terça-feira, 1 de setembro de 2015

"Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram" (Jó 42, 5)

Verdadeiramente, para aqueles que ainda não compreenderam a Palavra de Deus, principalmente os Evangelhos, não perceberam que Jesus não é uma ideia, uma teoria, ou equivalente; Jesus é vivência, é experiência, porque é pessoa, logo, falham todos aqueles que pressupõem alcançar ou comunicar Cristo por mera argumentação.
Esta constatação é concreta quando se observa um crente tentar evangelizar um descrente à força da pura argumentação, ainda mais nestes tempos de apostasia, pois trava-se entre as partes um debate de pontos de vista que se alternam em refutações que logo se mostram contraproducentes e que, ao final, na maioria das vezes não alcança seu objetivo.
Por quê não há êxito num discussão onde ambos se portam perante o outro com a seguinte condição: "eu estou certo e você está errado!"? Porque não se dá atenção ao que mostram os Evangelhos, pois, vejamos, a passagem do encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4, 1-42): o Senhor propõe o diálogo a partir de um pedido por um copo de água que de pronto é rejeitada pela mulher, visto que, segundo o texto "judeus não se comunicavam com os samaritanos" (vers. 9).
No entanto, Jesus não embarca na proposta do debate sobre preconceito, mas usa do dom da sabedoria para conduzir a conversa para um patamar mais elevado, e assim o faz quando diz à samaritana que "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva" (vers. 10), e assim o Senhor retira a mulher do diálogo inútil para introduzi-la num outro contexto que lhe interessa, que não envolve picuinhas ou desavenças, mas que dirá respeito ao que é fundamental: a salvação, pois ao Senhor naquele momento só interessava resgatar aquela mulher para Deus, retirando-a da vida de pecado em que vivia para reconduzi-la a uma vida nova, e assim o fez.
Aquela mulher não experienciaria Jesus no mero bate-boca, num diálogo eivado de preconceitos e vaidades, mas no abrir o coração para conhecê-lo, foi o que se deu, e essa experiência com o Deus vivo mudou a sua história.
O caso de Jó é em parte diferente devido, ao contrário da samaritana, ser um homem "íntegro, reto e que temia a Deus" (Jó 1, 1) o que leva o inimigo de Deus a requerer do Pai prová-lo (Jó 1, 11) na sua fidelidade, e ao receber consentimento impôs ao homem de Deus provas duríssimas, mas que não foram capazes de fazê-lo renegar o Senhor.
Ao fim do período de tormento, tendo resistido às provas Jó  recebe o que perdera em dobro (Jó 42, 10), no entanto, não são os bens que chamam a atenção na saga deste homem, mas uma palavra que proclama em meio a toda tempestade que enfrentava. Ele em certo instante declara: "Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram"; ele fazia menção ao fato de pensar conhecer ao Senhor somente pela obediência fiel da Lei como pensava ser todo hebreu, onde viu estar enganado, e em meio ao sofrimento é que pôde experienciar o Deus vivo em sua concretude.
São dois exemplos que mostram, indubitavelmente, que Deus é experiencial, e quer que todo ser humano viva esse encontro de amor, pois "o homem é capaz de Deus" como afirma o Catecismo da Igreja Católica no capítulo primeiro de 26 a 49, e Deus, por meio de seu Filho Jesus deseja esse encontro pessoal transformador, pois Ele é um Deus "que se deixa encontrar" (Is 55, 6).
Não se contente, portanto, em conhecer Deus somente em palavras, mas que na busca da intimidade com este Deus os teus olhos O veja, teu coração O sinta, tua alma experimente "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (Is 64,4; I Cor 2, 9), e seja você transformado por esse encontro que muda histórias.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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