sábado, 16 de abril de 2011

Um por todos, mas todos por Um?

A célebre frase dos quatro mosqueteiros: "Um por todos e todos por um!" antes de entrarem em confronto com os inimigos do rei, ou do seu país, a França, permeia esta reflexão. Dava a entender que toda vez que proclamavam esta frase é como se quisessem dizer: "Um pelo rei, então, todos pelo rei; ou um pela França, todos pela França". Esta frase, que para o romance pode ter sido meramente uma inspiração brilhante do autor, como tantas frases que ficaram gravadas para a posteridade por outros célebres romances, tem um soar diferenciado quando associada há uma passagem bíblica importante da história do povo de Deus. No Evangelho de São João 11, 45-57, após a ressurreição de Lázaro, os fariseus, escribas e doutores da lei concluem que é hora de matarem Jesus, e a decisão é corroborada pelo sumo sacerdote da época Caifás quando proclama: "Vós não entendeis nada! Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação" (vers. 49-50). Apesar de ser uma frase profética, pois era o que deveria acontecer, era a missão de Jesus, estava claro que a frase deste homem era não para se ver a profecia cumprida, mas para verem-se livres de alguém que já estava importunando por demais. E assim foi feito: Jesus foi preso, julgado, condenado e morto. Um Homem veio por todos, deixou seus ensinamentos, aperfeiçoou os mandamentos, deixou exemplos..., mas o mundo não o reconheceu (Jo 1, 10). Sucederam-lhe os apóstolos, e tantos outros homens e mulheres que perseveraram, até com a vida, para defender o Rei e o Reino, porém, infelizmente ao longo da história o que mais prepondera são os que prefererem proclamar: "Eu por mim, e cada um por sí!". Jesus foi fiel ao propósito de Deus, porém, seu gesto não encontra, até o momento, eco no coração da maioria, pois à medida que o tempo avança, o ato de amor de Jesus é tratado, cada vez mais, como um mero fato histórico, e alvo de contestações. Certamente, por isso que Jesus próximo à sua morte orou ao Pai clamando: "Não rogo somente por eles, mas também, por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um..." (Jo 17, 20-21). E São Paulo vai explicitar em Ef 4, 5: "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos", reafirmando o que Jesus queria dizer que na unidade é que a graça acontece. Os mosqueteiros eram capazes de compreender e executar as palavras que proclamavam; o povo de Deus, ainda não. Erguer-se em favor do Rei e do Reino ainda, na mente de muitos, é tarefa para alguns poucos privilegiados, ou de malucos, mesmo. Sejamos, então, na força do Espírito Santo, "um por todos", todos os que sofrem, que padecem com a fome, a miséria, a discriminação, a violência, o abandono...e "todos por um", por Jesus, o único capaz de fazer as pessoas e este mundo melhores, e para que o Reino de Deus já se faça ainda nesta terra onde "aí não haverá mais grego, nem judeu, nem bárbaro, nem cita, nem escravo, nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos" (Cl 3, 11). Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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