A
necessidade da unidade é parte obrigatória para o êxito de determinado projeto,
seja ele em que área for: familiar, profissional, enfim, em todas as àrea,
inclusive na espiritual. Por isso que Jesus na sua oração última com os
discípulos (oração sacerdotal), antes de ser preso e morto, faz um pedido ao
Pai: “Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, com nós somos um: Eu
neles e Tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que
me enviaste e os amaste, como amaste a mim.” (Jo 17, 22-23).
O Senhor é taxativo quando mostra
que o caminho do êxito da missão passa pela unidade. E não é uma unidade mais
ou menos, tem que ser uma unidade “perfeita”. E por que isso? Por que o mal
trabalha em unidade, e isto está em evidência na passagem de At 4, 27-28 na
oração de São Pedro: “Pois, na verdade, se uniram nesta cidade contra o vosso
santo servo Jesus, que ungistes, Herodes e Pôncio Pilatos com as nações e com o
povo de Israel, para executarem o que a vossa mão e o vosso conselho
predeterminaram que se fizesse.” Este trecho bíblico não deixa dúvidas que o
mal se une para combater contra Jesus e os seus, daí o povo de Deus também ter
de andar em unidade.
Antes de Pentecostes esta unidade
ainda não era evidente entre os discípulos, basta lembrar a passagem em que a
mãe de Tiago e João pede privilégios para os filhos (Mt 20, 21) o que irritou os
demais; existe, ainda a passagem da primeira aparição de Jesus após a
ressurreição onde Tomé não estava entre os demais (Jo 20, 24) porque já não cria nas promessas do Senhor;
também mostra a falta de unidade a passagem que fala de Judas Iscariotes onde
este é chamado de ladrão (Jo 12, 6).
No entanto, após Pentecostes o que
irá se observar? O texto de At 4, 42-47 em um primeiro momento fala que “todos
os fiéis viviam UNIDOS...” e em outro momento diz que todos estavam “UNIDOS de
coração...”, e o responsável por isso era o Espírito Santo. Logo, a UNIDADE da
Igreja, do Movimento da RCC, dos grupos de oração, não poderá acontecer de
forma “perfeita” senão pela ação do Espírito Santo.
O Espírito Santo é indispensável por
quê? Por que essa unidade pode até ser buscada pela via do empenho humano, no
entanto, satanás pode destruí-la facilmente, basta plantar uma inveja, uma
discórdia, uma palavra sem discernimento, e esta unidade vem abaixo. Agora,
quando esta é buscada com o auxílio do Espírito Santo não há investida maligna
que a possa destruir, pois o Espírito Santo irá sempre trabalhar para que as
invejas, as discórdias, as atitudes que possam romper essa unidade não
prevaleça. Jesus, certamente, foi auxiliado pelo Espírito Santo para contornar
a situação instalada no grupo pela proposta da mãe de Tiago e João.
Quando a Igreja, o grupo se une pela
ação do Espírito Santo caem por terras divisões, confusões, brigas, contendas,
invejas, partidos, tudo que é fruto da carne como está descrito em Gl 5, 19-21;
unidos no Espírito o grupo tem força para enfrentar o mal e as perseguições
como se vê na passagem de At 4, 29-30 e At 12, 11-12.
Essa passagem da libertação de Pedro
é pertinente, principalmente, quando se fala de liderança. É tido e sabido que,
para se destruir um grupo, basta destruir o “cabeça”, o líder. Por isso que a
unidade nasce da necessidade de se preservar a liderança, no entanto, ao
contrário disso, o que se vê são grupos indo à ruina por que irmãos se unem,
não para defender e lutar para que o líder se mantenha de pé, mas para que caia
e não se levante mais. Esta é uma prova clara que o Espírito Santo não está
guindo estas pessoas, mas somente a carne, somente a vontade humana.
Sabe-se, portanto, que a UNIDADE no
Espírito Santo é fundamental, agora, ela se fortalece, segundo mostra o
Apóstolo São Paulo, “no vínculo da paz”. Sabemos que o que une um tijolo ao
outro é o cimento; desta forma, o “cimento” que sela e faz tornar-se forte a
unidade é a paz. São Paulo era consciente que um grupo de pessoas batizadas no
Espírito Santo não perdem por completo certas características particulares,
logo atitudes e ações provocam antipatia, mal estar, daí o apóstolo exortar a
necessidade de “suportar” (Cl 3, 13) uns aos outros.
Quando cada um busca estar em paz
com o outro a unidade aflora, o Espírito Santo age com maior força e a graça de
Deus se manifesta com toda intensidade. Foi assim na Igreja primitiva, foi
assim nos primeiros séculos, foi assim diante das tantas perseguições e será
assim até a volta gloriosa do Nosso Senhor Jesus Cristo. Como exortava São
Paulo aos Coríntios: “Por fim, irmãos, vivei com alegria. Tendei à perfeição,
animai-vos, tende um só coração, vivei em paz, e o Deus de amor e paz estará
convosco” (II Cor 13, 11).