domingo, 21 de junho de 2015

Por quê?

Estava eu lá, naquele lugar onde o amor e a paz eram constantes,
Lá eu estava totalmente imerso numa presença maravilhosa,
Que me dizia a todo momento que me amava,
Que preenchia todo o meu ser de um sentimento indescritível,

Repentinamente, foi como que uma explosão,
E quando me vi, estava agora eu num belíssimo lugar,
Um mar de azul esplêndido,
Um céu de azul pontilhado de branco,

Era também um lugar belíssimo,
Eu me olhava e me via sendo construído pouco a pouco,
Dia a dia, passo a passo, um item era acrescido,
E uma voz sublima, a mesma daquele lugar de paz e amor exclamava:
"Está ficando muito bom!",

Eu me via imerso naquele mar,
Com uma expectativa interior e uma certeza:
"Haverá um destino, um ponto final, onde desejo muito chegar!",
E assim, aquela estrutura ia-se formando,

Mas, de repente, percebi mudanças,
Aquele mar de águas calmas, tornou-se mar revolto,
Tormentas e procelas,
Ondas altíssimas me lançavam de um lado a outro,

Aquele céu azulzíssimo passou a um escuro tenebroso,
Passe a ouvir uma voz que se pronunciava como relâmpagos,
A voz dizia: "Não! Como pôde isso acontecer? Não pode ser verdade!"
E continuava: "Eu não quero, não era para ser agora!",

A partir dali, não houve mais mar tranquilo, nem céu azul,
Não houve mais a paz e o amor do princípio,
Tudo era raiva, ódio, estava mergulhado na pior das sensações,
E apenas me perguntava: por quê?

Tudo se fazia pior, até que o mais terrível começou a acontecer:
Algo se aproximou de mim, era terrível,
E uma voz horrenda dizia: "vamos destruir!"
Aquele objeto, então, a cada vez que me tocava, parte de mim retirava,

Era uma dor indizível,
Gritava, pedia socorro, mas não conseguia fugir,
Tentei lutar o que pude, mas não tive chance,
Então tudo se apagou, escuridão, silêncio...

E num átimo de tempo lá estava eu,
De volta àquele lugar de amor e paz,
Mergulhado na mesma presença, na mesma luz,
O mesmo amor me invadiu novamente,

Aquela voz que me declarava seu amor se fez ouvir novamente,
Porém, com um tom alentador e reconfortante dizia:
"Que pena que não pôde ser; que pena que não pôde acontecer como deveria acontecer,
Pois não houve desejo, foi mero descuido!"

Então, tudo me foi mostrado e assim pude compreender o que ocorrera,
Eu fui chamado, mas sem ser desejado,
Por isso fui descartado, lançado fora,
Uma pena, eu queria tanto conhecer aquele porto final, aquele colo,

Eu queria tanto poder ser parte daquela pessoa,
Já me sentia um com ela,
No entanto, a recíproca não foi a mesma,
Por quê não pôde ter sido mamãe? Por quê?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Escolha

Que pobreza contém,
Uma alma refém,
Do orgulho, do desdém,
De práticas que não lhe convém,
Que riqueza existe,
Numa alma que persiste,
Em ser fiel e não desiste,
Porque nela a fidelidade resiste,
Quanta escuridão se observa,
Numa alma que se reserva,
A nutrir o mal que conserva,
E que se multiplica igual inútil erva,
Quanta luz emerge radiante,
De uma alma orante,
Cuja busca de Deus é constante,
Tornando-se árvore de fruto abundante,
Quanta angústia carrega,
Uma alma que obstinada se nega,
A abandonar suas faltas e renega,
A Vida plena por uma vida cega,
Quanta virtude pode-se ver,
Numa alma que ao se render,
Ao Deus que tem todo o poder,
Para toda cegueira desfazer,
Quanta maravilha contém,
Numa alma que se mantém,
Prostrada aos pés do Sumo Bem,
Perseverando em fazer somente o que Lhe convém,
Quanta graça pode alcançar,
Uma alma que a Jesus se entregar,
Sem reservas Nele confiar,
Pois de sua vida com todo zêlo irá cuidar.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Namoro eterno

Hoje não te dei nenhum presente,
Já o fiz três dias antes, porque o dia
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta
Agradecida a Deus por ter ao lado
Alguém que entre outras, talvez,
Melhores opções resolveu por me escolher,
Hoje não pronunciei nenhuma frase de efeito,
Já o fiz dias anteriores, porque o dia
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta,
Desejosa de exprimir aquilo que no dia
Anterior não sairia por mais que forçado fosse,
Por mais que importunasse o pensamento,
Hoje não há nenhum plano de sair e festejar,
O fizemos há um bom tempo, porque o dia,
É aquele que o coração pede,
O dia é aquele que a alma desperta,
Com vontade de dividir a mesa, o alimento,
Os planos, os sonhos, ou somente entreolhar-se e comer,
Porque importante é sentar junto e partilhar,
Hoje, ao que parece, não me mostrarei
O mais romântico dos homens (desculpe!), porque o dia
É aquele que o coração pede,
Para ser amoroso, carinhoso com aquela
Que sem qualquer dúvida foi sinal da bondade
Do Pai que percebeu que haveria complementaridade,
Cumplicidade, metas e projetos em comum,
Hoje é dia, de agradecer a Ele,
Que analisou e decidiu:
"Ali haverá possibilidade de serem um,
Ali haverá possibilidade de haver namoro eterno"
Dedico à minha esposa Maria de Fátima a quem procuro dedicar a cada dia o meu melhor, mesmo consciente que ainda preciso melhorar!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os santos da Igreja nos ensinam o que somos: NADA!

Mergulhados em um mundo secularizado, onde a exaltação do ter como forma de exaltar o ser alguma coisa, que arrasta a tantos aos mais terríveis desvairios e absurdos, nada melhor que refletir sobre esta temática à luz daqueles que, ao lançarem-se decididamente em buscar Jesus, encontraram o real significado do termo NADA.
É fato que a exaltação do "si mesmo", que trás como consequência um individualismo exacerbado, é a tônica destes tempos, e o fruto amargo desta cultura é um crescente descaso do ser humano pelo ser humano. O culto a si mesmo a partir da crença que por seu próprio esforço pode ser TUDO o que quiser tem conduzido o homem por uma estrada tortuosa que terá como ponto final o abismo e a morte.
Onde está a causa desse desvio, então? As Sagradas Escrituras, através das palavras do Apóstolo São Paulo descritas em Romanos 1, 25 dão um primeiro indicativo quando diz: "Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!", palavras que ressoam, de certa forma, aquilo que já era um aviso do próprio Senhor Jesus quando disse: "Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala" (Mt 15, 14).
Percebe-se, então, que o homem ao abandonar as VERDADES DE DEUS envereda pelas suas próprias orientações, ou pior ainda, permite-se ser influenciado pelas orientações de outros (os guias cegos!). A consequência será esta que Jesus adverte: a vala, a morte, a perdição. E tudo por quê? Porque o homem busca insistentemente ser TUDO, inclusive Deus de si mesmo e a fonte deste devaneio chama-se apostasia.
Agora, contrariamente a tudo isso, o que nos mostra aqueles que abraçaram o seguimento de Jesus, que ao contrário dos guias cegos, é o Caminho santo, é o Caminho estreito, é o Caminho, Verdade e Vida, que ao contrário de uma vala nos guiará ao "aprisco seguro" que é o céu? Estes gloriosos homens e mulheres que se aplicaram tenazmente com todo o seu coração a conhecer Jesus e aprender Dele as Verdades que os levariam em segurança ao céu, foram unânimes em declarar que, dentre os muitos ensinamentos que receberam de Jesus por meio do Espírito Santo, está a realidade que o ponto de partida para reconhecer-se alguma coisa perante Deus é reconhecer-se NADA.
Esta descoberta está patente nas palavras destes heróis da fé como Santa Terezinha do Menino Jesus quando clama ao Senhor: "Faz do meu NADA amor!"; em Santo Afonso de Ligório quando afirma: "De nós mesmos só temos o nosso NADA e o nosso pecado!"; em São João da Cruz quando declarava: "A vós tudo, a mim NADA"; ou ainda Santa Tereza D'Ávila que em seu Livro da Vida reconhecia-se um "verme". Todos estes santos somados a tantos outros fazem eco à mesma conclusão: "Se somos alguma coisa, é porque Aquele que é tudo trouxe-nos do nada à existência", pois é o que ensina a Palavra em Sabedoria 11, 25 quando diz: "Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por vós não tivesse sido chamada?".
É insofismável esta verdade: "Se existimos é porque Deus assim o quis!", mas o homem cego, empedernido, descrente, distante de Deus refuta com veemência esta realidade lançando nas mãos do "acaso" aquilo que é fruto de um projeto de amor. Deus por amor nos quis, nos desejou, nos trouxe à existência a partir de nossos primeiros pais Adão e Eva, e reconhecendo o nosso nada elevamos um louvor a Deus e exaltamos sua grandeza e poder criador, e assim somos felizes; ao contrário dos que buscam ser tudo a partir de uma auto-exaltação que só lhes trás confusão e infelicidade.
Eu me reconheço um NADA perante o Senhor, totalmente dependente da sua misericórdia e perdão, e me alegro nesta realidade. Abrace esta verdade que não é, de forma alguma causa de confusão, mas de certeza que estamos fundados na rocha da verdade que é Jesus e assim erigimos uma vida firmada num fundamento sólido.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

"O céu é o bem maior" (Continuação de "Você é especial para mim")

Em continuidade ao que foi refletido no texto anterior, "Você é importante para mim!", um outro aspecto relativo ao super marketing que se observa no que diz respeito aos milagres, além da exploração do fato em si em detrimento do objetivo do fato, é uma consequência desta prática que, a princípio passa despercebida, mas que faz-se imperioso abordá-la.
De que consequência se trata, então? Não desejo dar a resposta de pronto, mas convidar os leitores deste texto a raciocinarem comigo e assim chegarmos à consequência de que falo, sem contanto arvorar-me em tomar meu ponto de visto como o correto, mas buscando instigar cada um a refletir e concluir se concorda, ou não.
Vejamos. Ao se utilizar os milagres da forma que se tem utilizado, dois aspectos tornam-se passíveis de questionamento: primeiro, a forma como os milagres estão sendo vistos pelas pessoas que o buscam: como sendo uma forma especial de tratamento de Deus; algo como: "Se recebo milagres é porque sou visto, percebido por Deus", e assim, alcançar um milagre se torna, mais que graça, um status. E quanto mais milagres receber, tanto mais diferenciado para com Deus torna-se. Isso faz com que o marketing das igrejas que exploram o milagre deixe a entender na mente de alguns que, saindo "desta igreja" onde nunca alcanço nada e indo para "aquela igreja" onde se alcança tudo serei, finalmente, vista pelo Senhor.
Porém, não é esta a consequência que desejo refletir, não que não seja tão importante, é muito sério. Mas o segundo aspecto é o que desejo abordar; aqui está a consequência que faço menção na introdução. Observe-se que, ao se explorar o "direito" de receber os milagres de Deus a partir da utilização de passagens dos Evangelhos, como o de São Mateus onde Jesus textualmente diz: "Pedi e se vos dará..." (Mt 7, 7), ou, "Tudo o que pedirdes na oração , crede que o tendes recebido, e vos será dado." (Mc 11, 24), ladeada por pregações carregadas de "teologia da prosperidade" onde se ouve: "Deus quer te dar o melhor desta Terra", ou "Você nasceu pra ser vencedor", ou ainda, "Se Deus permite riqueza aos ímpios porque não permitirá aos que Lhe seguem?", e assim, não sei se conscientemente, ou não, cria-se uma perigosa cultura materialista.
Por quê perigosa? Porque ao pregar que "tenho direito a conquistar as delícias deste Terra" sem, no entanto evidenciar o que realmente interessa, passa-se a suscitar nas pessoas um apego às "coisas desse mundo" levando, assim, as pessoas a voltarem seus olhos, e seus esforços ao que é passageiro, ao que o Senhor Jesus denomina "tesouros que a traça e a ferrugem corroem e os ladrões furtam e roubam" (Mt 6, 19), e pior, prende as pessoas a este mundo indo de encontro ao que Jesus recomendava: "Buscai em primeiro lugar o reino de Deus..." (Mt 6, 33), e que foi explicitado na mensagem de São Paulo quando recomendava: "Buscai as coisas do alto, afeiçoai-vos as coisas lá de cima" (Cl 3, 1-2).
 A consequência que fazia referência é esta: a exploração exacerbada dos milagres com mero viés financeiro está criando cristãos materialistas e imanentes (presos às realidades desta vida), enquanto que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ao qual disseminou e mandou que os Apóstolos e sua Igreja dessem continuidade "sem acrescentar nada" (Ap 22, 18) contém uma mensagem transcendente, e isto está plenamente evidenciado na passagem de Mt 5, 20 onde Jesus diz: "Ajuntai para vós tesouros no céu...", e recomenda que nosso coração esteja voltado para esta realidade, pois, "onde está o teu coração ali está o teu tesouro" (Mt 5, 21).
Esta mensagem carregada de transcendência, de desejo do céu, da vida eterna, foi tão impactante nos primeiros tempos da Igreja que diz o Atos dos Apóstolos que os convertidos "vendiam tudo" (At 2, 42), abraçavam a fé e seguiam agora numa caminhada de "estrangeiros" rumo à "pátria" definitiva (Hb 11, 16).
Milagres são parte da vida cristã e todos o desejam, inclusive eu; no entanto, da forma como se tem mostrado e pregado não tem sido a forma mais condizente, pois eles devem ser vistos, antes de tudo, como dito no texto anterior, e que reitero aqui, como forma de manifestação de Deus que diz: "Você é especial para mim".
Ao nos encontrarmos com Ele um dia não nos cobrará o número de milagres que recebemos, mas a capacidade de termos percebido em cada um deles a Sua manifestação amorosa que de alguma maneira queria colaborar para a nossa salvação, para nos tornar "cidadãos do céu" (Fl 3, 20). Àqueles que tiveram a percepção correta e responderam com a entrega de sua vida a este gesto de amor, certamente a consequência será a glória eterna. No entanto, para aqueles que somente souberam amar a graça, e não o autor da graça, correm sério risco de não gozarem do bem maior que torna qualquer milagre nesta terra uma mera migalha: o céu.
Não incorra neste erro! Deseje os milagres de Deus, mas deseje acima de tudo, o próprio Deus.
Deus te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.