terça-feira, 15 de setembro de 2015

Por quê o Evangelho não prospera como antes? Parte 1: A necessidade de ser pequeno

Os primeiros tempos da Igreja, dita primitiva, nos seus primeiros séculos, foram norteados por uma obediência fiel aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo o que tornaram o florescimento e a expansão do Evangelho do Senhor uma realidade surpreendente e incontestável.
Dentre os tantos ensinamentos deixados por Jesus na Sua Doutrina () está um que, para a Igreja deste último século e meio, salvo exceções, esteja se perdendo: o viver como pequeno.
Equivocadamente, para muitos, viver Jesus e cumprir seu mandato missionário restringe-se a ser alguém cheio do Espírito Santo e por meio dos seus dons e carismas seja capaz de realizar maravilhas, milagres que saltem aos olhos dos que os vêem.
De fato, o auxílio do Espírito Santo é fundamental, porém, tomando o próprio Senhor Jesus como exemplo basilar, além da poderosa presença do Espírito Santo, também era parte da ação evangelizadora do Senhor a Sua conduta, a sua postura perante Deus e os homens que também era fonte de atração para muitas pessoas da época; e a sua conduta foi fruto da opção por ser um "pequeno" de Deus, tanto que a Sagrada Escritura em Filipenses 2, 6 declara que "Sendo Ele de condição divina não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens".
Jesus aniquilou-se, rebaixou-se ao extremo de tornar-se escravo para dar exemplo da necessidade de ser pequeno diante de Deus e, assim, convidar o homem a imitá-lo. Daí, portanto, seus ensinamentos aos discípulos deixarem muito claro, para eles e para todos que o quiserem seguir: tem de ser pequeno; e esta verdade está relatada em muitos trechos dos Evangelhos como, por exemplo, na passagem que Jesus abençoa as crianças (Mc 10, 13-16) quando repreende os discípulos que não queriam permitir que elas se aproximassem de Jesus, onde ao ver tal cena diz: "Deixai vir a mim os PEQUENINOS e nãos os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se assemelham."
Também na passagem de Mc 10, 35-45 onde Jesus recebe de Tiago e João um pedido para terem assentos especiais, lugar de destaque ao lado do Senhor na glória, ouvem esta resposta: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos". Fica evidente que mais que posição, necessária é a condição, pois Jesus quando fecha esta passagem dizendo: "Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir...", deixa patente que não importa a posição, mas a condição.
Ainda na passagem de Mc 9, 42 Nosso Senhor vai fazer menção à importância dos pequenos quando deixa o aviso: "Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes PEQUENINOS que creem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!", por quê isto, porque é ser motivo de escândalo, e sobre isso Jesus também fala em Lc 17, 1: "É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm!". O "ai" significa castigo, logo o Senhor deixa evidenciado que haverá uma pena para todo que prejudica, persegue, violenta, ou leva a pecar os seus pequenos; por isso que todos os santos e santas da Igreja, a exemplo de Santo Estevão (At 7, 60), passavam pelo martírio pedindo perdão para seus algozes, pois sabiam da terrível pena que aguardava esses pecadores.
Ser pequeno, rebaixar-se totalmente à vontade de Deus, por amor a Deus e a próximo, torna essas vidas grandes, gloriosas perante o Pai, daí tantos buscarem essa meta com afinco, disposição e radicalidade, e por isso tornaram-se tão íntimos de Jesus, os amigos dos quais Ele já não trata como servos (Jo 15, 15), pois deles nada esconde.
Estes pequenos são aqueles que proclama os Salmos 8, 3: "Da boca das crianças e dos PEQUENINOS sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos". Certamente, são os mesmos a que se refere Santo Afonso Maria de Ligório quando dizia que "Uma oração humilde consegue tudo de Deus."
Nestes tempos onde o risco de cair na vaidade e se deixar dislumbrar e engrandecer em virtude de um dom, de um talento, de um carisma que se exerce, faz-se imperiosa a necessidade de se redobrar a vigilância, a oração, a vivência da presença de Jesus, que crucificado deixa claro que a glória eterna passa pelo apequenar-se.
No auxílio do divino Espírito Santo, os santos ensinamentos da Mãe Igreja, o exemplo de Nossa Senhora outra que foi pequena à perfeição, a vida dos santos, possa auxiliar você a caminhar como pequeno nesta vida, talvez até tendo que passar despercebido para os "grandes" deste mundo; mas que um dia será reconhecido pelo que é maior que todos: Jesus Cristo.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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