sábado, 23 de julho de 2016

"Do alto estendeu a sua mão e me pegou..." (Sl 17, 17 - Cont. de "Fora da barca corremos perigo!")

Arriscar-se deixar a "barca" da Igreja, a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, é risco certo, e risco de morte, como demonstrado na reflexão anterior, cujo exemplo do Apóstolo São Pedro bem demonstrou.
Naquele momento em que o discípulo bradou: "Senhor, salva-me" (Mt 14, 30), ficava demonstrado o quão desesperador é um afogamento; e os testemunhos falam, unânimes, que é uma sensação das mais terríveis, pois o fato de ver-se querendo livrar-se de uma situação onde por mais esforço que se aplique em nada adiantará e sabendo que a vida será perdida é realmente horrível.
No entanto, há de se refletir que a pessoa tem consciência do risco que corre, visto que é óbvia a consequência de se mergulhar sem saber nadar irá afogar-se, logo, muitos que arriscaram e pereceram foram vítimas da sua irresponsabilidade; irresponsabilidade que se torna ainda maior por saber que não sabe nadar e não conta com ninguém por perto que saiba e possa ajudá-la.
Assim ocorre com os cristãos, espiritualmente falando, pois a maioria sabe, tem consciência, que as "águas" perigosas são as seduções do pecado: vícios, sexualidade irresponsável, materialismo, idolatria a coisas e pessoas... Estes e outros mais são as "águas convidativas", que encantam os olhos, enganam o coração e levam a muitos a mergulharem despreparados, movidos pelos impulsos das paixões desordenadas, seduzidos pela falsa crença que são capazes de vivenciá-las segundos suas capacidades humanas.
A tentação de acreditar no "sei entrar e sei sair" é a "isca" lançada pelo inimigo para atrair as almas incautas que, tomadas pelo desejo de experimentar, mergulham para depois verem-se como São Pedro apavoradas por verem-se mergulhadas numa situação que as afoga e que, por fim, as matará.
A autossuficiência é o combustível da ignorância que potencializa a irresponsabilidade e que inutiliza o freio de prudência levando o homem ao arriscar-se, e assim, o filme continua a repetir-se, e almas e mais almas, inclusive cristãs, vão-se perdendo.
Felizes são aqueles que, semelhantemente a São Pedro,  que do alto de seu desespero encontrarão um socorro, uma mão amiga, um auxílio na hora limite em que as forças e as esperanças estão se esvaindo. Assim foi com o Apóstolo, assim foi com o rei Davi que na sua oração de agradecimento a Deus foi explícito em declarar que foi o Senhor que "Do alto estendeu a sua mão e me pegou, e retirou-me das águas profundas" (2 Sm 22, 17; Sl 17, 17).
Pedro sucumbia nas "águas" da curiosidade, Davi nas "águas" da perseguição de Saul, porém, ambos encontraram uma mão estendida que como declara o salmista na continuidade do Sl 17: "pôs-me a salvo e livrou-me, porque me ama" (vers. 20). Ambos tiveram suas vidas poupadas por que buscaram socorro em quem podia ajudá-los: Deus.
Infelizmente, a maioria perece por não invocar este nome que é socorro presente; preferem seguir firmados na sua ignorância: uns por não crerem, outros por acharem que não são merecedores de auxílio, outros por não terem a oportunidade de lhe ser mostrado quem lhe possa ajudar.
De certo é que o pecado continua a seduzir as almas a deixarem a "barca"; e ao fazerem isso afogar-se-ão, a menos que clamem o auxílio do alto, a única mão que pode salvá-la do risco iminente de morte e trazê-la a salvo para o lugar seguro de onde nunca deveriam ter saído.
São Paulo ensina que do pecado deve fugir-se, pois ele era bem conhecedor dessa realidade e deve ser a prática de todo cristão, pois a obediência em Cristo é vida, a desobediência é morte.
Deus deseja resgatar a todos e sua mão está constantemente estendida; mas o querer de Deus tem que se encontrar com o querer humano, para que assim Ele possa produzir o milagre da salvação.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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