Existem vários aspectos da ação
sobrenatural de Deus no mundo e nas pessoas, mas nada supera o poder da sua
Palavra - não somente a palavra escrita no Livro Santo -, mas a Palavra
proclamada, a palavra pronunciada, aquela que proferida é a extensão do próprio
Deus.
O Gênesis narra
a Criação sempre iniciando com a frase: "Deus disse..." (Gn 1,
3.6.9.11.14.20.24.26.29) e ao que proclamava tudo se realizava, daí o próprio
Davi no Salmos 32, 9 declarar: "Porque Ele disse e tudo foi feito, Ele
ordenou e tudo existiu." (Salmos 32, 9), porque em Deus existe essa
potência capaz de transmutar o invisível em visível, o inexistente em
existência...
Ao longo das
Sagradas Escrituras constata-se toda a imensa força da Palavra de Deus, a
Criação por si só já seria suficiente, no entanto, ao percorrer-se o Antigo
Testamento não são poucas as passagens que servem de exemplo. Como não ser
tocado pela força desta Palavra quando nos lábios de Elias que ao ser que ao
ser mandado por Deus para ser sustentado por uma viúva encontra a mesma em
extrema penúria ao ponto de dizer que só possuía um pouco de óleo e farinha os
quais os usaria para prepararia para si e para o filho antes de morrerem (I
Reis 17, 12), ouve do profeta a seguinte palavra: "Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está
na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em
que o Senhor fizer chover sobre a face da terra." (I Reis 17, 14) e o
resultado foi que "A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo
da ânfora, como o Senhor o tinha dito pela boca de Elias" (I Reis 17,
16).
Como não ser
tocado pela força desta Palavra quando nos lábios de Eliseu que ao ser
interpelado pelo general sírio Naamã a fim de ser curado de lepra, ouve do
profeta a seguinte palavra: "Vai, lava-te
sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa." (II Reis 5, 10) e
depois de relutar resolve fazê-lo e o resultado foi que "sua carne
tornou-se tenra como a de uma criança" (II Reis 5, 14).
Agora,
quando se adentra o Novo Testamento e se depara como os Evangelhos onde agora
está manifesto "o Verbo que se fez carne" (Jo 1, 1), é que se observa
a tamanha força da Palavra de Deus. São passagens emblemáticas e que
forçosamente nos leva a refletir sobre essa ação extraordinária; é o caso das
curas (cegueira, lepra...), Jesus nem declarava uma palavra de ordem - sê
curado -, por exemplo, mas como no caso dos dez leprosos (Lc 17, 12-19) apenas
ordena "Ide, mostrai-vos ao sacerdote" (vers. 14), e a cura
aconteceu; as ressurreições (filho da viúva de Naim, da filha de Jairo, de
Lázaro), este último o Senhor apenas fala: "Lázaro, vem para fora!"
(Jo 11, 43), e o milagre aconteceu.
Refletir
o poder da Palavra do Senhor é refletir o milagre eucarístico que assim como o
Senhor proclamou na Santa Ceia sobre o pão e vinho dizendo: "Isto é o meu
corpo...isto é o meu sangue..." (Lc 22, 19-20), pela palavra do sacerdote
o milagre se repete em cada Santa Missa.
Por
que Ele disse, a carne apodrecida do leproso se restaura de forma espetacular,
assim como a carne decomposta de um morto; isso significa, biologicamente
falando, constatar que células mortas, moléculas já inertes voltam ao
funcionamento normal de forma inexplicável; um pão que é puro carboidrato se
transmutar em carne, o que significa dizer que agora também contém proteínas,
lipídios; água (inorgânica) muda-se em vinho (orgânico), logo, a Palavra de
Deus não segue a racionalidade e a regra normal das coisas e por isso são tão
grandiosas.
Por
estas e outras é que São Paulo diz que ela é "viva e eficaz", em
todos os sentidos e por isso "digna de fé", de ser acolhida, vivida e
respeitada, recordando-se mais uma vez que aqui faz-se menção não somente ao
Livro mas àquela Palavra destacada em Isaías 55, 11: "...assim acontece à
palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter
executado minha vontade e cumprido sua missão."
Deus
te abençoe em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo.