sábado, 2 de agosto de 2014

O poder do louvor

Certamente, toda oração chega ao coração de Deus; no entanto, as dificuldades e vicissitudes desta vida nos leva a orar ao Pai apenas com o objetivo de pedir. É bem verdade que Nosso Senhor Jesus Cristo deixou para todos os fiéis a recomendação de pedir favores a Deus, que é "bom e misericordioso" (Sl 102, 8), como está escrito em Mt 7, 7: "Pedi e se vos dará."; entretanto, Jesus não ensinou somente a pedir, mas o que se observa mais corriqueiramente, é que se a maioria das orações que se faz a Deus são de petições esquece-se que existe, também, uma oração que deveria ter maior destaque nos momentos de intimidade com o Senhor: a oração de louvor.
Na passagem do Salmos 149, 6, Davi diz: "Tenham nos lábios o louvor de Deus...", logo, louvar ao Senhor deveria ser aquilo que de mais constante deveria-se fazer, pois o acordar é motivo de louvor, o lar e a família que se tem são dignos de louvor, o alimento que se põe à mesa é digno de louvor, o trabalho que dá o sustento (mesmo que não seja o ideal!) é digno de louvor, os amigos, a escola, a Igreja, tudo é digno de louvor, o repouso ao final de um dia exaustivo e difícil, mas que foi cumprido com honestidade e correção, é digno de louvor...
E por quê isso? Por que louvar ao Senhor é reconhecer que em todas as coisas Deus age em nosso favor e por isso é digno de ser reconhecido em toda a sua glória, majestade, poder e soberania. O trecho do cântico de Moisés em Deuteronômio 32, 3-4.6 deixa patente essa verdade quando diz: "Por que vou proclamar o nome do Senhor, dar GLÓRIA ao nosso Deus! Ele é o ROCHEDO, perfeita é sua obra, JUSTOS, todos os seus caminhos; é Deus de LEALDADE, não de iniquidade, Ele é JUSTO e RETO. (...). Não é Ele teu PAI, teu CRIADOR, que te fez e te estabeleceu?" Observe-se quantos características de Deus Moisés destaca e louva.
Semelhante a Moisés, as Sagradas Escrituras vão mostrar muitos outras louvores ao Deus Todo Poderoso, por exemplo, o cântico de Ana (I Sm 2, 1-10); o cântico de Davi (II Sm 22, 2-51); o cântico de Judite (Jt 16, 1-17); O Salmo 135 de Davi; o cântico de Sidrac, Misac e Abdênago (Dn 3, 52-90); o cântico do Magnificat de Nossa Senhora (Lc 1, 46-55).
O detalhe é que nestes exemplos dados o louvor brotou nos lábios desses servos e servas de Deus não somente nos momentos bons, onde tudo corria bem, ou num momento de alegria como o de Maria Santíssima que se encontrava em graça por estar a gestar o Salvador; mas brotou, também em momentos de grande adversidade, como na passagem de Paulo e Silas em At 16, 16-26 que narra que os dois após serem presos e julgados injustamente por um argumento mentiroso são condenados a serem açoitados em praça pública e depois jogados num cárcere inferior. Porém, segundo o texto sagrado, "pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os prisioneiros os escutavam. Subitamente, sentiu-se um terremoto tão grande que se abalaram até os fundamentos do cárcere. Abriram-se logo todas as portas e soltaram-se as algemas de todos". (vers. 25-26)
Esta passagem é fundamental para se compreender o poder do louvor, o que acontece a alguém que em vez de lamuriar-se ou lastimar-se bendiz a Deus e deposita Nele total confiança, e recebe como resposta aquilo que nem precisou pedir, pois Deus sabe e conhece cada necessidade do homem. O simples fato de manifestar ao Senhor um reconhecimento agradecido de sua soberania já será o bastante para que os favores se manifestem, pois Deus é fiel e justo.
Agora a pergunta que se faz é: porque nem todo louvor manifesta sua plena eficácia como deste homens e mulheres da Bíblia? Uma possível resposta está em duas passagens da Sagrada Escritura: a primeira é Eclesiástico 15, 9: "O louvor não é belo na boca do pecador...", logo, deduz-se que terá maior eficácia um louvor que sai de um coração puro, reto, santo, justo...característica comum a todos os exemplos acima citados. A segunda passagem é dos Salmos 8, 3: "Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos". Da boca de "pequeninos", ou seja, de todos aqueles que souberam renunciar o orgulho, vaidade, egoísmo, inveja, vontade própria, autossuficiência, arrogância, prepotência...e, reconhecendo seu nada, e infinita majestade do Senhor se rebaixaram, reconhecendo sua insignificância, como o caso de Santa Tereza D'Ávila que se auto descrevia como um "verme", e assim se cumpre as palavras de Jesus que "o que se humilhar será exaltado" (Mt 23, 12).
É o exemplo de São João Batista que dizia: "Importa que Ele cresça e que eu diminua" (Jo 3, 30) que deve ser seguido, pois o louvor flui com poder na vida do que renuncia ao pecado, reconhece sua pequenez, tem a Deus como Senhor, e busca ser cheio do Espírito Santo. Certamente, todo o que assim proceder "verá a glória de Deus" (Jo 11, 40).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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