segunda-feira, 20 de julho de 2020

REFLEXÕES DE UM TEMPO DE QUARENTENA (PARTE 4)

"O medo evidencia falta!"

Nada me angustia mais que altura. Seja vendo-me a grande altura, seja observando alguém a grande altura; em ambos a sensação que se levanta dentro em mim é indescritível. Agora, imagine assistindo apresentações de equilibrismo: as de circo já me inquietam, agora, como a daquele equilibrista que atravessou as, hoje inexistentes, Torres Gêmeas de Nova York (World Trade Center), andando sobre um cabo de aço a não sei quantos metros de altura, é desesperadora!
Naquele caso, específico, incrivelmente, o equilibrista conseguiu. E o que o fez lograr êxito? Coragem. Coragem que, apesar de não anular totalmente o seu adversário: o medo, permitiu ao profissional lograr êxito quanto ao intento desejado.
No entanto, a vitória alcançada demandou análise, estudo, preparo técnico, físico, psicológico e uma afirmação interior que o desafio era gigante, mas passível de ser vencido, e por isso o foi.
A vida espiritual incorre quase que nos mesmos parâmetros, visto que: existem obstáculos a superar, meios a utilizar, seriedade no preparar-se, tudo para que um objetivo seja alcançado. E o objetivo não é outro, senão, a salvação, a vida eterna.
Esses obstáculos se insurgem de diversas formas e maneiras, e nestes dias um deles diz respeito a essa "epidemia" mundial causada por um vírus que vem amedrontando nações, lançando o povo num medo quase histérico, levando ao extremo de ter de ver-se sujeito a um isolamento social, a uma quarentena.
E todo esse medo por quê? Pelo medo da morte. E se existe medo da morte algo está faltando, por que o medo é falta. E o que está faltando? Por que isso acontece? Está faltando a fé; fé que, ao contrário do equilibrista que, provavelmente, firmava-se somente no seu preparo e habilidade, necessitaa ir além da capacidade humana, ela precisa de Deus.
Assim, o medo é falta de fé em Deus em primeiro, e isso acontece por que um dos meios para adquiri-la e aperfeiçoá-la é a oração, intimidade com o Senhor, intimidade que é fruto da seriedade, da busca fiel, do empenho em se deixar ser aprimorado na alma.
A intimidade gera o amor a Deus, e diz a Palavra que "Onde há amor não há temor" (1 Jo 4, 18), e que "Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, Nosso Senhor." (Rm 8, 38-39).
Logo, se um minúsculo vírus intimida, se faz gigante, é por que a fé se apequenou, o amor mirrou, e Deus se desvaneceu. Triste é constatar isto numa imensidade de povo, e falo aqui dos que professam uma fé, que vão à Igreja, lêem a Palavra, rezam, mas que ante o desafio não se portam como Davi ante Golias. O grande rei venceu por que a fé no Deus Todo Poderoso o fazia imensamente maior que aquele gigante que aos seus olhos media quase o dobro de sua altura e poderia esmagá-lo com facilidade.
O que se percebia nos discípulos, depois Apóstolos é que, antes de uma experiência profunda com Deus por meio do Espírito Santo, eram medrosos e atemorizaram-se ante os judeus e romanos. Após Pentecostes, nada mais os detinha, nem o perigo iminente da morte. E o que os fazia agora, tão corajosos e audaciosos? O penhor da vida eterna.
Esta realidade é um chamamento a voltar a intimidade com Deus, afim de que avive-se a fé, floresça o amor, desperte a coragem, suspire o desejo do céu, e assim, nem vírus, ou outra coisa serão motivo de medo, afinal, "Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sabedoria" (1 Tm 1, 7).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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