Encontra-se
Jesus no Getsêmani após sua agonia que o leva a suar sangue quando volta aos
discípulos e diz: “Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui”
(Mt 26, 46). Em seguida, dá-se a sua prisão por meio de um ato de traição já
declarado pelo Senhor Jesus que aconteceria ainda durante a Santa Ceia (Mt 26,
21), e por quem se daria.
Narra a Escritura Sagrada que “O
traidor combinara com eles este sinal: “Aquele que eu beijar, é ele.
Prendei-o!”. Aproximou-se de Jesus e disse: “Salve, Mestre”. E beijou-o.” (Mt
26, 48-49). Neste instante, o Senhor é preso e seguir-se-á toda sua via-crucis
que se encerrará na cruz.
O que trás a reflexão esta triste
passagem é constatar-se, então, que Jesus se reporta ao Éden, onde o Pai do
Céu, em todo seu amor para com o homem, tem este amor traído, desprezado,
rejeitado. Ali, dá-se o início do calvário humano que a partir de um ato de
desobediência, fomentado pelo inimigo de Deus, cede à beleza e atrativo do
fruto proibido e, assim, peca, e morre, mas antes sentirá a dor de tal
desprezo, de tão equivocada opção.
Judas é, não somente Adão, mas todo
homem de todos os tempos que tendo conhecido o Amor, prefere deixar-se seduzir,
não mais por um “fruto”, mas por “trinta moedas” que proporcionam, igualmente,
mesma beleza e atrativo. No Getsêmani o Amor é novamente traído e mandado à
morte, tendo que passar por dores e sofrimentos atrozes.
O questionamento que se faz,
mediante saber-se que o ser humano, na sua imensa maioria, ainda se porta como
“judas” perante o amor de Deus, é esse: onde fica o nosso getsêmani? Não há
dúvidas que este lugar é alma humana. Ali reside o lugar do conflito, do
combate; é o lugar das escolhas cabais que determinarão nesta vida e,
principalmente, na futura o resultado das escolhas que se fará, espiritualmente
falando.
No campo da alma tem-se de um lado
um Deus de amor que nos pede que o amemos, sigamos, sirvamos e obedeçamos; do
outro, um inimigo que nos incita a agir contrariamente, fomentando um egoísmo
que nos impele a que nos amemos, nos sigamos, nos sirvamos, nos obedeçamos, nos
agrademos: é o que se chama amor próprio, o amor de si mesmo que rechaça todo é
qualquer abandono e entrega ao amor de Deus.
Envolvidas por tal situação não
haverá outra decisão, senão de em algum momento trair o amor de Deus, e essa
alma torna-se assim, getsêmani, lugar de desolação, lugar do abandono de Deus,
lugar de condenação do Amor Maior.
No entanto, existem aquelas que por
mais tentadas que sejam, ainda que por vezes durma seu “sono negligente e
indiferente” enquanto Jesus sangra de aflição (Lc 22, 44-46), estas desejarão
permanecerem ao lado do amor; nestas, Jesus trabalhará, aperfeiçoará este amor
e alcançarão a perfeição. Sua alma será como que o primeiro Éden onde Deus
vinha entreter-se com suas criaturas (Gn 3, 8), estas almas preferem, antes
elas o calvário, a trair o Amor Maior por isso são almas cheia de consolação e
alegria, ainda que entre sofrimentos.
Uma outra pergunta se faz, então: o
que desejar? O que optar? Trair o amor de Deus e vê-se uma alma “getsemânica”?
Ou acolher o amor de Deus e vê-se uma alma “edênica”? O Pai já punha esta
escolha perante o povo de Israel durante a peregrinação no deserto ao exortar:
“(...) ponho diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe,
pois a vida, para que vivas com tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus,
obedecendo à sua voz e permanecendo unido a Ele.” (Dt 30, 19-20). Fazer a
segunda opção, é não só desejar um “éden” nesta vida, como o “Éden Eterno”, o
Céu.
Logo, há uma escolha a ser feita, e
que não pode se dar a toque de arroubos, afetações, a custa de imposições ou
ameaças, mas deve ser fruto: primeiro de uma decisão; e se essa decisão é por
Jesus, em segundo uma ação, ação da
Graça, do próprio Jesus que vem em auxílio àqueles que o pedem para cooperar
consigo, e Ele, prontamente, as ajudará. Qual a sua opção?
Deus te abençoe em nome do Nosso
Senhor Jesus Cristo.