quarta-feira, 20 de março de 2013

Para elevar, tem que se rebaixar!

Estava a preparar o ensino para a turma de catequese e o tema era a Instituição da Eucaristia quando ao meditar sobre a passagem do lava-pés (Jo 13, 1-17), onde o Senhor Jesus Cristo mostra aos discípulos que para exercer o ministério sacerdotal tem que haver despojamento, humildade e espírito de serviço, veio ao meu coração esta palava: "aquele que quiser me elevar com dignidade, deve rebaixar-se com humildade".
Esta fala não se resume apenas ao ministério presbiteral, mas se alarga a todo cristão que deseja ser autêntico discípulo de Jesus, buscando "fazer o que Ele vos disser" (Jo 2, 5). Desta forma, o lava-pés muito nos mostra que, elevar o próximo e fazê-lo retornar ao seu lugar de dignidade de filho de Deus, necessita que desçamos até seu patamar de miséria, pois a Sagrada Escritura mostra exemplos de Jesus e de outros homens de Deus que a graça acontece na vida do outro a partir deste gesto humilde.
Dentre as muitas conversões realizadas pelo Senhor Jesus tem-se, por exemplo, a passagem da conversão de São Mateus (Mt 9, 9) que se encontrava, segundo o texto bíblico, numa coletoria de impostos, lugar que para a maioria dos judeus era um ambiente desprezível; após o convite "segue-me", Jesus vai sentar-se com Mateus e outras pessoas tido como pecadoras e é criticado  pelos fariseus por isso (Mt 9, 10). A resposta de Jesus é que "não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes" (vers. 11), logo, deixa evidente que para elevar Mateus à dignidade de filho de Deus teve que rebaixar-se à condição do mesmo.
A passagem da mulher adúltera (Jo 8, 1-11) é outro exemplo onde Jesus ao sentar-se desce ao nível daquela mulher que, com certeza estava no chão pelos seus pecados; e quando termina a confusão ficam apenas Jesus e a mulher de pé, e ela, salva da morte é restaurada. Por fim, o máximo do rebaixar-se ensinado por Jesus é observado na sua paixão e morte de cruz; ao descer ao nível mais reles, ao ponto de ser tido como maldito (Gl 3, 13) o Senhor resgata a muitos.
Os apóstolos também deram exemplo: São Paulo, por exemplo, diz a Timóteo: "Pelo que tudo suporto por amor dos escolhidos, para que também eles consigam a salvação em Jesus Cristo, com a glória eterna" (II Tm 2, 10), mostra ele que aceita os sofrimentos como forma de alcançar a salvação dos escolhidos, o que também fica demonstrado na passagem de Atos 16, 16-33 em que São Paulo juntamente com Silas após uma serem castigados em praça pública e lançados no "prisão inferior" (vers. 24) louvam a Deus e o resultado será, posteriormente, a conversão do carcereiro e de sua família (vers. 33).
Certamente, o rebaixamento de São Paulo, assim como de tantos santos e santas da Igreja, foram o sinal visível da presença de Jesus que tocaram muitos corações levando-os a tomarem a decisão por aderirem a Cristo. Assim, todo aquele que faz o que fez São João Batista que disse: "Importa que Ele cresça e que eu diminua" (Jo 3, 30) cumpre esse propósito de elevar Jesus elevando o próximo a uma estatura de dignidade, de devolução ao seu lugar de filho.
Assim, o ensinamento deixado pelo Senhor no lava-pés quando diz: "Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim façais também vós" (Jo 13, 15) foi para os apóstolos, mas extensível a toda a Igreja e foi compreendendo isso que muitos rebaixando-se até o martírio, puderam ver pessoas tiradas da condição de escravos do pecado, para serem restaurados em suas vidas. Sejamos nós, também, continuadores deste mandato de Jesus: "...façais também vós".
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

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