pessoal transformador, pois Ele é um Deus "que se deixa encontrar" (Is 55, 6).
Não se contente, portanto, em conhecer Deus somente em palavras, mas que na busca da intimidade com este Deus os teus olhos O veja, teu coração O sinta, tua alma experimente "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (Is 64,4; I Cor 2, 9), e seja você transformado por esse encontro que muda histórias.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Servir é pertencer!

O sentimento de pertença é algo fundamental para o ser humano, pois envolve bem-estar emocional e espiritual. Assim, pertencer a algo, ou a alguém, é mais que uma mera opção: é uma necessidade. Mas, como saber se pertenço a algo, ou a alguém? E a Deus, como posso ter tal certeza?
Um comercial de TV mostrava uma garota (com estilo roqueira) rodeada por parentes e ao correr os olhos de um canto a outro da mesa apenas reclamava de não se sentir parte daquelas pessoas, daquela família; sem esperar, alguém se aproxima e lhe serve um prato com macarronada (o macarrão preto) em forma de guitarra. A jovem abre um sorriso e neste instante muda sua percepção reconhecendo-se agora, como parte, como pertencente àquele grupo.
A pergunta que fica é: ser reconhecido, saber que alguém conhece os meus gostos pessoais e os realiza, que sou importante, é sinal de pertença? Pois assim se sentiu a garota: - nossa eles sabem o que eu gosto! Eu pensava que não! Que máximo, eu sou importante!...., e assim, pode-se aplicar este questionamento a outros âmbitos da vida, entre eles, na relação com Deus.
Afinal, saber que Deus me ama, e que é capaz de tudo por mim, até de permutar reinos (como evidencia Is 43, 4), me faz pertença de Deus? Analise mais esta comparação; onde o sentimento de pertença se manifesta mais forte, mais pungente: na casa dos sonhos que ganhei de presente de casamento dos meus pais, ou na casa dos sonhos que construí mediante esforço particular, ainda que tenha tido alguma colaboração deles?
Certamente, para a grande maioria a segunda opção é a correta, e por quê? Por que a pertença está diretamente ligada ao ato de fazer, devolver, responder, doar, servir... Assim, saber que dentro da família que vivo sou amado, sou querido, sou relevante, me faz especial e pertencente a ela, responder a essa carinho, pela doação, pelo serviço me fará muito mais pertencente ainda, pois os laços se estreitam e se fortalecem quando a uma ação há uma resposta equivalente ou até maior. E assim se dá nas relações de amizades, profissionais, matrimoniais, e sem dúvida, transcedentais (com Deus).
Isto talvez explique a problemática das relações nas famílias modernas, pois ao que se percebe o sentimento de pertença àquele núcleo por parte dos seus integrantes somente se faz observar se há agrados, mimos, presentes, realização de desejos, e tudo numa dimensão de que mediante o gesto carinhoso realizado "não fez mais que a obrigação", ou seja, em sendo meu pai ou mãe não está cumprindo mais que a obrigação de me prover do que desejo, e vice-versa.
Semelhantemente, acontece para com o Pai. Em sendo eu filho de Deus que é amor (I Jo 4, 8) e "o dono do ouro e da prata", nada mais natural do que me prover do que necessito e assim o máximo que posso ter como resposta é uma palavra de agradecimento quando a tenho, pois no caso da passagem dos dez leprosos (Lc 17, 11-19), nove não tiveram esta consideração com Jesus.
No entanto, mesmo sabendo-me amado, querido, precioso, respondo a este comportamento na mesma intensidade e verdade, aí sim, fundamenta-se esta pertença, pois ao gesto que me agradou quero devolver com gesto até melhor.
É o que se pode depreender da passagem de Zaqueu (Lc 19, 1-10) ao ser encontrado por Jesus: naquele encontro quando abriu a porta da sua casa a Jesus, Zaqueu percebera o quanto era amado, querido, desejado, precioso, e automaticamente responde ao Senhor por meio do seu arrependimento e, principalmente, pelo gesto concreto de devolver o dobro, e até o quádruplo do que retirara daquela gente. A sua postura agradou sobremaneira o Senhor Jesus, e Zaqueu percebeu ainda mais forte no seu coração que era pertença de Deus.
O mesmo pode-se crer do acontecido com Maria Madalena, que ao ser liberta de demônios (Mc 16, 9) retribuiu ao Senhor com seu seguimento fiel fazendo-a a primeira a vê-lo ressuscitado. Quanto mais o servia, mais pertença Dele ela sentia, pois tinha certeza que lhe alegrava o coração.
Desta forma, não de maneira afirmativa e taxativa, mais a luz de uma reflexão pessoal que aberta está a concordâncias e discordância, a certeza de pertença a Deus se faz mais verossímil e insofismável quando respondo ao seu amor com amor e com o meu servir, pois servir é pertencer e pertencer é servir.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O "alimento" que movia Jesus!

Na passagem do encontro de Jesus e a samaritana (Jo 4, 1-42), após o diálogo que levou aquela mulher a conversão a ponto de sair daquele encontro pregando a todos do vilarejo ter encontrado o Messias, o Senhor é encontrado pelos discípulos junto ao poço de Jacó, e ao lhes oferecerem comida Jesus faz um comentário que intriga aqueles homens: "Tenho um alimento para comer que vós não conheceis." (vers. 32)
A resposta do Senhor leva os discípulos a uma dedução meramente humana: "Alguém lhe teria trazido de comer?" (vers. 33). Instantemente, Jesus lhes diz: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir sua obra." (vers. 34). Assim, Jesus evidenciava aos seus seguidores que existia um alimento diferenciado que o movia: anunciar o Evangelho, revelar o Pai e resgatar a humanidade.
Toda essa passagem se dá ao meio dia e, realmente, Jesus tinha sede (pois pedira água à mulher!) e fome, também; no entanto, mais que anseio de saciar suas necessidades orgânicas o Senhor deixa claro que uma "fome" maior o movia, o impulsionava, a ponto de, mesmo cansado e fatigado não deixa passar a oportunidade de ao encontrar aquela mulher necessitada de Deus, resgatá-la.
É a mesma "fome" que move tantas pessoas quando se entregam devotadamente a alcançar uma meta um propósito: é assim com o artista que deseja fama e sucesso; é assim com o profissional, o empresário, que também vê no seu esforço uma missão a cumprir. Em todos estes exemplos não importar a ocasião, não importa a situação (cansaço, fadiga), não perderão a oportunidade de mostrar o que pretendem.
A diferença entre esses exemplos dados e o de Jesus é que no caso do artista, do profissional, do empresário, esta "fome" de alcançar uma meta é para proveito próprio, para satisfação pessoal, logo está carregada muitas vezes, de individualismo e egoísmo, pois não tem a pretensão de edificar outros.
Ao contrário, a "fome" de Jesus de fazer a vontade do Pai, e cumprir a missão que lhe fora dada, não é para exaltação nem proveito pessoal, tanto que em muitas passagens Jesus curava, libertava, e pedia silêncio, segredo (Lc 8, 56), ausentava-se em seguida. Esta postura mostrava a finalidade altruísta, Ele empenhava-se para beneficiar o outro, edificar o outro, como foi com a samaritana.
A "fome" que Jesus possuía era saciada por este alimento diferenciado que se chama caridade: fazer o bem, salvar almas, converter vidas...era uma "fome" tão pulsante que mesmo no alto da cruz, destroçado por chagas e dores, ainda pôde uma última vez, colocar em prática esse anseio ao salvar aquele ladrão arrependido (Lc 23, 43).
Com todas as suas forças, e mesmo sem força alguma, conseguiu cumprir o que viera realizar: mostrar àquele povo o rosto amoroso do Pai e seu coração misericordioso à humanidade inteira ao resgatá-la pelo terrível, mas glorioso sacrifício da cruz.
Ao dizer aos seus Apóstolos as palavras de ordem: "Como o Pai me enviou, Eu vos envio a vós" (Jo 20, 21), palavras que continuam através da Igreja e chega a cada um de nós, o Senhor Jesus nos exorta a termos a mesma "fome" que o impulsionou, a mesma vontade que lhe impeliu, e o buscar o mesmo "alimento" que o ajudar a cumprir sua missão, afim de que também nós possamos, agora: pregar o Evangelho, revelar o Filho e continuar colaborando para que muitos se salvem.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 8 de agosto de 2015

Quando o homem cansa do próprio homem!

Desde semana passada duas notícias me chamam a atenção: uma delas alvo da maciça atenção da mídia mundial, a outra, alvo do maciço desprezo da mídia mundial. A primeira notícia que causou uma comoção mundial foi a morte de Cecil. Mas quem é Cecil? Trata-se, não de um cidadão trabalhador, pagador de impostos, pai de família, ou um jovem estudante que tinha sonhos e projetos, mas de um leão, sim, um leão.
Cecil era o leão símbolo do Zimbábue, um país africano, que foi atraído e morto por um dentista americano que tem como hobby a caça. A morte de Cecil tem mobilizado o mundo; companhias aéreas baixaram decreto que não mais transportarão animais vítima de caça; cidadãos de vários países, inclusive americanos, exigem a prisão e deportação do caçador assassino para o país natal do animal afim de que seja exemplarmente punido.
A vida do branco, capitalista, insensível e criminoso transformou-se num inferno; já não trabalha, abandonou a sua casa e encontra-se escondido, pois a indignação que produziu põe a si, e seus familiares, em perigo, e o trabalhador, pagador de impostos, pai de família é assim trucidado. 
No entanto, concomitantemente ao acontecido a Cecil, nos Estados Unidos, terra do homem mau, explode uma denúncia terrível da parte de um grupo pró-vida que, por meio de conversas gravadas, descobre que uma clínica de abortos (a maior da América) estava vendendo partes dos fetos abortados, indo contra a Lei daquele país que proíbe tal prática com punições severas. Nos vídeos uma das dirigentes da clínica deixa claro até o seu intuito com tal prática: comprar um carro de luxo caríssimo!
Comoção nacional? Indignação geral? Atos inflamados como no caso do leão morto? Não! Nada! Nenhuma reação da mídia, há não ser a de dar voz aos acusados que defendem-se dizendo que tudo não passa de montagens grosseiras. Por aqui, pela terra brasilis, nenhuma nota, nem de rodapé de jornal, nem um desprezível comentário sobre o acontecido, há não ser na internet onde notícias como essa não se deixam cair no desprezo.
Por quê dois tratamentos tão diferentes? Por quê dois pesos e duas medidas? Por quê um leão (e aqui não faço apologia à caça indiscriminada somente com intuito de satisfação pessoal!) ter tanta atenção e seres humanos, não? Por que, infelizmente, esta realidade é um exemplo concreto daquilo que foi a tônica do pontificado do grande, mas desprezado, Bento XVI, alvo das suas mais severas críticas: o relativismo.
O relativismo veio para defender que "depende do ponto de vista de cada um", logo, o que é certo pra você, para mim não é; o que é bom pra você pra mim não é, e assim por diante. Da mesma forma a Vida humana que para Deus tem valor incalculável e por isso deve ser defendida a todo custo, para este mundo relativizado não é. 
Esta prática está causando um mal terrível ao ser humano, pois o homem relativiza a importância do próprio homem, e com isso parece que ao homem é mais fácil ter afetividade, amor, consideração a um animal, do que manter tais virtudes para com os da própria espécie. O que, infelizmente, a mim se mostra gravíssimo é o fato de que o homem está cansando do próprio homem. Daí não ser difícil, então, compreender atitudes tão diferentes no caso do leão e dos fetos.
Esta realidade é fruto, sem dúvidas, do cada vez maior afastamento do homem de Deus, da apostasia, pois se Deus no evento da Criação cria tudo inclusive os animais, deixando por último o homem é porque o homem tem uma dignidade muito mais elevada do que os demais seres, logo, os animais como Cecil tem seu valor, mas ser alçado ao grau de significação do homem não é correto. 
Agora, o homem que tem dignidade acima de todos os seres para Deus, pelo menos como foram criados, não tem, ou não deveria ter, superioridade ou inferioridade em relação ao outro, pois foram feitos para serem iguais; iguais no sentido de saberem que são amados na mesma medida por Deus, deveriam amar na mesma intensidade; iguais no sentido de saberem que se são perdoados na mesma medida por Deus, deveriam perdoar na mesma intensidade; iguais no sentido de saber que se suas vidas são preciosas para Deus, deveriam zelar pela vida do outro na mesma intensidade....
Essa elevação do homem em relação às demais criaturas está evidenciada nas Sagradas Escrituras na passagem de Mt 6, 25-34 onde Jesus ao ensinar sobre a presença cuidadora do Pai toma como exemplo as aves: "Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta" (vers. 26), mas ao referir-se ao homem, no mesmo versículo, declara: "Não valeis vós muito mais que elas?". Assim não há dúvidas o homem possui um valor muito mais elevado. No entanto, esse distanciamento de Deus, fruto de uma cultura paganizada que trabalha para esse afastamento demonizando e desacreditando os ensinamentos evangélicos, tem produzido essa inversão no princípio das coisas naturalmente deixadas pelo Senhor Deus.
Se o homem se fadiga do próprio homem estará aberto o caminho para a catástrofe. E os sinais disso já se observa até no lugar onde menos se pensaria acontecer: a família, onde pais se cansam rápido dos filhos, filhos dos pais, irmão de irmão tornando o lar, em vez de um ambiente de partilha, unidade, respeito e amor, numa ilha de indiferença, brigas, contendas e divisões.
Deus Pai, no seu Filho Jesus Cristo, na ação do Espírito Santo ajudem a este mundo relativizado a voltarem seus olhos ao alto, afim de que façam o caminho de retorno ao princípio correto de todas as coisas, para que assim tudo volte ao seu normal, pois se assim estivesse, aquele caçador pensaria melhor se valeria a pena matar Cecil por mero prazer exibicionista, e os homens que se sensibilizam pela morte do animal, sensibilizariam-se com maior intensidade para com esta atrocidade chamada aborto.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Uma árvore de frutos bons (Mt 7, 17)

Todo conhecedor da Palavra de Deus já deve ter percebido, ou se ainda não, que passe a saber que "frutificar" é uma prerrogativa inserida por Deus na realidade do homem; tanto que ao criar Adão e Eva a ordem que lhes dá é: "...frutificai - disse Ele - e multiplicai-vos..." (Gn 1, 28).
Esta ordenança perpassa toda a criação, logo, todos são chamados a dar frutos, mas no nosso caso, que frutos?, pois Jesus no sermão da montanha (Mt 5-7) ao relembrar esta obrigação do homem faz saber aos que o ouvem que existem dois tipos de "árvores" (boas e más), e que de cada uma delas se gera um tipo próprio de fruto (bom ou mal): "Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos." (Mt 7, 17)
Obviamente, Nosso Senhor nos convida a sermos "árvores" que dão "bons frutos", frutos de respeito, perdão, misericórdia, caridade e salvação; frutos que edificam a nossa vida e, por conseguinte, a do próximo; que lhes devolve a dignidade de filhos de Deus perdida pelo pecado e que acarreta aos mesmos sofrimento, dor, perdição, tornando-os, assim, "árvores de frutos maus".
A obrigatoriedade de frutificar tem um peso tal para Deus que a passagem de Mt 21, 18-19 não deixa dúvidas, pois nela o texto bíblico narra que Jesus "de manhã, voltando à cidade, teve fome. Vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela, mas só achou nela folhas; e disse-lhe: "jamais nasça fruto de ti". E imediatamente a figueira secou". Em Lc 13, 6-9, Jesus utilizando-se de uma parábola faz, novamente, menção à árvore que não frutifica e a consequência para ela: "Disse-lhes também esta comparação: "Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. Disse ao viticultor: Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?"
Árvore que não frutifica na obra de Deus não serve, daí a necessidade de gerar, de produzir; mas como fazê-lo? A resposta o Senhor mostra em Jo 15, 1-8 quando ao comparar-se a uma videira diz: "Eu sou a videira verdadeira , e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, Ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."
O Senhor é enfático: "Quem permanecer em mim e Eu nele, esse dá muito fruto" e o ramo que não der frutos será lançado fora. Não há como ser mais claro: o Senhor Jesus nos pede, exige frutos, agora, eles só acontecerão se estivermos ligados à "videira" que é o Cristo, hoje na sua Igreja, que por meio do Espírito Santo faz gerar essas "árvores" de frutos bons. É  Cristo-Igreja (o viticultor) que na sequência da passagem de Lc 13, nos versículos 8 e 9 diz ao homem (Deus): "Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. Talvez depois disso dê frutos. Caso contrário, mandarás cortá-la."
O "adubo" é a Sagrada Escritura, é o Sagrado Magistério, são os Sacramentos, que pela ação do Espírito Santo geram essas "árvores" de bons frutos, os frutos do Espírito citados pelo Apóstolo São Paulo na passagem de Gálatas 5, 22-23 que são "caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança."
Tem-se, portanto, que ter diante dos olhos, incrustrados na mente e no coração essa verdade que precisamos ser as árvores que gerarão frutos, cujas sementes precisam serem semeadas na vida dos irmãos para que gerem outros frutos a "trinta, sessenta, cem por um." (Mt 13, 8)
Una o "ramo" da sua vida a videira verdadeira que é Jesus, permaneça Nele, e que o auxílio e força do Espírito Santo (a "seiva") que possibilita a árvore que é você frutificar, te faça produzir os frutos que o Senhor deseja.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Pecado: dois sintomas, uma consequência.

Por mais que este mundo secularizado, pautado por um relativismo moral que busca inculcar nas consciências que tudo depende do ponto-de-vista pessoal, afim de que tudo se submeta ao crivo particular com o objetivo de servir ao prazer pessoal sem limites, queira tratar, também, o pecado segundo essa premissa relativista, não tem conseguido êxito no seu intento.
A tentativa de relativizar o pecado ao ponto de quase glamuralizá-lo não tem sentido efeito, pois, por mais que tentem até sacralizá-lo, a verdade (que destrói até os fundamentos todo argumento mentiroso do relativismo) é que, ele é uma "arma" eficiente utilizada pelo inimigo com uma única finalidade: destruir almas. Por isso o Papa Paulo VI certa vez declarar que "o pecado não é uma deficiência, mas uma eficiência." (Audiência geral, 15/11/1972)
No Éden, travestido de serpente, o inimigo injetou este mal no homem, que segundo São Paulo em Romanos 5, 12 vem sendo transmitido a toda humanidade, pois, "...como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo gênero humano, porque todos pecaram...".
Este mal, este "veneno" inoculado nas nossas almas manifesta dois sintomas: primeiro, a vontade de pecar mais, pois é fato que o que vive o pecado dos vícios (bebidas, drogas, sexo...) vai tornar a cometê-los; assim é com a mentira, a fofoca, a corrupção, o adultério, a fornicação... e numa recorrência cada vez maior, ao ponto de ver-se, em dado momento, escravizado por tal prática; daí Jesus alertar que "...todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo" (Jo 8, 34).
O segundo sintoma deste "veneno" do pecado é a insensibilidade à Deus e sua mensagem. Se alguém em pecado torna-se altamente sensibilizado por certa prática, o inverso se observa quanto ao que se se refere à mensagem evangélica. Um exemplo prático pode-se observar quando se tenta evangelizar um alcoólatra. Terminada a mensagem recorrerá a bebida novamente. Por quê? Por que está insensibilizado pelo pecado; a mensagem não penetra ao coração e não produz efeito.
Mesmo num encontro evangelístico, poucos são os frutos de conversão, porque a insensibilidade causada pelo pecado não permite a mensagem adentrar ao mais profundo da alma, principalmente daqueles que ainda tentam seguir Jesus olhando para a vida mundana ou tentando fazer concessões à mesma.
Infelizmente, os dois sintomas, se não tratados, levarão a uma mesma consequência: a morte. É o que afirma São Paulo em Romanos 6, 23 quando diz que "o salário do pecado é a morte". É o que aconteceria com a samaritana que Jesus encontra junto ao poço de Jacó (Jo 4, 1-42) e que no diálogo que mantém com o Senhor este lhe revela sua prática adúltera (o primeiro sintoma), e se voltava a pecar, mesmo sendo conhecedora da Lei de Moisés é porque a insensibilidade (segundo sintoma) já era patente, mesmo sabendo que corria o risco de acontecer o que quase aconteceu com a mulher adúltera  de Jo 8, 1-11.
No entanto, tanto a samaritana, como a adúltera, como tantas outras pessoas ao longo destes mais de dois milênios, não tiveram a morte como destino porque encontraram-se co Aquele que é o único "antídoto" para tão mortífero veneno. Tiveram um encontro pessoal com Jesus, aquele que "tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29), Aquele que afirma que "se portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres" (Jo 8, 36).
Contra todo relativismo enganador, contra todo pecado, arma eficiente do inimigo para  matar e destruir (Jo 10, ), somente Jesus, que ao ser aceito como Senhor e Salvador tem poder para libertar de todo pecado, livrar da morte eterna, converter e salvar.
Liberte-se das ideias enganadoras, liberte-se de todo pecado, acolha Jesus em sua vida e seja muito mais feliz.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Odres novos para um vinho novo

"Não se coloca tampouco vinho novo em odres velhos..." (Mt 9, 17), assim ensina Nosso Senhor Jesus Cristo ao fazer menção a uma mudança de vida, de conversão, necessária e fundamental para todo aquele (a) que se propõe a viver uma vida, verdadeiramente, cristã.
A metáfora do odre e do vinho no contexto da mensagem pode ser compreendida tomando-se como base a passagem do Evangelho de São João 2, 1-12 quando, nas bodas de Caná, Jesus é, em certo momento da festa, alertado por Maria, sua mãe, que o vinho acabara e que os noivos passariam vergonha (vers. 3).
Jesus, a princípio, argumenta não ter chegado a sua hora (vers.4), no entanto, mediante o materno apelo de Maria Santíssima, determina aos serventes que providenciem encher as talhas (odres) que se achavam vazios com água (vers. 6-7). As talhas eram de pedra e em número de seis o que leva a duas reflexões: primeiro, as talhas são qualquer pessoa, e isso pode ser compreendido a partir da passagem de Mt 16, 13-19, em particular na profissão de Simão que ao ser questionado, juntamente com os discípulos, pelo Senhor: "E vós quem dizeis que Eu sou?" (vers. 15), responde: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (vers. 16), e escuta de Jesus: "Feliz és tu Simão, filho de Jonas, por que não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus" (vers. 17), e completa: "Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.." (vers. 18).
Pedro é comparado a uma "pedra menor", a ser assentada sobre a "pedra maior": Jesus; assim, as "talhas" (pedras) são os homens que aderem a Cristo e são incorporados a sua Igreja (CIC, 1267), mas que são dependentes Daquele que é a "talha maior" capaz de preencher as "talhas vazias", primeiramente com água, a água do Batismo, que na verdade é a "água viva" que foi oferecida à samaritana (talha vazia) de Jo 4, 10-15, e posteriormente com vinho.
Mas que vinho? A resposta está na passagem de Ef 5, 18 onde São Paulo recomenda à comunidade de Éfeso: "Não vos embriagueis com vinho, que é fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito". O vinho melhor é o Espírito Santo que tem várias características, por exemplo: enebria, daí o fato de na passagem de Pentecostes (At 2, 1-4) os discípulos e demais que estavam no cenáculo, ao receberem a efusão do Espírio Santo terem sido acusados pelos que estavam fora de estarem todos embriagados (At 2, 13).
"Vinho" que dá coragem, principalmente ao tímidos, e é como se encontravam aqueles discípulos trancados e com medo dos fariseus e romanos após a morte de Jesus (Jo 20, 19), mas que ao receberem o sopro do Espírito Santo (vers. 22) passaram a proclamar o Evangelho do Senhor com coragem e intrepidez (At 4, 31).
A segunda reflexão é quanto ao fato de serem seis talhas, que só puderam ser cheias por uma talha maior (a sétima), mostrando aquilo que se ensina sobre o número sete ser a plenitude de Deus. Cada ser humano, toda a humanidade será incompleta se não tiver Deus, na pessoa de Jesus, por meio do seu Santo Espírito a completá-las, a elevá-las, a enchê-las do "vinho novo" do Espírito Santo e fazê-las não somente odres novos, mas homens novos (Ef 4, 24) como diz São Paulo, pois assim o foi com a samaritana que já havia tido cinco maridos, e o atual não lhe pertencia (sexto), mas um dia encontrou-se com o sétimo: Jesus (Jo 4, 7) que naquele diálogo pôde encher o odre velho, a talha vazia de sua vida com a "água da vida" e o vinho novo do Espírito Santo, e assim, aquela "talha" vazia, que não se enchia nunca, pois como bem diz a canção "não dá pra preencher vazio com vazio", pôde ela ver-se agora cheia, plena, transbordante e capaz de partilhar o seu vinho novo com outros (Jo 4, 28-29).
Deixe ser preenchido o odre, a talha da sua vida com o saboroso vinho do Espírito Santo, e experimente o que experimentaram Maria Santíssima, os apóstolos, a samaritana e tantos outros homens e mulheres que ao longo da história da Igreja fizeram essa experiência e tiveram suas vidas transformadas.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Não julgueis, e não sereis julgados" (Mt 7, 1)

"Eis a vontade de Deus a vosso respeito: a vossa santificação..." (1 Ts 4, 3). O desejo de Deus para todo homem não é outro, senão, de "sermos santos como o Pai é Santo" (1 Pe 1, 16), pois o desejo de Deus é que alcancemos o céu, e o céu é para santos, e viver santidade é combater contra o pecado e rejeitá-lo todos os dias.
Dentre os tantos pecados que temos que renunciar todos os dias está o pecado do julgamento, por isso que no Sermão da montanha (ou das bem-aventuranças) Jesus deixa explícito a condenação ao julgamento do outro quando diz: "Não julgueis, e não sereis julgados...", e vais mais fundo quando completa: "..., com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos" (Mt 7, 2).
O ato de julgar, e condenar, é uma prática de todo ser humano em virtude da nossa natureza decaída, no entanto, esta prática parece exarcebar-se entre aqueles que tem uma vida de caminhada com Deus. Assim como os fariseus do tempo de Jesus, que foram por Ele duramente criticados neste sentido como está manifesto na passagem de Mt 23, 1-36, aqueles que pelo fato de viverem uma intimidade com a Palavra de Deus, terem vida de oração regular, serem fiéis à Santa Missa e a Eucaristia..., dignam-se apontar, julgar e condenar aqueles que não vivem a mesma realidade colocando-se num patamar superior.
O pecado de julgar trás sérias consequências como: a depreciação da misericórdia e da caridade, pois a misericórdia é o ato amoroso de dar uma nova chance, de acreditar que existe uma possibilidade de mudança, pois a passagem de Jesus e a mulher adúltera (Jo 8, 1-11) demonstra muito claramente isso. Quem vive a prática do julgamento vai contra o ensino de Jesus no Sermão da montanha quando declara: "Bem-aventurados os misericordiosos pois alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7); demonstra que não compreendeu as palavras do salmista expostas na passagem do Salmos 102, 13-14 que diz: "Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó". Quando se entende que o outro cai, peca, falha é porque é vulnerável à tentação e ao pecado, tem-se misericórdia e a atitude e estender a mão e não apontar-lhe o dedo.
O ato de julgar também deprecia a caridade que é esta atitude cristã de colocar-se a serviço da edificação, do resgate, do bem do outro, se preciso for, até com a doação da própria vida; por isso que São Paulo em 1 Cor 13, 13 deixa explícito que de todas as virtudes a maior é a caridade, pois foi aquela que Jesus explicitou ao extremo na sua Paixão e morte. Isto, porém, não é possível para aquele que se põe diante do próximo com tal postura julgadora, pois já assumiu uma postura destruidora e não edificadora.
A prática de julgar trás uma outra consequência grave que é a de assumir o lugar de Deus, contrariando o que se lê na passagem de 2 Tm 4, 8 onde São Paulo aponta apenas Jesus como o "Justo juiz", ou seja, o único capaz de julgar com retidão, com justiça, com imparcialidade, e quando se alguém se arvora em colocar-se no lugar Daquele que é o único e capaz de julgar corretamente, atrai para sí a pior das consequências: a condenação eterna, o inferno, visto que assim Nossa Senhora de Fátima ensinou certa vez aos pastorinhos: "Quando você julga, Deus se cala, e você se condena!".
Somente o Senhor Jesus é o justo juiz, a nós cabe servir e amar, principalmente se somos de "caminhada", pois se insistimos em tal prática correremos o risco de viver o que São Paulo viveu quando ainda era o fariseu Saulo que julgava, condenava e executava os cristãos e quando convertido pagou por aquilo que praticou, ou seja, recebeu a medida da medida do que fazia.
Agir como juízes é agir segundo a maneira deste mundo condenando e executando, no entanto, somos chamados não a lançar pedras, não a destruir, matar, mas a lançar sementes, a edificar, e isso só acontecerá mediante o auxílio do Espírito Santo que nos leva a "orar e vigiar" (Mt 26, 41) para não cair na tentação desse terrível pecado de julgar que há tantos tem matado em corpo e alma.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 21 de junho de 2015

Por quê?

Estava eu lá, naquele lugar onde o amor e a paz eram constantes,
Lá eu estava totalmente imerso numa presença maravilhosa,
Que me dizia a todo momento que me amava,
Que preenchia todo o meu ser de um sentimento indescritível,

Repentinamente, foi como que uma explosão,
E quando me vi, estava agora eu num belíssimo lugar,
Um mar de azul esplêndido,
Um céu de azul pontilhado de branco,

Era também um lugar belíssimo,
Eu me olhava e me via sendo construído pouco a pouco,
Dia a dia, passo a passo, um item era acrescido,
E uma voz sublima, a mesma daquele lugar de paz e amor exclamava:
"Está ficando muito bom!",

Eu me via imerso naquele mar,
Com uma expectativa interior e uma certeza:
"Haverá um destino, um ponto final, onde desejo muito chegar!",
E assim, aquela estrutura ia-se formando,

Mas, de repente, percebi mudanças,
Aquele mar de águas calmas, tornou-se mar revolto,
Tormentas e procelas,
Ondas altíssimas me lançavam de um lado a outro,

Aquele céu azulzíssimo passou a um escuro tenebroso,
Passe a ouvir uma voz que se pronunciava como relâmpagos,
A voz dizia: "Não! Como pôde isso acontecer? Não pode ser verdade!"
E continuava: "Eu não quero, não era para ser agora!",

A partir dali, não houve mais mar tranquilo, nem céu azul,
Não houve mais a paz e o amor do princípio,
Tudo era raiva, ódio, estava mergulhado na pior das sensações,
E apenas me perguntava: por quê?

Tudo se fazia pior, até que o mais terrível começou a acontecer:
Algo se aproximou de mim, era terrível,
E uma voz horrenda dizia: "vamos destruir!"
Aquele objeto, então, a cada vez que me tocava, parte de mim retirava,

Era uma dor indizível,
Gritava, pedia socorro, mas não conseguia fugir,
Tentei lutar o que pude, mas não tive chance,
Então tudo se apagou, escuridão, silêncio...

E num átimo de tempo lá estava eu,
De volta àquele lugar de amor e paz,
Mergulhado na mesma presença, na mesma luz,
O mesmo amor me invadiu novamente,

Aquela voz que me declarava seu amor se fez ouvir novamente,
Porém, com um tom alentador e reconfortante dizia:
"Que pena que não pôde ser; que pena que não pôde acontecer como deveria acontecer,
Pois não houve desejo, foi mero descuido!"

Então, tudo me foi mostrado e assim pude compreender o que ocorrera,
Eu fui chamado, mas sem ser desejado,
Por isso fui descartado, lançado fora,
Uma pena, eu queria tanto conhecer aquele porto final, aquele colo,

Eu queria tanto poder ser parte daquela pessoa,
Já me sentia um com ela,
No entanto, a recíproca não foi a mesma,
Por quê não pôde ter sido mamãe? Por quê?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Escolha

Que pobreza contém,
Uma alma refém,
Do orgulho, do desdém,
De práticas que não lhe convém,
Que riqueza existe,
Numa alma que persiste,
Em ser fiel e não desiste,
Porque nela a fidelidade resiste,
Quanta escuridão se observa,
Numa alma que se reserva,
A nutrir o mal que conserva,
E que se multiplica igual inútil erva,
Quanta luz emerge radiante,
De uma alma orante,
Cuja busca de Deus é constante,
Tornando-se árvore de fruto abundante,
Quanta angústia carrega,
Uma alma que obstinada se nega,
A abandonar suas faltas e renega,
A Vida plena por uma vida cega,
Quanta virtude pode-se ver,
Numa alma que ao se render,
Ao Deus que tem todo o poder,
Para toda cegueira desfazer,
Quanta maravilha contém,
Numa alma que se mantém,
Prostrada aos pés do Sumo Bem,
Perseverando em fazer somente o que Lhe convém,
Quanta graça pode alcançar,
Uma alma que a Jesus se entregar,
Sem reservas Nele confiar,
Pois de sua vida com todo zêlo irá cuidar.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Namoro eterno

Hoje não te dei nenhum presente,
Já o fiz três dias antes, porque o dia
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta
Agradecida a Deus por ter ao lado
Alguém que entre outras, talvez,
Melhores opções resolveu por me escolher,
Hoje não pronunciei nenhuma frase de efeito,
Já o fiz dias anteriores, porque o dia
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta,
Desejosa de exprimir aquilo que no dia
Anterior não sairia por mais que forçado fosse,
Por mais que importunasse o pensamento,
Hoje não há nenhum plano de sair e festejar,
O fizemos há um bom tempo, porque o dia,
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta,
Com vontade de dividir a mesa, o alimento,
Os planos, os sonhos, ou somente entreolhar-se e comer,
Porque importante é sentar junto e partilhar,
Hoje, ao que parece, não me mostrarei
O mais romântico dos homens (desculpe!), porque o dia
É aquele que o coração pede,
Para ser amoroso, carinhoso com aquela
Que sem qualquer dúvida foi sinal da bondade
Do Pai que percebeu que haveria complementaridade,
Cumplicidade, metas e projetos em comum,
Hoje é dia, de agradecer a Ele,
Que analisou e decidiu:
"Ali haverá possibilidade de serem um,
Ali haverá possibilidade de haver namoro eterno"
Dedico à minha esposa Maria de Fátima a quem procuro dedicar a cada dia o meu melhor, mesmo consciente que ainda preciso melhorar!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os santos da Igreja nos ensinam o que somos: NADA!

Mergulhados em um mundo secularizado, onde a exaltação do ter como forma de exaltar o ser alguma coisa, que arrasta a tantos aos mais terríveis desvairios e absurdos, nada melhor que refletir sobre esta temática à luz daqueles que, ao lançarem-se decididamente em buscar Jesus, encontraram o real significado do termo NADA.
É fato que a exaltação do "si mesmo", que trás como consequência um individualismo exacerbado, é a tônica destes tempos, e o fruto amargo desta cultura é um crescente descaso do ser humano pelo ser humano. O culto a si mesmo a partir da crença que por seu próprio esforço pode ser TUDO o que quiser tem conduzido o homem por uma estrada tortuosa que terá como ponto final o abismo e a morte.
Onde está a causa desse desvio, então? As Sagradas Escrituras, através das palavras do Apóstolo São Paulo descritas em Romanos 1, 25 dão um primeiro indicativo quando diz: "Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!", palavras que ressoam, de certa forma, aquilo que já era um aviso do próprio Senhor Jesus quando disse: "Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala" (Mt 15, 14).
Percebe-se, então, que o homem ao abandonar as VERDADES DE DEUS envereda pelas suas próprias orientações, ou pior ainda, permite-se ser influenciado pelas orientações de outros (os guias cegos!). A consequência será esta que Jesus adverte: a vala, a morte, a perdição. E tudo por quê? Porque o homem busca insistentemente ser TUDO, inclusive Deus de si mesmo e a fonte deste devaneio chama-se apostasia.
Agora, contrariamente a tudo isso, o que nos mostra aqueles que abraçaram o seguimento de Jesus, que ao contrário dos guias cegos, é o Caminho santo, é o Caminho estreito, é o Caminho, Verdade e Vida, que ao contrário de uma vala nos guiará ao "aprisco seguro" que é o céu? Estes gloriosos homens e mulheres que se aplicaram tenazmente com todo o seu coração a conhecer Jesus e aprender Dele as Verdades que os levariam em segurança ao céu, foram unânimes em declarar que, dentre os muitos ensinamentos que receberam de Jesus por meio do Espírito Santo, está a realidade que o ponto de partida para reconhecer-se alguma coisa perante Deus é reconhecer-se NADA.
Esta descoberta está patente nas palavras destes heróis da fé como Santa Terezinha do Menino Jesus quando clama ao Senhor: "Faz do meu NADA amor!"; em Santo Afonso de Ligório quando afirma: "De nós mesmos só temos o nosso NADA e o nosso pecado!"; em São João da Cruz quando declarava: "A vós tudo, a mim NADA"; ou ainda Santa Tereza D'Ávila que em seu Livro da Vida reconhecia-se um "verme". Todos estes santos somados a tantos outros fazem eco à mesma conclusão: "Se somos alguma coisa, é porque Aquele que é tudo trouxe-nos do nada à existência", pois é o que ensina a Palavra em Sabedoria 11, 25 quando diz: "Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por vós não tivesse sido chamada?".
É insofismável esta verdade: "Se existimos é porque Deus assim o quis!", mas o homem cego, empedernido, descrente, distante de Deus refuta com veemência esta realidade lançando nas mãos do "acaso" aquilo que é fruto de um projeto de amor. Deus por amor nos quis, nos desejou, nos trouxe à existência a partir de nossos primeiros pais Adão e Eva, e reconhecendo o nosso nada elevamos um louvor a Deus e exaltamos sua grandeza e poder criador, e assim somos felizes; ao contrário dos que buscam ser tudo a partir de uma auto-exaltação que só lhes trás confusão e infelicidade.
Eu me reconheço um NADA perante o Senhor, totalmente dependente da sua misericórdia e perdão, e me alegro nesta realidade. Abrace esta verdade que não é, de forma alguma causa de confusão, mas de certeza que estamos fundados na rocha da verdade que é Jesus e assim erigimos uma vida firmada num fundamento sólido.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

"O céu é o bem maior" (Continuação de "Você é especial para mim")

Em continuidade ao que foi refletido no texto anterior, "Você é importante para mim!", um outro aspecto relativo ao super marketing que se observa no que diz respeito aos milagres, além da exploração do fato em si em detrimento do objetivo do fato, é uma consequência desta prática que, a princípio passa despercebida, mas que faz-se imperioso abordá-la.
De que consequência se trata, então? Não desejo dar a resposta de pronto, mas convidar os leitores deste texto a raciocinarem comigo e assim chegarmos à consequência de que falo, sem contanto arvorar-me em tomar meu ponto de visto como o correto, mas buscando instigar cada um a refletir e concluir se concorda, ou não.
Vejamos. Ao se utilizar os milagres da forma que se tem utilizado, dois aspectos tornam-se passíveis de questionamento: primeiro, a forma como os milagres estão sendo vistos pelas pessoas que o buscam: como sendo uma forma especial de tratamento de Deus; algo como: "Se recebo milagres é porque sou visto, percebido por Deus", e assim, alcançar um milagre se torna, mais que graça, um status. E quanto mais milagres receber, tanto mais diferenciado para com Deus torna-se. Isso faz com que o marketing das igrejas que exploram o milagre deixe a entender na mente de alguns que, saindo "desta igreja" onde nunca alcanço nada e indo para "aquela igreja" onde se alcança tudo serei, finalmente, vista pelo Senhor.
Porém, não é esta a consequência que desejo refletir, não que não seja tão importante, é muito sério. Mas o segundo aspecto é o que desejo abordar; aqui está a consequência que faço menção na introdução. Observe-se que, ao se explorar o "direito" de receber os milagres de Deus a partir da utilização de passagens dos Evangelhos, como o de São Mateus onde Jesus textualmente diz: "Pedi e se vos dará..." (Mt 7, 7), ou, "Tudo o que pedirdes na oração , crede que o tendes recebido, e vos será dado." (Mc 11, 24), ladeada por pregações carregadas de "teologia da prosperidade" onde se ouve: "Deus quer te dar o melhor desta Terra", ou "Você nasceu pra ser vencedor", ou ainda, "Se Deus permite riqueza aos ímpios porque não permitirá aos que Lhe seguem?", e assim, não sei se conscientemente, ou não, cria-se uma perigosa cultura materialista.
Por quê perigosa? Porque ao pregar que "tenho direito a conquistar as delícias deste Terra" sem, no entanto evidenciar o que realmente interessa, passa-se a suscitar nas pessoas um apego às "coisas desse mundo" levando, assim, as pessoas a voltarem seus olhos, e seus esforços ao que é passageiro, ao que o Senhor Jesus denomina "tesouros que a traça e a ferrugem corroem e os ladrões furtam e roubam" (Mt 6, 19), e pior, prende as pessoas a este mundo indo de encontro ao que Jesus recomendava: "Buscai em primeiro lugar o reino de Deus..." (Mt 6, 33), e que foi explicitado na mensagem de São Paulo quando recomendava: "Buscai as coisas do alto, afeiçoai-vos as coisas lá de cima" (Cl 3, 1-2).
 A consequência que fazia referência é esta: a exploração exacerbada dos milagres com mero viés financeiro está criando cristãos materialistas e imanentes (presos às realidades desta vida), enquanto que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ao qual disseminou e mandou que os Apóstolos e sua Igreja dessem continuidade "sem acrescentar nada" (Ap 22, 18) contém uma mensagem transcendente, e isto está plenamente evidenciado na passagem de Mt 5, 20 onde Jesus diz: "Ajuntai para vós tesouros no céu...", e recomenda que nosso coração esteja voltado para esta realidade, pois, "onde está o teu coração ali está o teu tesouro" (Mt 5, 21).
Esta mensagem carregada de transcendência, de desejo do céu, da vida eterna, foi tão impactante nos primeiros tempos da Igreja que diz o Atos dos Apóstolos que os convertidos "vendiam tudo" (At 2, 42), abraçavam a fé e seguiam agora numa caminhada de "estrangeiros" rumo à "pátria" definitiva (Hb 11, 16).
Milagres são parte da vida cristã e todos o desejam, inclusive eu; no entanto, da forma como se tem mostrado e pregado não tem sido a forma mais condizente, pois eles devem ser vistos, antes de tudo, como dito no texto anterior, e que reitero aqui, como forma de manifestação de Deus que diz: "Você é especial para mim".
Ao nos encontrarmos com Ele um dia não nos cobrará o número de milagres que recebemos, mas a capacidade de termos percebido em cada um deles a Sua manifestação amorosa que de alguma maneira queria colaborar para a nossa salvação, para nos tornar "cidadãos do céu" (Fl 3, 20). Àqueles que tiveram a percepção correta e responderam com a entrega de sua vida a este gesto de amor, certamente a consequência será a glória eterna. No entanto, para aqueles que somente souberam amar a graça, e não o autor da graça, correm sério risco de não gozarem do bem maior que torna qualquer milagre nesta terra uma mera migalha: o céu.
Não incorra neste erro! Deseje os milagres de Deus, mas deseje acima de tudo, o próprio Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 30 de maio de 2015

"Você é especial para mim!"

A exploração que se faz hoje no meio cristão protestante dos milagres, algo que começa a contaminar o meio católico, é passível de uma reflexão, visto que perde-se a cada dia a dimensão desta sobrenatural manifestação de Deus, passível de louvor e agradecimento, para tornar-se motivo de espetáculo e auto-exaltação.
Os milagres, que no dicionário Michaelis é explicado como "Algo de difícil e insólito, que ultrapassa o poder da natureza e a previsão dos espectadores (Santo Tomás)", são presença constante em toda a narrativa bíblica como demonstração da sobrenatural manifestação de Deus que subverte toda a ordem racional dos acontecimentos, e tem uma finalidade. Qual finalidade?
Este é o motivo desta reflexão. Ao se tomar como exemplo a passagem da vida de Moisés a partir do seu chamado a cooperar para a libertação do povo hebreu do cativeiro, ver-se-á que durante sua batalha com faraó através das pragas (Ex 7-12), e posteriormente no deserto, como o caso do maná (Ex 16, 13-31), pode-se perceber que os milagres são uma constante durante sua missão, no entanto, a postura de Moisés é que se deve ressaltar. Quando se chega a Jesus, também se pode observar o Senhor realizando um número enorme de milagres, porém, assim como Moisés, o Senhor tem uma mesma postura.
Qual a postura de ambos? A ênfase não no fato, mas no objetivo do fato. O que as Sagradas Escrituras deixam transparecer na postura de Moisés e de Jesus é a ênfase no fato não é o que importa, nem tampouco na intenção de mostrarem-se como homens acima dos demais cuja figura deveria ser exaltada visto terem uma intimidade maior com Deus, mas ao contrário, Moisés sempre mostrou-se igual a todos, assim como Jesus que nunca negou contato com ninguém: quer fosse leproso (Mt 26, 6) ao rico Zaqueu (Lc 19, 1-10) o Senhor foi acessível a todos, muitas vezes optando por retirar-se quando o queriam exaltar.
Agora, o que se deve refletir mesmo é sobre a real intenção, o objetivo do milagre. Analise-se qualquer um dos milagres tendo Moisés como intermediário: o abrir do mar vermelho (Ex 14, 21-31) ou o fender da rocha de onde brota água (Ex 17, 6), em nenhuma destas duas passagens lê-se na Bíblia uma postura do líder que não seja a de exaltação a Deus pela sua misericórdia e demonstração de amor para com o povo (Ex 15, 13) demonstrando assim que o milagre não era para ser visto como espetáculo, mas como sinal da presença de um Deus que se importa, que se preocupa, e que quer o bem dos seus.
Igualmente se observa na vida pública do Senhor Jesus. Não se encontra outra postura de Jesus ante seus milagres senão de demonstrar aos que contemplam tal ação sobrenatural a manifestação de um Deus que tem especial apreço pelo seu povo. Tanto que na passagem onde os fariseus pedem a Jesus que realize um novo milagre (Mt 12, 38), o Senhor se irrita e devolve-lhes com uma palavra dura (vers. 39). Isto por quê? Por que não entenderam que o que importava não era o fato, mas a intenção do fato.
E hoje, o que se observa, principalmente no meio protestante? Uma ênfase no fato. O que se percebe claramente é uma super exposição do milagre, daí frases de efeito como: "a mão de Deus está aqui!", "venha buscar o seu milagre!", que se tornam uma propaganda com função claramente voltada a arrebanhar adeptos sem, no entanto, ter compromisso com a real intenção do porque do milagre acontecer.
E a real intenção do milagre não é outro senão a manifestação de um Pai que diz: "És precioso para mim..." (Is 43, ), "Você é especial para mim", e para isso age de forma sobrenatural, pois infelizmente, somente suas palavras não são o suficiente para convencer os corações endurecidos, pois se as palavras do Senhor fossem o suficiente para quebrantar corações o que Jesus revelou a Nicodemos: "Eis que Deus amou o mundo (a humanidade inteira, em todos os tempos) que deu o seu Filho único para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16), seria o necessário.
Assim, segue-se observando os equívocos acontecerem, e por isso tão fácil de se entender porque templos tão cheios de homens e mulheres que gritam, berram, choram clamando por milagres, que são até alcançados, mas que não se configuram em transformações de caráter, moral, posturas éticas nem virtuosas, que não são capazes de verdadeiramente levarem-nas a se apaixonarem por Cristo e desejarem segui-lo como foi com Maria Madalena ou o Apóstolo São Paulo; muito pelo contrário, o que se observa é que ao "secarem as comportas do céu" o restará ao Deus dos milagres será o abandono.
Desejar a Deus e a sua presença que é paz e gozo no Espírito (Rm 14, 17) deveria ser muito mais vital que o milagre por si só, que evidencia o poder de Deus, mas não necessariamente produz intimidade entre Pai e filho, que é o que deseja o Senhor. Busque o Deus dos milagres (que antes de tudo é Aba, paizinho, pai querido), e não somente os milagres de Deus!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 24 de maio de 2015

"Vai e não tornes a pecar!"

De repente aquela multidão,
Me tomando agressivamente,
Fez disparar o meu coração,
E o pavor invadiu-me completamente,

Arrastavam-me entre gritos e acusações,
- Fostes pega em adultério e serás ap
edrejada!
Em meio a tantas humilhações,
Chorava e gemia angustiada,

Ouço, então, alguém bradar:
- Levemos essa adúltera a Jesus, o profeta,
E ouçamos o que terá a falar,
Sobre a pena para quem adultério cometa!

Assim fizeram, e aos pés daquele homem me lançaram,
Questionaram-no sobre o que a Lei determinava,
Nenhuma resposta escutaram,
E sentado no chão rabiscava,

O silêncio tomou o lugar da gritaria,
Em seguida o homem se levantou,
Questionou se ali alguém sem pecado teria,
E que "atirasse a primeira pedra", desafiou,

De olhos fechados, chorando e orando,
Não percebi o que em volta ocorria,
Dei por mim pelo homem me tocando,
E de pé diante dele me via,

Perguntou se alguém me acusou,
Não! Foi o que respondi,
"Também não te acuso", assim falou,
"Vai e não tornes a pecar", pode ir!

Não há como em palavras descrever,
O que senti naquele momento,
Era uma alegria, uma paz a me envolver,
Que dissipou de minh'alma todo tormento,

Aquele homem de meigo olhar e justo agir,
Fez suas palavras o meu ser transpassar,
E me fez naquele instante decidir:
Aquela vida errada abandonar,

Sua atitude de amor me tocou,
O que levou-me a então O procurar,
Como sua serva Jesus me aceitou,
E a segui-lo decidi me dedicar,

Na sua morte estava presente,
Testemunhando a dor do meu Senhor,
Que ao contrário de mim era inocente,
Mas aceitou tudo por amor,

No seu sepultamento também estava,
Com Maria, sua mãe, eu chorava,
Seu corpo dilacerado contemplava,
Enquanto aquela pedra o sepulcro fechava,

No dia seguinte, ao túmulo cheguei,
Meu Senhor não encontrei,
Com dois homens me deparei,
"Não está aqui, ressuscitou!", deles escutei,

De repente, vejo ao lado,
Um homem que pensei ser jardineiro,
Ao ouvir meu nome pronunciado,
Reconheci ser Jesus verdadeiro,

Meu coração se encheu de alegria,
Por testemunhar o Senhor que vivia,
Relatei aos discípulos o que acontecia,
E a eles também se manifestaria,

Como posso ao Senhor agradecer,
Pela sua misericórdia que me fez renascer,
Que converteu o meu viver,
E me fez uma nova mulher agora ser.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Jesus: a suprema misericórdia de Deus

Misericórdia é o amor que se inclina em favor de alguém afim de ajudá-lo, ainda que não o mereça. Onde se pode encontrar melhor exemplo para esta definição senão em Jesus para com a humanidade inteira?
A misericórdia foi uma virtude que Deus teve que manifestar a partir da queda do homem pelo pecado original, visto que a mesma não foi utilizada para com Lúcifer e seus anjos quando da sua rebelião para com Deus; talvez seja este fato mais um dos motivos de tão grande ódio deste anjo decaído para com o gênero humano.
O certo é que, desde o Éden quando o Pai promete à "serpente" que "esmagará sua cabeça" (Gn 3, 15), até o fim dos tempos, a relação de Deus com a humanidade foi, é e será entremeada por atos de justiça (castigos) seguidos de atos de misericórdia (compaixão, perdão). Assim, vê-se visivelmente que a misericórdia, como bem ensina a Santa Igreja, evidencia-se pela relação de alguém que se encontra numa posição superior para com alguém que se encontra em posição inferior (isso no que tange a princípios de fé, moral, virtudes...).
A misericórdia, por natureza, é intermitente, incansável, amorosa, compassiva..., e todos estes atributos somente são perceptíveis, à perfeição, em Deus, e por conseguinte, em seu Filho Jesus Cristo. Assim, Jesus é, indubitavelmente, a suprema misericórdia de Deus, e isso se mostra claramente na sua vida pública.
A misericórdia de Deus, patente em Cristo através da narrativa evangélica em consonância com o Salmos 106, por exemplo não deixa dúvida, pois o Salmos 106, 1-2 diz: "Louvai o Senhor porque Ele é bom. Porque eterna é a sua misericórdia. Assim o dizem aqueles que o Senhor resgatou..."; não foi isso que fez o Senhor Jesus ao resgatar Zaqueu (Lc 19, 1-10) de uma vida de ganância que o fazia odiado e excluído? Não foi o que aconteceu à mulher adúltera (Jo 8, 1-11) ao livrá-la de uma vida de adultério que quase a levou a morte por apedrejamento?
O mesmo versículo 2 do Salmos 106 completa: "...aqueles que Ele livrou das mãos do opressor..."; não o fez Jesus ao livrar, libertar tantos possessos do demônio como o geraseno (Mc 5, 1-19)? Os versículos 17 a 19 do mesmo Salmos diz: "Outros, enfermos por causa de seu mau proceder eram feridos por causa dos seus pecados (...), Ele os livrou de suas tribulações"; não o fez Jesus na passagem de Jo 5, 1-18 quando curou um paralítico que estava enfermo a trinta e oito anos por causa dos seus pecados?
São apenas alguns exemplos que não deixam dúvidas do amoroso auxílio de Deus, por meio de Jesus, para com uma humanidade que peca, e que por isso se afunda nas suas misérias. O auxílio amoroso de um Deus em que o "amor não cansa nem se cansa" como declarou São João da Cruz que se inclina compassivamente para uma geração rebelde e de coração endurecido.
Jesus em Mt 5, 7  convida todo homem a engajar-se neste propósito de ser, também, misericordioso afim de que ela se prolongue eternamente. No entanto, somente será possível exercê-la aquele que trouxer na intimidade da sua vida Aquele que é a misericórdia perfeita: Jesus Cristo. Somente assim poder-se-á ser capaz de ser imitador de Cristo ao ponto de, se preciso, rebaixar-se, humilhar-se ao extremo pelo bem do outro.
Por fim, ser misericordioso não é somente acolher o oprimido, o excluído, mas, como ensina Jesus, mostrar que precisa "endireitar as veredas" (Is 40, 3; Mt 3, 3) indicando a forma de retamente proceder: "Vai e não tornes a pecar" (Jo 8, 11)
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 10 de maio de 2015

O amor...o veneno...o antídoto!

"O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gn 2, 7). Deus soprou sobre o gênero humano o seu Espírito e entre tantos outros atributos infundiu-lhe o amor, que não era um amor qualquer, mas o amor de Deus, aquele de fala São Paulo em Rm 5, 5: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado". A essência principal de Deus que é o amor, pois Deus é amor, foi suflada no homem, e Adão e Eva puderam experimentar a dimensão do amor de Deus sem mácula, sem mancha, sem imperfeição, em plenitude; o mesmo amor que somente Maria Santíssima e o Senhor Jesus Cristo (os novos Adão e Eva) experimentariam.
O impoluto de Deus esteve na essência do homem, e deveria assim permanecer; e se assim permanecesse, daqui da Terra contemplaríamos Deus face a face como Adão e Eva puderam contemplar (Gn 3, 8), o pleno amor de Deus nos tornaria imunes a todo tipo de mazelas que hoje se observa, infelizmente, sobre a face do planeta. Certamente, amaríamos a Deus, ao próximo, a nós mesmos, a Criação, de maneira sublime e correta porque veríamos em tudo a glória resplandescente do Pai.
Por quê, então, assim não é? Porque alguém se sentiu incomodado, enciumado, irado: o inimigo de Deus. Este utilizou-se de um veneno mortal que é a sua essência (o pecado), para frustrar a belíssima obra do Criador e assim depreciá-la. Ele "injetou" no homem este "veneno" chamado pecado e as consequências vieram: a "vergonha" de Deus (Gn 3, 8), a perda do sustento divino (Gn 3, 17), o sofrimento para gerar um filho (Gn 3, 16), a inveja e o homicidio (Gn 4, 1-8), dentre tantas outras mazelas. Tudo isso por quê? Por que a essência fundamental, o amor de Deus, perdeu-se, e  a capacidade de vislumbrar Deus no outro, na criação, também; perdeu-se até a capacidade (para alguns) de crer até mesmo na existência e na assistência do Deus Todo Poderoso.
Um veneno chamado pecado tem dizimado muitas almas desde o Éden até estes dias, e continua produzindo seus efeitos: o desejo de pecar mais e mais até o ponto de tornar-se escravo do mesmo como bem ensina o Senhor Jesus (Jo 8, 34); o anestesiamento (insensibilidade) a tudo que diga respeito a Deus, por isso a recusa de tantos à escuta da Palavra de Deus, a vida de oração, a Santa Missa, a obediência aos Mandamentos e preceitos divinos..., e a pior das consequências: a morte, como bem adverte São Paulo em Rm 6, 23 (não a morte física, mas a morte eterna (Ap 21, 8)). Tudo isso por uma causa só: a perca da essência primeira, o amor.
No entanto, Deus que é amor (I Jo 4, 8.16), que "amou o mundo de tal maneira...", não se conformou com tal sorte à qual estava destinado sua "obra-prima" (CIC, 343), e por isso prometeu e cumpriu e nos "deu seu Filho único" (Jo 3, 16), para nos resgatar, ajudando-nos a vencer o pecado pela obediência e pelo amor. O "Verbo se fez carne" (Jo 1, 14) a essência do amor se fez matéria como todo homem e veio mostrar-se como "modelo" (CIC, 1710) que fomos gerados por amor e com amor por mãos divinas (Sl 118, 73) e que necessitamos retribuir este amor a quantos mais pudermos (Jo 15, 17; I Pe 1, 22).
Jesus veio como o "antídoto" do Pai para a humanidade, o único capaz de neutralizar, de debelar o veneno do pecado que nos torna cegos para a verdade como bem testemunha São Paulo quando da sua conversão (At 9, 18). Jesus é o remédio eficaz contra a escravidão do pecado e isto está comprovado nas palavras do Senhor quando afirma: " Se o Filho do homem vos libertar, sereis verdadeiramente livres" (Jo 8, 36). Libertos de tão terrível mal tem-se agora recuperada a velha condição, a de amar com o amor de Deus, e assim passar a reconhecê-lo, como bem constatou São Paulo, a ter "acesso a esta graça" (Rm 5, 2) pois agora possuí, pelo Batismo, o "Espírito de seu Filho que clama: Aba, Pai" (Gl 4, 6) e com Ele ter comunhão. Restaurado este amor, passa-se a amar o próximo com o amor de Deus, o amor-caridade, o amor que experimentou o apóstolo São João levando-o a afirmar que "Nós sabemos que fomos transladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos" (I Jo 3, 14), como bem constata São Paulo em I Cor 13, 3: "Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria".
Infelizmente, muitos ainda rejeitam o santo remédio, Jesus, preferindo permanecer dia após dia injetando o "veneno" que as levará a morte. Preferirão viver apartados do amor do Pai que "tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (I Cor 13, 7), para abraçar o mal que tudo odeia, tudo descrê, nada espera, e a nada suporta, nem a si mesmo.
Jesus "veio para o que era seu, mas os seus não o receberam" (Jo 1, 11). Não seja parte desta multidão dos ingratos e descrentes, mas acolha a Cristo na sua vida, receba o antídoto, livre-se do veneno e viva o pleno amor de Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.