segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Revelação de Deus é comunicativa, dialógica e performativa.



Deus, como Criador, nunca desejou ser distante do homem, a criatura, mas sempre quis estar próximo, ter contato, interagir, e agir para o bem daquele que é sua obra-prima.
Essa verdade está evidente nas Sagradas Escrituras desde o Gênesis quando, ao criar Adão e Eva, Deus vinha ter com eles todos os dias como está narrado na passagem onde diz “...Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde...” (Gn 3, 8); logo, Deus vinha encontrar-se com as suas criaturas, o que evidencia uma proximidade.
Mesmo após a queda de Adão e Eva pelo pecado cometido, Deus não deixou de revelar-se, de buscar manter proximidade com o homem, e isso é constatado nas narrativas de vários personagens bíblicos como Noé, Abraão, Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, dentre outros, até que um dia Ele resolve retornar a esta terra, agora na pessoa do Filho amado: Jesus, para definitivamente, deixar mais uma vez evidente a toda a humanidade: “Eu sou um Deus que se revela, que quer ser íntimo e que quer ter a possibilidade de realizar transformação, mudança”.
Nesse contexto, a narrativa bíblica que mostra o encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4, 1-42) fundamenta o que foi anteriormente exposto, pois o Senhor revela-se ao tomar a iniciativa da conversa: “Dá-me de beber” (vers. 7); por isso que o Documento 97 da CNBB, no parágrafo 10, diz que a Revelação é comunicativa, ou seja, Deus sempre toma a iniciativa em relação ao homem como deixa claro o Catecismo da Igreja Católica. É o que se observou no caso de Moisés ao observar aquela sarça ardente (Ex 3, 2), ou na passagem da Anunciação quando Maria se depara com o anjo Gabriel (Lc 1, 26-28).
A partir da comunicação Deus quer ir além de apresentar-se, mas quer estabelecer um diálogo, daí o mesmo Documento 97 dizer que a Revelação é dialógica. Jesus estabeleceu um diálogo com a samaritana (vers. 9-26) que, a princípio deu-se envolvida em receios e contestações, como também aconteceu com Moisés (Ex 3, 4-15), e Maria (Lc 1, 30-38).
Tendo a possibilidade do diálogo, Deus pode chegar onde realmente deseja: transformar aquela vida e fazê-la capaz de ser instrumento de transformação para outros; daí o Documento 97 dizer que a Revelação é performativa, ou seja, tem uma capacidade de mudar, transformar; e é o que aconteceu à samaritana quando percebeu que aquela vida de prostituição e adultério nunca lhe trouxera alegria alguma; no entanto, as palavras de Jesus a libertou, transformou, e essa experiência levou-a a contagiar a muitos outros (vers. 29-30).
O diálogo de Deus e Moisés o fez acreditar que poderia ser o libertador do povo de Israel, e mais que um pastor de ovelhas, seria o pastor de uma nação. Também o diálogo de Maria e Deus, na pessoa do anjo, levou-a a acreditar que poderia ser, mais que mãe de filhos “normais”, mas ser mãe do Salvador.
Dessa forma, como catequistas, precisamos refletir e buscar pautar as nossas ações nessa verdade: “Deus quer se revelar a todos”, e levar a todos a crerem que “Sou Eu quem fala contigo” (vers. 26). Assim, a nossa ação catequética necessita caminhar no sentido de REVELAR DEUS, JESUS, àqueles que buscam a catequese, e para isso é fundamental que cada catequista, no desempenho de sua missão, seja, a princípio, a sarça ardente, o anjo, Jesus.
A cada temática abordada o ideal seria o catequizando perceber no catequista, em nós, Jesus “puxando a conversa” (fase comunicativa), Jesus “trocando idéias” (fase dialógica), para que, a partir dali, surja naquela criança, jovem ou adulto, um despertar para uma intimidade com o próprio Jesus. Certamente, isto acontecendo, a consequência (assim se espera!) será a transformação, a mudança (fase performativa). Mudança não somente da razão, mas do coração e da alma, pois foi o que aconteceu àquela mulher à beira do poço.
Naquele encontro, Jesus não lançou sobre ela normais e preceitos afim de humilhá-la ou recriminá-la, mas buscou mostrá-la que, antes de tudo, era amada e preciosa para Deus como está escrito na passagem de Isaías 43, 4. Assim, uma catequese meramente normativa, doutrinária será enfadonha e sem atrativo, mas a partir do momento que se torne uma catequese capaz de REVELAR  um Deus que é próximo, que acolhe, que ama e que deseja proporcionar o vida em abundância (Jo 10,  10), ainda que normativa e doutrinária, será interessante, envolvente e atrativa.
No entanto, para que isso passe da utopia à realidade, é imprescindível que cada catequista busque ser íntimo do Senhor com o auxílio do Espírito Santo, pois, se um dia Deus Pai se revelou em pessoa, depois se revelou em Cristo, agora, no tempo da Igreja, Ele se revela por meio do ESPÍRITO SANTO. E por meio deste Espírito teremos capacidade de dialogar com Deus e por Ele sermos transformados. Quando isso acontece, as ações fortalecem as palavras e surge, então, o “TESTEMUNHO AUTÊNTICO”, como nos exorta o Documento 94 da CNBB, no parágrafo 33, quando diz: “Neste redescobrir missionário, emerge, em primeiro lugar, o papel de cada pessoa batizada em todos os lugares e situações em que se encontrar. Trata-se do TESTEMUNHO PESSOAL, base sobre a qual o explícito anúncio haverá de ser construído. (...). Este, portanto, é um TEMPO DO TESTEMUNHO!”. Este testemunho autêntico que é o que a Igreja nos cobra é o que fará, verdadeiramente, a nossa missão ter êxito.

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