segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Jesus e o dom da Palavra Eficaz

A Palavra de Deus nunca foi lançada, proferida a esmo, bem como nunca foi pronunciada em vão, mas pelo contrário, sempre com um objetivo, um fim a alcançar, daí o profeta Isaías dizer que "...assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão." (Is 55, 11)
Semelhantemente, com Nosso Senhor Jesus Cristo não é diferente, visto ser Ele o Verbo de Deus (Jo 1, 1), a Palavra que se fez carne (Jo 1, 14), e por isso palavra nenhuma proferida pelo Senhor deixou de ter sentido, significado, eficácia, o que leva a afirmar que o que Jesus disse não foi em vão, mas realizou.
Assim, desde a sua primeira fala aos doze anos quando é encontrado pelos pais entre os doutores da Lei no Templo (Lc 2, 46), ao ser interpelado por Nossa Senhora responde: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lc 2, 49), e já nessa primeira fala o Senhor deixa patente que sua palavra tem razão, tem um por que, que na ocasião não era, de forma alguma, uma resposta mal-educada à mãe, mas um rememorar da missão à qual devia cumprir.
De igual maneira seguirá Jesus, principalmente quando assumir publicamente sua missão. Em todos os Evangelhos, nas mais diversas passagens onde se encontrar Jesus pregando, ensinando, exortando, repreendendo, curando..., ver-se-á esta Palavra eficaz agindo, deixando uma mensagem, realizando um milagre, provocando reações (seja de adesão, seja de repúdio), mas nunca sem resultado.
O dom da Palavra eficaz de Nosso Senhor Jesus Cristo manifesta-se em todas as passagens apresentadas de forma belíssima, carregadas de amor e com um único propósito: que creiam em seu Nome e pela fé sejam salvos. Daí tantos momentos que encantam e impressionam, como por exemplo, os encontros.
Quantos encontros de Jesus com homens e mulheres de todas as nuances que produziram momentos ímpares: com Pedro, a conversão vai se dar a partir de um milagre precedido de uma palavra: "Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar." (Lc 5, 4) e daquele dia em diante o pescador de peixes seria feito "pescador de homens" (Lc 5, 10); com Zaqueu a conversão vai se dar a partir de um convite: "...desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa." (Lc 19, 5), e o homem ávido pelo dinheiro, ganancioso, agora abre-se para partilhar com o próximo; com Levi (Mateus) a conversão vai se dar a partir de um chamado direto: "Segue-me" (Mt 9, 9), e o cobrador de impostos que somente sabia receber passará a doar, doar a vida por amor a Deus e pelo bem do próximo.
Encanta, também, essa Palavra eficaz produzindo milagres, sinais, prodígios, pois a tempestade foi acalmada com um "Silêncio. Cala-te" (Mc 4, 39); a surdez foi curada com um "Efeta, abre-te" (Mc 7, 34); Lázaro é ressuscitado com um "Vem para fora" (Jo 11, 43); um paralítico com trinta e cinco de prostração restaura a saúde quando ouve: "Levanta-te, toma o teu leito e anda" (Jo 5, 8)
Essa Palavra eficaz estava nas parábolas que continham ali ensinamentos preciosos que ligados à realidade cotidiana da gente daquele tempo que O cercava era acessível e atraente, ainda que aparentemente sem sentido para que confundisse os sábios de então: os fariseus.
A Palavra eficaz de Jesus mesmo suscitando as mais diversas reações: alegria, espanto, perplexidade, ira, temor..., não perdia o foco: revelar o Pai e o seu Reino ao qual todos eram chamados a dele participar.
Essa Palavra eficaz de Jesus foi realmente eficaz porque esteve sempre fundamentada na Verdade, por isso incapaz de ser questionada, objetada, desprezada ou anulada, ainda que os contrários ao Senhor à época o tentasse de todas as maneiras, inclusive tramando e executando sua morte.
Porém, como bem diz o Apóstolo São Paulo: "...Mas a Palavra de Deus, esta não se deixa acorrentar" (2 Tm 2, 9), e assim Ela atravessa os séculos e milênios, produzindo os mesmos efeitos quando usada por homens que a disseminam retamente, sem desvios ou distorções, e assim ela segue o seu curso: produzindo nos corações que a Ela dão crédito, e ao seu Autor que por elas age eficazmente, vida e vida em abundância (Jo 10, 10).
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Bem mais que um pirulito

Imagine uma criança que se depara com um homem a chamá-la, fazendo-lhe acenos e com um sorriso conquistador. Não diferente de qualquer criança, a reação será de estranheza, que se mudará em temor e que suscitará uma inevitável fuga da presença daquele estranho.
Assim se comporta todo homem perante Jesus, que a cada dia, seja na individualidade, seja comunitariamente, na Santa Missa, em reuniões de oração, momentos de evangelização...apresenta-se com um convite a uma aproximação, mas que recebe da parte da grande maioria uma fuga carregada de temor como resposta.
No entanto, aquele homem não desiste de uma aproximação, sendo que agora usará de uma estratégia, de um meio mais eficaz que atraia a atenção da criança; e nada mais eficaz que um doce, um pirulito, por exemplo.
A criança, ainda que arredia, ao visualizar aquele belo e saboroso pirulito na mão do homem já não apresenta o temor de antes, nem sairá em fuga, mas, ainda que cheia de desejo, optará por não se aproximar, ainda.
O homem em relação a Cristo se comportará da mesma maneira. Apesar de o Senhor mostrar o "pirulito" do seu amor, do seu perdão, da sua bondade..., ainda encontrará um homem de coração reticente e que continuará, ainda que sem tanto temor, preferindo não se aproximar.
Numa outra oportunidade a criança reencontra o homem, com o mesmo sorriso, mas agora tendo na mão um pirulito enorme como aquele do Kiko do seriado "Chaves". Agora a criança sem temor e cheia de confiança, pois não vislumbra maldade naquele adulto, ouve aquela voz interior que diz: "Vai, confia!", e assim ela vai e pega o pirulito, e aceita o abraço daquele homem que antes tivera tanto temor, e percebe que, na verdade, é um homem maravilhoso, amoroso, acolhedor, e a partir dali criam uma bela amizade.
Da mesma forma, Jesus ao perceber que somente exprimir seu amor, perdão, bondade, não obterá abertura da parte do homem, lança mão de "pirulitos" mais vistosos: os milagres; ou não foi assim que atraiu multidões? Curando, libertando, ressuscitando, alimentando...e assim, as pessoas sentem interesse de aproximar-se, auxiliadas pela voz interior que diz "Vai, confia!", voz que se chama fé.
No entanto, aquela criança já sem medo algum e sabendo que no encontro com o bom amigo terá sempre um pirulito à espera, em dado momento escutará do amigo que o que tem para ela é bem mais que um pirulito, mas que na verdade tem para ela uma fábrica inteira de diversificados tipos de doces e delícias, mas que para ter acesso a ela há uma condição a cumprir: tem que ser santo como ele.
Semelhantemente, o homem que já íntimo do Senhor Jesus e afeito às benéces que Dele recebe, em dado momento receberá este convite a desejar mais que um delícia momentânea, mas alcançar o lugar onde todas as delícias, todas as maravilhas se encontram em abundância: o céu. Porém, para ter acesso a este tão maravilhoso lugar uma condição é exigida: ser santo como Ele é Santo (1 Pe 1, 16).
Alcançar vida de santidade, fazendo aquilo que é a vontade de Deus a nosso respeito: "a nossa santificação" (1 Ts 4, 3), é necessário empenho em cumprir alguns dos pressupostos que o Apóstolo São Pedro exorta a viver ao falar de santidade em 1 Pe 1, 13-24, onde, entre outras coisas pede: sobriedade (vers. 13); renúncia aos desejos do homem velho (vers. 14); temor do Senhor (vers. 17); obediência à verdade e amor fraterno sincero (vers. 22).
Entretanto, como crianças espertas que querem apenas o pirulito, e nem tanto o dono do doce, muitos se aproximam pelos milagres que o Senhor lhes pode proporcionar e não um busca de intimidade com Ele, que é o que Jesus realmente deseja; algo que ainda é piorado com o advento da "teologia da prosperidade" que leva as pessoas a buscarem mais os milagres de Deus e não o Deus de milagres.
Aqueles que progridem nessa busca de santidade serão aqueles que em determinado momento já não farão mais conta dos "pirulitos", pois o próprio Cristo é o seu desejo maior, caso de São Paulo que diz "Não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim", de Santa Tereza D'Àvila que diz: "Só Deus basta"...; estes alcançaram a união perfeita, estes são os tantos santos e santa que dão exemplo e que hoje gozam da "fábrica das delícias" ao lado do "dono".
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.