sábado, 26 de dezembro de 2020

EU SOU SAMARITANA III

 Existe apenas UMA FONTE que sacia!


O texto segue e diz que o Senhor FATIGADO encontra uma "fonte" e senta-se junto a ela, e isso se dá por volta da hora sexta (meio dia). O lugar, as condições, o tempo; três elementos se interconectam para para moldar o cenário, onde, no palco da vida, três personagens se encontrarão. Dois já explicitados: Jesus e o poço; e a terceira que logo se apresentará: a mulher samaritana.

O cenário, já abordado anteriormente, constitui-se da terra de samaria, o lugar do desagrado, e agora uma fonte (em outras traduções, um poço). Neste terra (a alma), de aridez e adversidade, encontra-se uma fonte (o coração), ao que depreende-se do texto, não completamente vazia, mas de grande profundidade o que dificulta conseguir alguma água. 

E neste lugar tão adverso Nosso Senhor se achega, fatigado de tanto peregrinar por outros lugares, ou melhor, por tantas almas, e não encontrar outra realidade se não a mesma que ora se encontra, infelizmente. As "terras de samaria", as almas de solo sequioso, possuidoras de fontes quase vazias, quando não vazias por completo, fontes petrificadas pelo pelo pecado, que se aprofunda cada vez mais tornando o amor depositado nela quando do Batismo, cada vez mais inacessível, ainda que exista.

As condições do clima ainda cooperam para, ainda mais, maltratar o amado Rei que sempre encontra essas "fontes" com sol a pino, no máximo do seu calor; sol escaldante, que arde a pele, quase cega as vistas, faz suar ao ponto de desidratar, de deprimir as forças ao ponto de fazê-las renderem-se...Quem suportaria enfrentar tal realidade? Por quê o faria? Não outro, senão o Apaixonado pelas almas, o Salvador, Redentor, ávido por "fazer novas todas as coisas" (Ap 21, 5), que no seu peregrinar incansável depara-se com triste realidade, e desejoso de transformá-la, aceita tão laboriosa missão. E o faz por amor, nada mais.

O tempo. Em Eclesiastes 3, 1-8 a Palavra diz que "Existe um tempo para cada coisa...". E eis que o tempo chega, para a alma que o Senhor deseja, o "meio dia", a passagem da manhã para a tarde, do engano para a verdade, da perdição para a salvação, se faz concreta em algum momento da história para todos. Nesse meio dia de sol a pino, onde, talvez a intensidade dos pecados atingiram sua maior amplitude, eis que é chegado o momento da graça acontecer, - não que ela necessitasse esperar chegar a tal ponto -, mas que ela vem, vem.

E é neste cenário, onde a postos estão a "fonte quase vazia" (a maioria de nós!) e a Fonte que se dirá transbordante, que surgirá a outra personagem: a mulher samaritana, carregando seu cântaro vazio, à procura de água para o encher, afinal a sua casa tem sede, ela tem sede. Chega ali, trazendo o peso do vaso, que se, metaforicamente, atribuir-se ao coração, pesa pelas durezas decorrentes do orgulho, egoísmo, amor-próprio, soberba..., e tantos outros males que endurecem o coração a tal ponto de ele pesar no peito, ainda que vazio; vazio do amor de Deus, vazio de virtudes, de caridade, de fé e esperança...

Essa alma samaritana vê-se, então, diante da realidade da grande maioria: ir em busca de saciar sua sede em fontes vazias, ou quase vazias, onde até encontra, muito dificilmente, um resquício de bem que até alegra, contenta, satisfaz, mas por pouco tempo, por quê? Por que "assim como a corça anseia pelas fontes das águas, assim anseia minha alma por ti, ó Deus." (Sl 41 (42), 2", e a esse clamor, muitas vezes desesperado, não serão fontes humanas incompletas que irão promover tal saciedade, há não ser a FONTE transbordante, que se encontra ao lado, fatigada, cansada, extenuada, mas desejosa de encher os cântaros vazios de todas as "almas samaritanas" que estão por aí a vagar, buscando nas fontes inadequadas, o que somente a Fonte inesgotável de amor pode proporcionar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário