terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A alma é solo, necessita ser cuidada!

A alma é uma realidade maravilhosa e misteriosa, uma presença que, ainda que não palpável no sentido tátil, é tão concreta quanto tudo que se pode tocar e qualificar, pois esta mesma pode, dependendo do seu estado, se ver áspera ou polida, grosseira ou delicada, robusta ou lânguida, densa ou esmaecida, doce ou amarga...
A alma é essa porção tão paradoxal de cada um que não a vemos, mas sentimos; não a tocamos, no entanto, podemos adorná-la com belezas provenientes das virtudes, ou desfigurá-la com a prática dos vícios, paixões e outras desordens.
Também ela não é passiva, pois, ao que se dedica a ela, claramente, percebe suas interpelações, seja para o bem, - se assim é estimulada -, seja para o mal (se da mesma forma é conduzida). De certo é que, se ela se agrada do "alimento" que lhe é proporcionado, mais exigirá do mesmo, e assim vai tomando corpo.
Nosso Senhor Jesus Cristo, de certa forma, deixa a crer por certa estas constatações quando refere-se, metaforicamente, à alma como um solo (um campo). E pode-se ver isso em algumas passagens como a da parábola do semeador (Mt 13, 1-9) quando diz: "O semeador saiu para semear. (...). Outras, enfim, caíram na terra boa e deram fruto: cem, sessenta ou trinta por um. Quem tem ouvidos, ouça!".
Noutra passagem conta que "O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo" (Mt 13, 44) ; e em outro conta de um agricultor que, ao escutar de Deus a decisão de cortar a figueira existente no meio da sua vinha, clama ao Senhor pedindo: "Senhor, deixa-a ainda este ano. vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar frutos; caso contrário, tu a cortarás" (Lc 13, 8).
A nossa alma, como um campo, estará pronta  e em condições para gerar frutos quanto mais ela se veja cuidada pelos seus agricultores, com a água e o adubo que a permitam tornar-se fértil para assim acolher a "semente" da Palavra que trás em si a "árvore da fé" que gera os frutos de conversão e do amor ao Pai.
A alma sem esses cuidados, e vendo-se desprezada desses compostos essenciais, ver-se-á inane, estéril e sem valor, incapaz de gerar árvores de boa cepa, produtora de frutos bons e agradáveis; isso trará como consequências da parte do patrão a irritação e uma decisão extrema, como mostra Jesus na passagem da figueira estéril acima citada.
todo o que busca em Jesus, por intermédio da Santa Igreja (a grande agricultora) a fidelidade aos Mandamentos, a obediência à Palavra e a vivência dos Sacramentos, além do amor e prática da oração, verá este solo ressequido mudado de conformação, e assim, as sementes que no solo do teu coração foi depositada, não se estragarão, pois nele habitam todas as condições necessárias.
A alma tratada com a água e o adubo do Espírito Santo produz fruto agradável ao Senhor, como no caso de Abel que agradou ao Criador com a oferta amorosa das primícias do fruto da terra e de sua alma cheia de amor a Deus; contrariamente, Caim teve sua oferta rejeitada, pois não era o melhor que ofertava, mas o resto.
É no solo da alma que se dão os embates mais renhidos entre o bom e o mau patrão; o semeador do trigo e o do joio, o bom Pastor e o Lobo, ou seja, entre Cristo e Satanás, e para que a parte boa que é Jesus prevaleça é fundamental a ação decisiva do Espírito Santo. Ele é que é capaz de transformar o solo das almas, com seus mais variados matizes (coléricas, sanguíneas, melancólicas, fleumáticas), como a dos Apóstolos, por exemplo, em almas excelentes e ricamente geradoras.
Puras e santas, fervorosas e caridosas, devotadas e entregues, abandonadas à suprema vontade do grande Agricultor são as almas que produzirão até mais que cem por um. São almas que, a exemplo do Mestre, serão capazes de subverter a lógica como na multiplicação dos pães onde foi capaz de alimentar cinco mil com apenas cinco pães e dois peixes.
A alma é, então, presença real que se deve cuidar, zelar, respeitar e santificar, pois, afinal, ela é uma porção do próprio Deus que nos faz viventes, pois Ele é vivo; amantes, por que Ele é amor; desejosos de ser feliz, porque Ele é a felicidade; buscadores da santidade, porque Ele é Santo; aspirantes ao Céu, porque Ele tem no Céu a sua habitação.
Isso indica que lançar a alma no total descaso, relegá-la a uma condição tal que afronte a Deus com sua corrupção, é saber que a paga não será das melhores, mas o castigo eterno, visto que se alma é exposta aos mais vis pecados, impedindo que se torne uma só com o Criador, viverá pela eternidade, a consequência de não desejar ser toda de Deus, mas, egoisticamente, ser toda de si mesma.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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