terça-feira, 29 de setembro de 2015

O que se espera do seguimento de Cristo?

O anúncio fascinante, e muitas vezes conveniente, de um Cristo que está disponível para satisfazer as necessidades pessoais dos que o buscam, ou como um mero oráculo a dar respostas às necessidades mais prementes de uma sociedade que, mal acostumada aos proponentes de soluções rápidas, vê-se "desbaratinada" quando não a apresentam, o que tem afastado os cristãos do que realmente significa aderir a Jesus, nesta vida, e segui-Lo.
Prosperidade, curas, bem-estar, será mesmo isso o que espera aqueles que se propõem a seguir Jesus? Foi isso que o Senhor deixou como alerta aos que o professarem como o Filho de Deus, o Salvador? A resposta é não! São várias as passagens bíblicas onde Cristo deixa claro aos discípulos e a todo que o aceitasse que, muito pelo contrário, dias difíceis viriam, tempos complicados os aguardariam.
Jesus mesmo dá-se por exemplo quando inicia todo o projeto salvífico a partir do seu batismo sendo levado ao deserto e ali é tentado pelo demônio (Lc 4, 1-13); ser batizado é ser introduzido na multidão do povo que fará o seu peregrinar pelo "deserto" desta vida, saído do "egito" para rumar à "terra prometida"; porém, neste trajeto existe um inimigo que não medirá esforços para impedir que esta "corrida seja completada" (2 Tm 4, 7).
O Senhor deixará nos seus ensinos e pregações mais evidente que esta adesão será caracterizada por lutas, provações, enfim, por adversidades; e isto se faz patente na passagem de Mt 5, 10-12 quando diz: "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
O texto bíblico que não deixa dúvidas sobre as intempéries que sobrevém aos seguidores do ressuscitado é o de Mt 8 a 10, 1-23. A narrativa começa pela parte que hoje é que mais se tenta mostra: o Cristo das bençãos, dos milagres (capítulos 8 e 9); no entanto, quando escolhe os doze (capítulo 10) a partir do versículo 16 até 23 vai evidenciar a consequência de ser missionário, anunciador do Evangelho.
No versículo 34 Jesus vai dizer aos discípulos: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra! Vim trazer não a paz, mas a espada". Do que estava a falar o Senhor senão da perseguição dos romanos e do próprio povo judeu, à época, e de todos os demais inimigos da Igreja que se levantariam ao longo da missão peregrina do Corpo de Cristo?
Fica assim evidenciado, sem invencionices ou contorcionismos teológicos que o que se espera do seguimento de Cristo é, certamente, libertação do pecado, vida restaurada, uma "paz que excede toda inteligência" (Ef 4, 7)...; mas ladeado a tudo isso estará a batalha, que não é "contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades..." (Ef 6, 12).
No entanto, mediante a pregação que se faz hoje de um Cristo que é só benécies, que é somente céu de brigadeiro e mar de almirante, a Boa Nova e seu anúncio vêem-se prejudicados, pois ao omitir-se a verdade completa, esses "buscadores" apenas da parte boa que lhes apraz baterão em retirada imediata ao constatarem que os percalços, o céu com raios e trovoadas, o mar com ondas encapeladas também fazem parte do pacote, logo a parte que não estão dispostos a encarar.
O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiramente, prosperará ao não prometer prosperidade cativando seguidores interesseiros, mas prometendo salvação aos que O levarem com fé e amor, cativando e atraindo guerreiros, a partir de testemunhos de fiéis lutadores que souberam, como por exemplo Santa Teresa D'Ávila, que seguir e servir significava "sofrer e amar".
Não há dúvidas que é uma realidade desafiadora, principalmente num mundo secularizado onde prazer e satisfação são a tônica da propaganda, será para muitos atemorizante e causa de desistência, por isso mesmo demandar coragem, e por isso mesmo ser indispensável o auxílio do Espírito Santo, pois somente com Ele é que os Apóstolos e a Igreja conseguiram atravessar tantas provas e fazer a Palavra de Deus chegar até aqui.
O Apóstolo São Paulo que de perseguidor passou a perseguido souber o que é viver o seguimento de Cristo, as contrariedades de pregar Cristo ressuscitado; no entanto, seguiu em frente e assim colaborou valorosamente com a missão da Igreja, mas o êxito só pôde se dar pela força do Espírito Santo.
Este mesmo Espírito continue ajudando a Igreja a não se desvirtuar dos seus propósitos, mas trabalhando nos corações para que mais seguidores, mesmo sabendo da verdade sobre o seguir a Jesus, sejam levantados a fim de que o autêntico Evangelho continue conquistando almas para o Senhor e proporcionando ao que crerem alcançar aquilo que é a espera maior: o céu.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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