sábado, 8 de agosto de 2015

Quando o homem cansa do próprio homem!

Desde semana passada duas notícias me chamam a atenção: uma delas alvo da maciça atenção da mídia mundial, a outra, alvo do maciço desprezo da mídia mundial. A primeira notícia que causou uma comoção mundial foi a morte de Cecil. Mas quem é Cecil? Trata-se, não de um cidadão trabalhador, pagador de impostos, pai de família, ou um jovem estudante que tinha sonhos e projetos, mas de um leão, sim, um leão.
Cecil era o leão símbolo do Zimbábue, um país africano, que foi atraído e morto por um dentista americano que tem como hobby a caça. A morte de Cecil tem mobilizado o mundo; companhias aéreas baixaram decreto que não mais transportarão animais vítima de caça; cidadãos de vários países, inclusive americanos, exigem a prisão e deportação do caçador assassino para o país natal do animal afim de que seja exemplarmente punido.
A vida do branco, capitalista, insensível e criminoso transformou-se num inferno; já não trabalha, abandonou a sua casa e encontra-se escondido, pois a indignação que produziu põe a si, e seus familiares, em perigo, e o trabalhador, pagador de impostos, pai de família é assim trucidado. 
No entanto, concomitantemente ao acontecido a Cecil, nos Estados Unidos, terra do homem mau, explode uma denúncia terrível da parte de um grupo pró-vida que, por meio de conversas gravadas, descobre que uma clínica de abortos (a maior da América) estava vendendo partes dos fetos abortados, indo contra a Lei daquele país que proíbe tal prática com punições severas. Nos vídeos uma das dirigentes da clínica deixa claro até o seu intuito com tal prática: comprar um carro de luxo caríssimo!
Comoção nacional? Indignação geral? Atos inflamados como no caso do leão morto? Não! Nada! Nenhuma reação da mídia, há não ser a de dar voz aos acusados que defendem-se dizendo que tudo não passa de montagens grosseiras. Por aqui, pela terra brasilis, nenhuma nota, nem de rodapé de jornal, nem um desprezível comentário sobre o acontecido, há não ser na internet onde notícias como essa não se deixam cair no desprezo.
Por quê dois tratamentos tão diferentes? Por quê dois pesos e duas medidas? Por quê um leão (e aqui não faço apologia à caça indiscriminada somente com intuito de satisfação pessoal!) ter tanta atenção e seres humanos, não? Por que, infelizmente, esta realidade é um exemplo concreto daquilo que foi a tônica do pontificado do grande, mas desprezado, Bento XVI, alvo das suas mais severas críticas: o relativismo.
O relativismo veio para defender que "depende do ponto de vista de cada um", logo, o que é certo pra você, para mim não é; o que é bom pra você pra mim não é, e assim por diante. Da mesma forma a Vida humana que para Deus tem valor incalculável e por isso deve ser defendida a todo custo, para este mundo relativizado não é. 
Esta prática está causando um mal terrível ao ser humano, pois o homem relativiza a importância do próprio homem, e com isso parece que ao homem é mais fácil ter afetividade, amor, consideração a um animal, do que manter tais virtudes para com os da própria espécie. O que, infelizmente, a mim se mostra gravíssimo é o fato de que o homem está cansando do próprio homem. Daí não ser difícil, então, compreender atitudes tão diferentes no caso do leão e dos fetos.
Esta realidade é fruto, sem dúvidas, do cada vez maior afastamento do homem de Deus, da apostasia, pois se Deus no evento da Criação cria tudo inclusive os animais, deixando por último o homem é porque o homem tem uma dignidade muito mais elevada do que os demais seres, logo, os animais como Cecil tem seu valor, mas ser alçado ao grau de significação do homem não é correto. 
Agora, o homem que tem dignidade acima de todos os seres para Deus, pelo menos como foram criados, não tem, ou não deveria ter, superioridade ou inferioridade em relação ao outro, pois foram feitos para serem iguais; iguais no sentido de saberem que são amados na mesma medida por Deus, deveriam amar na mesma intensidade; iguais no sentido de saberem que se são perdoados na mesma medida por Deus, deveriam perdoar na mesma intensidade; iguais no sentido de saber que se suas vidas são preciosas para Deus, deveriam zelar pela vida do outro na mesma intensidade....
Essa elevação do homem em relação às demais criaturas está evidenciada nas Sagradas Escrituras na passagem de Mt 6, 25-34 onde Jesus ao ensinar sobre a presença cuidadora do Pai toma como exemplo as aves: "Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta" (vers. 26), mas ao referir-se ao homem, no mesmo versículo, declara: "Não valeis vós muito mais que elas?". Assim não há dúvidas o homem possui um valor muito mais elevado. No entanto, esse distanciamento de Deus, fruto de uma cultura paganizada que trabalha para esse afastamento demonizando e desacreditando os ensinamentos evangélicos, tem produzido essa inversão no princípio das coisas naturalmente deixadas pelo Senhor Deus.
Se o homem se fadiga do próprio homem estará aberto o caminho para a catástrofe. E os sinais disso já se observa até no lugar onde menos se pensaria acontecer: a família, onde pais se cansam rápido dos filhos, filhos dos pais, irmão de irmão tornando o lar, em vez de um ambiente de partilha, unidade, respeito e amor, numa ilha de indiferença, brigas, contendas e divisões.
Deus Pai, no seu Filho Jesus Cristo, na ação do Espírito Santo ajudem a este mundo relativizado a voltarem seus olhos ao alto, afim de que façam o caminho de retorno ao princípio correto de todas as coisas, para que assim tudo volte ao seu normal, pois se assim estivesse, aquele caçador pensaria melhor se valeria a pena matar Cecil por mero prazer exibicionista, e os homens que se sensibilizam pela morte do animal, sensibilizariam-se com maior intensidade para com esta atrocidade chamada aborto.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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