quinta-feira, 13 de abril de 2023

O Amor vem de Deus, e se importa conosco; duas Marias testemunham!

 O amor, melhor caracterização de Deus, a mais próxima do ideal, visto que Deus em toda sua majestade, magnificência, grandiosidade..., que não se pode reduzir a um conceito simples, no princípio era para o louvor e a adoração do Criador.

Após a queda, o amor infundido nos primeiros pais por meio do Rhua de Deus, além do louvor e da adoração, tornaria-se, também, meio de restauração e resgate dos caídos e escravizados pelo pecado.

Bons exemplos do que se argumenta estão nas pessoas de Maria Santíssima e Santa Maria Madalena. Uma de Nazaré, outra de Magdala; uma sempre pura e imaculada, a outra maculada pelo pecado da luxúria; uma nunca conhecera homem, a outra, segundo acredita-se, conhecera muitos homens; a primeira, modelo do que fomos e nunca deveríamos ter deixado de ser, a segunda, modelo do que somos e precisamos deixar de sermos.

Uma e outra foram visitadas por Deus: a primeira para trazer o Amor que salva ao mundo; a outra para experienciar o Amor que salva do mundo, libertando do pecado que escraviza.

Ambas são retrato, testemunho do que faz o amor, segundo 1 Jo 4, 7: "O amor vem de Deus...e o que vem de Deus nasceu de Deus e conhece a Deus"; logo, o amor faz nascer e conhecer a Deus, e conduzir à vida eterna, visto que, nas palavras de Santo Tomás de Aquino: "Amar é desejar que o amado nunca morra". E foi o que fez o Nosso Senhor Jesus Cristo, e continua a fazê-lo em cada Santa Missa.

O Amor que vem de Deus: Jesus Cristo, veio para isso, para mostrar que existe um Deus que se importa conosco, que não é indiferente ante a condição pecadora em que nos encontramos, que nos deseja restaurados como Madalena, devolvidos à nossa dignidade de filhos de Deus, capazes de reconhecê-Lo, amá-Lo e anunciá-Lo, afim de que não morram, mas alcancem a bem-aventurança eterna que desejamos para nós.

Por isso que os caminhos destas duas Marias irão se encontrar em dado caminho, vindo de trajetórias diferentes: uma sempre fiel a Deus, a outra infiel, mas que, a partir de uma ação do amor de Deus iriam passar a trilhar o mesmo caminho, o único caminho, que antes viveu a dura realidade da cruz, que é o lugar do encontro dos resgatados, dos miseráveis com a Misericórdia, e depois na Canaã celeste.

Ambas viveram essa experiência com o Amor que vem de Deus a partir da ação poderosa de uma outra Pessoa: o Espírito Santo. Sem Ele, não há como viver o que estas duas mulheres viveram, enfrentar o que enfrentaram, superar o que superaram, para permanecerem firmes em Cristo, serem suas testemunhas, visto que Santa Maria Madalena foi a primeira a ver o Senhor Jesus ressuscitado e levar a notícia aos demais discípulos, mostrando o que o Amor de Deus faz: transforma um pecador em mensageiro (anjo), e chegar onde chegaram: o céu.  

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Credes na Luz, que é Jesus!

 A escuridão não agrada a Deus, tanto que Gn 1, 1 narra que "a Terra era informe e vazia..."...e escura, o que leva à primeira ação de Deus é "Faça-se a luz!".

Escuridão, treva, nunca é associado a algo bom, mas, ao contrário, é ligada a perigo, pavor, desespero, sofrimento, a exemplo de Mt 22, 13; também está vinculada a escondimento (Jo 3, 19-21), impedimento..., coisas que desagradam a Deus.

Deus é luz, e a claridade está vinculada a visibilidade, revelação, alegria (dar a luz!), a Verdade..., pois o próprio Cristo já deixou evidenciado essa verdade quando diz aos discípulos que "vós sois luz do mundo...e a luz não é para ser deixada embaixo da cama, mas para ser posta sobre o alqueire" (Mt 5, 14; Lc 8, 16-18).

Deus quando vinha ter com o homem, diz Gn 3, 8, antes da queda era na brisa da tarde: dia; mas, quando se encarna, para resgatar e redimir a humanidade decaída desde o pecado de Adão, era noite. 

No Jardim do Éden, que seria a alma humana na sua pureza original, Deus se apresenta a ela feliz, pois é dia; mas no Jardim do Getsêmani, que seria a alma em pecado, Deus se mostra sofredor, e é noite.

Uma alma em pecado não conhece outra situação senão da noite, da escuridão, e por isso, sofre, se aflige, se desespera, e lança-se numa busca desesperada de sair de tal situação; às apalpadelas busca uma porta, mas o que pode encontrar no próximo passo é um abismo, que atrairá outro abismo, até chegar ao fundo de um poço, ou melhor, de um tanque, um tanque de fogo e enxofre (Ap 21, 8), a perdição eterna, a escuridão sem possibilidade de volta.

Porém, nesta busca para deixar a escuridão do pecado, clamará por uma luz, e eis que avistará uma luz. Mas que luz será essa? Quem poderá estar por trás dela? Como saber se é de bem ou de mal?

Esta luz poderá ser a de um anjo  decaído que pode se disfarçar em" anjo de luz" (2 Cor 11, 14) ou poderá ser do "Anjo que acampa em redor dos que os teme e os livra" (Sl 34 (35), 7). Em qual dos dois está a verdade?

Um dirá: - "Segue-Me! Eu sou a porta larga, o prazer sem medidas, tenho reinos para te ofertar se me adorares!". O outro dirá: - "Segue-Me! Eu sou a porta estreita, o caminho espinhoso, pedregoso e de cruz, que te promete alegria sem fim em um Reino que não é desse mundo, desde que creias e me aceite como Salvador!".

Escolhendo a primeira luz perceberá que tratava-se de uma serpente, e que fora vítima de um veneno mortífero, que tornará essa escuridão ainda pior. Mas, ao escolher a segunda opção, verás que tratava-se de uma pomba, que pousada sobre si lhe infundirá um antídoto, que porá fim à cegueira, permitirá vislumbrar a Verdade, o Caminho correto a seguir que levará à vida eterna.

Esse antídoto é o Espírito Santo, a Vida Eterna é Jesus, e para que essa graça aconteça é necessário crer nessa Luz da luz que dissipa toda escuridão de pecado, nos devolve liberdade, alegria e paz.

Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

domingo, 17 de janeiro de 2021

EU SOU SAMARITANA VII

 Reconhecer é o princípio do mudar


Havia, então, um entrave que dificultava a compreensão, o entendimento por parte da samaritana à proposta de Jesus: o pecado. Esse mal que põe dificuldade à compreensão, que faz com que se ouça a mensagem do emissário como que se em língua estranha ou em código indecifrável, e que somente se torna clara e compreensível se auxiliada por um elemento fundamental: a humildade.

E por mais que a fala da mulher em tantos momentos transpareça arrogante, intransigente, ao responder que deseja da água que lhe é oferecida, já demonstra abertura, caso contrário rejeitaria tal oferta de pronto. Também em reconhecer que não possuía marido, o que é elogiado por Nosso Senhor, demonstra atitude humilde, pois humildade e verdade são companheiras.

Com isso a abertura está dada, mas resquícios ainda existem, e a mulher passa a questionar sobre a adoração e o lugar adequado de adorar a Deus, e o Senhor Jesus, após instruí-la dizendo que "Deus é Espírito, e os que o adoram devem adorá-Lo em Espírito e em verdade" (vers. 24), deixando evidenciado que a adoração a Deus parte em primeiro de um coração que O ama e de uma alma que se faz seu templo, e isso independe de lugar, coloca-a como partícipe desta graça, ainda que não seja judia.

Daí ela questiona que o Messias que virá (vers. 25) é que anunciará estas maravilhas, e com isso Jesus se revela a ela, não como mero judeu, mas como o próprio Messias: "Sou eu, que falo contigo" (vers. 26). Interessante perceber que em várias passagens Jesus pede para que não o revelem como Messias, e aqui Ele se revela. Certo é, que a samaritana é, finalmente, penetrada pela Verdade salvífica, e o que restava de dúvidas é extinta, e a consequência é que "a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade..." (vers. 27).

A "água viva" foi sorvida, a "sede" foi debelada, o pecado apagado, o sentido devolvido, e o cântaro das "águas inúteis" foi abandonado, afinal, a alma agora está preenchida de uma alegria indescritível, de uma felicidade nunca antes vivida. E essa "água da vida", o puro, santo, genuíno e incomparável amor de Deus não cabe em si tem de chegar a outros, tem de ser compartilhado... 

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

EU SOU SAMARITANA VI

 Não basta saber que precisa de água, precisa reconhecer o que faz precisar!


O Senhor Jesus faz uma proposta, e a mulher não compreende, e por quê não? Por que algo impede que a linguagem espiritual ultrapasse a compreensão meramente racional e produza efeito. Esse algo se chama pecado.

Quando a mulher diz: "Dá-me desta água para que eu não tenha mais que vir aqui buscá-la", Jesus responde dizendo: "Vai chamar o teu marido e volta aqui!" (vers. 16), e a samaritana retruca: "Eu não tenho marido" (vers. 17), e Jesus exclama: "Disseste bem que não tens marido, pois tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste a verdade" (vers. 17-18).

A mulher encontrava-se vivendo um pecado de adultério. Tudo por que havia uma sede, sede de afetividade, que a fizera passar por cinco relacionamentos, ao que parece lícitos, à exceção do último; no entanto, lícito ou ilícito, o desejo desmedido de satisfação, de prazer, é nocivo à alma e a lança numa situação de secura, fazendo exigir saciedade, não importando quantidade, critérios ou meios. 

Certo é que Nosso Senhor identifica o problema, e conduz a mulher a expô-lo, pois não há tratamento sem antes reconhecimento que o problema existe. Logo, sem reconhecer-se pecador, e o (s) pecado (s) que pratica, será difícil aderir à proposta de Jesus que oferece uma saciedade plena com a contrapartida de uma mudança, de uma conversão; e enquanto isso não se dá dificilmente se aderirá à proposta divina, pois a alma embotada, as vistas encobertas e a percepção distorcida, continuará a contentar-se com as "fontes" que saciam parcialmente e por breve tempo.

Por isso que não basta apenas perceber que carrega uma sede (de felicidade, de completude, de sentido...), mas o que a faz ter essa sede, que não é outra senão o pecado que seca a alma e o coração deteriorando esta vida ao ponto de se encontrar como ossos secos, a exemplo do que mostrava Deus ao profeta Ezequiel quando se referia ao povo de Israel em Ez 37, 1-14.

A solução principia de uma abertura, e isso começará a acontecer....


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

EU SOU SAMARITANA V

 Sem desprendimento do mundo não há como acolher a proposta de Jesus.


No prosseguir do diálogo, mediante a proposta de uma "água viva" que faz o Senhor Jesus, a mulher retruca: "Serás maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual bebeu ele mesmo, como também seus filhos?" (vers. 12). Vê-se, aqui Nosso Senhor receber uma má-resposta, quiçá reprimenda, da parte da samaritana que invoca a memória de um dos Patriarcas; e assim acontece, até esse dias, Àquele que nos propõe o bem, que sugere algo melhor e mais elevado, tendo, no entanto, que sujeita-se a atitudes rudes derivadas de almas embotadas pelo pecado, incapazes de discernir tão altos propósitos, visto estarem arraigadas a toda sorte de realidades mundanas. 

O diferencial, no entanto, é que aquela mulher se depara com alguém que não se pauta, nem se porta, por atitudes carnais, mas conduzido pelo Espírito Santo, e inflamado de um amor extremado pelas almas, não se deixa abalar, mas segue em frente, pois ao Deus de misericórdia é dispensável embates infrutíferos, daí responder à mulher dizendo: "Todo o que beber desta água voltará a ter sede. Aquele, porém, que beber da água que eu darei, nunca mais tornará a ter sede, mas a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna" (vers. 13).

Novamente o Senhor insiste num diálogo espiritual e elevado, ainda que tendo como pano de fundo a fonte de água onde se encontram. O Senhor outra vez deixa evidenciar, ainda que metaforicamente, a necessidade de saciedade da mulher, e explícito que não será aquela fonte de pedra, funda, de difícil acesso que a saciará naquilo que mais deseja: felicidade.

Por isso, então, Jesus propor uma "água" mais excelente, capaz de levar aquele que dela beber a "nunca mais ter sede", nunca mais precisar buscar felicidade incompleta, falsa, fugaz, mas intermitente; felicidade perene, não somente por que sacia a si própria, mas por que será capaz de jorrar, de transbordar, e servir a outros promovendo, assim, maior felicidade, e que durará para a vida eterna, pois a felicidade produzida na alma por fazer o bem aos outros não cessa ao fim desta vida terrena, mas permanece até na vida eterna, e este fato pode-se observar nas palavras de Santa Terezinha do Menino Jesus no seu leito de morte quando disse: "Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a Terra".

Contudo a incompreensão persiste, mesmo quando faz a opção por aceitar o que o Senhor propõe, visto que ainda que declare: "Senhor, dá-me desta água...", evidencia seu entendimento humano ao completar: "..., para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirá-la" (vers. 15). Essa dificuldade em compreender o que Jesus estava a lhe propor tem uma razão, um por que, e que precisa ser debelado, removido, extirpado, afim de que, a exemplo do Apóstolo São Paulo, "as escamas lhe caia dos olhos" (At 9, 18) e assim perceba Quem fala, o que fala, e o que propõe. 

domingo, 27 de dezembro de 2020

EU SOU SAMARITANA IV

 Uma proposta é feita, a resposta determinará o resultado!


Eis que chega à fonte, trazendo seu "cântaro" de esperanças, vazio pelas frustrações, desejoso de ser cheio de alegria e felicidade, a mulher samaritana. Ali depara-se com a realidade (a fonte quase vazia, que fornecerá água por um tempo), e a realidade (a Fonte transbordante, que fornecerá água inesgotavelmente). Internalizada em sua única intenção: conseguir a água que deseja, talvez nem se dê conta de quem ali se encontra, há não ser a certeza de ser uma presença indesejável, visto saber de que origem provém.

Certamente é surpreendida por aquela voz que lhe dirige um pedido: "Dá-me de beber!", afinal, natural seria receber a mesma indiferença, ou até desprezo, pois, quem sabe, já não nutria ela o mesmo sentimento ao avistar tal homem e identificar de onde procedia. E isto se explicita ao responder: "Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?". A caridade neste caso, sucumbe à rivalidade. 

No entanto, a humanidade do Nosso Senhor não rivalizará com aquela mulher impregnada de preconceito, mas agirá a divindade do Senhor para, assim, elevar a um nível de possibilidade de mudança um diálogo que, se mantido apenas no âmbito da discussão de méritos, não produziria o efeito que o Senhor desejava. Daí Jesus contra-argumentar dizendo: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: "Dá-me de beber", tu lhe pedirias, e Ele te daria a água viva".

Nosso Senhor deixa, ainda que implícita, a seguinte reflexão à mulher: "Não se trata, aqui, de aceitar ou não aceitar alguém; mas, de que existe alguém que tem sede, e existe quem pode saciar esta sede!". Por que diferenças políticas, ideológicas, culturais, enfim, nada disso interessa a Deus há não ser a salvação das almas, pois se essas questões fossem importantes a Jesus teria se oposto a curar o servo do Centurião romano, afinal seriam eles seus algozes futuramente; ou jamais enviaria o Apóstolo São Pedro a Cornélio (At 10, 1-48), também centurião romano. O interesse de Deus é restauração, resgate de almas, daí lançar esse argumento à samaritana.

Entretanto, ainda limitada às realidades práticas, a mulher compreende que Jesus se oferecia para lhe ajudar a encher o cântaro que trazia aos ombros, tanto que responde dizendo: "Senhor, não tens sequer com que tirar água, e o poço é fundo; de onde tens essa água viva?". Por quê a dificuldade de compreender o que Nosso Senhor quis dizer? Semelhante ao que aconteceu no diálogo com Nicodemos quando Jesus diz ao fariseu: "Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus" (Jo 3, 3), e o fariseu questiona: "Como pode alguém nascer se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?" (Jo 3, 4 )?

Por quê a linguagem espiritual não poderá ser compreendida numa realidade carnal, material, mas exige adentrar a uma realidade espiritual; e adentrar a essa realidade espiritual parte de uma aceitação do convite que é feito pelo próprio Deus por meio Daquele que é o Dom de Deus, Aquele que nos fala, não à razão embotada pelo pecado, mas ao coração. E a partir desse convite, e da resposta que se dará a Ele, é que se vislumbrará o desenrolar de tudo e para onde se encaminhará essa alma a partir da aceitação ou rejeição da oferta proposta.

sábado, 26 de dezembro de 2020

EU SOU SAMARITANA III

 Existe apenas UMA FONTE que sacia!


O texto segue e diz que o Senhor FATIGADO encontra uma "fonte" e senta-se junto a ela, e isso se dá por volta da hora sexta (meio dia). O lugar, as condições, o tempo; três elementos se interconectam para para moldar o cenário, onde, no palco da vida, três personagens se encontrarão. Dois já explicitados: Jesus e o poço; e a terceira que logo se apresentará: a mulher samaritana.

O cenário, já abordado anteriormente, constitui-se da terra de samaria, o lugar do desagrado, e agora uma fonte (em outras traduções, um poço). Neste terra (a alma), de aridez e adversidade, encontra-se uma fonte (o coração), ao que depreende-se do texto, não completamente vazia, mas de grande profundidade o que dificulta conseguir alguma água. 

E neste lugar tão adverso Nosso Senhor se achega, fatigado de tanto peregrinar por outros lugares, ou melhor, por tantas almas, e não encontrar outra realidade se não a mesma que ora se encontra, infelizmente. As "terras de samaria", as almas de solo sequioso, possuidoras de fontes quase vazias, quando não vazias por completo, fontes petrificadas pelo pelo pecado, que se aprofunda cada vez mais tornando o amor depositado nela quando do Batismo, cada vez mais inacessível, ainda que exista.

As condições do clima ainda cooperam para, ainda mais, maltratar o amado Rei que sempre encontra essas "fontes" com sol a pino, no máximo do seu calor; sol escaldante, que arde a pele, quase cega as vistas, faz suar ao ponto de desidratar, de deprimir as forças ao ponto de fazê-las renderem-se...Quem suportaria enfrentar tal realidade? Por quê o faria? Não outro, senão o Apaixonado pelas almas, o Salvador, Redentor, ávido por "fazer novas todas as coisas" (Ap 21, 5), que no seu peregrinar incansável depara-se com triste realidade, e desejoso de transformá-la, aceita tão laboriosa missão. E o faz por amor, nada mais.

O tempo. Em Eclesiastes 3, 1-8 a Palavra diz que "Existe um tempo para cada coisa...". E eis que o tempo chega, para a alma que o Senhor deseja, o "meio dia", a passagem da manhã para a tarde, do engano para a verdade, da perdição para a salvação, se faz concreta em algum momento da história para todos. Nesse meio dia de sol a pino, onde, talvez a intensidade dos pecados atingiram sua maior amplitude, eis que é chegado o momento da graça acontecer, - não que ela necessitasse esperar chegar a tal ponto -, mas que ela vem, vem.

E é neste cenário, onde a postos estão a "fonte quase vazia" (a maioria de nós!) e a Fonte que se dirá transbordante, que surgirá a outra personagem: a mulher samaritana, carregando seu cântaro vazio, à procura de água para o encher, afinal a sua casa tem sede, ela tem sede. Chega ali, trazendo o peso do vaso, que se, metaforicamente, atribuir-se ao coração, pesa pelas durezas decorrentes do orgulho, egoísmo, amor-próprio, soberba..., e tantos outros males que endurecem o coração a tal ponto de ele pesar no peito, ainda que vazio; vazio do amor de Deus, vazio de virtudes, de caridade, de fé e esperança...

Essa alma samaritana vê-se, então, diante da realidade da grande maioria: ir em busca de saciar sua sede em fontes vazias, ou quase vazias, onde até encontra, muito dificilmente, um resquício de bem que até alegra, contenta, satisfaz, mas por pouco tempo, por quê? Por que "assim como a corça anseia pelas fontes das águas, assim anseia minha alma por ti, ó Deus." (Sl 41 (42), 2", e a esse clamor, muitas vezes desesperado, não serão fontes humanas incompletas que irão promover tal saciedade, há não ser a FONTE transbordante, que se encontra ao lado, fatigada, cansada, extenuada, mas desejosa de encher os cântaros vazios de todas as "almas samaritanas" que estão por aí a vagar, buscando nas fontes inadequadas, o que somente a Fonte inesgotável de amor pode proporcionar.