domingo, 20 de dezembro de 2020

EU SOU SAMARITANA

Introdução

Dentro do território de Israel, dentre as várias realidades que se contrapunham, uma era mais evidente, e por isso mesmo, evidenciada por Nosso Senhor Jesus Cristo: seja ao contar suas parábolas, seja  em algum momento da sua vida pública.

E no que concerne à sua vida pública, uma passagem que retrata bem esta realidade conflitante é o conhecido encontro do Senhor Jesus com a samaritana. Encontro este que, por meio do ambiente, situações e, principalmente, dos diálogos, trazem luzes maravilhosas à alma de todo aquele que tem desejo de compreender as realidades espirituais, - não somente sobre o prisma da curiosidade, que por sua postura descompromissada faz-se estéril e sem possibilidade de produzir efeitos reais de mudança -, mas, com vivo intuito, intenção, de ali encontrar rica fonte de saciedade para a alma que clama por direção, sentido, e completude que gera felicidade.

Eis, então, o texto evangélico de São João 4, 1-42, disponível a fornecer a todo o que faz essa busca sincera a partir das necessidades interiores, um subsídio precioso aos que reconhecem que, a exemplo do Salmista que declarava: "Minha alma tem sede de vós, como terra sedenta, ó meu Deus!" (Sl 62 (63), 2), tem uma sede interior que brada à semelhança de Nosso Senhor no alto da cruz: "Tenho sede!" (Jo 19, 28); sede que não existia até a queda de nossos primeiros pais Adão e Eva, mas que tornou-se realidade a partir da expulsão do paraíso.

Consciente, então, que existe uma realidade na alma: Existe uma sede, sede de sentido que traga felicidade, infere-se, portanto, que existe um "lugar" onde essa "sede" é saciada, esse sentido é dado, essa felicidade é alcançada. Porém, a alma em toda a sua vicissitude pode, neste afã de procura, ir às fontes erradas, daí a necessidade de uma postura de discernimento e profunda humildade para poder reconhecer que encontrou o "lugar" certo.

O principiar de tudo é o reconhecer, pois, semelhantemente ao viciado que nega o vício, o enfermo que nega a doença..., negar que não tem "sede" de sentido, de completude, de felicidade, é tornar difícil o caminho de solução, daí a verdade ser essa fiel companheira, indispensável na jornada, pois ela é a conselheira e convencedora que impele a alma a este reconhecimento. Assim, a verdade faz reconhecer: reconhecer que necessita e reconhecer que pode corresponder a esta necessidade.

Daí compreender que o encontro da samaritana (necessitada) com o Senhor Jesus (a solução), somente se fez proveitoso por que foi permeado de reconhecimento e verdade ensejando, assim, um resultado tão profícuo que transborda até esses dias mostrando-se como referencial seguro para todo o que, guiado pela verdade, reconhece: "Eu sou samaritana", eu tenho sede!

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