terça-feira, 4 de agosto de 2020

REFLEXÕES DE UM TEMPO DE QUARENTENA (PARTE 5)

"Todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus..."


Paradoxo é a confrontação entre positivo e negativo, bom e ruim, bem e mal..., onde o que , a princípio é o não aceitável, rejeitável, reprovável..., coopera para o, racionalmente, esperado e preferido.
Assim, observe-se o exemplo máximo que é o de Nosso Senhor Jesus Cristo que, ao morrer crucificado, - pior e mais cruel das condenações -, é visto aos olhos da maioria dos que testemunhavam tal espetáculo como derrotado, tem na sua morte de cruz penhor de salvação, logo, Jesus é vitorioso.
Percebe-se aqui, que a dinâmica dos acontecimentos do mundo espiritual não seguem os ditames lógicos daquilo que o mundo natural, humano, cartesiano e pragmático, costuma preconizar, e ditar como o aceitável pautado em premissas como: "Tudo dar é tudo perder!". A conduta divina e sobrenatural, entretanto, contesta dizendo que: "Tudo dar, é tudo ganhar!".
Esse "ilogismo" põe em confusão absoluta o mundo moderno que há alguns séculos passou a abraçar, e aceitar, como único pensamento plausível o racionalismo-cientificista-empirista onde, para se fazer crível os eventos e fenômenos, estes devem ser testados e explicados, afim de que possam ser cabalmente factíveis.
As realidades metafísicas põem a termo essa linha de pensamento com fatos concretos, como, por exemplo, a existência aos milhares de santos como corpos incorruptos, os detalhes do manto de Nossa Senhora de Guadalupe, entre outros. Algo que deveria fazer o mundo cair de joelhos perante a verdade, semelhante a São Pedro ante Nosso Senhor Jesus Cristo na passagem da pesca milagrosa (Lc 5, 1-11), onde, num único lançamento de redes ao mar, num local improvável (à margem), num horário improvável (de dia), arrastam redes tão abarrotadas que as mesmas se rompem. Eis o paradoxo, eis o aceitável acontecendo a partir do improvável para reafirmar as palavras do Arcanjo São Gabriel a Nossa Senhora: "Por que a Deus, nenhuma coisa é impossível" (Lc 1, 37).
No entanto, o mundo materialista, pagão, cético..., prefere renegar essas verdades gritantes, incontestáveis. E por quê? Por que isso lhes tira o poder, a vaidade de dizer: " Eu fui capaz disto, pois deu-se exatamente como, racionalmente, eu calculara!". E com isso rebelam-se, pois o status de autoridade sobre o evento lhes foi tirada, em vez de, a exemplo de São Pedro caírem aos pés de Jesus, ou seja, dobrarem-se diante de realidades factíveis e impossíveis aos ditames humanos, preferem, a exemplo de Faraó diante das pragas, endurecer o coração.
Assim, contrariamente ao ato humilde de reconhecimento de São Pedro, enchem-se de raiva e indignação. E por quê? Por que não amam a Deus! Por que os prodígios, milagres e sinais, a morte de cruz do Senhor Jesus, não tem outro objetivo senão de demonstrar o grande bem, o grande amor que Deus nutri para com a humanidade. Ou seja, Deus faz por amor, os incrédulos fazem por vaidade.
Desta forma, os que amam a Deus compreende, e em vez de se sublevarem, como os orgulhos incrédulos, o louvam, glorificam, bendizem e amam. Os descrentes se fecham, se endurecem e odeiam, por que querem glórias para si próprios. Eis a incompreensão, a difamação, a perseguição a Jesus e a Sua Igreja: por que ela há muito compreendeu essa verdade, que pelas palavras do Apóstolo São Paulo estão postas para a humanidade de todos os tempos: "Todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8, 28).
Eis, nesses tempos de pandemia, a oportunidade de vislumbrar essa ação divina operando uma vez mais para demonstrar quão limitadas são as capacidades dos racionalistas-cientificistas que olham o problema e buscam, a custo de esforço próprio, debelar o mal, porque ele não pode trazer nenhum benefício há não ser doença e morte.
Os que seguem a visão espiritual dos acontecimentos, vêem,  -apesar do temor que lhes causa, também, afinal somos humanos -, um benefício: a possibilidade das almas tornarem a Deus, lembrarem que existe um Pai que está a acordá-los do sono perigoso, da cegueira que conduz a muitos ao precipício. Eis o paradoxo! E se acontece é para que "concorra para o bem dos que amam a Deus", e de toda a humanidade que Deus ama.
Os que ama compreendem; os que rejeitam ao Deus de amor empreendem em rejeitá-Lo e desprezá-Lo ainda mais. A humanidade possa, nestes dias  maus, ver a ação, ainda que paradoxal, desse Deus que ama, e que, a exemplo do nosso primeiro Papa, rebaixemo-nos e reconheçamos humilhados, que se trata de uma declaração de amor de um Pai que se importa, porque "human lives matter" (a vida humana importa!).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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