Deus, como Criador, nunca desejou ser distante do
homem, a criatura, mas sempre quis estar próximo, ter contato, interagir, e
agir para o bem daquele que é sua obra-prima.
Essa
verdade está evidente nas Sagradas Escrituras desde o Gênesis quando, ao criar
Adão e Eva, Deus vinha ter com eles todos os dias como está narrado na passagem
onde diz “...Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde...”
(Gn 3, 8); logo, Deus vinha encontrar-se com as suas criaturas, o que evidencia
uma proximidade.
Mesmo
após a queda de Adão e Eva pelo pecado cometido, Deus não deixou de revelar-se,
de buscar manter proximidade com o homem, e isso é constatado nas narrativas de
vários personagens bíblicos como Noé, Abraão, Moisés, Davi, Isaías, Jeremias,
dentre outros, até que um dia Ele resolve retornar a esta terra, agora na
pessoa do Filho amado: Jesus, para definitivamente, deixar mais uma vez
evidente a toda a humanidade: “Eu sou um Deus que se revela, que quer ser
íntimo e que quer ter a possibilidade de realizar transformação, mudança”.
Nesse
contexto, a narrativa bíblica que mostra o encontro de Jesus com a samaritana
(Jo 4, 1-42) fundamenta o que foi anteriormente exposto, pois o Senhor revela-se
ao tomar a iniciativa da conversa: “Dá-me de beber” (vers. 7); por isso que o
Documento 97 da CNBB, no parágrafo 10, diz que a Revelação é comunicativa, ou seja, Deus sempre toma a iniciativa em
relação ao homem como deixa claro o Catecismo da Igreja Católica. É o que se
observou no caso de Moisés ao observar aquela sarça ardente (Ex 3, 2), ou na
passagem da Anunciação quando Maria se depara com o anjo Gabriel (Lc 1, 26-28).
A
partir da comunicação Deus quer ir além de apresentar-se, mas quer estabelecer
um diálogo, daí o mesmo Documento 97 dizer que a Revelação é dialógica. Jesus estabeleceu um diálogo com a
samaritana (vers. 9-26) que, a princípio deu-se envolvida em receios e
contestações, como também aconteceu com Moisés (Ex 3, 4-15), e Maria (Lc 1, 30-38).
Tendo
a possibilidade do diálogo, Deus pode chegar onde realmente deseja: transformar
aquela vida e fazê-la capaz de ser instrumento de transformação para outros;
daí o Documento 97 dizer que a Revelação
é performativa, ou seja, tem uma capacidade de mudar, transformar; e é o
que aconteceu à samaritana quando percebeu que aquela vida de prostituição e
adultério nunca lhe trouxera alegria alguma; no entanto, as palavras de Jesus a
libertou, transformou, e essa experiência levou-a a contagiar a muitos outros
(vers. 29-30).
O
diálogo de Deus e Moisés o fez acreditar que poderia ser o libertador do povo
de Israel, e mais que um pastor de ovelhas, seria o pastor de uma nação. Também
o diálogo de Maria e Deus, na pessoa do anjo, levou-a a acreditar que poderia
ser, mais que mãe de filhos “normais”, mas ser mãe do Salvador.
Dessa
forma, como catequistas, precisamos refletir e buscar pautar as nossas ações
nessa verdade: “Deus quer se revelar a todos”, e levar a todos a crerem que
“Sou Eu quem fala contigo” (vers. 26). Assim, a nossa ação catequética
necessita caminhar no sentido de REVELAR DEUS, JESUS, àqueles que buscam a
catequese, e para isso é fundamental que cada catequista, no desempenho de sua
missão, seja, a princípio, a sarça ardente, o anjo, Jesus.
A
cada temática abordada o ideal seria o catequizando perceber no catequista, em
nós, Jesus “puxando a conversa” (fase comunicativa), Jesus “trocando idéias”
(fase dialógica), para que, a partir dali, surja naquela criança, jovem ou
adulto, um despertar para uma intimidade com o próprio Jesus. Certamente, isto
acontecendo, a consequência (assim se espera!) será a transformação, a mudança
(fase performativa). Mudança não somente da razão, mas do coração e da alma,
pois foi o que aconteceu àquela mulher à beira do poço.
Naquele
encontro, Jesus não lançou sobre ela normais e preceitos afim de humilhá-la ou
recriminá-la, mas buscou mostrá-la que, antes de tudo, era amada e preciosa
para Deus como está escrito na passagem de Isaías 43, 4. Assim, uma catequese
meramente normativa, doutrinária será enfadonha e sem atrativo, mas a partir do
momento que se torne uma catequese capaz de REVELAR um Deus que é próximo, que acolhe, que ama e
que deseja proporcionar o vida em abundância (Jo 10, 10), ainda que normativa e doutrinária, será
interessante, envolvente e atrativa.
No
entanto, para que isso passe da utopia à realidade, é imprescindível que cada
catequista busque ser íntimo do Senhor com o auxílio do Espírito Santo, pois,
se um dia Deus Pai se revelou em pessoa, depois se revelou em Cristo, agora, no
tempo da Igreja, Ele se revela por meio do ESPÍRITO SANTO. E por meio deste
Espírito teremos capacidade de dialogar com Deus e por Ele sermos
transformados. Quando isso acontece, as ações fortalecem as palavras e surge,
então, o “TESTEMUNHO AUTÊNTICO”, como nos exorta o Documento 94 da CNBB, no
parágrafo 33, quando diz: “Neste redescobrir missionário, emerge, em primeiro
lugar, o papel de cada pessoa batizada em todos os lugares e situações em que
se encontrar. Trata-se do TESTEMUNHO PESSOAL, base sobre a qual o explícito
anúncio haverá de ser construído. (...). Este, portanto, é um TEMPO DO
TESTEMUNHO!”. Este testemunho autêntico que é o que a Igreja nos cobra é o que
fará, verdadeiramente, a nossa missão ter êxito.
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