quarta-feira, 4 de abril de 2018

Um Éden ou um Getsêmani?


Encontra-se Jesus no Getsêmani após sua agonia que o leva a suar sangue quando volta aos discípulos e diz: “Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui” (Mt 26, 46). Em seguida, dá-se a sua prisão por meio de um ato de traição já declarado pelo Senhor Jesus que aconteceria ainda durante a Santa Ceia (Mt 26, 21), e por quem se daria.
Narra a Escritura Sagrada que “O traidor combinara com eles este sinal: “Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o!”. Aproximou-se de Jesus e disse: “Salve, Mestre”. E beijou-o.” (Mt 26, 48-49). Neste instante, o Senhor é preso e seguir-se-á toda sua via-crucis que se encerrará na cruz.
O que trás a reflexão esta triste passagem é constatar-se, então, que Jesus se reporta ao Éden, onde o Pai do Céu, em todo seu amor para com o homem, tem este amor traído, desprezado, rejeitado. Ali, dá-se o início do calvário humano que a partir de um ato de desobediência, fomentado pelo inimigo de Deus, cede à beleza e atrativo do fruto proibido e, assim, peca, e morre, mas antes sentirá a dor de tal desprezo, de tão equivocada opção.
Judas é, não somente Adão, mas todo homem de todos os tempos que tendo conhecido o Amor, prefere deixar-se seduzir, não mais por um “fruto”, mas por “trinta moedas” que proporcionam, igualmente, mesma beleza e atrativo. No Getsêmani o Amor é novamente traído e mandado à morte, tendo que passar por dores e sofrimentos atrozes.
O questionamento que se faz, mediante saber-se que o ser humano, na sua imensa maioria, ainda se porta como “judas” perante o amor de Deus, é esse: onde fica o nosso getsêmani? Não há dúvidas que este lugar é alma humana. Ali reside o lugar do conflito, do combate; é o lugar das escolhas cabais que determinarão nesta vida e, principalmente, na futura o resultado das escolhas que se fará, espiritualmente falando.
No campo da alma tem-se de um lado um Deus de amor que nos pede que o amemos, sigamos, sirvamos e obedeçamos; do outro, um inimigo que nos incita a agir contrariamente, fomentando um egoísmo que nos impele a que nos amemos, nos sigamos, nos sirvamos, nos obedeçamos, nos agrademos: é o que se chama amor próprio, o amor de si mesmo que rechaça todo é qualquer abandono e entrega ao amor de Deus.
Envolvidas por tal situação não haverá outra decisão, senão de em algum momento trair o amor de Deus, e essa alma torna-se assim, getsêmani, lugar de desolação, lugar do abandono de Deus, lugar de condenação do Amor Maior.
No entanto, existem aquelas que por mais tentadas que sejam, ainda que por vezes durma seu “sono negligente e indiferente” enquanto Jesus sangra de aflição (Lc 22, 44-46), estas desejarão permanecerem ao lado do amor; nestas, Jesus trabalhará, aperfeiçoará este amor e alcançarão a perfeição. Sua alma será como que o primeiro Éden onde Deus vinha entreter-se com suas criaturas (Gn 3, 8), estas almas preferem, antes elas o calvário, a trair o Amor Maior por isso são almas cheia de consolação e alegria, ainda que entre sofrimentos.
Uma outra pergunta se faz, então: o que desejar? O que optar? Trair o amor de Deus e vê-se uma alma “getsemânica”? Ou acolher o amor de Deus e vê-se uma alma “edênica”? O Pai já punha esta escolha perante o povo de Israel durante a peregrinação no deserto ao exortar: “(...) ponho diante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição. Escolhe, pois a vida, para que vivas com tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a Ele.” (Dt 30, 19-20). Fazer a segunda opção, é não só desejar um “éden” nesta vida, como o “Éden Eterno”, o Céu.
Logo, há uma escolha a ser feita, e que não pode se dar a toque de arroubos, afetações, a custa de imposições ou ameaças, mas deve ser fruto: primeiro de uma decisão; e se essa decisão é por Jesus,  em segundo uma ação, ação da Graça, do próprio Jesus que vem em auxílio àqueles que o pedem para cooperar consigo, e Ele, prontamente, as ajudará. Qual a sua opção?
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.