domingo, 12 de abril de 2015

Não sejam sepulcros, sejam templos do Espírito Santo!

Após a morte de Jesus a narrativa bíblica no Evangelho de São Lucas, por exemplo, diz que um discípulo de Jesus, José de Arimatéia, "foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o desceu da cruz, envolveu-o em um pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado." (Lc 23, 52-53).
O texto sagrado leva a uma reflexão: quantos não passaram por mais uma quaresma, por mais uma semana santa, e chegaram ao Domingo da ressurreição na verdade "mortos e sepultados"! Sim, estão exatamente assim, e por quê? É necessário, então, entender o sentido da "rocha" e, para isso, a passagem do Livro do profeta Ezequiel nos auxilia. Lá Deus manda o profeta dizer ao povo: "...tirarei do vosso peito o coração de pedra..." (Ez 36, 26), assim, a "rocha" é o coração humano que ao escolher por desobedecer a Deus, afastar-se de Deus, renunciar a Deus, dar as costas para Deus, tornar-se inimigo de Deus (Rm 1, 30), enfim, optar pelo pecado e com isso colher o fruto das suas consequências, tem seu coração cada vez mais endurecido (pedra, rocha), e pior, dentro dele abrigando um Cristo morto.
Um coração petrificado, solidificado é um coração escuro, frio, vazio, sem atrativo nenhuma, e é o que se vê, infelizmente, para todo lado que se volte os olhos: "rochas ambulantes", sem sentimentos, endurecidas, insensíveis à dor do outro, ao sofrimento do irmão, incapazes de qualquer gesto de bondade, caridade, compaixão..., mas ao contrário, tendentes somente ao ódio, à inveja, à violência, são corações arrogantes, prepotentes, autossuficientes, egoístas, vaidosos, maléficos...que por mais que possam se esforçar não serão capazes de produzir atitudes de amor autêntico.
Aos corações petrificados torna-se impossível cumprir o que recomenda Jesus na passagem de Mt 25, 34-36 quando ensina que no dia do Juízo colocará à sua direita aqueles que foram misericordiosos para com o outro, pois "tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim", visto que dentro deste coração reside um Cristo sem vida, incapaz de mover este coração para o bem.
Os corações petrificados serão aqueles que assim como na passagem da  do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) seguirão chorosos e cheios de lastimação o cortejo dos "mortos" à frente o "caixão" com sua preciosidade (bens materiais, fama, sucesso, poder, pessoas) corações apegados a tudo que é passageiro, pois daquilo fizeram o seu tesouro, e Jesus já afirmava: "Porque onde está o teu tesouro lá também está o teu coração" (Mt 6, 21). Assim se vai aumentando a massa dos "sepulcros" ambulantes.
No entanto, a passagem do Evangelho de São Lucas 24, 1-6 diz que "No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado. Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro. Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes. Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: "Porque buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou."
Jesus não é um deus morto, mas um Deus vivo, logo não se conforma em permanecer morto e sepultado, inerte, incapaz de agir no coração, na vida de quem quer que seja, Jesus é o Deus dos vivos, por isso que naquela passagem da viúva de Naim o texto narra que em dado momento há o encontro entre o "cortejo dos mortos" e a procissão dos vivos, da multidão que segue o Deus da Vida, o Deus que ressuscita "mortos-vivos", e é o que acontece: ele toca o caixão e trás de volta o jovem à vida, e juntamente com ele sua mãe e muitos daqueles que acompanhavam o cortejo.
Naquele encontro com Jesus muitos viram seus corações sepulcrais se mudarem num coração de carne, como promete o Pai, na mesma passagem de Ezequiel 36, 26, e isso acontece pela ação e poder do Espírito Santo que habitava e agia em Jesus, o mesmo Espirito que o ressuscitaria ao terceiro dia e o arrancaria daquele sepulcro frio e escuro, e é o mesmo Espírito que Jesus quer usar para transformar estes corações-sepulcros em corações-templos, templos vivos do Espírito Santo, pois o Apóstolo São Paulo é que declara em I Coríntios 3, 16: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o  Espírito de Deus habita em vós?".
Este Espírito que nos tornou templos quando do Batismo, mas que ao ser abandonado e substituído pelo pecado mudou os corações em sepulcros, no entanto Jesus nos quer templos, templos vivos, onde Ele ali habita vivo e ressuscitado, num lugar que não é frio, vazio e escuro, mas num coração abrasado pelo Espírito Santo, cheio do Espírito Santo e iluminado pela Luz do mundo que é Jesus (Jo 8, 12). Neste coração-templo o Senhor é capaz de agir, esta vida é uma vida que ama, que compadece do outro, que ama verdadeiramente, que se inclina para obedecer a Deus e não ao mundo, neste coração somente Cristo reina com senhorio absoluto, neste coração não há lugar para o que desagrada a Deus, esta vida é capaz de dar comida a quem tem fome e água a quem tem sede, é capaz de ir ao encontro do preso, do abandonado, do vitimado pelas mazelas deste mundo...
Para que isso aconteça, faz-se necessário, portanto, que primeiro se reconheça nesta situação de coração petrificado, que necessita de restauração, que se arrependa e peça perdão dos pecados, pois foi ele que causou tal situação, que se abra pela fé a Jesus e creia que Ele tem poder para dizer como disse a Lázaro: "Vem para fora!" (Jo 11, 43) e desse "sepulcro" sair dali um homem, uma mulher que ressuscitado para viver uma vida nova como homem novo, mulher nova. Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente (Lc 24, 34), que assim seja na sua vida!
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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