quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Não julgueis, e não sereis julgados" (Mt 7, 1)

"Eis a vontade de Deus a vosso respeito: a vossa santificação..." (1 Ts 4, 3). O desejo de Deus para todo homem não é outro, senão, de "sermos santos como o Pai é Santo" (1 Pe 1, 16), pois o desejo de Deus é que alcancemos o céu, e o céu é para santos, e viver santidade é combater contra o pecado e rejeitá-lo todos os dias.
Dentre os tantos pecados que temos que renunciar todos os dias está o pecado do julgamento, por isso que no Sermão da montanha (ou das bem-aventuranças) Jesus deixa explícito a condenação ao julgamento do outro quando diz: "Não julgueis, e não sereis julgados...", e vais mais fundo quando completa: "..., com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos" (Mt 7, 2).
O ato de julgar, e condenar, é uma prática de todo ser humano em virtude da nossa natureza decaída, no entanto, esta prática parece exarcebar-se entre aqueles que tem uma vida de caminhada com Deus. Assim como os fariseus do tempo de Jesus, que foram por Ele duramente criticados neste sentido como está manifesto na passagem de Mt 23, 1-36, aqueles que pelo fato de viverem uma intimidade com a Palavra de Deus, terem vida de oração regular, serem fiéis à Santa Missa e a Eucaristia..., dignam-se apontar, julgar e condenar aqueles que não vivem a mesma realidade colocando-se num patamar superior.
O pecado de julgar trás sérias consequências como: a depreciação da misericórdia e da caridade, pois a misericórdia é o ato amoroso de dar uma nova chance, de acreditar que existe uma possibilidade de mudança, pois a passagem de Jesus e a mulher adúltera (Jo 8, 1-11) demonstra muito claramente isso. Quem vive a prática do julgamento vai contra o ensino de Jesus no Sermão da montanha quando declara: "Bem-aventurados os misericordiosos pois alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7); demonstra que não compreendeu as palavras do salmista expostas na passagem do Salmos 102, 13-14 que diz: "Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó". Quando se entende que o outro cai, peca, falha é porque é vulnerável à tentação e ao pecado, tem-se misericórdia e a atitude e estender a mão e não apontar-lhe o dedo.
O ato de julgar também deprecia a caridade que é esta atitude cristã de colocar-se a serviço da edificação, do resgate, do bem do outro, se preciso for, até com a doação da própria vida; por isso que São Paulo em 1 Cor 13, 13 deixa explícito que de todas as virtudes a maior é a caridade, pois foi aquela que Jesus explicitou ao extremo na sua Paixão e morte. Isto, porém, não é possível para aquele que se põe diante do próximo com tal postura julgadora, pois já assumiu uma postura destruidora e não edificadora.
A prática de julgar trás uma outra consequência grave que é a de assumir o lugar de Deus, contrariando o que se lê na passagem de 2 Tm 4, 8 onde São Paulo aponta apenas Jesus como o "Justo juiz", ou seja, o único capaz de julgar com retidão, com justiça, com imparcialidade, e quando se alguém se arvora em colocar-se no lugar Daquele que é o único e capaz de julgar corretamente, atrai para sí a pior das consequências: a condenação eterna, o inferno, visto que assim Nossa Senhora de Fátima ensinou certa vez aos pastorinhos: "Quando você julga, Deus se cala, e você se condena!".
Somente o Senhor Jesus é o justo juiz, a nós cabe servir e amar, principalmente se somos de "caminhada", pois se insistimos em tal prática correremos o risco de viver o que São Paulo viveu quando ainda era o fariseu Saulo que julgava, condenava e executava os cristãos e quando convertido pagou por aquilo que praticou, ou seja, recebeu a medida da medida do que fazia.
Agir como juízes é agir segundo a maneira deste mundo condenando e executando, no entanto, somos chamados não a lançar pedras, não a destruir, matar, mas a lançar sementes, a edificar, e isso só acontecerá mediante o auxílio do Espírito Santo que nos leva a "orar e vigiar" (Mt 26, 41) para não cair na tentação desse terrível pecado de julgar que há tantos tem matado em corpo e alma.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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