sábado, 19 de setembro de 2015

Por quê o Evangelho não prospera como antes? Parte 2: Levar Jesus sem Jesus!

A passagem do Evangelho de São João capítulo 21 evidencia mais um encontro de Jesus ressuscitado que deve ser motivo de reflexão para todo cristão engajado na Igreja e servindo à evangelização.
O trecho a partir do versículo segundo mostra Pedro e alguns discípulos à beira do lago Tiberíades e, em dado momento, ele, Pedro, decide: "Vou pescar!". Instantemente, os demais respondem: "Também nós vamos contigo!". A sequência do texto narra que passaram a noite pescando e nada conseguiram (vers. 3) e, ao retornarem à praia, encontram Jesus que lhes pergunta: "Amigos, acaso não tem algo para comer?" (vers. 5). Mediante a negativa dos discípulos o Senhor lhes ordena lançar as redes à direita da barca e a mesma captura centenas de peixes (vers. 6). Pedro e os demais, ante o fato,  reconhecem tratar-se de Jesus.
Essa passagem trás um questionamento a respeito do "ir pescar" destes dias: por quê a evangelização que se faz, ou se busca fazer, surte tão pouco, ou nenhum efeito? Por quê as redes são lançadas, mas voltam quase sempre vazias? Uma possível resposta seria: "estão levando Jesus sem Jesus".
Analise bem: aqueles homens eram especialistas em pescaria, conheciam o melhor período, o melhor turno, ou seja, tinham conhecimento, eram preparados, no entanto não lograram êxito, por quê? Faltou o essencial: faltou Jesus! Faltou naquela pescaria "o pescador" que faz a diferença, e na de muitos evangelizadores, também.
Da mesma maneira, transportando para a ação evangelizadora, primeiro ponto de equívoco que se nota: muitos se arvoram querer evangelizar fora da barca (a Igreja); Jesus deixou um mandato a homens, sim, mas dentro da Igreja, unidos a Ele: "...para que sejam um, com assim como tu, Pai, estás em mim e Eu em ti..." (Jo 17, 20), e não individualmente.
Segundo ponto: muitos até servem na Igreja, mas levam Jesus meramente a partir das suas capacidades humanas, seja intelectuais (conhecimento bíblico, doutrinário,...) ou de retórica (boa argumentação, eloquente pregação...), estas ferramentas são fundamentais, no entanto, sem Jesus as potencializando, inspirando, ungindo, tendem a cativar os ouvidos, impressionar o intelecto, despertar emoções, mas não serão capazes de se expressar em conversões, podendo, pelo contrário, produzir efeito inverso.
Efeito inverso? Justamente, pois entrar na "noite" da vida do outro, ou mesmo na "noite" desta vida sem Jesus, é correr o risco de ser vítima do mal que jaz neste mundo e dos perigos que este oferece. A Palavra de Deus mostra exemplos disso como na passagem de Mc 4, 35-41 da tempestade acalmada onde, mais uma vez os discípulos estão na barca (a Igreja) atravessando o lago quando uma grande tormenta surge e se lança contra ela. Ali estão os mesmos homens conhecedores do ambiente, pois eram pescadores, no entanto, viram-se incapazes diante da força dos ventos e ondas.
Eles recorrem, então, a Jesus que se encontra dormindo em outra parte da embarcação, acordam-No e Ele repreende a tempestade que logo se torna em bonança. Poderiam fazer algo aqueles homens por mais que conhecessem de mar, de barco, sem o auxílio do Senhor? Não! Certamente naufragariam, pereceriam; e muitos estão naufragando por não entenderem que ter conhecimento de Jesus, mas não ter verdadeiramente Jesus presente na sua vida não adiantará grande coisa, pois esta vida tem suas tempestades, com ondas encapeladas, capazes de jogar ao fundo as "barcas" que não levarem Jesus, e mesmo que não afundem, voltarão vazias.
Outro exemplo que se pode referir é o de At 9, 11-16 onde alguns judeus ao verem os milagres que se realizavam por meio do Apóstolo São Paulo, arvoraram-se em tentar expulsar demônios de pessoas possessas. O texto narra que "o espírito maligno replicou-lhes: "Conheço Jesus e sei quem é Paulo. Mas, vós quem sois?". Nisso, o homem possuído do espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois deles e subjugou-os de tal maneira, que tiveram de fugir daquela casa feridos e com as roupas estraçalhadas."
Eis o risco que se corre, pois espíritos malignos só se submetem a Jesus, e isto bem já ensinara o Papa Bento XVI: "Somente Jesus é capaz de vencer o mal", e se é fato que uma alma que caminha nesta vida, de pecado em pecado, rejeitando a Jesus e longe dos seus caminhos, certamente torna-se morada do mal, como bem ensina o Senhor em Lc 11, 24. Portanto, é um risco grande levar Jesus a pessoas assim, ser ter Jesus presente na própria vida como tinha Paulo que enfrentava os demônios e os expulsava (At 16, 16-18), porque tinha Jesus e o Espírito Santo.
Assim, faz-se imperioso o entendimento que evangelizar, levar Jesus ressuscitado, sem Jesus, ou seja, sem Ele ser parte presente na vida deste servo que não tem vida de oração, não tem intimidade com o Espírito Santo, não tem vivência fiel dos Sacramentos (Reconciliação e Eucaristia), não adora ao Santíssimo, não tem práticas de caridade, nem conhecimento das Sagradas Escrituras e do Magistério, sem fidelidade e obediência a Igreja e aos seus pastores, certamente pouco ou nada produzirá, pois o Senhor já declarara: "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15,5).
Não há como um ramo frutificar separado da "videira" que é Jesus, pode até acontecer de, no afã de ajudar, atrapalhar; em vez de ganhar, perder; em vez de trazer, afastar...Por isso, que se se quer que o Evangelho prospere, avance e continue ganhando vidas para Jesus é necessário que Ele esteja na "barca" da nossa vida.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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