sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

"Dou-vos a minha paz" (Jo 14, 27)

O primeiro dia do ano é dedicado a PAZ no mundo. Foi um chamamento realizado a partir de um ato específico do beato Papa Paulo VI que em 1968 instituía o primeiro de janeiro como "Dia Mundial da Paz". No entanto, apesar de o Santo Padre àquela oportunidade fazer alusão a esta graça, que é parte íntima da natureza divino-humana de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que se viu naqueles dias, e que sucedem até esses dias, é que a tão desejada paz ainda mantêm-se longe de muitos corações.
E por quê assim? Por que o homem ainda segue, convicto, de que a paz é fruto de um esforço próprio, humano, particular, e que de forma alguma necessita de auxílios "transcendentes" para que a mesma ocorra, pois o intelecto, a razão, a vontade já são mais que suficientes. Assim, o desejo consciente de não agredir, não transgredir, não atingir o outro em qualquer que seja dos seus âmbitos torna-se um passo decisivo para a paz; e se essa atitude encontra eco na outra parte esta paz está selada.
Bem poderia ser possível se não fosse um detalhe que não se pode ignorar: o homem é um ser corrompido, principalmente, no que tange ao espírito, logo, a razão não pode ser fonte de êxito para tal intento, pois esta também se corrompeu. O homem não é parte, o homem é um holos (todo) e para que ele seja pleno em todas as suas capacidades o todo deve harmonizar-se, e se se despreza uma das partes não há como haver equilíbrio; seria, então, acreditar que alguém pode caminhar com uma perna apenas, tão perfeitamente como com as duas: algo impossível de acontecer.
A paz completa, perfeita, só será possível a partir de uma fonte que a torne capaz de ser perfeita, e essa fonte chama-se Jesus Cristo, pois foi Ele que em Jo 14, 27 declarou: "Deixo-vos a paz, dou-vos a MINHA paz. Não vo-la dou como o mundo a dá". Jesus faz então uma clara distinção entre a Sua paz e a paz do mundo, por quê? Por que a do "mundo" está embasada naquilo que foi acima descrito: num mero esforço humano; mas a paz de Jesus, a paz que ele não somente desejou, mas proclamou aos discípulos quando os encontrara trancados e temorosos naquele cenáculo (Jo 20, 19) ao proclamar "a paz esteja convosco" (vers. 19.21) é uma paz que tem duplo sentido; primeiro: é fruto de uma plena intimidade com o próprio Senhor Jesus que pacifica os sentidos, os sentimentos, as atitudes, as palavras, a postura, o trato com o outro levando esta pessoa a uma conduta de renúncia veemente da agressão, da violência, do mau para com o outro. Os que assim agem serão bem-aventurados e mais que isso, serão, palavras do próprio Cristo em Mt 5, 9, chamados filhos de Deus.
Em segundo, quando Jesus saúda os discípulos com "a paz esteja convosco" Ele está fazendo menção à redenção do homem para com Deus por sua paixão e morte o que está evidenciado nas palavras de São Paulo quando diz: "Justificados, pois, pela fé temos A PAZ COM DEUS, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5, 1). Logo, o homem que vivia em constante conflito, litígio com o Pai, pelo supremo sacrifício do Filho agora encontra paz, assim, é de se deduzir que um "mundo" que não quer, que não deseja, que rejeita a Deus volta a estar em litígio com Ele e, definitivamente, essa paz não se estabelece.
Diante dessa realidade, vê-se, então, que o mundo, a humanidade engendra esforços a partir de gestos pacifistas, e não propriamente de atitudes pacíficas, daí o que se observa: um mundo muito mais em guerra (em todos os sentidos, não somente bélico) com tendência a se avolumarem cada vez mais, do que com um real vislumbre de paz plena e duradoura. Isso por que como bem disse Papa Francisco: "A paz não é uma ausência; a paz é uma presença!" (menção à Gaudium et Spes e Paulo VI).
Somente com a presença de Cristo nos corações, é que, verdadeiramente, se vislumbrará a ausência de ódios, guerras, dissensões, divisões, desconhecimento do outro como irmão, próximo, filho de Deus e, portanto, alguém especial e cuja dignidade deve ser intocável.
Quando a humanidade inteira tomar consciência disso dar-se-á um passo gigantesco para a verdadeira paz que não precisará ter um dia do ano em especial, porque será celebrada todos os dias.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo (Príncipe da Paz) e que Maria Santíssima (Rainha da Paz) interceda por sua vida.

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